Estrutura e Funcionamento da Educação Básicas e a Pedagogia de projetos
Jenifer Halana de Melo Euzébio
RESUMO
A Pedagogia de Projetos é uma abordagem metodológica que propõe a organização curricular a partir da articulação entre diferentes áreas do conhecimento, promovendo o protagonismo discente e a mediação ativa do professor. Por meio da aprendizagem significativa, baseada na experiência, os estudantes desenvolvem competências cognitivas, sociais e emocionais de forma integrada. Essa metodologia favorece o envolvimento, a autonomia e a criticidade dos alunos, transformando o ambiente escolar em um espaço de investigação, diálogo e construção coletiva do saber. O presente trabalho discute os fundamentos e benefícios da Pedagogia de Projetos, além de apresentar experiências práticas e etapas estruturantes adotadas em instituições escolares, evidenciando seu potencial transformador para a educação contemporânea.
Palavras-chave: Pedagogia de Projetos. Ensino-aprendizagem. Protagonismo discente. Metodologia ativa. Educação integral.
Desenvolvimento
A pedagogia de projetos é uma forma de organização curricular em que os alunos são instigados a explorar a realidade, por meio das relações entre as áreas de conhecimento, portanto, entender o que é e como funciona essa metodologia é fundamental para compreender os conceitos de uma educação moderna e acompanhar o desenvolvimento do aluno e o trabalho da escola.
Na pedagogia de projetos os estudantes aprendem com base em sua própria experiência, aprende fazendo, aplica o que sabem e busca por novas informações ,agindo de forma ativa com a orientação e mediação do professor o formato de um trabalho com projetos de pesquisa contribui de maneira afetiva na educação integral dos alunos, criando condições de desenvolvimento acadêmico, cognitivo e social, permitindo que o ambiente escolar se torne um espaço significativo de aprendizagem, sem perder de vista a realidade cultural de todos os envolvidos nesses projetos.
A pedagogia de projetos é uma forma dinâmica de organizar o trabalho, com objetivos e metas claras de construção do conhecimento e de desenvolvimento integral da criança, proporcionando situações significativas de exploração e criação. Trabalhar por projetos é levar em consideração o que as crianças questionam diariamente, o que pensam e de que modo constroem seus processos de aprendizagem e aprender de uma forma espontânea, de desperta o querer aprender nos alunos e deixar aprender por sua própria conta
O projeto substitui as tarefas de rotina, treino e repetição, criando um ambiente de investigação e solução de problemas. A equipe pedagógica define o objetivo do projeto e a relação desta com competências e habilidade a serem desenvolvidos, em várias disciplinas do currículo, para a série específica que está trabalhando.
Pedagogia de Projetos: o que é e como ela acontece na escola?
A Pedagogia de Projetos é uma forma de organização curricular em que os alunos são instigados a explorar a realidade, por meio das relações entre as áreas de conhecimentos. É, ainda, uma metodologia de ensino com o objetivo de educar por meio da experiência, transformando o aluno no protagonista do processo de ensino-aprendizagem enquanto o professor atua como um guia e mentor. Dessa forma, educadores e alunos compartilham indagações, hipóteses, estratégias de pesquisa e alternativas de solução. Assim, um colégio que tem como proposta pedagógica a Pedagogia de Projetos busca estimular um processo de ensino-aprendizagem significativo com a capacidade de engajar os estudantes e favorecer o desenvolvimento de habilidades necessárias para a formação integral.
Portanto, entender o que é e como funciona essa metodologia é fundamental para compreender os conceitos de uma educação moderna e acompanhar o desenvolvimento do aluno e o trabalho da escola.
Pedagogia de Projetos na prática
Na Pedagogia de Projetos os estudantes aprendem com base em sua própria experiência, agindo de forma ativa, com a orientação e mediação do professor.
Essa proposta funciona por meio da intencionalidade da atividade pedagógica e de práticas interdisciplinares. A equipe pedagógica define o objetivo do projeto e a relação desta com competências e habilidades a serem desenvolvidas, em várias disciplinas do currículo, para a série específica que está trabalhando.
Professores e alunos exploram os conhecimentos prévios sobre o assunto em pauta; o que desejam saber mais sobre o tema; quais formas os dados serão coletados; as informações colhidas são debatidas em grupo e analisadas sob o ponto de vista científico, para validá-las ou não; e definem como as conclusões serão apresentadas à comunidade escolar.
Além disso, ao longo desse processo de ensino-aprendizagem, os alunos realizam relatórios e debates, levantando hipóteses, desafiando a curiosidade, estimulados a fazerem críticas e trazerem soluções, participando de forma sempre ativa na produção de conhecimento. Sendo assim, quando a escola utiliza a Pedagogia de Projetos, além de garantir um processo de ensino-aprendizagem eficiente, é possível formar pessoas autônomas, críticas e participativas.
Agora que você já sabe como funciona a Pedagogia de Projetos na prática, entenda por que essa metodologia de ensino favorece o desenvolvimento do aluno e por que o Colégio CEI adotou esse modelo na sua proposta pedagógica.
Quais os benefícios dessa metodologia de ensino?
O formato de um trabalho com projetos de pesquisa contribui de maneira efetiva na educação integral do aluno, criando condições de desenvolvimento acadêmico, cognitivo e social, permitindo que o ambiente escolar se torne um espaço significativo de aprendizagem, sem perder de vista a realidade cultural de todos os envolvidos nesse processo.
O mundo contemporâneo exige que o indivíduo seja um ser completo para atuar no mercado de trabalho e na sociedade, de forma crítica e contribuindo com novas perspectivas para a resolução de problemas da comunidade. Portanto, o trabalho com projetos é um meio para desenvolver as habilidades integrais necessárias para que o aluno possa se inserir na sociedade de forma participativa e construtiva.
Aliado a isso, uma das muitas vantagens dessa metodologia de ensino é o engajamento dos alunos, uma vez que por meio do processo de ensino-aprendizagem com projetos os professores e alunos têm a oportunidade de transformar a ação educativa em uma atividade prazerosa, favorecendo à motivação do estudante.
Dentro da Pedagogia de Projetos, é possível aprender de forma ativa, tomando decisões, discutindo problemas, trazendo uma nova perspectiva e atuando de maneira mais democrática, respeitando as múltiplas opiniões existentes no grupo e contando que cada um tem seu papel para o desenvolvimento adequado do projeto. Assim, podem experimentar o benefício de posturas de respeito, responsabilidade, autonomia e cooperação.
Projeto
Projeto é um termo muito presente nas escolas. Chega até a ser banalizado, às vezes. Encontramos sempre diferentes concepções e projetos distintos, desde aqueles que partem de datas comemorativas e compreendem uma sequência de atividades com coelhos da Páscoa, personagens do Folclore, entre outros, até os que criam melhorias para a escola ou o bairro onde estão inseridos. Tem também os projetos que envolvem uma escola toda ou somente um pequeno grupo de crianças. Mas afinal, será tudo projeto mesmo?
Foi com essa dúvida que cheguei à coordenação pedagógica, onde fui incumbida, logo nos primeiros dias, da tarefa de escolher o projeto daquele ano para toda a escola: Meio Ambiente? Contos de Fadas? O que vai ser? Não sabia…
Comecei a ouvir falar mais profundamente de projetos na faculdade. Lá conheci um pouco da obra do educador espanhol Fernando Hernandez, que traz uma concepção de projetos centrada no aluno. Imediatamente me identifiquei e trouxe para minha experiência a máxima de que projetos só são projetos quando atendem aos desejos, interesses e/ou necessidades dos alunos.
Mas, como saber sobre o que se interessam mais de setecentos alunos? Eu teria a sorte de todos eles estarem curiosos sobre o mesmo assunto? Obviamente não, e nem foi naquele ano que consegui fazer algo próximo daquilo em que acreditava. O tema mais fácil naquele momento era meio ambiente. Fomos por esse caminho.
Alguns anos depois, os avanços
Com o tempo, você vai descobrindo que a sua concepção não precisa ser a única, nem a mais correta, mas que pode ser uma metodologia escolhida por um grupo de educadores e gestores. Esta metodologia que hoje rege nosso trabalho é a que pretendo socializar aqui no blog. Não por ser a melhor, mas por ser a alternativa encontrada por nós para dar mais sentido a aprendizagem de nossos alunos. Afinal, não seria esse um de nossos maiores desafios hoje em dia?
Trabalhar com projeto de escolha do aluno é, antes de tudo, estar preparado para os temas mais inusitados, bem como estar aberto a aprender junto com eles e, principalmente, a ensiná-los a questionar e saber como procurar e encontrar suas respostas. Já passamos pelo estudo das novelas, fenômenos da natureza, trânsito, origem da pizza, entre muitos outros. No entanto, observamos que os temas ficavam sempre em torno das Ciências Naturais ou História, então criamos projetos com assuntos em comum e que pudessem abranger a escolha de todos, mesclando com o que considerávamos importante fazer parte desse repertório. Surgiram os Projetos Estruturantes, três ao longo do ano: Literatura, Cultura Popular e Ciências. E a partir daí, seguimos as etapas – e o coordenador perpassa por todas elas:
- Aula ou Semana Inaugural: Antes de iniciar um projeto é feito um momento disparador, onde os alunos são colocados em contato com um grande tema gerador (referente ao projeto estruturante da vez) e suas inúmeras possibilidades. Essa aula inaugural pode ser uma grande conversa no pátio, uma rodada de filmes, um passeio pelo jardim da escola ou pelo bairro, um rodízio de oficinas etc.
- Votação: Após esse período inicial de descobertas, as crianças se sentam em roda e começam a levantar, dentre tudo o que viram, os assuntos nos quais têm maior interesse. O professor, mediador e peça fundamental desse processo, anota as questões levantadas pela turma e em votação escolhem o tema que será estudado pela sala ou por um grupo de crianças.
- Roteiro de trabalho: Escolhido o tema, a turma começa a preencher este roteiro (clique aqui para fazer o download) que criamos a partir das inspirações do curso “Fazer a Ponte no Brasil” sobre a portuguesa Escola da Ponte, uma das pioneiras nesse trabalho. No roteiro, as turmas escrevem o que querem aprender sobre o tema, por que fizeram essa escolha e como vão fazer para chegar às respostas de todas as suas dúvidas. O último item é preenchido somente pelo professor, que tem a tarefa de relacionar os conteúdos curriculares ao tema escolhido, encontrando o que há de possibilidades de aprendizagem na Matemática, Português, Artes e assim por diante. Essa é uma das grandes sacadas do projeto, porque compreende o papel da escola de passar os conhecimentos historicamente acumulados, em uma perspectiva que o aproxima da criança, uma vez que faz relação àquilo que deseja conhecer.
- Revisão e acompanhamento: Finalizado o roteiro é hora de começar os trabalhos e é aí que o papel do coordenador é essencial! É ele que revisa os projetos e auxilia o professor na ponte entre os conteúdos e o trabalho de pesquisa.
- Saídas pedagógicas: Durante o projeto são realizados também diversos passeios para agregar à pesquisa, o que pode ser extremamente desafiante se você imaginar que cada sala da escola poderá caminhar para um lugar completamente diferente, como também pode ser bastante enriquecedor, já que todo lugar passa a ser um espaço de aprendizagem, como a feira livre, a padaria do bairro, a casa de um morador antigo etc. Para essa tarefa, a parceria entre o trio de gestores (diretor, vice-diretor e coordenadora) é muito importante, porque assim as tarefas de agendamento, aluguel de ônibus e autorizações são divididas.
- Trocas e comunicação: Projetos tão diferentes dentro de uma mesma escola podem isolar as turmas e afastar a troca de experiências entre os professores, por isso, novamente a figura do coordenador se faz necessária para religar todo mundo, estabelecendo o diálogo como fonte central do trabalho formativo da equipe escolar. Uma das alternativas que encontrei, foi o painel “Preciso de Ajuda/Posso ajudar”. No painel, há a relação de todos os projetos da escola e lá os professores fazem seus pedidos de ajuda e trocam com os colegas.
- O fim: Por fim, todo projeto pressupõe um produto final e a sua divulgação para toda comunidade escolar, uma espécie de prestação de contas aos pais e, principalmente, o momento de socializar com os colegas de outras turmas e com toda comunidade local o que aprenderam, além de ser uma celebração do encerramento de mais um ciclo. Esse momento acontece ao final de cada projeto estruturante e é dividido em: Sarau, Festa de Cultura Popular e Mostra de Projetos.
Conclusão
A Pedagogia de Projetos se apresenta como uma proposta pedagógica coerente com as demandas educacionais da contemporaneidade, ao privilegiar o protagonismo dos alunos, o trabalho interdisciplinar e a construção significativa do conhecimento. Ao permitir que os estudantes explorem temas relevantes a partir de seus interesses, essa metodologia amplia a motivação, o senso crítico e a autonomia, contribuindo para a formação integral. Além disso, transforma o papel do professor, que deixa de ser o detentor do saber e passa a atuar como mediador e facilitador da aprendizagem. As experiências relatadas demonstram que, quando bem estruturada, a Pedagogia de Projetos pode gerar ambientes de ensino-aprendizagem mais democráticos, participativos e eficazes. Por fim, reforça-se a importância da formação docente contínua e do planejamento coletivo como pilares para a implementação exitosa dessa prática educativa.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/bncc. Acesso em: 17 jun. 2025.
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 26. ed. Campinas: Papirus, 2019.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.