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A caixa lúdica na avaliação neuropsicopedagógica

Gisele Aparecida Sohn

Danieli Batista Sousa

 

DOI: 10.5281/zenodo.14187632

 

 

RESUMO

A neuropsicopedagogia é uma disciplina emergente que integra neurociência, psicologia e pedagogia para compreender como o funcionamento do sistema nervoso influencia a aprendizagem. Este estudo investiga o uso da caixa lúdica como recurso diagnóstico e terapêutico na prática psicopedagógica. A pesquisa visa explorar como essa ferramenta pode identificar precocemente dificuldades de aprendizagem e apoiar intervenções personalizadas. A metodologia incluiu uma revisão bibliográfica detalhada de estudos publicados entre 2014 e 2024, buscando evidenciar a eficácia da caixa lúdica na avaliação educacional. Os resultados destacam que a sessão lúdica proporciona um ambiente seguro para que crianças expressem seus conteúdos latentes de maneira lúdica, facilitando o diagnóstico e a intervenção psicopedagógica. Além disso, os jogos e brincadeiras permitem observar diversas dimensões do desenvolvimento infantil, como a interação com materiais, organização das atividades, e a manifestação de emoções e habilidades sociais. Conclui-se que a caixa lúdica não apenas enriquece a prática clínica psicopedagógica, mas também promove um desenvolvimento integral e resiliente das crianças, fortalecendo sua capacidade de aprender e enfrentar desafios educacionais.

 

PALAVRAS-CHAVE: Neuropsicopedagogia. Avaliação. Caixa lúdica.

 

 

Introdução

 

Ao longo dos tempos, a educação tem passado por grandes transformações. Se antes o ensino era privilégio de poucos, hoje todos têm o direito ao estudo, e este deve se adequar ao educando, proporcionando uma melhor forma de aprendizagem. Nesse processo de aprimoramento do ensino e da aprendizagem, a educação encontrou grande suporte na neuropsicopedagogia, uma ciência transdisciplinar, que tem por objeto compreender a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem. Por meio de avaliação e investigação diagnóstica, o profissional pode compreender os fatores que impedem ou prejudicam a aprendizagem do indivíduo. Dessa forma, ele é capaz de sugerir intervenções adequadas, acompanhar pessoas com dificuldades de aprendizagem, síndromes, altas habilidades ou transtornos, bem como dificuldades na aprendizagem escolar ou social, e propor os encaminhamentos necessários (BATISTA; PINTO, 2021).

Neste sentido, brincadeira e jogos podem ser recursos valiosos no atendimento neuropsicopedagógico clínico e institucional, vez que crianças e adolescentes que não dispõem de recursos para externalizar seus conteúdos latentes durante um processo de psicodiagnóstico podem acessar e expressar esses materiais de forma lúdica (DOS SANTOS et al. 2020). Na atuação psicopedagógica, os jogos podem ser utilizados tanto na avaliação e diagnóstico quanto na intervenção. A avaliação lúdica pode se concentrar na observação das dimensões da brincadeira, como o tipo de brincadeira que cada criança promove, onde, quando e com quem brinca, bem como o grau de participação e o componente lúdico, entre outros; bem como, avaliar as habilidades de desenvolvimento das crianças, observadas em diferentes momentos da brincadeira, por meio de medidas padronizadas (MONTOYA-FERNÁNDEZ et al., 2024).

Chamada de "a hora do jogo" ou "sessão lúdica", esse modelo de trabalho utiliza a caixa lúdica para fazer observações sobre a criança, avaliando diversos aspectos. Ao utilizar água, cola, papéis, tintas, tesouras, bonecos uma variedade de reações pode ser observada nas crianças, permitindo-lhes criar, repetir, experimentar angústias e expressar essas questões através do uso desses itens (LEITE, 2016).

Diante deste contexto, este estudo investiga o potencial da sessão lúdica como recurso diagnóstico e terapêutico na prática psicopedagógica. O problema central de pesquisa indaga como a implementação desta ferramenta pode contribuir para a identificação precoce e intervenção eficaz em dificuldades de aprendizagem e desenvolvimento infantil. O objetivo deste estudo é, portanto, investigar o papel da caixa lúdica na neuropsicopedagogia e sua eficácia na avaliação diagnóstica personalizada.

Este estudo é relevante tanto para a comunidade acadêmica, ao introduzir novas abordagens na neuropsicopedagogia, quanto para profissionais da educação e saúde, fornecendo insights práticos para melhorar o suporte às crianças em fase de desenvolvimento. Para tanto, a metodologia adotada compreende uma revisão bibliográfica detalhada de estudos pertinentes, publicados no período de 2014 a 2024, nas bases da dados do Google Acadêmico e Scielo.

A estrutura do trabalho inclui dois capítulos principais: o primeiro introduz o tema ao fazer um panorama geral do papel do psicopegagogo e os métodos de avaliação; o segundo se aprofunda da utilização da caixa lúdica como ferramenta de avaliação educacional.

 

 

Caracterização da Psicopedagogia

 

A psicopedagogia é uma nova área de atuação profissional no Brasil. Esta disciplina estuda e lida com o processo de aprendizagem e suas dificuldades, devendo englobar diversos campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os. O psicopedagogo é o profissional que, ao reunir conhecimentos de várias áreas e utilizar estratégias psicológicas e pedagógicas, foca nos processos de desenvolvimento e aprendizagem, atuando de maneira preventiva e terapêutica. A psicopedagogia surgiu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem, tornando-se uma área de estudo específica que busca conhecimentos em outros campos e cria seu próprio objeto de estudo (SILVA, 2019).

Trata-se de um campo do conhecimento que, em decorrência das demandas da aprendizagem humana, caracterizadas por problemas de aprendizagem situados além dos limites da Psicologia e da Pedagogia, evolui devido à existência de recursos para atender a essa demanda, constituindo-se, assim, numa prática. Sobre os estudos das dimensões psicológicas e pedagógicas para compreender o processo de aprendizagem em seus diversos aspectos, Silva (2019) afirma que a psicopedagogia, na realidade, não seria um saber independente dotado de fundamentos próprios, mas uma síntese simplificada dos múltiplos conhecimentos psicológicos e pedagógicos.

A clínica psicopedagógica corresponde a um de seus campos de atuação, cujo objetivo é diagnosticar e tratar os sintomas emergentes no processo de aprendizagem. O diagnóstico psicopedagógico busca investigar e pesquisar os obstáculos que levam o sujeito à situação de não aprender, aprender com lentidão e/ou com dificuldade; esclarecendo uma queixa do próprio sujeito, da família ou da escola. Sendo assim, a psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las (GOMES FEITOSA et al., 2022).

Este objeto de estudo, que é um sujeito a ser estudado por outro sujeito, adquire características específicas dependendo do trabalho clínico ou preventivo. A respeito dos campos de atuação da Psicopedagogia, Bossa (2000, p. 21 apud NEPOMOCENO, 2020) explica que o trabalho clínico se dá na relação entre um sujeito com sua história pessoal e sua modalidade de aprendizagem, buscando compreender a mensagem de outro sujeito, implícita no não-aprender, de modo que o profissional deve entender o que o sujeito aprende, como aprende e por que, além de perceber a dimensão da relação entre psicopedagogo e sujeito de forma a favorecer a aprendizagem.

No enfoque preventivo, “a instituição, enquanto espaço físico e psíquico da aprendizagem, é objeto de estudo da Psicopedagogia, uma vez que são avaliados os processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional que interferem no processo de aprendizagem”. Essa inter-relação de sujeitos, em que um procura conhecer o outro naquilo que o impede de aprender, implica uma temática muito complexa (Bossa, 2000, p. 23 apud NEPOMOCENO, 2020). Mediante o conhecimento do que vem a ser Psicopedagogia e dos motivos que levaram à expansão dessa área de conhecimento, pode-se perceber que a atuação do psicopedagogo/a não se resume à instituição escolar, mesmo sendo esta o local de principal trabalho. Independente do campo específico de atuação, é sempre necessário recorrer à escola para saber mais sobre o aprendiz (SILVA, 2019).

Enquanto campo de ação em Educação e Saúde, a Psicopedagogia preocupa-se com os processos de aquisição do conhecimento e com toda a gama possível de complexidade oriunda de seu desenvolvimento. O atendimento individual característico do ambiente clínico também pode proporcionar resultados positivos, uma vez que, independentemente de onde o psicopedagogo atue, as intervenções por ele feitas serão baseadas no estudo investigativo da forma como o sujeito aprende e no estabelecimento das melhores formas para assim contribuir para o sucesso na aprendizagem. Para se desenvolver as habilidades necessárias que auxiliarão o indivíduo na aquisição de novos conhecimentos, é preciso ter conhecimento acerca do desenvolvimento do indivíduo enquanto ser que tem estímulos diversos, e seu desempenho dependerá de aspectos biopsicossociais, uma vez que o ambiente de aprendizagem não se resume à escola e várias situações podem influenciar para o fortalecimento do vínculo com a aprendizagem ou não (DE FRANÇA et al., 2021).

Para Weiss (1992 apud SEO et al., 2022), as áreas de estudo se traduzem na observação de diferentes dimensões no processo de aprendizagem: orgânica, cognitiva, emocional, social e pedagógica. A interligação desses aspectos ajudará a construir uma visão gestáltica da pluricausalidade deste fenômeno, possibilitando uma abordagem global do sujeito em suas múltiplas facetas. A dimensão emocional está ligada ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento e a expressão deste através de uma produção gráfica ou escrita. Na dimensão social têm-se as perspectivas da sociedade, onde estão inseridas a família, o grupo social e a instituição de ensino. A dimensão cognitiva está relacionada ao desenvolvimento das estruturas cognitivas, incluindo memória, atenção, percepção e outros fatores que são usualmente classificados como fatores intelectuais. Quanto à dimensão orgânica, está relacionada à constituição biofisiológica do sujeito que aprende. A medicina, em especial, algumas áreas específicas, contribuem para o embasamento deste aspecto. A dimensão pedagógica está relacionada ao conteúdo, metodologia, dinâmica de sala de aula, técnicas educacionais e avaliações às quais o sujeito é submetido no seu processo de aprendizagem sistemática (SEO et al., 2022).

Ao considerar estes aspectos, não se pode pensar em um trabalho psicopedagógico no qual apenas este profissional realize seu trabalho. É preciso uma equipe que estude, observe e avalie as situações do caso estudado e que cada profissional, seja da área de educação ou saúde, contribua para o sucesso escolar do indivíduo que precisa desenvolver-se a ponto de tornar-se autônomo e protagonista para que o processo de aprendizagem tenha a continuidade que lhe é característica, ainda que algumas dimensões precisem de mais estímulo que outras (SANTOS, 2023).

 

 

Avaliação Psicopedagógica Clínica

 

A avaliação psicopedagógica é uma investigação do processo de aprendizagem do indivíduo, visando entender a origem da dificuldade ou distúrbio apresentado. Inclui entrevista inicial com os pais ou responsáveis, análise do material escolar, aplicação de diferentes modalidades de atividades e uso de testes para avaliação do desenvolvimento, áreas de competência e dificuldades apresentadas. Durante a avaliação, podem ser realizadas atividades que envolvam matemática e linguagem, atividades que avaliem o nível de pensamento e outras funções cognitivas, leitura, escrita, desenhos e jogos. A avaliação atende às necessidades do processo ensino-aprendizagem, do diagnóstico e da intervenção psicopedagógica (DE SOUSA BATISTA et al., 2024).

Os fatores envolvidos na avaliação psicopedagógica devem ser cuidadosamente estudados. O papel da família e da escola são matrizes do desenvolvimento e do equilíbrio do indivíduo aprendiz. A família e a escola são responsáveis tanto pela aprendizagem quanto pela não aprendizagem do indivíduo. Modificações na estrutura e funcionamento da rede de relações podem trazer melhorias para o aprendiz, desmistificando a sua culpa nos transtornos de aprendizagem (SANTOS, 2023).

A avaliação psicopedagógica clínica concentra-se em levantar hipóteses, verificar o potencial de aprendizagem, mobilizar o aprendiz e o seu entorno (família e escola) no sentido da construção de um olhar sobre o não aprender (MENDOZA; TORO; GARCÍA, 2020). O psicopedagogo faz uma análise da situação visando diagnosticar os problemas e suas causas. É preciso ouvir todos os envolvidos na situação de aprendizagem: o indivíduo, a família e a escola, além de resgatar a história de vida do aprendiz, visando entender o vínculo que o aprendiz faz com o objeto de aprendizagem, consigo mesmo e com o outro. O psicopedagogo clínico procura compreender o aprendiz em suas várias dimensões, ajudando-o a superar as dificuldades que bloqueiam seu desenvolvimento e sua comunicação com o meio que o cerca (MARQUES; PICETTI, 2016).

 

 

O processo de ludodiagnóstico

 

O aspecto afetivo é inegavelmente fundamental no desenvolvimento infantil. O crescimento intelectual (cognitivo) e físico (psicomotor) da criança depende intrinsecamente desse elemento. Henri Wallon considera a criança social desde o nascimento e enfatiza a precedência dos processos afetivos sobre quaisquer outros comportamentos. Ele destaca a profunda ligação entre afetividade e movimento, base de todas as formas de interação da criança, seja com o mundo físico ou social. Através da emoção, a criança adquire sequências de ações diferenciadas e instrumentos intelectuais que constroem sua compreensão de si mesma e dos outros (DE ASSIS; DE OLIVEIRA; SANTOS, 2022).

Desde o nascimento, a criança está inserida em um núcleo social, a família, e seu primeiro contato com o ambiente é através da troca de afeto. Esse vínculo inicial estabelece uma relação com o mundo que perdura ao longo da vida. O conhecimento e a aceitação de si mesma e dos outros nascem do desenvolvimento emocional, afetivo e social. A percepção gradual de si, do outro e do ambiente desperta curiosidade e o desejo natural de aprender, abrindo caminho para o desenvolvimento cognitivo (SEO et al., 2020).

O uso de atividades lúdicas no processo de avaliação permite ao psicopedagogo compreender a natureza do pensamento infantil, fornecendo informações significativas que possibilitam conclusões diagnósticas e intervenções terapêuticas. A escolha do material é crucial, pois este deve permitir que a criança se expresse de maneira não ameaçadora, criando condições para que ela possa brincar com espontaneidade (LEITE, 2016).

Winnicott (1975) e Klein (apud MONTOYA-FERNÁNDEZ et al., 2024) concordam que o psicopedagogo deve permitir a manifestação da capacidade da criança de brincar e ser criativo, proporcionando um ambiente onde ele possa agir livremente. Winnicott argumenta que, caso o paciente ou o profissional não consigam brincar, é necessário trabalhar primeiro para desenvolver essa habilidade. Ainda, é necessário evitar restrições na maneira de brincar, preparando adequadamente o local de uso pela criança. O espaço deve permitir movimentos livres, pintura, jogos com bola, entre outras atividades, possibilitando eventualidades, descontroles lúdicos e a reparação diante do descontrole.

Na escolha dos brinquedos, o profissional deve considerar o tamanho dos materiais. Klein (apud MONTOYA-FERNÁNDEZ et al., 2024) sugere que sejam pequenos o suficiente para que a criança os manipule, mas não tão pequenos a ponto de representar um risco à sua segurança. Materiais estruturados devem ser miniaturas da realidade, facilitando o reconhecimento e a representação da realidade da criança.

 

 

A caixa lúdica

 

O conceito de caixa de brinquedos no setting terapêutico foi realmente introduzido por Arminda Aberastury, que via esse recurso como uma representação do mundo interno da criança e um reflexo de suas representações inconscientes e relações objetais. Alguns profissionais utilizam uma caixa lúdica individual para cada criança, enquanto outros trabalham com uma caixa comum para todas (DA SILVA ASSIS; SANTOS, 2019).

Não há uma regra ou checklist específico sobre os itens que devem compor a caixa lúdica. No entanto, além das preocupações clínicas já mencionadas, é importante antecipar possíveis desenrolares das brincadeiras. Por exemplo, se optar por colocar pincel e tinta na caixa e deixá-los à disposição da criança, será necessário também fornecer papel e/ou toalhas, água, e um ambiente que suporte respingos e manchas de tinta. Esse é um ponto importante especialmente para iniciantes na prática, embora com a experiência essas situações se tornem mais fáceis de manejar (LEITE, 2016).

A maioria das caixas lúdicas são feitas de papel, madeira ou plástico, e geralmente contêm itens como papéis sulfite (brancos e coloridos), papel kraft, lápis, lápis de cor, aquarela, apontador, giz de cera, massinha, retalhos, perflex, cola (bastão e/ou líquida), fita adesiva, barbante, jogos (como damas, dominó, jogo do mico ou pega varetas) e brinquedos (como fazendinha, família terapêutica, carrinhos, casinhas, conjunto de cozinha, telefone) (Figura 1). Existe uma discussão sobre a inclusão de borracha e tesoura na caixa: a ausência da borracha pode ajudar a criança a lidar com a frustração de um desenho falho, e a ausência da tesoura pode incentivar o uso de outros meios para separar os objetos (DE AZAMBUJA; CANEDA, 2020).

 

Figura 1 – Exemplo de caixa lúdica

 

Fonte: SAPIENS (2024)

 

De acordo com Leite (2016), a caixa lúdica deve conter brinquedos, jogos e materiais lúdicos, e a observação da interação da criança com esses itens pode fornecer observações valiosas sobre:

- Exploração ou não do material;

- Classificação e experimentação dos materiais;

- Organização e separação dos itens;

- Fixação em algum item ou jogo;

- Resistências;

- Estruturação da brincadeira com início, meio e fim;

- Interrupção de atividades;

- Escolha da brincadeira;

- Temática da brincadeira;

- Regras da brincadeira;

- Papel na brincadeira/jogo dramático;

- Histórias, situações e conflitos emergentes;

- Ações de juntar/colar vs. ações de separar/cortar;

- Utilização do corpo e do espaço;

- Entre outros.

Além disso, é importante dar à criança as instruções de forma breve e compreensível. Diga que ela pode utilizar o material que quiser enquanto você a observa para conhecê-la durante o tempo da sessão no consultório. Nosso papel é passivo como observador, mas ativo como terapeuta. E claro, deve-se estabelecer limites quando necessário. A sala não deve ser muito pequena, nem ter muitos móveis para não limitar o espaço da criança, e se as paredes e piso forem laváveis, melhor ainda. Os brinquedos e elementos devem estar à disposição na mesa ou em outro lugar acessível, sem obedecer a uma sequência de agrupamento, para que assim o pequeno paciente ordene tudo de acordo com suas próprias variáveis (DE AZAMBUJA; CANEDA, 2020).

O uso de jogos também é sugerido como recurso, considerando que o sujeito pode manifestar, sem mecanismos de defesa. Além do mais, os jogos representam situações-problema a serem resolvidas, pois envolvem regras, apresentam desafios e possibilitam observar como o sujeito age frente a eles, qual sua estrutura de pensamento e como reage diante de dificuldades. O foco de atenção é a reação do sujeito diante das tarefas, considerando resistências e bloqueios, lapsos, hesitações, repetições e sentimentos de angústia (MENDOZA; TORO; GARCÍA, 2020).

 

 

Conclusão

 

Após a conclusão deste estudo, verificou-se que diversos recursos podem ser empregados ao longo do processo de avaliação psicopedagógica. Contudo, constatou-se que os jogos e as brincadeiras se destacam como os materiais mais apropriados para identificar obstáculos e promover uma aprendizagem mais eficaz.

Para tanto, a sessão lúdica, através da caixa lúdica, representa não apenas uma ferramenta diagnóstica valiosa na prática psicopedagógica, mas também um espaço essencial para a promoção do desenvolvimento integral da criança. Ao integrar teoria e prática, podemos potencializar a capacidade das crianças de aprender, crescer emocionalmente e enfrentar desafios de forma mais resiliente. Assim, a utilização da caixa lúdica na neuropsicopedagogia emerge não apenas como uma técnica, mas como um compromisso com o bem-estar e o sucesso educacional das futuras gerações.

 

 

Referências

 

BATISTA, Q.T.; PINTO, R. C. F. Através do Olhar: Histórias que se Cruzam.  Editora Unijuí, 2021.

 

DA SILVA ASSIS, Daiane; SANTOS, Michele Mariana Vieira Ferreira. Importância do Ludodiagnóstico e do brincar na Psicanálise Infantil. Revista Mosaico, v. 10, n. 2Sup, p. 16-25, 2019.

 

DE ASSIS, Letícia Alexandra; DE OLIVEIRA, Guilherme Saramago; SANTOS, Anderson Oramisio. As contribuições da teoria de Henri Wallon para a educação. Cadernos da FUCAMP, v. 21, n. 52, 2022.

 

DE AZAMBUJA, Natielly Rosa; CANEDA, Cristiana Rezende Gonçalves. O brincar no setting psicanalítico: uma revisão teórica. Anais do (Inter) Faces, v. 1, n. 1, 2020.

 

DE FRANÇA, Zulmira et al. Clinical Neuropsychological Assessment: a literature review Avaliação Neuropsicológica Clínica: uma revisão da literatura. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 12, p. 117822-117838, 2021.

 

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DOS SANTOS, Andréia Cristine et al. Lúdico como ferramenta da psicopedagogia no desenvolvimento integral das crianças. Educte: Revista Científica do Instituto Federal de Alagoas, v. 10, n. 1, p. 1175-1183, 2020.

 

GOMES FEITOSA, Pedro Walisson et al. Abordagem Psicopedagógica nas Dificuldades de Aprendizagem do Contexto Escolar: Uma Revisão Sistemática. Id on Line. Revista de Psicologia, v. 16, n. 60, 2022.

 

LEITE, Renata Franco. Caixa lúdica e novas tecnologias. Estud. psicanal., Belo Horizonte, n. 45, p. 145-148, jul. 2016.

 

MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko; PICETTI, Jaqueline Santos. O que é psicopedagogia: uma breve revisão bibliográfica. Psicopedagogia e TICs. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2016., 2016.

 

MENDOZA, Ciro Redondo; TORO, Wilber Arduai Mejía; GARCÍA, Nathaly Berrío. Instrumentos de medición para la evaluación psicopedagógica: una revisión sistemática. Pensamiento Americano, v. 13, n. 25, p. 39-51, 2020.

 

MONTOYA-FERNÁNDEZ, Carlos et al. Developmental play-based assessment in early childhood education: a systematic review. European Early Childhood Education Research Journal, p. 1-26, 2024.

 

NEPOMOCENO, Taiane Aparecida Ribeiro. O psicopedagogo no contexto escolar e o processo de aprendizagem, qual a relação? Revista Educação Pública, v. 20, nº 47, 8 de dezembro de 2020.

 

SANTOS, Eloá Bartolo Teixeira dos. A intervenção psicopedagógica na superação das dificuldades de aprendizado no ambiente escolar. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 5, 7 de fevereiro de 2023.

 

SAPIENS. Caixa Lúdica. Disponível em: < https://sapiens-psi.com.br/caixa-ludica>. Acesso em: 06 jul. 2024.

 

SEO, Camila Mazzetto Paes et al. A importância das atividades lúdicas psicopedagógicas com crianças de 0 a 3 anos–uma revisão teórica. Research, Society and Development, v. 11, n. 1, p. e5311124468-e5311124468, 2022.

 

SILVA, Vanderson de Sousa. Psicopedagogia: aspectos históricos e a práxis institucional. Revista Educação Pública, v. 19, nº 15, 6 de agosto de 2019.