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A importância do conhecimento pedagógico na docência do Ensino Superior

Juliana Schneider Moreira

 

DOI: 10.5281/zenodo.14186565

 

 

RESUMO

Este artigo trata-se de uma revisão bibliográfica, que tem como objetivo abordar a importância dos conhecimentos pedagógicos para o professor do ensino superior. A docência é definida como domínio de conhecimentos específicos em uma determinada área a serem mediados por um professor para os seus alunos. E com o passar do tempo através da história do Ensino superior, este era voltado para a elite e que o trabalho do professor não era questionado e tinha o papel de transmitir o conhecimento, já o aluno era um agente passivo que recebia os conhecimentos do professor através de aulas expositivas, em momento algum podia se manifestar, o professor não tinha como princípio a auto-avaliação. Com o passar dos tempos o estudo passou a ser mudado abrindo espaço para a valorização dos alunos. Atualmente a docência pode ser tratada como ação educativa que constitui no processo de ensino-aprendizagem, e assim o professor ser definido como um sujeito em ação e interação com o aluno. Para que ocorra o processo de ensino-aprendizagem torna-se imprescindível o uso dos processos de conhecimento didáticos-pedagógicos, os quais auxiliam o professor em sua atividade, pois além de dominar o conteúdo técnico de sua disciplina, o professor ainda necessita de um processo pedagógico para fazer o planejamentos e suas avaliações, tornando assim sua aula mais participativa e produtiva. Desta forma, os conhecimentos pedagógicos permitem ao professor resolver de forma inovadora as situações de aprendizagem que ocorrem em seu cotidiano, e não transformando esses conhecimentos em solicitações burocráticas e sem sentido algum.

 

Palavras-chave: Conhecimentos Pedagógicos, Docência, Ensino Superior.

 

 

Introdução

 

A docência é definida como domínio de conhecimentos específicos em uma determinada área a serem mediados por um professor para os seus alunos (MASSETO, 2008). Além da passagem do conhecimento do professor para o aluno, Freire (1996) ainda complementa que não há um ensino sem uma aprendizagem, pois quem ensina aprende e quem aprende ensina, pois ensinar é uma interação entre o professor e o aluno e que se concretiza através da pratica reflexiva da cultura e contextos sociais. Assim, ser professor é ser capaz de usar seus conhecimentos e experiências para desenvolver contextos pedagógicos preexistentes.

Hoje o processo de ensino-aprendizagem da docência define-se na pesquisa, na gestão de contextos educativos e na perspectiva da gestão democrática. Desta forma, o docente apresenta características para processos e práticas de produção cultural, organização, apropriação de conhecimentos e divulgação do que se desenvolvem em espaços educativos escolares, sob determinadas condições históricas. Assim, docente define-se como um sujeito em ação e interação com o aluno, sendo produtor de saberes científicos para a realidade.

Assim, o conceito docência vai além do significado instruir, pois docência é o ato de ensinar, e ensinar é formar o aluno para que ele possa enfrentar os desafios da sociedade de maneira consciente, crítica e ética, ou seja, ajuda-lo a enfrentar e compreender o mundo. E na docência do ensino superior não é diferente, pois o professor irá instruir seu aluno quanto profissão a qual ele escolheu para a sua vida, e com isso ensinar características integradoras entre conhecimento e socialização para se ter uma atividade reflexiva e problematizadora do futuro profissional desse aluno.

E para formar alunos com o este perfil, o   docente de ensino superior precisa ser

especializado na disciplina que irá ministrar, em seus conhecimentos técnicos, mais também precisa de habilidades pedagógicas, ou seja ter os conhecimentos técnicos da disciplina que irá lecionar é importante, mais é de suma importância que domine também conhecimentos pedagógicos visando melhorar sua atuação em sala de aula

O presente trabalho consiste em uma revisão bibliográfica de literatura descritiva. E este estudo

objetiva-se a refletir sobre os conhecimentos pedagógicos para a docência no Ensino Superior, mostrando a importância de se ter professores que além do conhecimento técnico, possua o conhecimento pedagógico.

 

 

Desenvolvimento

                                

História do Ensino superior no Brasil

 

Segundo Santos (2003), a educação superior veio para o Brasil devido interesses políticos e econômicos por parte do rei,   pois se tinha a grande preocupação em formar burocratas para o Estado, especialistas na produção de bens simbólicos e profissionais liberais. E tinha como maior interesse atender ao consumo das classes dominantes

Os primeiros cursos superiores ministrados no Brasil ocorrem por volta de 1820 sendo Direito, na cidade de Olinda, no estado de Pernambuco; Medicina, em Salvador, no estado da Bahia, e Engenharia, na cidade do Rio de Janeiro. Após alguns anos foram criados os cursos de Agronomia, Química, Desenho Técnico, Economia Política e Arquitetura.

De acordo com Masseto (2008) o ensino superior daquela época no Brasil teve como modelo a educação européia, sendo fundamentada grande parte na universidade francesa com a supervalorização das ciências exatas e tecnológicas, e com consequente, a desvalorização da filosofia, da teologia e das ciências humanas. Sendo assim, os cursos superiores desde seu início buscaram formar profissionais para exercer determinada profissão em uma área específica. E para lecionar o docente necessitava apenas ter experiências e conhecimentos para uma determinada profissão, não precisando apresentar conhecimentos específicos em relação aos métodos de ensino, ou seja, o docente precisava somente conhecer a prática.

Segundo Gil (1990), os alunos por serem adultos estavam motivados para viver as atividades acadêmicas e com isso não havia a necessidade da preocupação com a relação aluno -professor, pois a aprendizagem muitas vezes se desenvolvia através do auto-didatismo ou seja, dependia mais do empenho do aluno. E, além disso, o ensino universitário era voltado para a elite, a qual conseguia superar com resultados satisfatórios as limitações do ensino que era oferecido.

Com isso, pode-se perceber que o trabalho do professor não era questionado, para Masseto (1998), não se questionavam em momento algum se o professor havia transmitido seu conteúdo de forma clara, se havia domínio do conteúdo ministrado ou ainda, se foi estabelecida uma boa comunicação com o aluno. Na verdade, isso era considerado supérfluo, pois para ensina r bastava que o professor dominasse muito bem o conteúdo da matéria a ser transmitida.

Assim, o professor tinha o papel de transmitir o conhecimento, era o centro desse processo, era ele que dizia se o aluno estava apto ou não a receber o diploma, pois na época se sair bem nas provas significava repetir o que o professor havia ensina, já o aluno que saia mal nas provas era atribuído o fato de não ter se preparado não podendo prosseguir o curso. O aluno era um agente passivo que recebia os conhecimentos do professor através de aulas expositivas, em momento algum podia se manifestar, não havia comunicação, o professor não se tinha como princípio a auto-avaliação, nem diálogo com o aluno, essas aptidões não era prioridade no processo de ensino - aprendizagem.

 

 

Docência Aspectos gerais

 

Por um certo tempo acreditava-se que o único passo para o conhecimento era a escola, onde o conhecimento era transmitido de maneira formal onde se repetiam que os livros diziam, não permitindo a participação dos alunos, pois este eram considerados desprovidos de qualquer tipo de conhecimento que pudesse ser valorizado.

Porém com o passar dos tempos o estudo passou a ser mudado abrindo espaço para a valorização dos alunos. Com isso o professor precisou desenvolver algumas características novas como: não ser o detentor de todo o saber acabado, e assim aprender constantemente; compartilhando os saberes e fazeres da prática pedagógica assumindo-se como professor reflexivo. Nesse sentido conquista autonomia no seu fazer, e imposições externas a sua sala de aula, passando a agir de forma consciente com a realidade em que está inserido. Como argumenta Bolzan (2002), o professor passa a ser pesquisador da sua sala de aula, deixando de seguir cegamente prescrições impostas ou por esquemas preestabelecidos, tornando-se produtor do conhecimento profissional e pedagógico.

Atualmente a docência pode ser tratada como ação educativa que constitui no processo de ensino-aprendizagem, na pesquisa, na gestão de contextos educativos e na perspectiva da gestão democrática. E com isso, o trabalho do docente caracteriza-se como processos e práticas de produção cultural, organização, apropriação de conhecimentos e divulgação do que se desenvolvem em espaços educativos escolares, sob determinadas condições históricas. Podendo assim o professor ser definido como um sujeito em ação e interação com o aluno e ainda ser o produtor de saberes científicos para a realidade.

 

 

Conhecimentos Pedagógicos para a docência no Ensino superior

 

Devido não haver exigências de uma formação especifica para o professor de ensino superior, espera-se que este tenha conhecimento na área e tenha um perfil de pesquisador, e como isso se cria uma lacuna na pratica docente. Pois para Cunha(2008), os docentes de ensino superior apontam como desafio algumas questões pedagógicas como: motivação dos alunos, como produzir conhecimento para um número elevado de alunos, como mesclar ensino e pesquisa e como avaliar esses alunos.

E Cunha (2008) ainda cita:

 

A docência é uma atividade complexa. Só quando for reconhecida essa complexidade, poderemos avançar em processos de qualificação mais efetivos. Exige saberes específicos que têm um forte componente de construção na prática. Entretanto é uma prática que não se repete, é sempre única. Como tal exige capacidades para enfrentar situações não previstas.

 

Para que isso ocorra, o professor precisa ter um conhecimento pedagógico geral sobre planejamento de conteúdo, organização do tempo, do material e da aprendizagem e ainda ter conhecimento sobre as leis educacionais. Sendo estes conhecimentos o mínimo para qualquer docente, independente do nível que escolheu atuar.

No nível superior, o conhecimento da disciplina, esta agregado com a profissão a que se dirige o curso, caracteriza a especificidade da docência na universidade. De acordo com Garcia (1992), para esses cursos não há uma didática geral dirigida às áreas de conhecimento, e o que na verdade mais importa na docência no ensino superior é a capacidade social e cultural do docente.

Porém, todo este conhecimento técnico necessita de uma didática, e sendo essa

especifica para cada curso profissional, como Garcia (1992) enfatiza, a didática do conteúdo permite, conforme a natureza da profissão, pensar em formas mais apropriadas de representações do conteúdo para determinado grupo de alunos. Para isso estratégias de ensino e os métodos avaliativos precisam também serem diferentes conforme os cursos e os acadêmicos e nisso novamente entra a didática e a pedagogia para auxiliar o docente.

Como Gil (2005) nos afirma:

 

Na medida em que se analisa o magistério a nível superior fica evidente a necessidade da formação pedagógica dos professores. Formação esta que enfatize não apenas os métodos de ensino, mas também a incorporação de conceitos acerca do papel do professor em relação ao aluno, à escola e à própria sociedade.

 

Assim, se torna impraticável a burocratização dos processos didáticos-pedagógicos, pois estes auxiliam muito o professor em sua atividade, além do professor dominar o conteúdo técnico de sua disciplina, ele ainda necessita de um processo pedagógico para fazer o planejamentos e suas avaliações, tornando assim sua aula mais participativa e produtiva. E desta forma, vemos que os conhecimentos pedagógicos permitem ao professor resolver de forma inovadora as situações de aprendizagem que ocorrem em seu cotidiano, e que não transforme esses conhecimentos em solicitações burocráticas e sem sentido algum (FRANCO, 2006).

 

 

Conclusão

 

 

Através desse artigo, podemos notar que o professor do ensino superior encontra inúmeros desafios na sua atuação, pois as exigências são cada vez mais diversificadas e que a docência do ensino superior tem como objetivo final formar novos profissionais.

Porém, para ensinar não basta somente valer do domínio de conteúdos técnicos a serem transmitido, pois segundo Ferreira (2006) conhecimento não é doença para ser transmitido, e sim um conteúdo precioso a ser construído e lapidado infinitamente.

E para que esse conhecimento aconteça de maneira satisfatória, se tem a necessidade de além de seus conhecimentos técnicos, o professor tenha conhecimentos pedagógicos, os quais permitem ao professor resolver de uma forma inovadora as situações de aprendizagem. Pois é através dos conhecimentos pedagógicos pode-se ajudar a melhorar a compreensão dos conhecimentos técnicos a serem apresentados, tornando assim sua aula mais participativa e produtiva.

 

 

Bibliografia

 

BOLZAN, Dóris. Formação de professores: compartilhando e reconstruindo conhecimentos.

Porto Alegre: Mediação, 2002.

 

CUNHA, M. I. Formação docente e inovação: epistemologias e pedagogias em questão. In: ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO. 14., 2008. Porto

Alegre. Anais... Recife: Edições Bagaço, 2008. v. 1.

 

FERREIRA, Bruna Milene. Ofício do professor universitário: o ethos do mestre. Revista Acadêmica UNIFAN, Aparecida de Goiânia, ano 3, n. 4, jan./jun. 2006.

 

FRANCO, M. A. S. Saberes pedagógicos e prática docente. In: ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO, 13. 2006, Recife. Anais... Recife: Edições Bagaço, 2006. v. 1.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

 

GARCIA, M. C. Como conocen los profesores la materia que enseñan. Algunas contribuciones de la investigación sobre conocimiento didacto del contenido. In:CONGRESSO LAS DIDÁCTICAS ESPECÍFICAS EN LA FORMACIÓN DEL PROFESORADO, 1. 1992, Santiago. Anais. Santiago: CDEFP, 1992.

 

GIL, Antonio Carlos. Metodologia do ensino superior. São Paulo: Atlas, 1990.

 

GIL, Antonio Carlos. Metodologia do Ensino Superior. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

MASETTO, Marcos Tarciso. Docência na universidade. 9. ed. Campinas: Papirus, 2008.

MASETTO, Marcos Tarciso. Docência na Universidade. Campinas, SP: Papirus, 1998.

 

SANTOS, Miguel Rosa dos. A política educacional brasileira e o ensino superior: uma visão panorâmica. Produção discente do Mestrado em Educação, Goiânia, Universidade Católica de Goiás, 2003.