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A LITERATURA INFNTOJUVENIL NA CONTEMPORANEIDADE

Mailza Tavares de Matos[1]
Leize da Silva Costa[2]
Roseli de Souza[3]
Joice Aparecida dos Santos Rocha[4]
Raquel Camargo da Silva[5]

 

 

RESUMO:

Quando se fala em literatura, principalmente em ambiente escolar, toma-se como algo complicado e difícil de compreender por parte dos alunos. Porém deve-se compreender a literatura como uma forma de se expressar no mundo, de criar um mundo para todos os educandos em formação. Logo a compreensão deve partir de quem está no comando, ou seja, dos professores e pedagogos. Para além de criar um mundo de oportunidades e criatividade, a literatura também desenvolve um senso crítico com relação a sociedade na qual está posta. Outro ponto importante é que através da literatura a cultura de um povo se torna viva e vivenciada em cada momento, por todos que dela se valem.

 

Palavras-chave: Literatura; Educandos; Professores.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Até o século XVIII, era possível se encontrar livros escritos para o público infantil, mas a emergência de livros infantis com cunho literário, começa se desenvolver com a ascensão da sociedade burguesa, quando a prática literária se tornou central, não somente no âmbito infanto-juvenil, mas para a sociedade como um todo. É certo que sempre existiu leitores em todas as sociedades, o leitor é fruto de uma materialidade histórica e a leitura é uma prática coletiva. Quando emerge a burguesia como ator principal na sociedade, quando se percebe o desenvolvimento de uma sociedade baseada no capitalismo, pois a pratica coletiva da leitura prescinde de um comércio que se estabelece, também na valorização da família, do trabalho e da educação (Kirchof; Bonin, 2016).

A Europa se tornou exemplar para o Brasil, na produção de livros infantojuvenis, com as intenções morais e pedagógicas vinculadas ao fenômeno cultural burguês emergente, sendo que o espaço escolar se tornou a principal fonte de consumo de obras infantojuvenis e infantis com a intenção de moralizar e alfabetizar esses futuros cidadãos. Na Europa o rompimento do pedagogismo da literatura infantojuvenil e infantil teve seu início na era vitoriana, desde a publicação de Alice no país das maravilhas de Lewis Carroll em 1865 (Kirchof; Bonin, 2016).

A origem da literatura infantil em solo brasileiro se dá no século XIX, publicando livros para o ensino de leitura, em sua maioria traduzidos e adaptações de livros clássicos europeus. Essa origem foi baseada em um projeto republicano nacional, com o intento de modernizar, urbanizar e escolarizar as massas. A literatura escolar teve um desempenho importante na função de processo de formação infantil, que tem seu início com Narizinho Arrebitado de Monteiro Lobato (Reis et al, 2016).

 

 

LITERATURA: PRA LÁ DA IMAGINAÇÃO

 

No contexto brasileiro, foi Monteiro Lobato o pioneiro de obras literárias que exploravam o lúdico e a imaginação infantil em detrimento aos ensinamentos explícitos que eram publicados anteriormente. A partir dos anos de 1960, houve um crescimento de expressividade nas obras infantis no contexto brasileiro, que foi acompanhado por uma melhoria na qualidade artística e literária (Kirchof; Bonin, 2016).

Monteiro Lobato foi influenciador no desenvolvimento literário infantil em solo brasileiro se torna evidente ao buscar historicamente essa origem, com genialidade apostando no humor para desenvolver sua relação com as crianças leitoras, assim como muitos autores fazem até os dias de hoje. Mas seu sucesso se deu em relação ao seu posicionamento com os leitores infantis. As obras de Monteiro Lobato representaram uma ruptura de paradigmas, pois dispensaram o caráter pedagógico que era predominante nos textos dirigidos ao público infantil e começaram a trabalhar com conteúdos libertadores, o que contrariava as normas vigentes e acabavam por endossar uma possiblidade de representação da realidade através da percepção infantil. Sendo que o leitor infantil passa da posição de passividade para uma posição autônoma e questionadora (Reis et al, 2016).

A função humanizadora da literatura é um recurso otimizador para se trabalhar conflitos emocionais em crianças. Sendo que deveria existir uma biblioterapia como uma proposta de ajuda para pessoas em conflitos emocionais, tanto no âmbito da saúde pública como no âmbito da educação escolar, que tivesse como sua base livros e atividades lúdicas relacionadas as leituras desenvolvidas. Sendo que no âmbito educacional poderia ser acionada no apoio a crises, como situações de morte, separação e conflitos com amigos. Contribuindo para a tornar externo através da verbalização dos problemas e na elaboração psíquica, além de promover uma maior socialização e aumento da autoestima (Reis et al, 2016).

O conceito de infância mudou com o tempo, sendo que dentro de uma perspectiva democrática, as crianças preferem histórias que não venham embutidas a intenção de educar, dessa forma a literatura tem que ser incentivo a criatividade, a curiosidade e a capacidade de questionar e refletir, sendo que por isso a literatura ultrapassa os limites didáticos. As crianças devem ser incentivadas a participar de um ideal democrático, sendo que devem opinar, não aceitar nada que não tenham compreendido ou elaborado. Devem ser incentivadas a questionar leis, regras e o tema dos limites deve ser constante motivo de polêmica, na qual devem participar ativamente (Reis et al, 2016).

 

 

ESCOLA E LITERATURA

 

A escola hoje não está preparada para levar em consideração o subjetivo do educando e do educador, pois a aprendizagem da leitura ainda é tratada somente sob seus aspectos de cognição e instrumentos de interpretação do mundo. Acreditando que a leitura pode ser incentivada como forma de prazer e enriquecimento subjetivo, acrescenta-se que para incentivar uma criança a ler é necessário trabalhar a leitura no seu dia a dia. A natureza entre escola e literatura estão imbricadas em sua natureza formativa, mesmo compartilhando tal função as duas não se identificam, sendo que a literatura infantil atualmente está consolidada como uma arte literária, se afastando de sua origem de compromisso com a pedagogia e demonstrando uma ótica original da realidade. Ocupando espaços que resultam da restrita experiência de existência do leitor, através de uma linguagem simbólica. Dessa forma, a abertura para a literatura se deve ao grau de abertura que o leitor tem para com a realidade que o cerca, seja ela de natureza intima ou social, o que acaba por causar um intercambio cognitivo e existencial entre o texto e o leitor.  O fenômeno da leitura desenvolve uma convivência particular com o mundo criado pelo imaginário do leitor (Reis et al, 2016).

A crescente circulação de textos infanto-juvenis em ambientes escolares atualmente, reflete a promoção de uma intencionalidade que é voltada ao exercício didático e para a transferência de informações. A escola é o espaço de encontro entre os educandos e os livros, cabendo a ela a reponsabilidade de inserir as crianças ao mundo da leitura, transformando-os em leitores permanentemente interessados. Sendo que os discursos que provêm do meio educacional relacionam a falta do gosto pela leitura por parte dos educandos, a suas famílias que não incentivam, sendo uma das causas de fracasso dos alunos e no futuro seu fracasso enquanto cidadão. Partindo disso, são desenvolvidas iniciativas com a intenção de sanar este problema. Sendo essas inciativas traduzidas em projetos de leitura, expansão do mercado editorial de livros didáticos e de livros infantojuvenis de literatura (Paiva; Oliveira, 2013).

 

 

LITERATURA INFANTIL COMO FACILITADOR DE APRENDIZAGEM

 

A literatura tem um papel importante para o processo de aprendizado e formativo de crianças, pois se relaciona com as experiências pessoais que essa criança desenvolve no âmbito da família e escolar. Dessa forma, desenvolve um senso crítico, quando na leitura a criança, fala, pergunta e aceita ou não a opinião exposta pelo autor, também tem potencial de ampliar a arte por meio da fantasia alcançando um espaço infinito em sua imaginação. Resultando em novos textos a serem lidos, pinturas, desenhos, colagens e tantos outras formas de se expressar. A literatura se torna essencial por criar uma visão de mundo e cria um mundo próprio que interage com o mundo real da criança. A literatura infantil acaba por se tornar um recurso fundamental e significativo para a formação do sujeito, de um leitor crítico e desenvolve valores morais (Pinati; Et.al, 2017).

A literatura infantil vem sendo usada cada vez mais no âmbito das escolas públicas brasileiras, com programas educacionais dos governos federal e estaduais, tais como PNBE (Programa Nacional Biblioteca na Escola), PLND (Programa Nacional do Livro Didático), com a intencionalidade de levar as salas de aula acervos que abarcam diversos gêneros literários tais como, contos, fábulas e poesias, fomentando o debate sobre diversos assuntos que as leituras propiciam aos educandos envolvidos. Sendo que os assuntos entram em pauta de acordo com o movimento que a sociedade faz e o debate que é ensejado no âmbito social e político, um dos assuntos mais discutidos e fomentados por educadores e educandos dentro das escolas se refere as diferenças, assunto atual, com relação a eliminar os preconceitos e a organização sistêmica desses preconceitos, desenvolvendo capacidades nos educandos, através da literatura, de uma construção de julgamentos de forma correta para o singular, o diferente (Reis et al, 2016).

A literatura infantil escolar tem sido um trajeto para desenvolver nos educandos uma reflexão sobre o tema diferença, sendo que nos livros do PLND de 2013, as características sobre as diferenças que eram tratadas estavam relacionadas ao comportamento, condições sociais, deficiências, cor de pele, bem como da etnia. Sendo que os personagens que faziam parte dos enredos, de forma geral, eram meninas brancas, carregando um estereótipo de herói frente as adversidades, com a desresponsabilização da sociedade sobre as diferenças e preconceitos. Dessa forma, se tornando importante o educador para ampliar a reflexão dos educandos em relação aos contextos das histórias relatadas nos livros (Reis et al, 2016).

A literatura é de grande auxílio para o processo de alfabetização, a literatura infantil desenvolve um processo facilitador do aprendizado, a imaginação, a criatividade e o prazer de ler. Quando se coloca a literatura infantil no processo de alfabetizar e no aprendizado, isso significa incluir a criança em um mundo lúdico, estimulando dessa forma, o aprender ler e escrever, vivenciando situações que não seriam viáveis no cotidiano. Toda criança deve ser apresentada a textos e literatura desde sua iniciação na vida escolar, porque desde o primeiro momento que entra em sala de aula, a criança se encontra em processo de aprendizado e de desenvolvimento de capacidades, mesmo não tendo domínio da língua, necessitando da relação com a literatura para em seu futuro desenvolver uma leitura crítica de mundo. Sendo o início da vida escolar o momento de incentivo a habilidade de compreender e de pensar das crianças (Pinati; Et.al, 2017).

O processo de selecionar os livros para as crianças é complexo na prática escolar. A inclusão literária no âmbito da escola envolve diversos aspectos, sendo que muitos deles estão estritamente relacionados ao fazer pedagógico, relacionados a temática, sendo que nem todas as obras têm um valor literário e estético reconhecido (Reis et al, 2016).

Como o ensino da língua materna é um dos fundamentos da alfabetização, isso incitou a entrada em sala de aula vários textos, sendo literários, informativos e instrucionais, o que acabou por favorecer de forma crescente a literatura infantil, mas isso acaba gerando dificuldades na análise da qualidade das obras oferecidas, sendo que a literatura infantil teve um árduo caminho para se colocar como gênero historicamente, bem como a própria infância, para ser entendida como uma etapa diferenciada da vida.

A leitura pode proporcionar habilidades para aos educandos e o papel do educador deve ser de propor algumas habilidades que possam ser desenvolvidas para a formação dos educandos, visando uma valorização da literatura. As habilidades desenvolvidas são de comunicação e expressão, sendo que contempla a função humanizadora, que pode ser compreendida como o processo de confirmação no ser humano de exercício reflexivo, de aquisição de saber, uma boa disposição para com o seu próximo, desenvolvimento de emoções, uma capacidade de envolvimento com os problemas da vida, senso de beleza, a percepção da complexidade do mundo, da sociedade, dos seres vivos e por fim, o cultivo do humor (Reis et al, 2016).

A literatura infantil é capaz de desenvolver diversas emoções, sentimentos, sentidos e significados, partindo da interação com o meio social e familiar que a criança vive, através de livros que vão de encontro com o perfil da criança. A partir desse momento que se inicia o encantamento da criança pela literatura, pois esse período inicial de escolarização é onde se misturam fantasia e realidade, desenvolvendo imaginação, pensamentos de maneira prazerosa. Transmitindo valores positivos com respeito ao próximo, solidariedade, respeito a natureza e a autonomia, contribuindo de forma importante para a criação de cidadãos solidários. Para que os educandos criem gosto pelo ato de ler, existe a necessidade dos educadores terem metas de incluir, esses alunos no mundo da leitura, sendo indispensável o ensino de práticas de leitura com conhecimentos de concepções de linguagem e de leitura que se atualizam e ampliam com o tempo (Pinati; Et.al, 2017).

Ademais, a literatura tem uma função de terapia, para momentos de crise e desamparo, sendo que o texto literário pode ser estruturante sobre o caos presente no interior do ser humano, trazendo com isso um equilíbrio psíquico. Sendo que essa ideia é bem antiga, de os livros proporcionarem bem-estar aos seres humanos, com a ajuda da reconstrução de si, dando mais sentido à vida em situações de crises, sejam elas causadas por conflitos armados, por violências que se tornam repetidas, por deslocamentos abruptos de populações ou por problemas advindos de crises econômicas globais (Reis et al, 2016).

A existência de programas ao redor do mundo com o intuito de ajudar crianças, jovens e adultos na construção de um espaço psíquico que seja capaz de sustentar sua posição de sujeitos, em situações de crises e desemparo se mostra eficaz e benéfico. Os textos ajudam a organizar experiencias e a elaborar uma espécie de narrativa interna para os seres humanos que desempenham um papel essencial na construção e reconstrução do si (Reis et al, 2016).

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Diante do exposto, fica evidente que deve Desenvolver uma análise sobre a literatura infanto-juvenil e seus desdobramentos para o leitor em sua formação como um sujeito social crítico e criativo, pois a literatura infantojuvenil e seus aspectos peculiares, as modificações que ocorreram ao longo do tempo com relação as histórias e sobre os personagens, em como os leitores na atualidade se colocam como produtores de um mundo de imaginação e de criatividade, a partir disso deve estabelecer uma relação da alfabetização com a literatura infantojuvenil

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

FLICK, U. introdução à metodologia de pesquisa: Um guia para iniciantes. Porto Alegre: Penso, 2013.

 

KIRCHOF, E. R. R.; BONIN, I. T. Literatura infantil e pedagogia: tendências e enfoques na produção acadêmica contemporânea. Pro-Posições, v. 27, n. 2, p. 21–46, 2016.

 

MINAYO, M. C. DE S. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, n. 3, p. 621–626, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232012000300007&lng=pt&tlng=pt>. .

 

PAIVA, S. C. F.; OLIVEIRA, A. A. a Literatura Infantil No Processo De Formação Do Leitor. Journal of Chemical Information and Modeling, v. 53, n. 9, p. 1689–1699, 2013.

 

PINATI, C. T.; ET.AL. A importância da literatura na educação infantil. Ciência et Praxis, v. 10, n. 19, p. 49–55, 2017.

 

REIS, M. P. DOS; TORRES, E. P. P.; COSTA, B. H. R. DA. Infância, escola e literatura Infantil: livro para criança não precisa ser educativo. Revista Psicopedagogia, v. 33, n. 101, p. 184–195, 2016. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v33n101/08.pdf>

 

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