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A DEFICIÊNCIA VISUAL ATRAVÉS DOS TEMPOS

Elizandra Rampanelli

Joseane Luiz Barbosa

Neulizane Sampaio de Lara Oliveira

Rosana Gomes de Brito

Tatiane Marta Luiz

 

 

 EVOLUÇÃO HISTÓRICO-SOCIAL

 

A história da deficiência visual na humanidade é comum a todos os tipos de deficiências. Os conceitos foram evoluindo conforme as crenças, valores culturais, concepção de homem e transformações sociais que ocorreram nos diferentes momentos históricos. Assim sendo, na Antiguidade as pessoas com deficiência mental, física e sensorial eram apresentadas aleijadas, mal constituídas, débeis, anormais ou deformadas. Percebidos como degeneração da raça humana no período em que predominava o princípio da eugenia, essas pessoas eram abandonadas ou eliminadas. As obras de Platão e Sêneca refletem as práticas helênicas e gregas que retratam essa concepção. BRASIL (2001).

 

Na Idade Média como o apogeu do Cristianismo, elas passam a ser alvo de proteção, e caridade e compaixão. Ao mesmo tempo, justifica-se a deficiência pela expiação de pecados ou com passaporte indispensável ao reino dos céus. Surgem assim, as primeiras instituições asilares com encargo de dar assistência e proteção às pessoas deficientes. Na Idade Moderna, a filosofia Humanista começa dar conta dos problemas relacionados ao homem, tendo por base a evolução das ciências. O conhecimento científico assegura as tentativas da educação de pessoas deficientes sob o enfoque da patologia. Na Idade Contemporânea, os ideais da Revolução Francesa, igualdade, liberdade e fraternidade, se expandem na construção de uma consciência social e movimentos mundiais evocam direitos e deveres do homem, assegurando às minorias o exercício da cidadania no jogo democrático. Transformações político -socioculturais se processam deixando vir à tona formas diferenciadas de ser ou de vir a ser. Brasil (2001, p. 25) 

 

Nessa historicidade, destacaram-se pessoas cegas com suas expressivas contribuições nas diferentes áreas do conhecimento, revelando o ilimitado potencial humano de pessoas como:

 

* Homero- para algumas figuras lendárias- teria sido o responsável pelo registro de fato sociais que possibilita o levantamento da história de um povo.      

*Didymus de Alexandria, Séc. IV d.C., professor de Filosofia, Teologia, Geometria e Astrologia. *Nicholas Saunderson (1682- 1739) um dos mais renomados cientistas cegos.

Matemática, foi professor de Cambridge e membro da Royal Society.

*John Gough, biólogo inglês, especialista na classificação de animais e plantas.

*Leonardo Euler, matemático, duas vezes premiado pela Academia de Ciências de Paris.

*François Huber, zoológico em inglês, Séc. XVIII, tido como a maior autoridade sobre comportamento das abelhas. Brasil (2001, p. 26)

 

É interessante apontar que as antigas concepções sobre a deficiência permearam todos os períodos históricos e ainda se refletem neste início de milênio. Somos constantemente surpreendidos pela percepção de que a deficiência é uma herança maldita, possessão de espíritos, incapacidade generalizada, objeto de maldição ou das obras do divino.

Há autores que acrescentam que as preocupações de cunho educativo em relação ás pessoas cegas surgiram no Século XVI, com Girolínia Cardono- médico italiano- que testou a possibilidade de leitura através do tato.Peter Pontamus, Fleming  (cego)  e o padre Lara Terzi escreveram os primeiros livros sobre a educação das pessoas cegas. A partir de então, as idéias difundidas vão ganhado força até que, no século XVIII, foi criada em Paris a primeira escola para cegos: Instituto Real dos Jovens Cegos. Nela Haüy exercita sua invenção – um sistema de leitura em alto relevo com letras em caracteres comuns. No século XIX, proliferam na Europa e nos Estados Unidos escolas com a mesma proposta.

Conforme Brasil (2001, pp. 27-28) O Instituto Benjamim Constante (IBC) foi o primeiro educandário para cegos na América Latina e é  a única Instituição Federal de ensino destinada a promover a educação das pessoas cegas e as portadoras de baixa  visão no Brasil. A cronologia dos acontecimentos em prol da educação de pessoas cegas no Brasil aponta o surgimento em outros estados do país, seguindo o mesmo modelo educacional do IBC, das primeiras escolas especiais para alunos cegos:

1926 - Instituto São Rafael - Belo Horizonte – MG;

1928 - Instituto Padre Chico – São Paulo – SP;

1929 – Instituto de Cegos da Bahia – Salvador – BA;

1941 – Instituto Santa Luzia – Porto Alegre – RS;

1943 – Instituto de Cegos do Ceará – Fortaleza – CE;

1957 – Instituto de Cegos Florisvaldo Vargas – Campo Grande – MS.

Nas décadas de 1980 e 1990, com o avanço científico, foram criados, nas universidades, os cursos para capacitação de professores e a criação de Centros de Atendimento com Núcleos de Estados. Nesse mesmo período, surgem as Associações de Pais, Deficientes e Amigos, como a Associação Catarinense para Integração de Cegos- ACIC de Santa Catarina, Associação de Amigos do Deficiente Visual - AADV, Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais de Caxias do Sul – APADEV, do Rio Grande do Sul, Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual – LARAMARA, de São Paulo e outras além de advogar o direito de cidadania têm lutado pela melhoria de vida e qualidade na educação de pessoas com deficiência visual. BRASIL (2001, p. 28-9)

A sociedade dá indícios de que precisa se preparar para atender às necessidades de seus membros. O modelo social da deficiência se fortalece como processo bilateral no qual, na conjugação de esforços, pessoas e sistemas sociais se reestruturam, simultaneamente, com vistas á edificação de uma sociedade para todos. 

 

 

SISTEMA E FUNÇÃO VISUAL

 

De acordo com Brasil (2001, p.29), “A formação da imagem visual depende de uma rede integrada, de estrutura complexa, da qual os olhos são apenas uma parte desse sistema, envolvendo aspecto fisiológico, função sensório-motora, perceptiva e psicológica”. A capacidade de ver e interpretar as imagens visuais depende fundamentalmente da função cerebral de receber, codificar, selecionar, armazenar e associar essas imagens e outras experiências anteriores. Para ver o mundo em formas e cores, é necessário um nervo óptico e retina (cama interna que reveste a câmara ocular) intactos. A retina é formada por células fotorreceptores, os cones, responsáveis pela visão periférica e adaptação a pouco iluminação-visão noturna.

 

 

CONCEITUANDO DEFICIÊNCIA VISUAL

 

O termo deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/ou cirurgia e uso de óculos convencionais. A diminuição da resposta visual pode ser leve, moderada, severa, profunda (que compõem o grupo de visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da resposta visual (cegueira). Segundo a  Organização Mundial da Saúde – OMS (Bangkok, 1992), o indivíduo com baixa visão ou visão subnormal é aquele que apresenta diminuição das suas respostas visuais, mesmo após tratamento e/ou correção óptica convencional, e uma acuidade visual menor que 6/18 a percepção de luz, ou um campo visual menor que 10 graus do seu ponto de fixação, mas que usa ou é potencialmente capaz de usar a visão para o planejamento e/ou execução de uma tarefa.

Segunda a visão eletrônica Saúde e Vida Online (2005), a deficiência visual inclui dois grupos:

 

Cegueira: E considerada cego aquele que apresenta desde ausência total de visão até a perda da percepção luminosa. Sua aprendizagem se dará através da integração dos sentidos remanescentes preservado. Terá como principal meio de leitura e escrita o sistema Braille. Devera, no entanto, ser incentivado a usar seu resíduo visual das atividades de vida diária sempre que possível.

Visão Subnormal ou Baixa Visão: É considerado portador de baixa visão aquele que apresenta desde a capacidade de perceber luminosidade até o grau em que a deficiência visual interfira ou limite seu desempenho. Sua aprendizagem se dará através dos meios visuais, mesmo que sejam necessários recursos especiais.

 

Tanto a cegueira total quanto a visão subnormal pode afetar a pessoa em qualquer idade. Bebês podem nascer sem visão e outras podem tornar-se deficientes visuais em qualquer fase da vida. A perda de visão pode ocorrer repentinamente de um acidente ou doença súbita, ou tão gravemente que a pessoa atingida demore a tomar consciência do que esta acontecendo. Ela também ocorre independentemente de sexo, religião, crenças, grupo étnico, raça, ancestrais, educação, cultura, saúde, posição social, condições de residência ou qualquer outra condição específica.

De acordo com Brasil (2003, p. 30), “deficiência visual é a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho após a melhor correção ótica”. A deficiência visual interfere em habilidades e capacidades e afeta não somente a vida da pessoa que perdeu a visão, mas também dos membros da família, amigos, colegas, professores, empregados e outros. Entretanto, com tratamento precoce, atendimento educacional adequado, programas e serviços especializados, a perda da visão não significara o fim da vida independente e não ameaçará a vida plena e produtiva.

Segundo as Nações Unidas, há cerca de 180 milhões de pessoas com deficiência visual. Sendo cerca de 40 a 45 milhões de pessoas cegas e 140 milhões de pessoas com baixa visão. A estimativa para 2020 é de dobrar essa prevalência. A incidência de deficiência visual varia de país para país. Para se ter uma ideia da magnitude do problema, basta lembrar que segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 1% a 1,5% da população dos países em desenvolvimento é constituída por pessoas com necessidades visuais especiais. Isso significa que o Brasil temos cerca de 1,8 milhões de pessoas com Deficiência Visual, que, se não forem educadas adequadamente, tenderão a ser discriminadas e marginalizadas. (AMUSP-1997).

De uma maneira mais ampla, a deficiência visual é dividida em dois tipos, para fins educacionais (AMUSP, 1997):

    

Pessoas com Visão Subnormal: são as que tem visão baixa para longe, mas enxergam melhor de perto utilizando a aproximação. Não são cegas, mas enxergam pouco, sua visão é deficiência. Assim, sua capacidade de realizar suas atividades de vida diárias tais como ler, andar na rua, assistir televisão, cozinhar, está muito prejudicada. Neste caso, o processo, o processo educativo se desenvolverá, principalmente, por meios visuais, ainda que com a utilização de recursos ópticos específicos como óculos, lupas, telescópio, tele lupas, e outros. Também utilizam-se auxílios não ópticos como livros como tipos ampliados e melhoria da iluminação para melhoria da iluminação para melhorar o contraste.

1) Pessoas com cegueira: são aquelas que apresentam ausência total da visão até a perda da projeção da luz. Neste caso, o processo educativo far-se-á através dos sentidos remanescentes (tato, olfato, audição, paladar) pessoas com visão consegue ler Braille. As crianças cegas devem aprender a usar a máquina de escrever comum tão cedo quanto possível. A escrita á mão é muitas vezes difícil, no entanto, deve-se incentivar a criança a assinar o seu nome. A incapacidade de escrever o seu próprio nome é muita das vezes uma fonte de embaraço e por esse motivo que se enfatiza a aprendizagem da assinatura. A máquina de escrever tem tudo, mas não substitui recursos como os guias de metal, necessários para ajudar a ensinar a escrita na mão.

 

 

HISTÓRIA DA ESCRITA BRAILLE

 

Conforme Poliedro (10/95), por volta de 1815, a França andava envolvida em múltiplas guerras. As constantes mensagens que as circulavam não podiam ser lidas de noite já que, para tal, era necessária luz, o que despertaria o inimigo. Assim, o oficial de artilharia Charles Barbier, inventou um processo de escrita em relevo, por pontos, que pudesse ser lida com os dedos, sem necessidade de luz. Chamou-se a esse sistema de escrita noturna. Louis Braille, que cegara aos três anos por acidente, em 1812, encontrava-se a estudar na Instituição Nacional dos Jovens Cegos de Paris quando teve conhecimento da escrita noturna. Entrou logo em contato com Charles Barbier, estudou o sistema, aperfeiçoou-o e reduzi-o para seis pontos. Este novo método tornou-se universal sob o seu nome:

Método da escrita Braille, que se resume na célula Braille. Na leitura Braille é usado caracteres em relevo, em combinações diferentes de seis pontos, organizados em unidades de dois pontos na largura e três na altura. Os símbolos são trabalhados em relevo, em papel manilha grosso, da esquerda para direita, e geralmente o leitor “lê” com uma das mãos e, com a outra, mantém a posição vertical as anotações de música, pontuação, matemática e ciências baseiam-se no mesmo sistema. A escrita Braille é outro acréscimo ao currículo das crianças cegas há vários instrumentos para escrever os símbolos, sendo o mais fácil e mais rápido a maquina de escrever Braille ou máquina de escrita Braille. Ela tem seis teclas, que corresponde a cada um dos seis pontos da unidade. Um bom datilógrafo Braille pode bater de quarenta a sessenta palavras por minuto, o Braille também pode ser escrito a mão, utilizando-se uma plaqueta (pauta) e um estilete (punção) que permitem que a criança faça as perfurações numa unidade Braille padrão.

Do mesmo modo, Poliedro (11/96) sugere que a datilografia, raramente incluída no currículo elementar das crianças com visão, é muito importante para as crianças cegas, caso se espere que comuniquem com o mundo dos que tem visão, pois um número muito pequeno de pessoas co m visão espere conseguem ler Braille. As crianças cegas devem aprender a usar a máquina de escrever comum tão cedo quanto possível, A escrita a mão e muitas vezes difícil, no entanto, deve-se incentivar a criança a assinar o seu nome. A incapacidade de escrever o seu próprio nome e muitas vezes uma fonte de embaraço, e é por esse motivo que se enfatiza a aprendizagem da assinatura. A máquina de escrever tem tudo, mas não substitui recursos como guia de metal, necessário para ajudar a ensinar à escrita a mão.

 

 

TIFLOLOGIA, UM POUCO DE TERMINOLOGIA.

 

Poliedro (01/1997) aponta que, de acordo com a perspectiva histórica, geralmente adaptada, foi na França, no último quartel do século XVIII que Valentin Hauy fez despontar a tiflologia. E geralmente considerado, com toda a justiça, o pai da tiflologia. Os cegos começaram então a ser escolarizados, ainda que com um currículo muito limitado, em que as disciplinas apresentavam níveis muito elementares. Por outro lado, o processo de leitura e escrita adaptada por Valentin Haüy (uso dos caracteres gravados em relevos) prestava-se mal à utilização tátil; e Louis Braille, que ficou cego aos três anos de idade, vítima de um acidente, também providencial para os cegos, só viria a brindar-nos com seu sistema cerca de cinquenta anos mais tarde. Apesar de tudo isto, em 1782, a educação dos cegos era oficializada na Franca. A tiflologia nos apresenta-se hoje como uma posição plurifacetada, traduzida numa atividade multidisciplinar, em que convergem disciplinas do âmbito de diversas ciências, oftalmologista e outras especialidades: ciência medica, psicológica, pedagógica, sociologia, engenharia, arquitetura, ação social, direito, etc., com o objetivo de compreender integralmente a déficit funcional motivado pela deficiência visual em todas as suas implicações intrínsecas e extrínsecas ao deficiente e procurar, na medida do possível, reduzir ou eliminar essas implicações.

 

 

O ALFABETO BRAILLE

 

A figura 1 mostra o alfabeto Braille, ela apresenta as diversas letras e seus símbolos correspondentes em Braille. Desta forma, uma pessoa normovisual pode ter acesso a textos escritos em Braille, isto é importante, principalmente se conhecer algum amigo ou familiar cego que necessite de lhe escrever, de lhe deixar um recado.

O Sistema de Leitura e Escrita Braille é o mais importante recurso inventado para educação de milhares de pessoas cegas no mundo todo. Ele utiliza o tato no lugar da visão. Graças a esse sistema, a pessoa cega pode ser educada, inserir-se na sociedade, adquirir conhecimentos e se profissionalizar, sendo indispensável para toda sua vida. O Sistema Braille foi inventado em 1824 por Louis Braille, um jovem francês de 15 anos que estudava na Instituição Real para Jovens Cegos de Paris, e que ficara cego aos três anos de idade. O Braille pode ser escrito á mão, com Reglete e o Punção, mas o processo é complicado, lento e trabalhoso. A máquina de escrever em Braille é a maneira de tornar a escrita muito mais fácil, acessível e dez vezes mais rápida. Com exceção de algumas pessoas cegas que têm acesso a modernos recursos de informática, todas as outras necessitam da máquina, que é de fundamental importância para sua educação e sua vida. A Máquina Braille começou a ser produzida em 1946 pela Howe Press da Escola Perkins para cegos, a parti de um protótipo de 1939 do professor David Abraham daquela escola. Seu principal fabricante é a Perkins School for the Blind em Massachussets, da escola com 170 anos. Da produção americana, 80% destinam-se a usuários dos países desenvolvidos e somente 20% aos países em desenvolvimento. No Brasil, a produção e comercialização da máquina Braille começou em 1999. Graças ao acordo de cooperação internacional firmado com a Perkins, a Laramara (Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual) inaugurou a primeira fábrica de máquina de Escrever em Braille da América Latina. Atualmente, a Laramara (Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual) fabrica dois tipos de Máquinas de Escrever em Braille:

Máquina Perkins Brailer Mecânica, de cor cinza martelado, peso bruto de 6,0 Kg.

Máquina de Escrever em Braille Tatrapoint, de cor bege martelado, peso bruto de 3,0 Kg.

A Máquina Perkins Brailer Mecânica é constituída basicamente por um teclado com seis teclas, cada uma correspondente a um ponto de Cela Braile, sendo numeradas seguindo uma ordem: três teclas do lado esquerdo e três do lado direito. A tecla central diferente marca apenas o espaço. Existem ainda duas teclas situadas nos dois lados desse teclado a da direita para retrocesso. Colocado, o papel é enrolado manualmente e preso por dois botões situados do lado do rolo. (AMUSP-1997).

O toque de uma ou mais teclas simultaneamente produz a combinação dos pontos em relevo, correspondendo ao símbolo desejado. Com a combinação dos seis pontos, forma-se o código de 63 sinais diferentes, que representam as 26 letras do alfabeto, acentuação, pontuação, números, símbolos matemáticos e químicos, partituras musicais e outros. Pode-se escrever em qualquer idioma, inclusive os que usam símbolos e não letras como o japonês e o chinês. Escreve-se da esquerda para a direita e pode-se ler sem retirar o papel da máquina.

A Máquina de escrever em Braile Tratapoint tem a facilidade de facilitar a alfabetização de pessoas deficientes visuais, além de ser um meio de comunicação com o mundo externo, foi lançado a máquina de escrever em Braile Tratapoint e LARAMALA- Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual é constituída de oito teclas, sendo uma tecla de espaço, uma tecla de retrocesso, seis teclas correspondentes aos seis pontos.

Capacidade de escrever 40 linhas e 40 colunas, utilizando papel padrão de dimensões A4 (210mm x 292mm x 0,018mm) sulfite 120g. A máquina deve acompanhar manual do usuário em tinta, manual do usuário em braile, mochila para transporte. Garantia de um ano cor bege peso líquido 3,0 kg peso bruto (com mochila) 4,8 kg dimensões: comprimento- 23,0 cm largura- 30,0 cm de altura- 10,0 cm. (AMUSP-1997).

Até hoje, o Sistema Braille é o mais completo, o mais perfeito, o mais seguro, o mais eficiente meio de acesso à instrução, à cultura e à educação de que se valem as pessoas cegas para sua integração na sociedade.

 

 

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES ESPECIAIS E UTILIZAÇÃO DO BRAILLE

 

Discutir o sistema que Louis Braille legou á humanidade é, no nosso entender, a melhor forma de homenagear o seu autor, na medida em que o seu invento continua a demonstrar uma grande atualidade e uma indiscutível vitalidade. De fato, depois da sua adaptação ao texto literário das diversas línguas e aos diferentes alfabetos, à matemática, à música, à química e ao xadrez, este sistema de seis pontos e sessenta e três símbolos ou combinações possíveis, consegue ter, nos nossos dias, uma palavra séria a dizer no campo das novas tecnologias, mais precisamente, no da informática. O domínio do Braile é extremamente importante, por isso, os professores devem incentivar e ajudar os SUS alunos ao estudo e aperfeiçoamento deste. Dado que através dele que vão tomando contato com a estrutura dos textos, a ortografia das palavras e a pontuação. Além de ser fundamental para o estudo da Matemática, Física e Química. Os deficientes visuais de uma maneira geral não são motivados para a prática do Braile nem o conhecem em todas suas modalidades. Incapazes de ler a um ritmo satisfatório, não tiram proveitos dos livros e dos manuais que já hoje tem ao seu dispor. A falta de aprendizagem e treino reflete-se também na escrita que é deficiente quanto o Braille, e desconcertante quanto a ortografia relativamente a expressão em domínios específicos como a grafia matemática, fonética, etc. o domínio aprofundado do Braille é uma condição de êxito, sobretudo se o aluno não puder com caracteres ampliados. Para a criança cega, aprende a usar o Braille é uma das chaves que abre a porta para a comunicação como mundo dos que tem visão. ACAPO (01-04/1996).

 

 

O BRAILLE E AS SUAS APLICAÇÕES

 

O Braille potência decisivamente as capacidades de comunicação do deficiente visual, permite-lhe obter informação capaz de lhe manter os interesses que já possui ou incrementá-los. Sabendo a ler e escrever em Braille, o sujeito pode construir um novo círculo de amizades que lhe proporcionará um espaço de vivencia muito gratificante e que contribuirá para seu equilíbrio emocional. O fato de aluno ter sucesso na aprendizagem do Braille, só por si, funciona como um reforço da sua autoimagem e autoconsciência. Com o conhecimento do Braille, o aluno pode reencontrar ou descobrir o prazer da leitura, o que será uma razão para ele acreditar na sua realização, mesmo sem ele ver. Percebera também que o Braille promove a sua independência em muitas circunstancias e isto lhe dá ânimo ao mesmo tempo em que lhe reduz receios. Na área da datilografia, os conhecimentos do Braille são úteis porque permite ao aluno fazer na máquina a transcrição de textos em Braille, podendo realizar um trabalho prolongado sem ter de recorrer de sua inspiração para construir um texto, o que te diminuiria sua concentração sobre o trabalho. Recorrendo ao Braille, pode ainda o aluno tomar apontamentos relativamente ao funcionamento da máquina, aos esquemas necessários, à elaboração de endereços e mapas, que poderá consultar sempre que necessitar. Na orientação e mobilidade, os conhecimentos de Braille são úteis porque possibilitam ao aluno a consulta de mapas, plantas topográficas e roteiros, alimentando desse modo a informação sobre o meio circundante que contribuirá para facilitar a realização de trajetos. ACAPO (01-04/1996).

Com o auxílio do Braille, o aluno pode identificar e organizar uma coleção de discos, cassetes, disquetes e revistas em tinta. Utilizando a escrita Braille, pode ainda elaborar uma agenda de contatos e dos serviços públicos relevantes. Quando se passa para a aritmética, há igualmente instrumentos de uso específico e cujo que o manuseio não é fácil, exigindo, portanto, um domínio tátil grande. É ao cubaritmo que estamos nos referindo. Este instrumento é um tabuleiro retangular dividido em quatro dos quais é possível introduzir cubos correspondentes aos algarismos que se pretendem escrever. O Braille promove o desenvolvimento pessoal do deficiente visual que o aprende, porque o torna mais autônomo, diminui-lhe o isolamento social, enriquece-o culturalmente, permite-lhe a expressão de sentimentos e ideias. Permite também ao cego combater o isolamento social e a estagnação cultural. ACAPO (01-04/1996).

Nos nossos dias, com a vulgarização da informática, o acesso dos deficientes visuais à informação escrita conheceu novas possibilidades. Uma vez introduzida o texto no computador, o deficiente visual tem ao seu alcance todas as informações não gráficas disponível no ecrã, podendo fazer a sua leitura através da linha de Braille, desde domine o sistema Braille, com o qual a criança deficiente visual conseguira escrever um texto e torná-lo imediatamente acessível a pessoas que não conhecem o Braille. Esta potencialidade é extremamente útil para quem, na sua atividade, necessita de transformar em caracteres impressos em tinta os seus textos em Braille, Kirk & Galagher (1996).

 

 

Referências:

 

Associação da Mulher Unimed d Estado de São Paulo (AMUSP), 1997.

 

____ Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Programa de capacitação de recursos humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual. Vol. 1. Brasília, 2001.

 

____ Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão: Estratégias para a Educação de alunos com necessidades especiais. Organização: Maria Salete Fabio Aranha. Brasília: MEC/SEESP, 2003.

 

BRAILLE, Luis. Revista Oficial da ACAPO Ano VI nº 20 janeiro/Abril, 1996.

 

KIRK, Samuel & GALLAGHER, James. Educação de crianças excepcional. São Paulo: Martins Fontes, 1996.