Atividade cafeeira no município de Nova Bandeirantes - MT, na década de 85/95
Leidamar Vieira de Freitas
Keila Paula da Silva
Taís Aparecida Berlanda Babolim
Elenir Carmem Ransan Brasil
RESUMO
Este trabalho teve início com a escolha do tema “Atividade cafeeira no município de Nova Bandeirante, nos anos de 1985 a 2005”. O objetivo do tema é analisar as principais causas da atividade cafeeira no município e estabelecer relação com o passado e o presente socioeconômico dos pequenos ex-cafeicultores, bem com identificar a naturalidade dos mesmos, pois reconheço que o cultivo do café foi um dos fatores que mais atraiu os pequenos agricultores, os quais incentivados pelos apelos de comerciais veiculados através do rádio, televisão, propaganda e fotos, que difundiram as terras “férteis” de nosso município, migraram para cá na esperança de cultivarem café, mas não obtiveram sucesso nos seus empreendimentos. Consultei cinco ex-cafeicultores. Analisei e comparei a história de vida dos mesmos e opiniões deles e as relatei através de textos no decorrer desse trabalho. De acordo com relatos que evidenciei que os mesmos vieram do estado do Paraná, eles argumentam que os motivos principais da crise cafeeira em nosso município foram os fatores em questão do preço do café que diminuíram bastante e ausência de incentivos governamentais para conservação da lavoura (irrigação, adubação) e escoamento da produção, circunstâncias estas que obrigaram os mesmos a abandonarem suas terras e consequentemente o cultivo do café ou mudar o modo de trabalhar com a terra. Atualmente os ex-cafeicultores exercem outras atividades econômicas e profissionais como a pecuária, ou então dependem da aposentadoria, isso demostra que a condição socioeconômica dos mesmos é razoável, pois uns conseguiram aumentar seu capital, mas (a maioria continua nas mesmas condições de quando aqui chegaram), o capital em dinheiro não aumentou.
Palavras-chave: Necessidades. Preocupação. Influência. Propaganda. Produção. Lavoura.
Justificativas
Havendo a necessidade de buscar os motivos que levaram as pessoas a virem para o município de Nova Bandeirante na década de 85/95, surge então, a preocupação de pesquisar, qual foi a influência da propaganda naquela época, que fez com que muitas dessas famílias, vendo fotos da lavoura e também da produção do café existentes na região, vendessem tudo que tinham, em outras regiões do país, para virem para essa região em busca de obter mais quantidade de terras e aumentar seus bens materiais. Porém, chegando aqui, não foi bem do jeito que todos pensaram, muitas dificuldades enfrentadas, tanto nos meios de transportes quanto nos meios de comunicação, estradas ruins e não tendo assistência e nenhuma era parceria, essas famílias desistiram do plantio do café, sendo que, algumas dessas famílias plantam ainda o café, mas só para seu consumo. Mudou a sua forma de pensar e viver, partindo para agropecuária, aumentado assim as suas propriedades e obtendo êxito e sucesso, algumas famílias, perderam tudo o que havia trazido consigo, até mesmo os seus sonhos. Mesmo assim, a cidade de Nova Bandeirante, tem a tradição de todo ano fazer um baile para escolher a rainha do café, com desfiles e toda a caracterização inerente ao café e, por conta dessa história, cidade passou a ser intitulada como a capital do café.
Objetivo geral
Analisar as principais causas da decadência do café no Município de Nova Bandeirantes –MT, na década de 85/05.
Objetivos específicos
- Diagnosticar as causas em pessoas virem para Nova Bandeirantes e se elas obtiveram êxito no plantio de café.
- Identificar a origem dos ex - cafeicultores do município de Nova Bandeirantes MT.
- Analisar a influência da propaganda para as pessoas virem para o Município de Nova Bandeirante
- Reconhecer o desenvolvimento econômico de algumas famílias no período cafeeiro.
Metodologia
O presente projeto será desenvolvido a partir de entrevistas abertas com um grupo de cinco pessoas pequenos ex-cafeicultores pioneiros do município de nova Bandeirantes. Suas respostas serão filmadas e gravadas, para posterior análise em categorias e serão anexadas no projeto. A partir fundamentação teórica exposta para o mesmo.
Este projeto será realizado através de pesquisas bibliográficas e documentais, registros históricos, observando, analisando os meios de fontes escritas, orais, de imagens.
Referencial teórico
Cronograma
Ano2013 | M 5 | J 6 | J 7 | A 8 | S 9 | O 10 | N 11 | D 12 | Ano2014 | J 1 | F 2 | M3 | A 4 | M 5 | J6 | J7 |
Elaboração do Pré-projeto | X | X | ||||||||||||||
Pesquisa bibliográfica | X | X | X | |||||||||||||
Coleta de dados | X | X | ||||||||||||||
Análise dos dados | X | X | ||||||||||||||
Entrega da 1ª versão | X | X | ||||||||||||||
Revisão | X | X | ||||||||||||||
Redação definitiva | X | X | ||||||||||||||
Defesa | X |
Introdução
Havendo a necessidade de buscar os motivos que levaram as pessoas a virem para o município de Nova Bandeirante na década de 1985/1995, surge então, a preocupação de pesquisar a influência das propagandas (da época), sobre a aquisição de terra, que fez com que muitas dessas famílias, vendo fotos da lavoura e também da produção do café existentes na região, vendessem tudo que tinham, em outras regiões do país, para virem para essa região em busca de obter mais quantidade de terras e aumentar seus bens materiais. Porém, chegando aqui, não eles sofrem muito, pois não tinha estradas e não foi do jeito que todos pensaram, (substituir a frase... Essa é linguagem coloquial...) muitas dificuldades enfrentadas, tanto nos meios de transportes quanto nos meios de comunicação, estradas ruins e não tendo assistência e nem uma era parceria, essas famílias desistiram do plantio do café, sendo que, algumas dessas famílias plantam ainda o café, mas só para seu consumo. Mudou a sua forma de pensar e viver, partindo para agropecuária, aumentado assim as suas propriedades e obtendo êxito e sucesso, algumas famílias, perderam tudo o que havia trazido consigo, até mesmo os seus sonhos. Mesmo assim, a cidade de Nova Bandeirante, tem a tradição de todo ano fazer um baile para escolher a rainha do café, com desfiles e toda a caracterização inerente ao café e, por conta dessa história, cidade passou a ser intitulada como a capital do café.
A Imobiliária Nova Bandeirantes foi uma das muitas empresas que realizaram projetos imobiliários no norte mato-grossense, na década de 80, utilizando intensamente as propagandas para o êxito de seu empreendimento. Diante disso surgiram questionamentos que me deixou inquieta, como: Quais as formas de convencimento utilizadas por esta empresa para atrair os colonos para esta região? De que forma esses colonos tomaram conhecimento da Gleba de Nova Bandeirantes e o distrito de Japuranã, quais o motivou a integrar-se a ela? As promessas contidas nas propagandas da empresa foram cumpridas? Para responder a estas questões propus realizar essa pesquisa que tem como objetivo Geral: fazer levantamento das formas de convencimento utilizadas pela Imobiliária de Nova Bandeirante no desenvolvimento de seu projeto de colonização. E os objetivos Específicos: Descrever os meios utilizados pela Imobiliária de Nova Bandeirante para atrair colonos, confrontar os documentos coletados com a fala do colonizador e a fala dos colonos;
Para atingir estes objetivos foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental, buscando contextualizar o processo de colonização Nova Bandeirantes ao processo de colonização e ocupação de Mato Grosso e do Centro-Oeste enfatizando as formas de convencimento utilizadas para atrair colonos.
Numa primeira etapa realizamos uma pesquisa de campo buscando levantar dados sobre as formas de convencimento utilizadas no processo de colonização, com entrevista, indagando-lhe sobre o público-alvo do projeto, os meios utilizados pela empresa para o convencimento dos colonos, além de outras informações contidas no referencial teórico.
No 1º capítulo tento estabelecer algumas conexões entre a realidade local vivenciada nas experiências cotidianas dos colonos considerados como pioneiros na Colônia Nova Bandeirantes e o contexto estadual e nacional das políticas oficiais de ocupação dos espaços vazios e a promoção do progresso confundido com desenvolvimento.
Primeiramente, traçamos um panorama da reocupação de Mato Grosso na primeira metade do século XX. Em seguida abordamos o processo de colonização espontânea entre 1970 e 1980. Finalmente tratamos de apresentar as novas políticas de colonização no período dos governos da ditadura militar até o seu final em 1984.
Durante a ocupação do Município de Nova Bandeirantes, na década 85/ 05, um dos fatores que influenciaram à vinda dos pequenos cafeicultores, foi a lavoura cafeeira. Refletindo sobre a historicidade do nosso Município e observando as transformações dos espaços, pude perceber que, a lavoura cafeeira, que serviu como carro-chefe para a colonização na zona rural, movimento de milhares de pequenos cafeicultores, quase já não existe mais.
Atentou-me então a ideia de saber das atuais condições da lavoura cafeeira e o porquê da crise cafeeira no Município de Nova Bandeirantes. Pesquisei a situação socioeconômica dos ex pequenos cafeicultores (5 pessoas), que relataram suas histórias de vida e á que eles atribuem a crise do café em nosso Município, fatores como tipo de solo, clima e relevo, falta de infraestrutura foram os mais citados como causa das principais da crise do café.
Realizei este trabalho através de textos que demonstram as diversas situações ocorridas ao longo desses anos, seguindo os depoimentos dos ex – cafeicultores consultados que atualmente exerciam atividades alheias à cafeicultura. Na outra parte trabalho a Historicidade do café no processo migratório para Mato Grosso. A história do café foi muito importante para o Brasil no início do selo XX, onde teve grande importância na economia do pais. O cultivo do serviu de pretexto para ampliação da fronteira agrícola em várias regiões do Brasil, inclusive em Mato Grosso. A ocupação do Município de Nova Bandeirantes teve como isca, para atrair os pequenos colonos, o cultivo do café. Cultivo esse que chamou minha atenção para pesquisar o seu quase desparecimento em nosso Município e mesmo assim a cidade e intitulada a Capital do café tendo também a tradição do baile a rainha do café e toda caracterização do café.
A marcha para o Oeste anunciada em 1938 pelo Presidente da República Federativa do Brasil Exmo. Senhor Getúlio Dornelles Vargas, tinha como finalidades preencher os” espaços vazios” entre as ilhas econômicas que formavam o Brasil. Nos anos 40 e 50, porém o movimento migratório caminhou para Mato Grosso, onde o café a pesquisa agricultura e a exploração da madeira proporcionariam um grande crescimento demográfico e econômico. (Mombeig: 1984). Durante esses anos o Norte do Paraná constituiu a fronteiras agrícola, baseada na rápida expansão do cultivo do café. No final dos anos 60 a fronteira já alcançava o limite ocidental do Paraná em direção a outros estados.
CAPÍTULO I
Colonização do norte do Mato Grosso
O século XX trouxe novas perspectivas ao Mato Grosso com a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, estrada esta que, além de ligar Mato Grosso à próspera região sudeste do país, favoreceu tanto o surgimento de cidades quanto a progressiva valorização das terras do sul do estado.
Devido a esta valorização a terra passa a ser vista não mais como um bem de produção, mas como um bem de capital, dificultando a permanência e o acesso dos posseiros que passam a ser expulsos pelos empresários colonizadores. Nesse momento, aparece o problema da titulação já que em nosso país.
Está o fato - se de quase todas as terras são tituladas antes de serem ocupadas, ou quando não, durante o próprio processo de sua ocupação. O camponês, que é posseiro, muda para a fronteira em busca da terra, mas esta já havia sido apropriada em lei antes de ser apropriada pelo trabalho (Forewaker apud Oliveira et al, 2002, p. 20).
Segundo Barrozo (2008, p. 17) desde o início de seu governo, Getúlio Vargas explicitou em seus discursos a preocupação com as fronteiras entre o Centro-Oeste e a Amazônia, necessitando para isso de uma política de povoamento e de viabilização da infraestrutura regiões que, na concepção do Presidente, precisavam ser integradas ao Brasil.
Santos (1994, p.27) afirma que, durante o governo de Vargas, ocorreu “[...] a consolidação do processo de institucionalização da colonização no país, como consequência da grande expansão das fronteiras agrícolas que alcançaram o Oeste de Santa Catarina, São Paulo, Norte do Paraná, sul de Goiás, mato grasso, Sul do Maranhão e Pará [...]”.
Assim podemos dizer que a colonização se deu como um processo plural em ação, reproduzindo relações sociais permeadas por muitos interesses, públicos e privados, os quais somente poderão ser visualizados se forem inseridos em um contexto histórico específico.
Silva (2004, p.16-17) afirma que em Mato Grosso, na década de 50 o termo Colonização, utilizado nos discursos oficiais, “assume um significado específico” inserindo-se “na política de ocupação dos espaços vazios com mão de obra imigrante para o Norte do estado, destinada a formação de núcleos de povoamento e produção agrícola”. Essa foi uma proposta geopolítica dos governantes de ocupar os espaços vazios povoados pelo homem branco, resultando na ocupação de vários territórios indígenas e extermínio de seu povo, pois os índios eram vistos como um empecilho aos interesses capitalistas que eram voltados ao "desenvolvimento e ao progresso" e, por oferecer resistência, acabaram por enfrentarem a violência dos brancos. Na década de 50, tais operações para limpar a área ganharam proporções alarmantes, resultando no extermínio de quase todas as aldeias. O objetivo de integrar o território nacional e ocupar um espaço considerado como “vazio demográfico” pelo Estado. Esse processo migratório esteve intimamente relacionado aos projetos de colonização do governo militar, que com a abertura de estradas tinha como objetivo integrar o território brasileiro e ocupar um espaço considerado pelo Estado como “vazio demográfico”.
Os projetos recentes de colonização oficial se iniciaram com o PIN (Programa de Integração Nacional) [...]. Foram concebidos num esquema de urbanismo rural a ser implantado nas áreas de “vazio demográfico”: lotes de 100 hectares seriam distribuídos aos colonos que teriam numa rede hierarquizada de núcleos urbanos – Rurópolis, agrópolis e agrovilas – a base para sua organização (BECKER, 1990. p.32).
O projeto "Marcha para o Oeste", visava de ocupar o Oeste do Brasil assentando colonos que viriam A brasileira, constituindo-se na expansão do Brasil dentro de suas próprias fronteiras, através para Mato Grosso do Sul produzir alimentos e dessa forma ocupar os imensos “espaços vazios” dessa região do cultivo do solo, a civilização penetrava no cerrado e o homem dominava a natureza, integrando o brasileiro na sua própria terra.
Nos anos de 1930 deu o início da ocupação das fronteiras Amazônicas com a chamada Marcha para Oeste. Na realidade e, estavam em jogo não só as preocupações ideológicas e autoritaristas de “unidade nacional” e de “integração” , mas, de forma especial, preocupações políticas de segurança interna. Não parece que Vargas imaginasse a Marcha para o Oeste como um “movimento massivo que ocuparia e desenvolveria metade do País em curto período de tempo”, mas sim como um instrumento capaz de evitar aglomeração de desocupados nos grandes centros urbanos, capaz de propiciar trabalho aos flagelos das secas do Nordeste, capaz de substituir a imigração estrangeira, evitando assim a possível penetração de ideologias exóticas como o surgimento de conflitos sociais. (NEIVA, apud VELHO, 1982, p.149).
A ocupação das fronteirasse deu desde o século XVIII, com a busca de ouro e apresamento indígena. Entre os objetivos explícitos da Marcha para o Oeste podemos destacar a ocupação dos “espaços vazios” do Centro-Oeste e da Amazônia Meridional, a produção de borracha e castanha para o mercado nacional e o esvaziamento dos centros urbanos com maior densidade demográfica, localizados no litoral brasileiro.
Lenharo (1983, apud BARROZO, p.19.) afirma que tanto a Marcha para o Oeste como as colônias Agrícolas ficaram mais no plano do discurso do que na prática. O plano começou com a “Operação Amazônia”, cujo lema era “integrar para não entregar”, anteriormente utilizado pelo Projeto Rondon. Este mesmo pesquisador lembra que se deve entender “integrar para entregar”, como fizeram com os recursos minerais, explorados por grandes empresas/ conglomerados multinacionais (o manganês no Amapá, a alumina no Trombeta, Pará; os minérios de Carajás, o manganês em Rondônia e outras riquezas distribuídas por várias partes da Amazônia).
Na década de 1970, sob o governo militar, foi lançada a “Operação Amazônia”, cuja proposta foi atacar em várias frentes os problemas da região. Foram criados órgãos e programas federais, entre os quais podemos destacar a Superintendência do desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, (INCRA), o Banco da Amazônia S.A (BASA), o Polo do Noroeste (POLONOROESTE), o Polo dos Cerrados (POLOCENTRO), o Polo da Amazônia (POLAMAZÔNIA) e o Programa de Borracha (PROBOR), com o objetivo de viabilizar a ocupação produtiva e as integrações da Amazônia e do Centro-Oeste ao restante do Brasil. A concepção dos governos era que a Amazônia era desabitava, sendo considerada pelo governo como um “vazio demográfico “onde pouco se produzia além de não estar integrada ao Brasil.
Segundo Arruda (1997, p.180),
[...] o espaço não é só cultivo, venda ou aluguel, mas também usado para construção de núcleos urbanos. Nesse contexto, os espaços são simulados e os territórios apropriados e transformados; viabilizados pela técnica e poder, as cidades são inventadas, fabricadas e os seus espaços comercializados.
O INCRA instalou os projetos de colonização ao longo das rodovias federais que estavam sendo aberta na Amazônia, onde assentou milhares de agricultores pobres provenientes, sobretudo, do Nordeste e do centro- Sul do Brasil.
O governo militar, para viabilizar o plano de desenvolvimento regional pensado para a Amazônia, reestruturou os órgãos regionais existentes. Nesse processo, SPVEA foi extinta e em seu lugar, foi criada a SUDAM, cuja função primordial era o desenvolvimento da Amazônia, que deveria ser executado de forma planejada a partir de uma visão empresarial.
Havia por parte dos militares, uma preocupação de ordem estratégia na extensa fronteira da Amazônia com os países vizinhos e territórios coloniais (Guiana). Até o final da década de 1960 e início da década de 1970, a economia da Amazônia continuava sendo predominantemente extrativista, razão pela qual precisava ser transformada. Entre os objetivos do plano para ocupar a região podem ser explicitados: a formação de grupos populacionais estáveis, tendentes a um processo de autossustentação; a adoção de uma política imigratória para a região, com aproveitamento de excedentes populacionais internos e contingentes externos selecionados; a fixação de população regionais, especialmente no que concede às fronteiras; a adoção de política de estímulo fiscais e de credito (Cardoso; Mulher, 1977). Segundo Ariovaldo de Oliveira (1997, P.59),
[...] as justificativas baseavam-se no princípio de que a solução para área de tensão sócia (Nordeste) estava no estímulo ao processo migratório para a ‘área vazia ‘, a Amazônia. A estratégia do desenvolvimento passava a ser concebida como necessariamente concentrada, polarizada, sendo que a tarefa geopolítica da ocupação das fronteiras dos pais ficaria por conta das populações regionais.
A iniciativa privada teria incentivo fiscal, terras abundantes e baratas, crédito favorecido (BASA e Banco do Brasil), ficando com as atividades rentáveis. O governo Federal teria a atribuição de fornecer a infraestrutura e desenvolver a pesquisa básica.
Historicidade do café no processo migratório para Mato Grosso
Nas décadas de 70 /80 e 90, iniciaram-se fases desenvolvimentistas jamais vista em Mato Grosso. A ampliação e o melhoramento na malha rodoviária, pelo governo federal e a expansão das telecomunicações, aberturas de novas fronteiras agrícolas em imensas glebas de colonização estatal e particular, ensejando a fundação de inúmeros núcleos urbanos pioneiros e em especial a ocorrência de um intenso fluxo migratório. Principalmente originário dos Estados do Sul do país. Esses fatores todos ajudaram a proporcionar e consolidar o desenvolvimento do Estado.
Em Mato Grosso, em poucos anos, as empresas de colonização privada se apossaram de milhões de hectares de terras devolutas. Embora planejada pelo governo e ainda que o Estado dispusesse de milhões de hectares de terras devolutas, ocupação de Mato Grosso, através da colonização, foi executada predominantemente por empresas de colonização privada.
As empresas colonizadoras que atuavam no norte do Mato Grosso e tinham a sede no Sul do país, possuíam uma extensa rede de agentes encarados de convencerem os agricultores a migrarem para essas glebas.
[...]usavam, para tanto, escritórios espalhados pelo interior do Paraná, patrocínio de programas de músicas sertanejas nas rádios do interior do Estado, apresentando filmes ou slides feitos no Mato Grosso, mostrando um verdadeiro paraíso à espera dos que se decidirem pela migração.” (Shaefer, 1985, p. 120).
Segundo Monbeig (1998, p. 27). A propaganda efetuada pelas colonizadoras, tanto no nível nacional quanto local e junto às populações envolvidas, era em um tom grandioso e entusiasmado, característico das zonas pioneiras do café.
Nas décadas de 1970/80 foram implantados em Mato Grosso grandes projetos de Colonização privada, nos quais predominavam agricultores originários do Sul do Brasil. Entre eles destacaram-se os projetos de Canarana, na região do Araguaia; o de Sinop, na rodovia Cuiabá-Santarém, o de Alta Floresta, no Vale do Rio Tele Pires. No final da década de 70, para resolver problemas emergenciais de agricultores em conflito com populações indígenas no Rio Grande do Sul, o INCRA implantou alguns projetos de colonizações oficiais em Mato Grosso.
Segundo Ferreira (1998, p.13-14) alguns projetos de privados de colonização são hoje importantes polos de desenvolvimento do Estado, como Alta floresta, Sinop, São José do Rio Claro e outros. Muitos desses projetos foram realizados em terras indígenas, cujos grupos, foram deslocados para outras terras, as chamadas reservas indígenas.
O café, que pela exuberância das primeiras plantações tanto atraiu os agricultores sulistas, hoje não tem grande expressão na produção do munícipio, mas muitos cafezais continuam a ser desenvolvimentos ou mantidos, enquanto se multiplicam aos pequenos seringais de cultivo. O sonho durou pouco: com o estrangulamento da economia, o desemprego no comercio e no setor madeireiro, estão voltando à roça para trabalhar como arrendatários, meeiros ou percenteiros. Mas estão se ajeitando, em muitos casos com a colaboração de amigos que estão provendo de sustentação até que colham as suas primeiras safras de arroz, feijão, milho e mandioca.
A noção de desterritorialização e também especialmente cara a Giles Deleuze e Félix Guattari. Entre outras análises pertinentes a este debate específico, em que problematizo o conceito de desterritorialização, os autores citados ao diferenciar as categorias “nômades” e migrantes”, permitem captar a situação dos trabalhadores pobres que movimentam incessantemente pelas várias frentes de trabalho na Amazônia: KITAMURA (1994 p. 42) afirma que:
A partir da década de 70 os imigrantes tinham que optar: ou seguiam para as cidades ou se moviam adiante para as novas fronteiras agrícolas, como o Norte do Mato Grosso, nesse contexto socioeconômico, “a colonização passa a ser uma oportunidade real de ascensão social e de melhoria das condições de vida para muitos”.
No Brasil o café foi muito cultivado no início do século XX, onde teve uma grande importância na economia do país. Bebida de aroma agradável e forte sabor estimulante do sistema nervoso, o café é atualmente uma bebida habitual em quase todo mundo. Sua produção e comercialização são de extrema importância exportação em cerca de quarenta países menos desenvolvidos. Sendo uma planta de origem tropical, o café não se adapta ao clima frio e à seca. Regiões com temperatura média anuais de 18ºC e 20ºC. São as mais indicadas para a cultura cafeeira. Em regiões que ocorrem geadas o cultivo do café é desagradável, pois o excesso do frio mata a planta, causando consideráveis prejuízos econômicos. As raízes do café no Brasil foram plantadas no século XVIII, quando as mudas da planta foram cultivadas pela primeira vez, que se tem notícia, por Francisco de Melo Palheta, em 1727, no Pará. A partir daí, o café foi difundido timidamente no litoral brasileiro, rumo ao sul, até chegar à região do Rio de Janeiro, por volta de 1760. Entretanto, sua produção em escala comercial para exportação ganhou força apenas no início do século XIX. Tal dimensão de produção cafeeira só foi possível com o aumento da procura do produto pelos mercados consumidores da Europa e dos EUA. O consumo de café no continente europeu e no norte da América ocorreu após a planta percorrer, desde a Antiguidade, um trajeto que a levou das planícies etíopes africanas até as mesas e xícaras dos países industrializados do século XIX. Mas para isso foi necessária uma expansão de seu consumo pelo Império Árabe e pelo mundo islâmico, sendo posteriormente apresentada aos europeus, que tornaram seu consumo mais expressivo por volta do século XVII.
O cultivo do café serviu de pretexto para a ampliação da fronteira agrícola em várias regiões do Brasil, inclusive em Mato Grosso. Muitos dos pioneiros que vieram para Nova Bandeirantes são originários do estado do Paraná. E muitos desses agricultores eram produtores de café e perderam suas plantações na grande geada que aconteceu. Assim sendo o colonizador de Nova Bandeirantes conseguiu trazer alguns produtores para cá, já que haviam perdido seus plantios.
A colonização de Mato Grosso, é sem dúvida um novo capítulo na história de vida de uma população migrante em busca do seu pedaço de terra. São homens e mulheres que enfrentam qualquer tipo de adversidade e se submetem aos mais variados regimes de distribuição e ocupação de terra para conquistarem o seu espaço. Assim como medir, como entender os motivos que levaram homens comuns a se tornarem homens tão fortes e capazes de resistir a tudo e a todos para encontrar um lugar onde pudessem dar um futuro melhor para seus filhos.
Na verdade, esses homens e mulheres, pela sua condição de migrantes, sempre caminharam de um lado para outro em busca de algo, não desistindo nunca, acreditando no desconhecido, fazendo história e obedecendo a uma voz interior que os mandava avançar. Mas avançar para onde? Em busca de que? Em busca do que? Quem são eles afinal? Eles eram pessoas comuns, pequenos agricultores a procura de uma terra maior, um lugar para garantir o futuro dos filhos. Homens e mulheres eram apenas mais um número de pessoas que cresce a cada dia e que não possuem condições de sustentar suas famílias. São uma parcela da sociedade que, castigados pela sua posição de desvantagem na pirâmide social do país, não conseguem possuir e manter sua propriedade de terra para sobreviver e por isso são impelidos a procurar outros locais de trabalho.
O sonho da terra farta, da terra grade, do espaço para trabalhar com toda sua família se constituiu num terreno fértil onde foi lançado mais uma vez a semente da colonização. Uma semente de esperança de terra para trabalhar, de reconstrução da família, de escola para os filhos estudarem e até mesmo de riqueza, de poder. Enfim de um mundo de sonhos em limites. Foi assim que uma empresa privada de colonização apostou nos colonos do Sul, mais especificamente do Estado do Paraná, para construir em plena Amazônia um projeto de colonização que deveria tornar-se um Polo agrícola para o país.
A ocupação do Município de Nova Bandeirantes e do distrito de Japuranã não foi diferente, teve como isca para atrair os pequenos colonos, o cultivo do café. Cultivo esse que chamou nossa atenção para a pesquisa devido o desaparecimento dele em nosso município. Em nossos estudos de História percebemos que as propagandas foram amplamente utilizadas pelos governos em seus projetos de colonização e que estas tinham forte poder de coerção, devido às poucas opções que se apresentavam aos colonos. Por outro lado, maquiavam a difícil situação agrária do Brasil, protelando uma profunda reforma fundiária que não interessava a elite agrária e nem ao governo brasileiro.
Nos anos 40 e 50, porém o movimento migratório caminhou para Mato Grosso, onde o café, a pequena agricultura e a exploração da madeira proporcionaram um grande crescimento demográfico e econômico. (Mombeig: 1984 apud Castro p. 29).
Durante esses anos o Norte de Paraná constituiu a fronteira agrícola, baseada na rápida expansão do cultivo do café. No final dos anos 60 a fronteiras já alcançava o limite ocidental do Paraná em direção a outros estados.
Nesse período, porém a construção da nova Capital Federal e da Rodovia Belém/Brasília, veio favorecer o fluxo migratório para a região centro – oeste e para outras regiões do Amazônia. Este movimento aumentou a partir dos anos 70 com a construção de outras rodovias, como por exemplo, a Transamazônica, Cuiabá/Santarém, Manaus/Porto Velho e outras. Os estados que receberam maior fluxo desses pequenos produtores foram: Mato Grosso, Rondônia, Pará Acre e Amazonas, a migração aconteceu por dois fatores que são: interesses econômicos governamentais e a necessidade de sobrevivência desses mesmos pequenos agricultores expulsos organizadamente de suas terras pelos donos do poder.
Segundo Barrozo (2008, p. 28.) o objetivo do governo era ocupar a Amazônia, considerada por ele um “vazio demográfico”, para garantir sua integridade, integrá-la ao restante do Brasil e produzir para o mercado. Para isso, o governo criou mecanismo de incentivos fiscais e crédito para as grandes empresas agropecuárias, minerais e madeiras. Pra atrair os agricultores pobres foram implantados projetos de colonização ao longo dos principais eixos rodoviários da Amazônia.
Resumo da História/Geografia de Nova Bandeirantes-MT
Como a maioria das cidades Mato-Grossenses, Nova Bandeirantes foi fruto de um projeto de colonização. No dia 11 de agosto de 1982, nascia Nova Bandeirantes, quando foi dado início a construção do escritório da Coban – Colonizadora Bandeirantes Ltda. Como pode-se ver na foto 1, o escritório humilde da Colonizadora Coban na Gleba, com suas lascas, chão batido e moveis rústicos. Já na foto 2- interior do prédio da Colonizadora em Londrina Paraná. Com seus vitrôs, folhagens, carpês, cortinas, moveis e utensílios altamente sofisticados.
Foto-1 Interior do escritório da Coban em Nova Bandeirantes no início de sua colonização. (Fonte- Coban)
Foto – 2 Interior da Coban em Londrina Paraná (Fonte- Coban)
Neste mesmo ano foram assentados os primeiros colonos e os comerciantes abriram suas portas. Com o Projeto de Colonização particular aprovado pela portaria do INCRA nº 14 de 18 de agosto de 1983 pelo diretor de Departamento de Projetos e Operações, conforme consta no processo do Incra/BR Nº 3.422/83.
Foto-3 Barraco da 3ª família a chegar em Nova Bandeirantes. (Fonte Coban)
Foto-4 Barraco da 4ª família a chegar em Nova Bandeirantes. (Fonte Coban)
Como podemos ver nas fotos 3 e 4, as primeiras famílias a chegarem aqui, construíram seus barracos de lona para abrigarem suas famílias até que pudessem construir suas casas. Vemos na foto 3 a família do senhor Paulo Sergio Pinheiro que foi a 3ª família que descarregou mudanças aqui e hoje essa família reside em Japuranã. na foto 4 a família do senhor José Alves neto. Que foi a 4ª mudança descida aqui no município.
A colonização de Nova Bandeirantes deu-se a partir da década de oitenta. Ocasião em que foram feitos os primeiros levantamentos topográficos a mando da Colonizadora Bandeirantes, que iniciou a abertura da MT-208, em trecho compreendido entre a localidade de Trivelato e a futura cidade de Nova Bandeirantes. Percebe-se através das fotografias5, 6 e 7 o quanto era difícil à locomoção, pois o período chuvoso na região era bem extenso e as estradas eram de péssima conservação.
Foto 5- Estrada entre Trivelato e Nova Bandeirantes. (fonte-Coban)
Nas fotografias 6 e 7 podemos perceber homens construindo bueiros e pontes, pois o acesso era bem complicado. Assim os próprios pioneiros é que iam chegando ajudavam na abertura de estradas e na construção de pontes e bueiros.
Foto 6- Estrada entre Trivelato e Nova Bandeirantes. (Fonte Coban)
Foto 7 - Estrada entre Trivelato e Nova Bandeirantes. (Fonte-Coban)
O Distrito criado com a denominação de Nova Bandeirantes, pela lei estadual nº 4983, de 30-04-1986, subordinado ao município de Alta Floresta. Em divisão territorial datada de 1988, o distrito de Nova Bandeirantes figura no município de Alta Floresta. Elevado à categoria de município com denominação de Nova Bandeirantes, pela lei estadual nº 5903, de 20-12-1991, desmembrado do município de Alta Floresta. Constituído do distrito sede. Instalado em 01-01-1993. Em divisão territorial datada de 1997, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2009.
O projeto inicial de colonização de Nova Bandeirantes abrangia área de 100 mil hectares, abrindo um polo de desenvolvimento nesta região do Vale do Rio Juruena, servindo de ponto de apoio para ocupação posterior de mais de um milhão de hectares de terras, atraindo investidores como os grupos: Três cinco, Procomp, Triunfo S/A, Casa Domingos, Ebec entre outros.
Em 1982 instalou-se o escritório da Colonizadora Bandeirantes, primeiro passo para o surgimento do núcleo de povoamento, como mostra a foto 8.
Foto 8- Escritório da Colonizadora Coban. (Fonte –Coban)
O lugar teve grande fluxo de pessoas, e o assentamento dos primeiros colonos e comerciantes deu-se de imediato. O município está situado sobre vasta área de terras férteis, onde a agricultura e pecuária desenvolvem-se em ritmo acelerado. O ano de 1986 foi de alto significado para os moradores do lugar. Registrou-se então a primeira grande colheita de café, das primeiras sementes plantadas em 1982. A Lei Estadual nº. 5.903, de 20 de dezembro de 1991, de autoria dos deputados João Teixeira e Osvaldo Paiva e sancionada pelo governador Jayme Veríssimo de Campos, criou o município de Nova Bandeirantes, e o mesmo fez a intitulação como a capital do café, pois dentro do Estado do Mato Grosso foi o município que mais produziu, e deu destaque na produção do café.
Segundo o Sr Joaquim Schmoeller funcionário da Câmara dos vereadores, Nova Bandeirantes recebeu o título de Capital do Café, pois dentro do estado do Mato Grosso foi o município que mais produzia café naqueles anos então o governador Jaime Campos deu essa intitulação, pois na época cada município recebia uma intitulação segundo a sua economia.
O município está localizado na mesorregião do Norte mato-grossense e na microrregião de Alta Floresta, extremo norte do estado de Mato Grosso. Tem uma altitude média de 210 m. Estabelece divisa ao Norte com Muncípio de Apiacás, ao Sul com o Município de Juara, ao Leste com o Município de Nova Monte Verde e a Oeste com os Municípios de Cotriguaçu e Juruena.
Considerada a Capital do Café do estado de Mato Grosso, Nova Bandeirantes tem aproximadamente 368 mil pés de café e teve como meta até o final de 2012 elevar esse número para 1 milhão. A Portaria nº 172 de 04/08/09, publicada no DOU em 05/08/09 do MAPA, aprovou o Zoneamento Agrícola do Café – ano safra 2009, para quatro estados: MT, MS, GO, RO e no DF. A cafeicultura cultivada em Nova Bandeirantes, como grande parte das cidades de Mato Grosso é o café Robusta ou Colinon (Coffea Canephora Pierre), fato que se deve às limitações climáticas de cultivo do café Arábica (Coffea Arábica L.). A produção estimada pela CONAB para a safra de 2009 em Mato Grosso, são de 130 mil sacas de café Robusta ou Colinon (Coffea Canephora Pierre).
O Decreto Federal 6557/08 fixou o preço mínimo da saca do café Robusta, tipo 7 em R$124,40 (cento e vinte e quatro reais e quarenta centavos), para a safra 2008/09. De acordo com informações de produtores de café Robusta de Nova Bandeirantes/MT, os preços praticados no momento oscilam entre R$162,00 (cento e sessenta e dois reais) a R$174,00 (cento e setenta e quatro reais), a saca. Segundo dados do CEPEA.ESALQ, o valor da saca de café Robusta negociado em novembro de 2009 ficou na média dos R$170,57 (cento e setenta reais e cinquenta e sete centavos).
Tratos Culturais da Cidade de Nova Bandeirantes.
O método químico de controle é cada vez mais utilizado e difundido pelas empresas representantes das transnacionais fabricantes de agrotóxicos, em razão de seus resultados de controle serem mais rápidos, eficientes do ponto de vista econômico e de efeito mais prolongado, nem que para isso o meio ambiente seja contaminado.
As condições climáticas de nossa região favorecem a proliferação de plantas daninhas mais agressivas. Este momento a cultura demanda mais recursos para crescimento, florescimento e formação dos frutos, período também de maior demanda de insumos. Manejos alternativos podem ser pensados de forma complementar, mas geralmente o agricultor prefere o método mais rápido e mais econômico, com isso entra a capina química, e o herbicida mais utilizado nos cafezais de Nova Bandeirantes é o Roundup, conforme informações dos produtores de café local.
Em meados dos anos 70/80 e 90 surgiram à primeira ocupação do Vale do Rio Juruna e São João. Essa ocupação foi construída por agricultores de origem alemã vindo do sul do país. Em pouco tempo, já era um vilarejo, construído na imensa selva amazônica. Nessa época praticamente o transporte era feito só por via fluvial, pois não existiam estradas rodoviárias.
Em pouco tempo a mata foi desbravada e já se forma uma cidadezinha com o nome tradicional e patriota com o nome de Nova Monte Verde que no início também cultivou café.
Na época não registrava documentários e nem mesmo documentação escolar que às vezas torna-se difícil falar mais sobre o município, esses paranaenses desbravadores adquiriram enormes fazendas e investiram no plantio de café. Influenciados por promessas efetuadas por propagandas governamentais, propagandas feitas pela Rádio Nacional de Brasília e feitas também em São Paulo capital, e até mesmo por fotos de alguns parentes essas que deixavam as pessoas bem-motivadas achando que iriam ficar ricas e começou a chegar nas pessoas dispostas a trabalharem para que o sonho e a esperança tornem –se realidade.
No ano de 1985 iniciaram-se as lavouras dentre elas surge à primeira plantação da lavoura cafeeira do município de Nova Bandeirantes, esse plantio consistia em 2500 pés de café tornou-se o cartão postal desta jovem cidade, dando a entender que seria fácil ganhar dinheiro, com isso a vinda de novas famílias aumentava em ritmo acelerado. Essa impressão serviu para esta Gleba ser emancipada em 1993. A cidade passou a ser chamada de Nova Bandeirantes e também recebeu um Título de Capital do café, por que de 1991 até 2003 o Município de Nova Bandeirantes foi o que produziu mais café dentro do Estado do Mato Grosso. O processo de ocupação territorial tornou - se mais intenso graças ao planejamento governamental importante rodovia como a Cuiabá/ Santarém que beneficiou em muito o norte do Mato Grosso. Essa região foi muito movimentada devido à chamada “Primeira Borracha do Mato Grosso”, período em que os seringueiros cortavam todo o interior do norte mato-grossense, percorrendo trilhas à procura do látex, mas somente com a nova fronteira agrícola brasileira sendo aberta, essa região acabou por interessar aos colonizadores, despertando sua cobiça.
A Colonizadora Bandeirantes (COBAN) de Daniel e Serafim Meneguel colonizou uma área a oeste do município de Alta Floresta, dando início à Nova Bandeirantes. Localidade exclusivamente agrícola, não conseguiu um crescimento rápido. O desenvolvimento da lavoura cafeeira e da pecuária contribuiu para o progresso, levando o distrito à emancipação política em 1993.
Foto 9- Vista aérea de Nova Bandeirantes-MT no início de sua colonização. (Fonte Coban)
A rodovia (antiga J-1), que dava acesso à gleba já havia sido aberta em 1981 pela COBAN, facilitando a chegada dos migrantes. A divulgação das “terras de solo fértil” foi efetuada via rádio, televisão, slides, prospectos etc.
A Colonizadora possuía corretores em vários estados da região Centro-Sul (São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná), mas a divulgação das terras foi feita mais intensamente no estado do Paraná, por ser o mesmo, um permanente cultivador de café e que era frequentemente assolado por geadas.
Nos anos de 85 a 99 aumentava o fluxo migratório no Município de Nova Bandeirante graças aos bons resultados obtidos das primeiras lavouras. Nesse período formavam também os povoamentos de Japuranã, Paraiso do Norte, esses povoamentos na aceleração do crescimento de Bandeirantes. O Município de Nova Bandeirantes foi criado através da Lei Estadual nº. 5.903, de 20 de dezembro de 1991, de autoria dos deputados João Teixeira e Osvaldo Paiva e sancionada pelo governador Jayme Veríssimo de Campos que nomeou o senhor Orlando Barbosa Faria para o mais Jovem Município mato-grossense.
Segundo relato da Sra. Rosilda, esposa do Sr. Orlando Barbosa de Faria (1º sub. prefeito de Nova Bandeirantes, e também vereador (biênio 2009/2012) e Presidente da câmara dos vereadores), eles vieram para cá na década de 1984. Onde ela mora até hoje, pois o Sr. Orlando já é falecido, mas na época que vieram as dificuldades eram tantas, como falta de estradas, de transportes, de meios de comunicação (onde os meios de comunicações eram o rádio amador, e a Rádio Nacional da Amazônia e cartas.) Onde muitas das propagandas eram feitas por elas, pois o objetivo deles era povoar bem rápido o espaço. Segundo ela também o meio de transporte da população era um caminhão caçamba da prefeitura, onde os produtores de café levavam as suas safras muitas vezes até Alta Floresta. E teve algumas vezes que até pessoas doentes era transportadas no caminhão sem nenhum conforto, mas mesmo assim o povo era bem animado para trabalhar e fazer com que aquela pequena Gleba virasse uma cidade.
FERREIRA (1998) ao fazer uma análise do processo de ocupação do Estado de Mato Grosso, afirma:
[...] alguns projetos privados de colonização são hoje importantes polos de desenvolvimento do Estado, como Alta Floresta, Sinop, São José do Rio Claro e outros. Muitos desses projetos foram realizados em terras indígenas, cujos grupos foram deslocados para outras terras, as chamadas reservas indígenas.
A expansão do café atraiu uma grande migração, a maior parte da região do sul do Brasil, mas as suas expectativas não foram alcançadas uma vez que, com o passar do tempo o solo necessitava de correção, e como era difícil contar com o apoio técnico para essa finalidade, então começaram a enfraquecer e diminuir sua produção, também o preço do café muito baixo causando desânimo em alguns cafeicultores que a partir do problema tiveram que vender suas propriedades já que não despunham de recursos financeiros para a sobrevivência de sua família. Com a queda do café muitas famílias desanimaram e iniciou-se a criação de “gado branco”. A grande mudança econômica de Nova Bandeirantes, como vimos, fez com que muitas famílias pioneiras fossem embora. Algumas famílias chegaram a perder suas propriedades e passado a viver como arrendatários ou assalariados, instalando se nas cidades procurando trabalho para manter a sobrevivência da família, mas nem todos conseguem emprego.
Esses fatores colocaram os menos favorecidos na condição de marginalizados – antes pequenos proprietários, hoje proletárias. Atualmente com a política do governo federal, de “apoio” financeiro à agricultura, alguns proprietários tentam organizar o sistema cooperativo para, através de projetos, conseguir junto ao Banco do Brasil, financiamento para a reconstrução política agraria Bandeirantense. Todas as transformações econômicas ocorridas em Nova Bandeirantes dissiparam aquela união que prevalecia no início da existência do Município, atualmente, se faz fortemente presente e enraizada a divisão de classes, pois a elite capitalista repassa a ideologia liberal e, através do senso comum popular, procura manter sua hegemonia garantindo o poder nas administrações voltarem-se aos interesses de poucos e utilizam a classe popular apenas como força de trabalho necessário para o progresso e desenvolvimento regional, aspecto esse que não se apresenta diferente da grande dimensão brasileira.
Assim como a colonização oficial, a colonização particular também fez uso das propagandas, muitas vezes tendenciosas, para atrair colonos para os seus empreendimentos, fazendo isso de tal forma, que estes imaginassem estar sendo ajudados por estas empresas.
Segundo o Sr. Edilson Caetano, de Japuranã disse: que o café na época valia como moeda corrente, se o produtor fosse fazer qualquer compra e não tivesse dinheiro fazia a compra para pagar na safra do café. E segundo ele, o saco de café na época da compra valia um total mais quando fosse pagar o café estava mais caro o saco e o comerciante muitas vezes devolviam o que passava do total da compra. Ele disse que apesar de todas as dificuldades, em nenhum momento eles perderam a coragem, sobretudo porque acreditamos em Deus, a maior fonte de fé e o único que nos pode dar coragem necessária para vencer.
CAPÍTULO II
Crise cafeeira no município de Nova Bandeirantes
As pessoas que foram sujeitas nessa pesquisa são migrantes de outros Estados do país, mais precisamente das Regiões: Sul, Sudeste, Centro – Oeste e Nordeste. Alguns são aposentados e sobrevivem dessa aposentadoria, os mesmos moram aqui em Nova Bandeirantes, no Distrito de Japuranã de 20 a 30 anos. Eram pequenos cafeicultores, hoje com já dissemos, a maioria são aposentados e possuem idade média entre 60 e 70 anos.
“... As migrações são sempre um fenômeno de cunho classista, isto é, São frações de determinada classe social que migram. O migrante Não é apenas uma unidade física, um número ou um objeto, mas é alguém que se vincula por suas relações com os outros em determinada sociedade” (CASTRO, 1983; P.14).
As novas relações de produção estabelecidas por modelo de desenvolvimento, na verdade, tinham o objetivo de atender uma burguesia industrial emergentes, com uma estreita aliança entre os empresários e capitalistas do campo, esses últimos ávidos de conquistarem novas terras e para isso a expansão de fronteiras se fazia necessário, pois a burguesia industrial precisava de matéria prima para suas indústrias.
Diante disso temos um país industrializado, a população se concentrando em grandes centros, gerando vários problemas sociais e aliados a isso, a seca do nordeste que estava cativando o povo, daí a estratégia de colonização de Mato Grosso. É nesse contexto que entram os sujeitos dessa pesquisa, pois foram “expulsos” de suas regiões e migraram para Nova Bandeirantes - MT. Foram muito prestativos em responderem as perguntas feitas a eles, com questões abertas e objetivas. Segundo Guimarães (1986, p. 21,22) A Propaganda: Reconheceria novamente. Venderiam os poucos alqueires de terra que possuíam, enfrentariam a derruba da mata e plantariam na “terra em que tudo dá”. Tornar-se-iam os mais novos colonos nas terras da Amazônia, e principalmente de um lugar muito especial, onde havia uma colonizadora com um nome “bastante esquisito” chamado Indeco. Mas para todos eles o nome da gleba era “muito bonito, igual ao lugar” – Alta Floresta: “tudo aqui cresce rapidamente, as plantas têm folhas muito verdes, os frutos são maiores e as árvores chegam a fechar o céu”. E quase nunca se esqueciam de completar: “__ Aqui é um lugar abençoado por Deus. O papel importante das propagandas da empresa de colonização para a construção do sonho, jogando com a miséria e, ao mesmo tempo, contando com a fé. Abrangendo vários elementos extremamente significativos no imaginário social do lavrador, as ideias produzidas pela propaganda vão penetrando tal qual uma pequena luz que vai crescendo, como o sol do amanhecer e o rumor do novo dia, para acordar as experiências e aplacar a dor padecida.
De acordo com estudos e livros que li, a ocupação de Nova Bandeirantes não foi diferente de outras de Mato Grosso, pois tanto a ocupação do município de Sinop e do município de Alta Floresta como é relatado nos livros de Regina Beatriz Guimarães Neto e de João Mariano de Oliveira “A Esperança vem na frente” e “A lenda do Ouro verde” , eles falam da importância econômica do café para todos esses municípios, dentro do estado do Mato Grosso. No município de Juara também o café foi muito importante para o seu desenvolvimento e Nova Bandeirantes não foi tão diferente dos outros municípios, mas o que aconteceu é que a topografia de Nova Bandeirantes é mais favorável, o solo é fértil, as chuvas eram bem definidas no município e isso foi muito bom para o desenvolvimento do plantio de café na época de 1986 até 2006. O café foi uma das economias mais importante para o município que estava nascendo. De acordo com a fala de algumas pessoas da época Nova Bandeirantes recebeu a intitulação de a capital do café, pois ela estava no auge da plantação e do lucro. Mas antes disso o proprietário das terras havia adquirido não para transformar em cidade e sim para plantio de cana como mostra no jornal onde fala sobre a família do senhor: Daniel Meneghel
SANTOS (1993) afirma que:
[...] num processo de colonização supõe-se um desejo e uma esperança. “O desejo é socialmente produzido e a esperança é posta à prova dia a dia”. A colonização, quer de responsabilidade pública ou privada, provoca sempre um deslocamento das populações rurais e, além disso, para uma região diferente daquela em que os camponeses e trabalhadores rurais moravam habitualmente. Temos que enumerar, minunciosamente, diversos pontos de origem e de chegada para aprender a lógica subjacente a essa permanente transferência.
Percebi também com essa pesquisa o quanto o nosso país é injusto socialmente falando, temos um abismo enorme entre as classes sociais, e não é uma questão natural vimos é uma criação humana e como tal alimentamos a esperança de mudar essa triste realidade. E por isso essa pesquisa assume um papel importante como veremos posteriormente.
Pretendo com essa pesquisa levantar dados com alguns ex-cafeicultores de nosso Município sobre a problemática aqui levantada, como um primeiro passo para a construção de uma nova consciência em nossa sociedade, mesmo reconhecendo os limites e possibilidades dessa pesquisa.
De acordo com a pesquisa um número significativo dos pequenos ex-cafeicultores, originam-se de diversas partes das regiões: Nordeste, sudeste Centro – Oeste e Sul, “Expulsos de suas terras pelos planos de monopolização da agricultura, nas regiões sul e sudeste, pela opressão que os latifundiários exerciam sobre os pequenos agricultores nordestinos espoliados pela seca”.
Sobre essa origem, dos colonos pioneiros Castro (2002. p. 15) assim se expressa:
“No justo momento em que o modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações apresentava sinais de exaustão e que a pressão demográfica no campo se intensifica no Centro Sul e Nordeste, quer pela modernização da agricultura, quer pela concentração da terra, expectativas de riquezas na Amazônia e a extensão de seu solo passaram ser vistas como alternativas de solução dos problemas sociais e econômicos nacionais”
Sendo assim fica evidente a razão, pela qual, muitos pequenos agricultores deslocaram-se de suas regiões de origem e vieram para nossa cidade. A terra pode significar riqueza e pobreza, vida ou morte, poder político e posição social ou marginalização. Para cada pessoa ou grupo social, ela tem um valor (GANCHO, 1995: p. 5). A história da luta pela terra, sua organização social e conflitos dela advindos, contudo, nem sempre têm sido analisados do ponto de vista da posse da terra.
Valendo-se da estratégia dos posseiros que introduzem a chamada legitimidade alternativa da posse, instrumento que contorna a legalidade da propriedade (MARTINS, 1985: p. 103), as ocupações de terra, organizam-se, via de regra, em torno de princípios que privilegiam sobremaneira a posse e o uso da terra.
Os pequenos cafeicultores que migram para o nosso Município, acalentavam o sonho de cultivar lavouras de café crentes nas propagandas governamentais veiculadas através dos meios de comunicação, que afirmava ser nossa região, propicia para o desenvolvimento da cafeicultura. Como afirma Monbeig 1984, Castro, p.29.:
“Esse sonho foi semelhante ao dos anos 40 e 50 no Paraná, que mobilizou pequenos cafeicultores de diversas regiões brasileiras, atraídos pelo café, proporcionando, um grande crescimento demográfico Econômico.”
Porém em nossa região os resultados não foram como os do Paraná o sonho durou pouco, devido a diversos fatores tais como, tipo do solo, clima, infraestrutura, que impossibilitaram a cultura do café. A propaganda deu fama as terras férteis do vale do Juruena, aliada à conceito do nome Meneghel e ao agressivo trabalho desenvolvido pelo concessionaria de vendas provocou um inesperado volume de negócios. A concessionária, mui inteligente, abriu escritório central de vendas em Londrina, maior centro econômico-financeiro do interior do Paraná. Se não bastasse tudo isso havia também um excelente serviço de Marketing, sob a responsabilidade da CGD Propaganda, um impecável serviço de recepção na Gleba, com a alimentação e tudo mais para se ter uma noção da procura pela da Coban, feito o lançamento, nos primeiros noventa dias foram vendidos mais de 50 mil hectares, na maior parte em lotes de 10 e 30 alqueires paulista, sendo poucas as vendas de 50 e 100 e raríssimas as de 200 alqueires.
A propaganda influenciou também a vinda de muitas pessoas para Nova Bandeirantes. Aqui chegando, os pequenos cafeicultores tomaram posse de suas pequenas propriedades e foram preparar o terreno para início da plantação do café. O preparo do solo teve início com a derrubada da mata, visto que em nossa região as terras ainda eram cobertas pela vegetação nativa.
“A vegetação da região do Arinos Juruena é composta pela floresta Ambrófila densa, sendo uma floresta pouco conhecida devido às dificuldades de acesso até elas. E a floresta mais conhecida, apresenta árvores entre 15 e 20 metros e a transição que está entre a Amazônia e ao cerrado”. (Atlas Geográfico, p.19).
Depois de derrubarem e fazerem as queimadas foi iniciando o plantio do café; esse quadro demonstra o contexto em que os agricultores estavam inseridos e que, portanto, não conheciam a qualidade do solo, o que veio caracterizar no futuro o esgotamento do mesmo provocado pelo desmatamento fato esse que provocou o assoreamento dos rios comprometendo o equilíbrio do ecossistema da nossa região. Plantando o café, os cafeicultores cuidaram das lavouras, mas não levou muito tempo para perceberem que aqui a região não propícia para tal cultivo, e que a lavoura cafeeira não seria tão: “... O café incentivou a colonização; os cafezais foram as primeiras lavouras perenes do Município (SEVERINO;1991 p. 2)”.
A perpetuação dos cafezais não aconteceu, devido os fatores climáticos adversos ao cultivo bem como tipo do solo, não apropriado, com pouca matéria orgânica e a falta de incentivos governamentais para correção do solo e irrigação.
Os depoimentos dos ex-cafeicultores, a esse respeito, demostram a questão e a falta de apoio governamental.
O café que pela exuberância das primeiras plantações tanto atraiu os cafeicultores hoje não tem expressão na produção e nem na economia do município, mas que nas décadas oitenta foi produto de propaganda oficial, a fim de atrair os migrantes de outras regiões.
Atualmente alguns dos ex-cafeicultores vivem de aposentadoria, pois tiveram que vender suas propriedades e, vieram embora para cidade, praticando nenhuma outra atividade econômica. Um ex-cafeicultor que vive do salário de Guarda e outros ainda não desistiram do café, mas continuaram fazendo trabalhos autônomos como: pecuarista. “Como diz Castro p. 75:
Não seria por causa da uma política totalmente descomprometida com os reais interesses dos trabalhadores rurais que, expulsos de suas terras, desmobilizados e deslocados, são a seguir abandonados em regiões desconhecidas e adversas, sem um mínimo de suporte institucional”.
Por não ter nenhum tipo de auxílio por órgãos governamentais os cafeicultores se viram obrigados a venderem suas terras e que sem a aposentadoria como eu vi anteriormente, não teria outro meio de sobrevivência, pois já se encontraram com a idade uma pouco avançada.
Como vimos acima demostrar o quanto o Estado no sentido da seguridade social é importante na vida de milhares de pessoas, pois em muitos casos vimos que é a única renda familiar.
Com a queda da agricultura cafeeira houve êxodo rural, muitos cafeicultores mudaram para cidade e até mesmo para outros municípios. Atualmente algumas famílias vivem na cidade apenas com aposentadoria e consideram que a vida está melhor do que na roça, apesar do valor irrisório da mesma acreditar que a estrutura urbana lhes proporciona maior confronto, portanto é fundamental a aposentadoria para ex-cafeicultores que tiveram de vender suas terras, pois muitos já não conseguem enfrentar o trabalho pesado nos campos abandonando à própria sorte.
Outros consideram o passado e o presente estáveis, pois só mudaram de profissão. Há quem considere hoje melhor, analisando certas dificuldades pelas quais passava no início do processo de colonização de nosso Município.
A grande mudança no canário econômico de Nova Bandeirantes, como eu vi, fez com que muitas famílias pioneiras fossem embora e, a maioria dos que desistiam acreditam que sua situação melhorou em relação ao passado, pois a vida no campo era muito sofrida, viviam da terra sem nenhum apoio financeiro e técnico dos Órgãos Governamentais, isso fez com que, mesmo vivendo sem as suas propriedades, a vida melhorou, pelo menos, não precisamos estar enfrentando sol e chuva, e o que era pior, não ter a quem vender a produção o que causava endividamento. Apenas um diz que a situação permanece a mesma, como nos depoimentos dos pioneiros. Ao entrevistar alguns dos pioneiros que foram ex-cafeicultores me deparei com várias situações que levaram esses ex-cafeicultores a desistirem do café.
Seu Joaquim Correia de Oliveira de 68 anos veio de Arapoti no Paraná no ano de 1986. Lá ele morava numa área da Itaipu, mas deu um problema nas áreas e a Itaipu tirou todos os moradores da área e levaram para outras terras. As terras eram improdutivas e aquilo foi muito difícil. Viveu lá quatro anos na marra. Naquela época ele já pensava em sair de lá, e foi aí que começou a ouvir falar de Japuranã. Falava-se muito em terras boas e baratas, não pensou duas vezes em vender tudo e vir para cá. Alugou um ônibus e juntou sua família e mais algumas pessoas que tinham intenção de vir também. Num total vieram 42 pessoas no ônibus. Foi muito difícil chegar aqui. Pois de Alta Floresta a Nova Bandeirantes o acesso das estradas eram horríveis e quase não chegaram. Quando veio, seus filhos eram pequenos, hoje estão todos criados e casados. Segundo seu Joaquim quando chegou aqui comprou um pequeno terreno do Seu Tenente, mas que seu Tenente disse que ele podia comprar mais e que quando pudesse pagaria. E para ajudar mais ainda “agradecendo” o fato dele ter vindo para cá sem corretor, e trazendo mais famílias com ele, seu Tenente doou uma data na vila para ele. Seu Joaquim plantou café e disse que foi um período bom, pois obteve muitos lucros, mas um tempo depois o café deu uma baixa muito grande no preço, e ficou difícil continuar mexendo com café. Pois com o preço baixo o café não dava lucro. Na época em que era cafeicultor seu Joaquim disse que ia pra Nova Bandeirantes e fazia compra que dava para passar um ano, e hoje por ser aposentado isso não acontece, pois recebe dois salários-mínimos, mas que não dá pra fazer compras como antigamente. Disse também que naquela época em que produzia café, o café valia como moeda de troca, pegava adiantamentos e pagava em café.
Assim como muitos agricultores de Nova Bandeirantes, Seu Joaquim veio em busca de melhorias para sua família, por um determinado tempo o café deu lucro, mas assim como muitos produtos os preços sobem ou abaixam, e quando abaixam acaba com as expectativas do agricultor.
Seu João Marcelino de 76 anos que também veio do estado do Paraná no ano de 1987, disse que se ouvia muitas propagandas do Norte do Mato Grosso na Rádio Nacional Amazônia e muitas pessoas apareceram também mostrando fotos das lavouras mostrando como a terra era boa. Lá ele só possuía 3 alqueires de terra e procurava um lugar onde pudesse ter maior número de terra para poder criar sua família mais sossegada. Segundo seu João, quando chegou ele plantou milho, e colheu 51 sacos de milho, disse ainda que poderia ter colhido mais, mais infelizmente os bichos comeram bastante a lavoura dele. E que a maior dificuldade encontrada aqui no início foi a falta de estradas para poder levar seu produto para vender. Mas que Graças a DEUS eles tinham bastante saúde para trabalhar. Isso possibilitou a eles cuidarem da terra para plantar café já que esse produto estava no auge. Ele plantou 4 mil pés de café na primeira derrubada, depois foi plantando mais. Plantaram mais 12 mil pés. N primeira colheita ele teve bastante lucro e se empolgou, comprou mais terra e plantou mais três mil pés de café. Aí o lucro foi certo mesmo. Mas depois de 3 colheitas veio a decepção, o café deu uma queda de preço e levamos muito prejuízo. O café que era uns 2 reais o quilo veio a 30 e 40 centavos e foi o que nos levou a acabar com a plantação do café, o negócio era criar gado. Mas seu João faz questão de ressaltar que o café o ajudou muito, foi com a venda do café que ele casou os filhos, e que os filhos conseguiram casar-se, construindo assim suas casas e dar início a suas novas vidas. Hoje seu João é aposentado, vive da aposentadoria, disse que não tem mais terra, pois vendeu parte e a outra parte dividiu com os filhos. Mas que apesar de tudo não se arrepende de ter vindo pro Mato Grosso, e que aqui só não colhe quem não planta, pois a terra é boa.
Seu José Moreira de 69 anos também passou pelos mesmos problemas dos outros cafeicultores. Dedicou-se a plantação de café, e disse que passou três colheitas muito boas. Os lucros foram tantos que de 10 alqueires que ele adquiriu quando chegou, ele hoje tem 50. Pois com o dinheiro que o café dava, ele investia em terra. Mas depois da crise no preço do café ele se viu na obrigação de acabar com o café e plantar capim. Disse ainda que hoje o café está num preço bom, mas que poucas pessoas têm coragem de voltar com a plantação de café pois é um investimento caro, e vai que depois o trem fica feio de novo. Seu José explica ainda que quando ia fazer a venda do café, ele tinha que se dirigir até o Município, para fazer a venda, aí ele levava uma amostra do café para que os compradores vissem assim ele fazia a venda e os compradores vinham buscar o café no sítio dele. Tudo era negociado diretamente com o comprador, pois não havia telefone, então o vendedor de café tinha que se deslocar 36 km pra fazer a venda. E se durante o ano, algum produtor precisasse de dinheiro ia até a cooperativa ou até o comprador do café, e negociava. Por exemplo, se ele precisasse de 10 mil reais, ele pegava e já ficava devendo da próxima safra. Às vezes levava prejuízo, mas o negócio já estava feito. Mas ressalta que sem sombra de dúvida tudo valeu a pena. Hoje ele tem no sítio umas duzentas cabeças de gado, que vale uns cento e setenta mil, mas o sítio que vale uns quinhentos mil. Para quem veio do Paraná com uma mão na frente outra atrás já está bom demais.
Já o senhor Frederico de Araújo Moreira de 54 anos, que também veio do estado do Paraná, diz que chegou aqui em 1984. Veio cheio de esperanças, pois ouvia muito se falar nesse município que estava nascendo. Via muitas fotografias de plantações de café, arroz e guaraná e que as fotos eram de encher os olhos de lagrimas, mas de tanta beleza. Era bonito de se ver. Chegou aqui com a cara e a coragem, derrubou a mata virgem e plantou café. Disse que o café foi bem até 2002, depois disso não deu mais, pois faltava incentivo por parte dos governantes. O baixo preço em que foi o kg do café, falta de tecnologia e especialmente a falta de estradas para levar o café para vender. Apesar de tudo isso, seu Frederico ainda mora na mesma terra e ainda produz café, mas produz também outros grãos, pois sabe que não se pode viver mais só com o café.
Portanto podemos concluir que, Nova Bandeirantes se desenvolveu e hoje em dia quase não tem mais cafezais plantados, temos muitas lavouras de milho e arroz, para o consumo da família pois aqui é ainda agricultura familiar.
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