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Avaliação: mito e desafio

Edilene Hesper Moura

Érika Eduarda Eising Souza

Lívia Monique de Almeida

Maria Jailsa de Sousa França

 

DOI: 10.5281/zenodo.14219342

 

 

Resumo

O presente artigo teve como objetivo compreender como a avaliação pode auxiliar o professor no desempenho de aprendizagem do aluno. A mesma é considerada a parte fundamental do processo de ensino-aprendizagem possibilitando a tomada decisão e a melhoria da qualidade do ensino. A metodologia teve como fundamentos de pesquisa bibliográficas, artigos relacionados ao tema e questionário quantitativo e qualitativo semiestruturados contendo perguntas que foram entregues aos profissionais da instituição Escola Municipal Vista Alegre, localizada na cidade de Terra Nova do Norte- MT. A avaliação se faz presente em todos os domínios da atividade humana e deve ser um processo contínuo, que deverá acompanhar o processo de aprendizagem, envolvendo avaliação inicial, formativa e somativa. O sentido da avaliação terá que ser visto como forma de ajuda ao professor a melhorar na forma de ensinar, buscando sempre a melhor forma de avaliar um aluno.

 

Palavras-chave: Avaliação. Ensino-aprendizagem. Professor e aluno.

 

 

Abstract

This article aims to understand how the evaluation can assist the teacher in the student's learning performance. It is considered the fundamental part of the teaching-learning process enabling decision-making and improving the quality of teaching. The methodology had as fundamentals of bibliographic research, articles related to the theme and semi-structured quantitative and qualitative questionnaire containing questions that were delivered to professionals of the institution Escola Municipal Vista Alegre, located in the city of Newfoundland of Norte- MT. The evaluation is present in all areas of human activity and should be a continuous process, which should accompany the learning process, involving initial, formative and soaring evaluation. The meaning of the evaluation will have to be seen as a way of helping the teacher improve in the way of teaching, always seeking the best way to evaluate a student.

 

Keyword: Evaluation. Teaching-learning. Teacher and student.

 

 

Introdução

 

A avaliação é a parte fundamental do processo de ensino/aprendizagem possibilitando a tomada de decisão e a melhoria da qualidade do ensino. A avaliação é um processo natural que acontece para que o professor tenha uma noção dos conteúdos assimilados pelos alunos, bem como saber se as metodologias de ensino adotadas por ele estão surtindo efeito na aprendizagem dos alunos. A escolha por este tema surgiu mediante a questão de sermos avaliados constantemente e de diversas maneiras durante nossa caminhada de vida.

Para muitos discentes ser avaliado é um grande desafio. Neste sentido, surgiu as seguintes questões: por que a avaliação se torna um grande desafio para o professor? Por que a prova causa um grande impacto na vida do aluno? O professor ao avaliar realmente considera todos os fatores que norteiam a aprendizagem?

As hipóteses iniciais são de que: a avaliação se torna um desafio para os professores, pelo fato de estar ligado ao professor como uma mediação de conhecimento. Para os alunos, ao serem colocados diante a uma prova são levados a uma situação de tormento e julgamento, pois serão avaliados pela nota e não pelo seu total conhecimento. A grande maioria dos professores avaliam seus alunos com notas bimestrais de avaliações, esquecendo de todo o seu desempenho em sala de aula.

A avaliação deve ser um processo contínuo, e que deve acompanhar o processo de aprendizagem, envolvendo a avaliação inicial, formativa e somativa. Existem inúmeras técnicas avaliativas, as quais permitem ao professor avaliar o desempenho do aluno e fugir da tradicional prova que causa um grande impacto na vida do aluno.

O objetivo do artigo é analisar como a avaliação pode auxiliar o professor no desempenho de aprendizagem do aluno, observar como o professor pode avaliar o desempenho do aluno, compreender quais instrumentos de avaliação podem ser utilizados e qual impacto a prova causará no desempenho do aluno, bem como relatar os tipos de avaliação, mitos e desafios sobre a avaliação.

Neste artigo foram abordados assuntos sobre os tipos de avaliação, quais os instrumentos que poderão ser utilizados para uma avaliação de forma adequada, e também sobre o efeito causado pela prova na vida do aluno.

Portanto, a ação avaliativa estará inserida e abrangera justamente a compreensão do processo de ensino e aprendizagem. Nesse contexto o sentido de avaliação terá de ser visto como forma de ajudar ao aluno e também ao professor a melhorar sua prática de ensino.

 

 

Desenvolvimento

 

Metodologia

 

Na busca pelo conhecimento científico, o pesquisador há de utilizar métodos para a abordagem e aplicação de sua pesquisa, esses métodos são chamados de metodologia e ela é essencial para o bom desenvolvimento e resultados finais da pesquisa.

Gil (2010, p. 01), afirma que “a pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos e técnicas de investigação cientifica”, ou seja, o pesquisador deve possuir conhecimentos sobre as tipologias e raciocínios que devem ser utilizados na investigação sistemática do tema. Ele deve estar atualizado profundamente e de forma adequada à área que pretende abordar (OLIVEIRA NETTO, 2008). O pesquisador deve estar em sintonia com a metodologia aplicada, pois será a metodologia de pesquisa que responderá a perguntas como? Com o quê? Onde? Quando? De acordo com o tema imposto (MARCONI E LAKATOS, 2017).

Dentre as possíveis pesquisas que podem existir, há vários tipos de métodos que se caracterizam por uma abordagem mais ampla, num nível mais elevado, dos fenômenos da natureza e da sociedade. Dentre os métodos destacam-se os: indutivo, dedutivo, hipotético dedutivo e dialético (MARCONI E LAKATOS, 2017).

Para esta pesquisa será utilizado o método hipotético-dedutivo, que se baseia na formulação da possibilidade da existência de uma lacuna em determinado nível de conhecimento, e lança hipóteses que possam preenchê-las, desde que dedutivamente testadas (OLIVEIRA NETTO, 2008).

Marconi e Lakatos (2017, p.108) definem que “o método hipotético dedutivo se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos sobre a qual formula hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese”. Por isso, será desenvolvida hipóteses sobre o tema “avaliação: mito e desafio” e seus objetivos, com o intuito de testá-las e verificar se elas se aplicam a realidade ou se são hipóteses falsas. Já de acordo com seu procedimento técnico, esta pesquisa utilizará o método estatístico, pois será realizado um levantamento de dados que posteriormente será analisado, através da coleta das opiniões dos professores.

Os tipos de pesquisa facilitam a execução do trabalho, por isso é necessário conhecer os tipos existentes e definir o que mais se encaixa no tema abordado.

De acordo com a natureza, está se define como básica, pois seu objetivo é entender, descrever ou explicar fenômenos existentes, é uma pesquisa destinada unicamente a ampliação do conhecimento (GIL, 2010).

Quanto a sua abordagem, se enquadra em quantitativa-qualitativa, pois além de coletar dados, estes serão analisados e quantificados, de acordo com o resultado obtido. Esta abordagem envolve o método estatístico e o comparativo, tornando-se um método misto de abordagem (OLIVEIRA NETTO, 2008).

Esta pesquisa, quanto ao objetivo geral, é definida como exploratória, pois tem como propósito   proporcionar mais afinidade com o problema, tornando-o mais explicativo e construir hipóteses. Seu desenvolvimento é mais flexível, pois aborda vários aspectos do tema estudado (GIL, 2010).

Quanto aos procedimentos técnicos abordados, inicialmente será desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, realizando um levantamento de artigos (impressos ou virtuais), livros, teses e dissertações sobre o assunto, tendo como finalidade colocar o pesquisador em contato direto com o que já foi escrito sobre o assunto, permitindo explorar novas áreas que não foram pesquisadas anteriormente (MARCONI E LAKATOS, 2017).

 

Praticamente toda pesquisa acadêmica requer em algum momento a realização de trabalho que pode ser caracterizado como pesquisa bibliográfica. Tanto é que, na maioria das teses e dissertações desenvolvidas atualmente, um capítulo ou seção é dedicado a revisão bibliográfica, que é elabora com o propósito de fornecer fundamentação teórica ao trabalho, bem como a identificação do estágio atual do conhecimento referente ao tema (GIL, 2010, p. 29)

 

Depois de realizada a pesquisa bibliográfica, será desenvolvido uma pesquisa de campo, com a aplicação de um questionário aos professores que atuam na escola Municipal Vista Alegre, localizada no município de Terra Nova do Norte – MT, com o intuito de levantar dados para responder aos objetivos estabelecidos.

O levantamento se dá pela interrogação direta de pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Serão coletadas informações a grupo de pessoas acerca do problema estudado e após análise quantitativa obter as conclusões correspondentes aos dados (GIL, 2010).

A coleta de dados se dará através de um questionário, tendo como base questões já formuladas pelo pesquisador, geralmente impressas, que serão entregues aos pesquisados.

As perguntas foram as mesmas para todos os que participarem da pesquisa, e o pesquisador pode optar em desenvolver perguntas abertas ou fechadas. As perguntas abertas são aquelas em que o pesquisado poderá responder de forma livre e expor a sua opinião, já as fechadas são aquelas em que o pesquisador já terá elaborado alternativas que abrange todas as respostas possíveis (MARCONI E LAKATOS, 2017).

Após coletados, os dados passarão por uma profunda análise, realizando comparações entre eles e confrontá-los com os trabalhos já realizados e expostos no referencial teórico. Os dados também serão analisados para observar os instrumentos que os professores utilizam para avaliar os alunos e os impactos que isso pode causar, e verificar os desafios existentes na aplicação das avaliações.

 

Resultados e discussões

 

Com bases nas coletas de dados obtidos com a pesquisa de campo, foi possível constatar os seguintes resultados com o questionário aplicado aos professores (as) da instituição.

 

Figura 1. Opinião dos professores em relação de como a avaliação pode auxiliar no desempenho de aprendizagem do aluno.

Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 1 estão apresentados os dados referentes a opinião dos professores em relação a como a avaliação pode auxiliar no desempenho de aprendizagem do aluno. Observa-se que 76% dos professores responderam que a avaliação como instrumento de aprendizagem deve contribuir para análise e decisão de quais ações pedagógicas devem ser tomadas durante esse processo de ensino, e 24% concordam que a avaliação não existe e nem opera por si mesma, está sempre a serviço de um projeto ou conceito teórico.

Luckesi (2005) destaca que o papel da avaliação é diagnosticar a situação da aprendizagem, tendo em vista subsidiar a tomada de decisão para a melhoria da qualidade do desempenho do aluno. O conceito de avaliação é relevante para o processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho dentro de sala aula. Nesse mesmo sentido para Luckesi:

 

Na avaliação não precisamos julgar, necessitamos isto sim, de diagnosticar, tendo em vista encontrar soluções mais adequadas e mais satisfatórias para os impasses e dificuldades. Para isso, não é necessário nem ameaça, nem castigo, mas sim acolhimento e confrontação amorosa. (LUCKESI, 2005, p. 33)

 

Nesse contexto a avaliação é um meio imprescindível para aprendizagem. Diante disso, ela deve ser entendida como processo integrado com todas as outras atividades realizadas pelo aluno, as quais subsidiam a sua aprendizagem.

 

Figura 2. Afirmação sobre a avaliação se fazer presentes em todos os domínios da atividade humana.

Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 2 estão representados os dados em relação a afirmação sobre a avaliação se fazer presente em todos os domínios da atividade humana, sendo que o avaliar faz parte do nosso cotidiano, seja através de reflexões formais ou informais. Observa-se que 13% dos professores discordam desta afirmação, e acreditam que a avaliação não se faz presente em todos os domínios da atividade humana, e 87% dos professores concordaram que a avaliação está sim inserida em nosso cotidiano.

Seguindo essa mesma concepção, Hoffmann (2001) aponta a ação avaliativa como uma interpretação cuidadosa e abrangente frente a qualquer situação de aprendizagem, sendo necessária entendê-la como acompanhamento de uma trajetória. Visto que a avaliação pode ser realizada em diferentes momentos e pode ter diversas finalidades.

  

Figura 3. De acordo com a prática avaliativa do professor.

Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 3 outro ponto questionado foi relacionado a prática avaliativa do professor, sendo assim, 94% dos professores responderam que a avaliação é um processo natural que acontece para que o professor tenha uma compreensão dos conteúdos assimilados pelos alunos e também para saber se as metodologias adotadas por ele estão surtindo efeito na aprendizagem. Enquanto 6% dos professores responderam que a avaliação é um momento de provas ou testes, para saber o que o aluno aprendeu em cima desse conceito dando uma nota para o conhecimento do aluno. Nesse sentindo para Libâneo a avaliação é vista como:

 

A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume a realização de provas e atribuição de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser submetidos a uma apreciação qualitativa. A avaliação, assim, cumpre funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação as quais se recorrem a instrumentos de verificação do rendimento escolar. (LIBÂNEO, 1994, p.195)

 

Diante disso a avaliação não deve ser somente um momento de realização de provas ou testes, mas sim um processo contínuo que deve ocorrer diariamente com o objetivo de diagnosticar a situação de aprendizagem de cada aluno, avaliando a correção de erros e buscando construir novos conhecimentos. Entretanto, a avaliação não deve priorizar apenas o resultado ou uma nota alcançada.

 

Figura 4. Segundo o autor Luckesi (2011) “o ato de avaliar a aprendizagem na escola é um meio de tornar os atos de ensinar e aprender produtivos e satisfatórios”.

Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 4, segundo o autor Luckesi (2011) “o ato de avaliar a aprendizagem na escola é um meio de tornar os atos de ensinar e aprender produtivos e satisfatórios”. Diante desta afirmação foi perguntado aos professores se concordavam ou não com o autor. 94% dos professores concordaram com o autor e 6% discordaram do autor.

Dessa forma, o avaliador, não se assusta com a realidade, mas observa atentamente, e a partir daí cria estratégias para tornar o ato de avaliar mais amoroso e produtivo.

Nesse mesmo contexto, Luckesi (2005) ressalta que a avaliação pode ser compreendida como um ato amoroso, “o ato amoroso é aquele que acolhe a situação, na sua verdade”.

A teoria pedagógica citada por Luckesi, está ligada a prática educativa, assim como o ato amoroso, uma depende da outra para alcançar o sucesso. Portanto, segundo o autor, avaliar a aprendizagem escolar significa estar disponível, para acolher os alunos no estado que se encontram, e a partir daí começar uma longa trajetória de auxílio na vida desse aluno. Diante disso, como foi exposto acima, avaliar a aprendizagem consiste na busca do melhor para todos os alunos.

 

Figura 5. Opinião dos professores sobre utilizar só a prova como um método de avaliação.

Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 5, obtivemos o resultado de que atualmente muitos professores utilizam só a prova como um método de avaliação, medindo apenas a capacidade de memorização e reprodução, diante disso foi questionado se os professores acham correto essa maneira de utilizar a prova, 6% responderam que sim, 81% responderam que não e 13% responderam que talvez.

A prova é vista como uma ameaça, um acerto de contas, um instrumento classificatório, voltado para quantificar ao invés de qualificar. O sistema impõe as provas para apenas compor notas, e isso se estende desde as séries iniciais até o mercado de trabalho, através de seletivos e concursos. Quando as provas não são aplicadas como forma de interação com os objetivos de aprendizagem, ficam à mercê de meras repetições e memorização.

Diante disso, Luckesi (2000) aponta:

 

[...] se um aluno, num dia de prova, após entregar a sua prova respondida ao professor, der-se conta de que não respondeu adequadamente a questão 3, por exemplo, e solicitar ao mesmo a possibilidade de refazê-la, nenhum dos nossos professores, hoje atuantes em nossas escolas, permitirá que isso seja feito; mesmo que o aluno nem tenha saído da sala de aula. (LUCKESI, 2000, p.3)

 

A prova é o centro da vida na comunidade escolar, e continua sendo terror da vida dos alunos, e como se fosse uma tempestade em cima do aluno, e muitos ficam restritos apenas a memorização de tais respostas, onde estudar para prova significa responder e decorar respostas relacionadas ao questionário. Moraes argumenta que os professores,

 

Aplicam essas provas controlando o ambiente: não procedem a explicações, não realizam leituras, não permitem qualquer movimentação. Posteriormente, corrigem as provas atribuindo notas e devolvem as provas e “orientam” os alunos com rendimento insuficiente para “estudarem mais. Na verdade, ao assim procedem, os professores restringem suas ações a realização de uma avaliação unicamente classificatória. (MORAES, 2008, p. 51)

 

Portanto é necessário salientar aos alunos que a finalidade de uma prova é intervir na tomada de decisões educativas com o intuito de orientá-lo e ajudá-lo em seu processo de aprendizagem. O uso da prova é um recurso necessário, porém não deve ser o mais importante instrumento para a obtenção de nota para o aluno. Nesse contexto o objetivo é de romper com a clássica prova, que só serve para estabelecer uma nota, e assim buscando novos conceitos para a tão temida prova.

 

Figura 6. Quais tipos de avalições os professores utilizam.

Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 6 a avaliação do processo de ensino-aprendizagem, apresenta três tipos de avaliações: Avaliação diagnóstica, avaliação formativa ou processual e avaliação somativa. Também foi questionado quais destes tipos de avaliações os professores utilizam.

Observou-se que 33% dos professores utilizam a avaliação diagnóstica situando o professor e aluno no início de um processo de ensino e aprendizagem. Segundo Kraemer (2006) a avaliação diagnóstica é baseada em averiguar a aprendizagem dos conteúdos propostos e os conteúdos anteriores, servindo como base para adquirir um diagnóstico das dificuldades futuras, permitindo então resolver situações presentes. Nesse contexto, notou-se que o papel da avaliação diagnóstica, tem como objetivo investigar os conhecimentos anteriormente adquiridos pelo aluno, podendo assim, assimilar conteúdos presentes que são partilhados no processo de ensino aprendizagem.

Já 36% dos professores utilizam a avaliação formativa ou processual que ocorre de uma maneira progressiva, durante o processo de ensino-aprendizagem. Boniol e Vial apud Wachowicz e Romanowski afirmam que:

 

A avaliação formativa consiste na prática da avaliação contínua realizada durante o processo de ensino e aprendizagem, com a finalidade de melhorar as aprendizagens em curso, por meio de um processo de regulação permanente. Professores e alunos estão empenhados em verificar o que se sabe, como se aprende o que não se sabe para indicar os passos a seguir, o que favorece o desenvolvimento pelo aluno da prática de aprender a aprender. A avaliação formativa é um procedimento de regulação permanente da aprendizagem realizado por aquele que aprende. (BONIOL E VIAL Apud WACHOWICZ, ROMANOWSKI, 2003, p. 126)

 

Nesse contexto a avaliação formativa é destacada como um processo contínuo, possuindo assim mais sentido e importância na questão educativa, e tem como objetivo verificar se tudo aquilo que foi proposto pelo professor no seu planejamento em relação aos conteúdos estão sendo atingidos, permitindo modificar a intervenção a partir das informações que se obtêm nas próprias atividades da aula, e com isso será possível aplicar a recuperação paralela, onde os alunos resgatam os conceitos ao longo do caminho e evoluindo cada um no seu ritmo.

Já 31% dos professores utilizam a avaliação somativa que se realiza ao final de um processo de ensino e aprendizagem, nessa avaliação permite realizar uma valorização dos conhecimentos adquiridos pelos alunos. É basicamente uma avaliação para emitir um julgamento em relação ao aluno e aos seus progressos em um momento determinado.

A avaliação somativa, assume duas vertentes: a classificação e a aprovação. A classificação diz a respeito à quantidade de conhecimentos que o aluno demonstrou ter adquirido e o que coloca em comparação com os demais estudantes em relação ao seu desempenho. A aprovação atesta que o educando está apto a frequentar o próximo nível de ensino. Segundo Bloom, Hastings e Madaus (1983, p. 100) “a avaliação somativa é uma avaliação muito geral, que serve como ponto de apoio para atribuir notas, classificar o aluno e transmitir os resultados em termos quantitativos, feita no final de um período.” Portanto essa avaliação é realizada ao final de uma atividade de ensino, seja um curso, um ciclo, uma quinzena, um bimestre, um semestre ou uma unidade didática permitindo estabelecer o grau estabelecido sobre os quais supostamente se trabalhou no decorrer de um espaço de tempo determinado.

É necessário observar os três tipos de avaliação, o principal ator dessa escolha é o professor, que deve escolher suas opções de forma coerente, juntamente com os objetivos que pretende alcançar e com propósito de tornar a avaliação um elemento pedagógico capaz de contribuir para a aprendizagem de seu aluno.

 

Figura 7. Em relação aos instrumentos avaliativos que são recursos utilizados para coleta e análise de dados no processo de ensino e aprendizagem.

Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 7 foi questionado em relação aos instrumentos avaliativos que são recursos utilizados para coleta e análise de dados no processo de ensino e aprendizagem, por exemplo: a prova, trabalhos individuais ou em grupos, observação, relatórios, entre outros. Sobre esses instrumentos, 94% responderam que esses instrumentos podem auxiliar o professor buscando encontrar e corrigir possíveis erros, direcionando o aluno para aprendizagem, sugerindo a ele novas formas de estudo, e 6% responderam que esses instrumentos auxiliam apenas na avaliação somativa realizada no final de um processo de ensino, para dar notas ao aluno. Instrumentos de avaliação são recursos utilizados para coleta e análise de dados no processo de ensino-aprendizagem, visando promover diretamente ou indiretamente na aprendizagem dos alunos. Segundo Méndez (2002, p. 98):

 

Mais que o instrumento, importa o tipo de conhecimento que põe a prova, o tipo de perguntas que se formula, o tipo de qualidade (mental ou prática) que se exige e as respostas que se espera obter conforme o conteúdo das perguntas ou problemas que são formulados. (MÈNDEZ, 2002, p.98)

 

Há instrumentos de avaliação que são mais utilizados e precisam de uma reflexão quanto a sua elaboração adequação aos objetivos, conteúdo e metodologia, aplicabilidade, correção e devolução dos resultados. Esses instrumentos permitem avaliar o desempenho do aluno e fugir da tradicional prova escrita e além disso essas técnicas podem auxiliar na possibilidade do professor e aluno dialogarem e corrigir possíveis erros, direcionando o aluno para aprendizagem e progresso. Sugerindo assim novas formas de estudo para a melhor compreensão dos assuntos abordados dentro da classe.

 

Figura 8. Opinião dos professores sobre avaliação: mito e desafio.

Fonte: ALMEIDA; FRANÇA; MOURA; SOUZA, (2024).

 

Na figura 8 foi perguntado aos professores se concordavam ou discordavam da afirmação sobre o mito e desafio: um grande desafio para avaliar são os próprios professores de acharem que a avaliação é poder, é autoritarismo, ficando entre o poder e o fazer. Já o mito está ligado ao autoritarismo, a tomada de consciência coletiva e o desafio que traz o compromisso de construir a aprendizagem. Dessa forma é necessário que o professor observe e investigue como o aluno se posiciona diante do mundo ao construir suas verdades. 87% concordaram, levando em consideração que o sentindo de avaliar, numa perspectiva construtiva é visar o aluno como um ser integral, individual e autônomo, deixando de lado o autoritarismo, e 13% discordam dessa afirmação.

A escritora Hoffmann ressalta que geralmente os professores se utilizam da avaliação para verificar o rendimento do aluno, classificando-os, como bons ou ruins, aprovados e reprovados em uma avaliação em fusão simplesmente classificatória, todos os instrumentos são utilizados para aprovar o aluno, revelando um lado ruim da escola, a exclusão. Diante deste fato a avaliação vem se tornando um bicho de várias cabeças. Joel Martins (1980) destaca que “o que deveria estar presente no paradigma de avaliação do aluno e do professor, como indivíduos humanos, é que a essência do relacionamento fosse sempre um encontro em que ambos os participantes se modificassem”. Em uma entrevista Hoffmann (2014) diz a respeito do professor:

 

[...] Avaliar é estar preocupado com o processo de aprendizagem e ele está muito mais preocupado com o processo de ensino, com seu planejamento sua metodologia e não com a estratégia pedagógica que seja adequada ao interesse e a necessidade daquele aluno. Então o professor vai em frente, mesmo que aquele aluno fique para trás. O grande entrave para os avanços em avaliação é a falta de fundamentação teórica dos educadores nesta área [...]. (HOFFMANN, 2014)

 

Desse modo, o mito é o “poder” do professor de avaliar, sem levar em consideração o reconhecimento reproduzido pelo aluno, num dado momento de sua vivência, e apenas fazendo o registro de notas, classificando se o aluno é bom ou não, dessa maneira com a aprovação e reprovação. O desafio está ligado ao professor, diante da avaliação como mediação de conhecimento, revelando erros, e abrindo portas para novas situações e novos desafios que formulam suas hipóteses. Diante disso o professor deve utilizar todos os instrumentos avaliativos para uma melhor avaliação do desempenho do aluno.

 

 

Conclusão

 

A avaliação no processo de ensino-aprendizagem tem como objetivo auxiliar o professor para que tenha uma noção dos conteúdos assimilados pelos alunos e também para analisar os métodos utilizados para observar se está surtindo efeito na aprendizagem. Nota-se que a mesma é um instrumento muito valioso nesse processo, podendo ser uma via de mão dupla, dando a possibilidade de um possível diagnostico do aluno sobre os conhecimentos adquiridos em um período.

O professor pode verificar e refletir a sua prática pedagógica constantemente no ato de autoavaliar-se, tendo a oportunidade de uma melhoria no processo de ensino e aprendizagem. Já avaliação como verificação é limitada por apenas coletar informações sobre o que o aluno conseguiu resolver na prova, dando apenas uma nota, sem rever as possibilidades para aprendizagem de conteúdo, tornando-se apenas uma medida para a classificação e que ainda continua sendo o método mais praticado.

Dessa forma, por meio dessa pesquisa, percebeu-se a importância da avaliação como um instrumento de reflexão que poderá gerar mudanças na prática pedagógica, objetivando que esta não é um fim, mas sim um meio. Ainda vale ressaltar que foi possível conhecer a avaliação nas diferentes formas de educação, notando-se que não há fórmulas, mas contribui para o processo de produção do saber docente.

Desse modo, este trabalho trouxe contribuições significativas, possibilitando observar, produzir, pesquisar e aprender que o ato avaliativo se dá na ação de saber fazer. Por isso, a avaliação deve ser vista pelos professores e alunos como asas e não gaiolas que aprisionam as mentes e os sonhos.

 

 

Referências

 

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HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora é desafio para a aprendizagem. Entrevista, 2014. KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Avaliação da aprendizagem como construção do saber. 2006.

 

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