Desenho animado: a mídia enquanto desafios e possibilidades de aprendizagens
Leidamar Vieira de Freitas
Keila Paula da Silva
Marinalva Almeida Gomes
Maria José de Figueiredo
aís Aparecida Berlanda Babolim
RESUMO
O presente trabalho apresenta um breve histórico da televisão e do desenho animado no Brasil. Analisamos os conteúdos midiáticos usados como suporte didático na educação infantil. O objetivo é compreender como essas ferramentas são utilizadas em sala de aula e como a criança recebe esses conteúdos propostos pelo currículo escolar, sustentado pelo Projeto Político Pedagógico. Para a realização desta pesquisa optamos pela observação pelo período de sete dias, sendo dividido em: seis dias de observação e um para roda de conversas com as crianças. Foi realizado também questionário para a professora e gestão escolar. A observação constituiu em analisar dentro do contexto da educação infantil como: O desenho animado pode contribuir no processo de ensino aprendizagem de forma educativa e construtiva na sociedade. Como essas práticas educativas vêm sendo proposta no ambiente escolar. A revisão da literatura privilegiou os estudos de teóricos como BRANDÃO (2010), COELHO (1998), FISCHER (2002 e 2007), GOMES (2008), MORAN (2007 e 2009), dentre outros teóricos renomados em pesquisas acerca do tema e que constam no referencial bibliográfico.
Palavras-chaves: Desenho animado, Educação Infantil, Criança.
ABSTRACT
The present work presents a brief history of television and cartoons not Brazil. We analyze the media contents used as didactic support in early childhood education. The objective is to understand how these tools are used in the classroom and how the child receives these contents proposed by the school curriculum supported by the pedagogical political project. To carry out this research we opted for participant observation for the period of seven days, being divided in six days of observation and one for wheel of conversations with the children. A questionnaire was also carried out for the teacher and school management. The observation consisted in analyzing within the context of early childhood education, how the cartoon can contribute in the process of teaching learning in an educational and constructive way in society. How these educational practices are being proposed in the school environment. The review of the literature has favored the studies of BRANDÃO (2010), COELHO (1998), FISCHER (2002 and 2007), GOMES (2008), MORAN (2007 and 2009), among other renowned theorists in research on the subject and that are included in the bibliographic reference.
Keywords: Cartoon, Early Childhood Education, Child.
Introdução
Os desenhos animados são fontes de entretenimento para a maioria das crianças. São histórias que divertem, inspiram e encantam, prendem a atenção das crianças por horas na frente da televisão.
O mundo vem passando por um processo constante de transformação, eles vêm cada vez mais aprimorando no sentindo de animação, efeitos, e também em matéria de conteúdo. Nessa nova fase da era tecnológica as indústrias de animação utilizam diversas formas para chamar a atenção do público infantil.
A televisão, por exemplo, é o meio de comunicação mais usada atualmente. Aos poucos os seres humanos estão adaptando aos recursos tecnológicos. Hoje, dificilmente encontraremos uma casa que não tem um aparelho de TV, a televisão faz parte de nossas vidas, na maioria das vezes o único espaço de entretenimento. Com isso, muitas brincadeiras que eram praticadas, hoje quase não percebem mais, a televisão veio ganhando espaço, sendo fonte de brincadeiras para crianças. Com toda essa mudança gera forte influência nos costumes e talvez o que era tão importante foi sendo substituído pela mídia.
Como as crianças têm acesso aos desenhos animados, tanto em TV aberta como em canais fechados, desejam cada vez mais os produtos dos desenhos mais assistidos e que possuem uma infinidade de produtos voltados para o público infantil, despertando a fase consumista das crianças.
Sabendo que o consumo infantil se tornou algo recorrente, e que as crianças são vistas como decisivas no poder de compra, as mesmas são alvos de diversos anúncios durante a propaganda. Partindo desse pressuposto, observamos que a criança é elevada ao status de cliente, isto é, um sujeito que: Compra, consome e, sobretudo, é muito exigente.
Nessa perspectiva observa-se a relação das crianças com a televisão, em que os desenhos animados destinados ao público infantil têm um papel importante no cotidiano da criança. Em casa a criança vive uma realidade em frente aos desenhos exibidos e a escola não consegue deixar de lado essa realidade que cada criança carrega. Os desenhos animados e filmes infantis são recursos didáticos que fazem parte dos ambientes escolares, são recursos didático/pedagógico que auxiliam o professor no desenvolvimento de suas aulas com suporte e possibilidades de desenvolver atividades interativas com as crianças usando o desenho animado.
Segundo Moran (2007), “a criança também é educada pela mídia e principalmente pela televisão”. Portanto, a televisão fascina crianças, adolescentes e adultos, afinal sua linguagem habita emoções. Podemos dizer que a linguagem audiovisual está presente em nosso cotidiano invadindo nossos lares de forma profunda e muitas vezes impactantes, fato que atualmente as escolas já utilizam esta mídia em sala de aula como meio de aprendizagem.
Nos desenhos animados veiculados na televisão nossas crianças assistem de tudo, muitas vezes sem uma preocupação do que está sendo assistido. Na televisão podemos observar uma programação de conteúdo mais violento a desenhos educativos com mensagens apropriadas a faixa etária do público, porém pouco explorados pela TV aberta. Desta forma, o desenho animado encanta diversas idades e pode ser uma excelente ferramenta de ensino na sala de aula. Portanto, conhecer esta ferramenta pode ser uma tarefa empolgante e criativa.
A pesquisa impõe a um estudo a fim de produzir dados para possíveis reflexões que o desenho animado tem sobre a criança e quais o mecanismo que o professor tem para contribuir no crescimento educacional. A pesquisa tem o objetivo de analisar a proposta do currículo escolar, e qual é proposta pedagógica dentro dos conteúdos midiáticos (desenho, filmes). O interesse é compreender se essas atividades que vem sendo proposta na educação infantil favorece a construção do conhecimento de maneira significativa. A escola é um espaço onde se dá o processo de desenvolvimento do indivíduo e é necessário que a escola garanta um modelo de ensino na qual as ações pedagógicas tenham significados para os alunos, visto que, os desenhos animados passaram a ser integrar as práticas pedagógicas nas escolas fazendo parte do currículo escolar. O interesse pela pesquisa é analisar os conteúdos midiáticos como ensino de processo e ensino/aprendizagem.
Partindo do pressuposto de que muitos educadores utilizam, os desenhos animados somente como forma de entretenimento, deixando de explorar a linguagem como uma forma de expressão e criatividade, surgiu o desejo de pesquisar como alguns educadores utilizam esta ferramenta tecnológica para contribuir com o desenvolvimento de formação intelectual do ser humano, promovendo a expressão, comunicação, interdisciplinaridade, às diversas inteligências e a fortalecer o relacionamento.
Acreditando que o desenho animado na pré-escola é uma ferramenta significativa para provocar a sensibilidade e assim despertar a criatividade dos educandos, libertando ideias, pensamentos para uma aprendizagem mais ampla, formando cidadãos mais críticos para a sociedade. Sendo assim, o presente trabalho apresenta uma pesquisa acerca das possibilidades e desafios do uso do desenho animado na pré-escola.
Este trabalho está organizado em introdução, 04 (quatro) capítulos e a conclusão.
Na Introdução do trabalho encontramos a relevância e a delimitação do mesmo. No primeiro capítulo - Pré-Escola - realizamos um breve relato da pré-escola e a organização da educação infantil a partir de uma pesquisa bibliográfica acerca da legislação brasileira que garantem o direito e o acesso à Educação Infantil. No segundo capítulo - A história da televisão e da animação - apresentamos o contexto histórico do surgimento da televisão no Brasil e no mundo, e uma breve panorama do processo histórico da evolução do desenho animado. Aproveitamos para discorrer sobre o encanto e influência que a TV e os desenhos animados exercem na vida das crianças. Influência essa que pode reforçar a desigualdade social e o processo de ensino aprendizagem. No terceiro capítulo - As Contribuições dos desenhos animados enquanto recurso midiático – constam os desafios e possibilidades a partir do uso dos desenhos animados pelos docentes. Observamos como a tecnologia pode reforçar a desigualdade social. Discorremos também sobre o uso dos desenhos animados em sala de aula. No quarto capítulo - Caminhos metodológicos - são apresentados os métodos utilizados na realização da pesquisa, apontamos os caminhos investigativos pelos quais optamos a descrição dos resultados obtidos e as reflexões realizadas a partir dos dados coletados. Na Conclusão são apresentados os arremates obtidos a partir da realização deste estudo e possíveis encaminhamentos.
Neste capítulo fazemos um relato sobre a organização da educação infantil a partir de uma pesquisa bibliográfica acerca da legislação brasileira que garantem o direito e o acesso à Educação Infantil.
1.1 Pré-Escola e a organização da Educação Infantil
Sabe-se que, historicamente, o surgimento da pré-escola e das creches não esteve relacionado a objetivos pedagógicos, mas a questões econômicas vinculadas às necessidades das mães que ao ingressarem no mercado de trabalho precisavam de um local para deixar seus filhos enquanto cumpriam suas jornadas diárias de trabalho.
A organização do ensino brasileiro está disciplinada na legislação em normas e ações dos órgãos administrativos educacionais. Estas normas existem nos três âmbitos: Federal, Estadual e Municipal. As mesmas têm em vista o ordenamento da nação em diversos documentos, tais como: Constituição Federal de 1988, Constituição Estadual e na Lei Orgânica Municipal, de acordo com a realidade de cada município.
A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei 9.394/96) consideram a Educação, em seus princípios e fins, como sendo dever da Família e do Estado, inspira-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tendo como objetivo o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para exercer a cidadania e se qualificar para o mercado de trabalho.
Segundo Rossi (2005), na década de 80, o trabalho educativo desenvolvido nas creches e pré-escolas, era considerado assistencialista, pois tinham a função apenas de cuidar da criança, preocupando-se com a higiene e alimentação, passou a ser debatido, no sentido de garantir que este atendimento passasse a ser visto como desenvolvimento integral, onde educar e cuidar substituiria a concepção de assistir às necessidades básicas de cuidado como complemento da ação da família.
A Constituição de 1988 teve o importante papel de reconhecer a Educação Infantil como etapa de ensino, haja vista que as constituições anteriores eram limitadoras e reafirmavam apenas o cuidar da criança em período integral, possibilitando que as mães trabalhassem fora. A LDB 9.394/96 define que o executivo municipal seja o responsável pelo acompanhamento, controle e supervisão da Educação Infantil.
Para tal o projeto pedagógico deve ser um instrumento simples, mas concreto, flexível e adequado à situação de cada escola. Identificando os problemas da escola, categorizando-os para estabelecer prioridades, propondo ações eficientes, coordenadas e flexíveis, tendo como meta a construção de uma escola que realmente ensine, considerando suas mudanças sociais, tecnológicas e culturais (ROSSI, 2005).
Segundo Vasconcellos, o projeto pedagógico é:
[...] um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica, científica, e o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita ressignificar a ação de todos os agentes da escola (1995, p. 143).
Para Veiga (2007), o projeto político pedagógico, carrega o caráter de projeto de sua origem epistemológica latina (projectu), pois cumpre a função de dar um rumo, uma direção à instituição. O projeto da escola será sempre:
[...] uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso todo projeto da escola, é também um projeto político, por estar intimamente articulado ao compromisso sócio-político com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. À dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade (1996, p. 12).
A partir dos dizeres dos autores vemos a importância de estabelecer um paralelo entre ações conjuntas de ação política e pedagógica, já que a escola sempre pertenceu a um órgão administrativo com diretrizes de atendimento, onde o respeito aos documentos legais, o conhecimento e a participação nas ações precisavam ser considerados legalmente, visto que suas diretrizes consolidavam os problemas da escola e sua intenção pedagógica.
O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado no ano de 2000 e sancionado como Lei n° 10.172, de 09 de janeiro de 2001, estabelecia diagnóstico, diretrizes, objetivos e metas para todos os níveis educacionais para serem cumpridas até o final da década com padrões mínimos de infraestrutura. As instituições de educação infantil devem assegurar (PNE, 2000, p.16):
- Espaço interno, com iluminação, insolação, ventilação, visão para o espaço externo, rede elétrica e segurança, água potável, esgotamento sanitário;
- Instalações sanitárias e para a higiene pessoal das crianças;
- Instalações para preparo e/ou serviço de alimentação;
- Ambiente interno e externo para o desenvolvimento das atividades conforme as diretrizes curriculares e a metodologia da educação infantil, incluindo o repouso, a expressão livre, o movimento e o brinquedo;
- Mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos;
- Adequação às características das crianças especiais.
Estabeleceu-se também, que em todos os municípios, deve ser assegurado o fornecimento de materiais pedagógicos adequados às faixas etárias e as necessidades do trabalho educacional, assim como, a implantação de conselhos escolares e outras formas de participação da comunidade escolar e local na melhoria do funcionamento das instituições de educação infantil e no enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos, definiu-se como meta a adoção progressiva de atendimento em tempo integral para as crianças de 0 a 6 anos (PNE, 2000, p. 17).
É necessário um acompanhamento do cumprimento do que estabelece a legislação atual, sempre buscando melhorias no que diz respeito ao acesso e permanência dessas crianças nas instituições, sejam elas creches ou escolas de educação básica.
1.2 A Legislação Brasileira e a Educação
O Ministério da Educação vem elaborando e publicando documentos oficiais que buscam embasar a educação infantil. Entre eles estão o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil, Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças e zero a seis anos à Educação, Indicadores da Qualidade na Educação Infantil e Critérios para Atendimento em Creches que respeite os Direitos Fundamentais da Criança.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) se propõe a servir de base para a produção de programações pedagógicas, planejamentos e avaliações em instituições e redes dos municípios (BRASIL, 1998). O RCNEI foi desenvolvido para servir como guia de reflexão sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que atuam diretamente com crianças de 0 a 6 anos, respeitando seus estilos pedagógicos e a diversidade cultural brasileira. Também orienta os educadores sobre os aspectos mais relevantes de um atendimento de qualidade na educação infantil.
O RCNEI explicita os seguintes princípios sobre o que seria um trabalho de qualidade:
- Respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, éticas, religiosas etc.;
- Direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil;
- Acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética;
- A socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma;
- Atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade (BRASIL, 1998, v. 1, p. 13).
O documento mostra que a educação deve pautar-se pela indissociabilidade entre o cuidado e a educação. Ressalva também que o processo pedagógico deve considerar as crianças em sua totalidade, além de observar suas especificidades e as diferenças entre as mesmas e sua forma privilegiada de conhecer o mundo por meio do brincar.
Segundo (NEVES, 2004), é importante refletirmos sobre como entendemos atualmente o processo de aprender e qual é o papel dos trabalhadores da escola neste processo. Pois ainda de acordo com o RCNEI, os Centros de Educação Infantil (CEI), as Creches e as Escolas de Educação Infantil, devem ser caracterizadas como ambientes que possibilitem às crianças ampliar suas experiências e desenvolver-se em todas as dimensões humanas sejam elas afetivas, motora, cognitiva, social, imaginativa, lúdica, estética, criativa, expressiva e linguística, e isto implicam em considerar que estas instituições são contextos de aprendizagens e de trocas a partir de linguagens diversas.
2.0 História da TV como recurso Pedagógico
Neste capítulo discorremos brevemente sobre a história da televisão e da animação, os desenhos animados. Buscando melhor compreensão do tema, dialogamos com diversos teóricos que realizam trabalhos, voltados para este assunto.
A televisão há algum tempo começou a fazer partes do nosso cotidiano. Hoje dificilmente encontramos alguma casa que não tenha televisão. A televisão é o meio de comunicação mais usado pelas pessoas. A televisão é também chamada de televisor, no latim é chamada de visione que significa visão. É um sistema eletrônico, que reproduz sons e imagens, funciona a partir de análise de conversão da luz e do som em ondas eletromagnéticas e de sua reconversão.
A invenção da televisão é marcada por vários cientistas, então não se pode dizer que apenas um cientista que foi responsável pela tamanha invenção, teve como participação o cientista Jakob Berzellus que em 1817, observou a fotos sensibilidade do selênio ao ser exposto à luz, descobriu que o selênio tinha a propriedade de transformar a energia luminosa em energia elétrica, mas essa hipótese só foi comprovada 56 anos depois. O alemão Paul Nipkow, também trouxe na época uma proposta de transmissão de imagens. Segundo Ruiz (1971), Nipkow produziu um disco cheio de pequenas perfurações, montado de forma que, girando em alta velocidade, pudesse projetar a grande distância a imagem de uma pequena cruz.
Em 1892 mais dois cientistas alemães também quiseram tentar a possibilidade da criação dessa mídia. Juluis Elster e Hans Geitel inventaram a célula fotoelétrica, ampliando os estudos de Smith. Em 1906 Arbwhnett desenvolveu o sistema de visão à distância. Em 1920 o cientista John Logie Baird levando em conta a teoria de Nipkow realizou a primeira transmissão pelo sistema mecânico, Wladimir Kosma Zworykin em 1923 o iconoscópio, invento que utilizava o tubo de raios catódicos, um tubo especial que elimina o processo mecânico desenvolvido por Nipkow, em 1925 John Logie Baird conseguiu fazer uma transmissão de imagens à distância, usando como recurso o padrão mecânico de 30 linhas. Então fica caracterizado que houve não se teve apenas uma pessoa que contribuiu para a criação da televisão, vários cientistas tiveram a oportunidade de realizar suas pesquisas e comprovar, mais diante disso o Logie Baird foi o maior de todos que segundo Squirra (1995):
[...] em fevereiro de 1928 realizou a primeira transmissão de televisão transatlântica, ligando a estação inglesa de Coulsdon à de Hartsdale, nos Estados Unidos. [...] Foi Baird quem primeiro realizou experiências com a televisão em cores, a partir da exploração das imagens com luz vermelha, verde e azul, princípios que regem a televisão colorida até hoje. (SQUIRRA, 1995, p. 34).
Um dos momentos marcantes da história da TV aconteceu em 1950, quando dá a entrada da televisão no Brasil, Cuba e México. A inauguração da primeira emissora de TV do Brasil se deu sob a responsabilidade de Assis Châteaubriant, empresário brasileiro dono de diversos jornais, revistas e rádios, chamados de Diários Associados. O empresário importou cerca de 30 toneladas de equipamentos dos Estados Unidos. As transmissões dos primeiros sinais da década de 50 foram realizadas na capital de São Paulo, do alto do Banco do Estado de São Paulo e no próprio edifício da emissora, no bairro do Sumaré (CRUZ, 2008). A TV Tupi marcou a história do Brasil como o quarto país a ter uma emissora com programação diária. Antes de a TV Tupi começar a programação diária os únicos países que transmitiam eram os Estados Unidos, Inglaterra e França.
Nesse início os domínios técnicos e de conteúdos eram realizados por empresas vindas do rádio, como era o caso da Tupi e da Record. Essa foi uma das características que marcou as emissoras, bem como o caráter regional, pois não havia redes (CRUZ, 2008). Ao chegar ao Brasil, à televisão precisou se adaptar de acordo com a grande influência que o rádio exercia. Sobre isso, Mattos nos traz que:
Ao contrário da televisão norte-americana, que se desenvolveu apoiando-se na forte indústria cinematográfica, a brasileira teve de se submeter à influência do rádio, utilizando inicialmente sua estrutura, o mesmo formato de programação, bem como seus técnicos e artistas (2002, p. 49).
A televisão, desde seu surgimento, foi apenas uma extensão natural do rádio. Antes de encontrar sua própria linguagem a TV brasileira basicamente reproduzia o que era feito no rádio, mas com a imagem.
A partir dos anos 90 vimos o surgimento de uma nova mídia. O advento da comunicação digital possibilitou o surgimento de mídias diferentes e a internet trouxe com ela uma nova linguagem.
Na nossa sociedade atual a televisão precisou se adequar às novas mídias que começaram a ganhar espaço ou acabaria por se tornar obsoleta. Ela precisou realizar mudanças para atingir a população neste advento tecnológico que vivenciamos.
No século XX a televisão se consolidou como um grande veículo de massa, pois além de um meio de entretenimento, carrega com si informações noticiosas e formação cultural. A partir do surgimento da televisão, as pessoas não necessitavam mais do uso da imaginação para criar um cenário ou a figura da pessoa que elas escutavam no rádio. A TV possibilitou às pessoas uma experiência integral.
História do desenho animado no Brasil e no mundo – Breve Panorama
O desenho animado, também conhecido como animação, dentre vários conceitos, é designado como forma de cinema nas quais o movimento aparente é produzido de forma diferente da simples filmagem analógica. Alguns teóricos chegaram a considerar esse produto fílmico como uma espécie de laboratório figurativo, levando ao seu máximo as possibilidades da imagem em movimento, e por outros como um revelador ideológico do cinema em geral (AUMONT; MARIE, 2006). Assim como tudo produzido pelo homem, o desenho animado também é carregado de significações e ideologias próprias deste produto midiático, e por isso deve ser estudado.
O surgimento do desenho animado se dá no ano de 1906, sendo elaborado pelo artista plástico James Stuart Blackon. O desenho Humorous Phases of Funny Faces, de curta duração, foi apresentado por animação frame a frame, sem parte falada (BARBOSA JÚNIOR, 2005). Dois anos depois, em 1908m a partir de dois mil desenhos foi criado o Fantasmagoria, pelo francês Émile Cohl. Segundo Coelho (1998), muitos teóricos consideram esta produção como a primeira animação da história.
Na década de 1920 nos Estados Unidos o desenho animado desenvolveu-se rapidamente a partir das histórias em quadrinhos. A partir dos primeiros desenhos coloridos produzidos por Covig, o desenho animado tomou impulso. Surgiram então novos animadores, como Patt Sullivan, criador do Gato Félix, e Walt Disney, com Oswald – The Rabbit. E é Walt Disney quem cria os Estúdios Disney, que passaria a ter monopólio deste gênero por um longo período, sendo o primeiro produtor de desenho animado de longa-metragem – “Branca de Neve e os Sete Anões” (BOSELLI, 2002).
No Brasil, o desenvolvimento do desenho animado acompanha este produto cinematográfico e por influência dos cartunistas Raul Pederneiras em 1907 e depois Álvaro Marins, lança “Kaiser”, primeiro desenho animado brasileiro exibido nos cinemas em 1917, tendo como produtor Marins. Ainda em 1917 é produzido “Chiquinho e Jagunço” ou “Traquinagens de Chiquinho e seu inseparável amigo Jagunço”, primeiro desenho animado de personagens e situações típicas brasileiras, com personagens vindos da revista em quadrinhos Tico Tico[1], seguindo uma tendência estrangeira de colocar nas telas personagens como Little Nemo e Felix, The Cat (GOMES, 2008).
Em 1939, Walt Disney vem ao Brasil com o Objetivo de estreitar os laços com países em busca de aliados contra a crescente política nazista de Hitler. A visita de Walt Disney rendeu (sete) filmes nacionais com coprodução dos Estúdios Disney. (BRANDÃO, 2010).
No decorrer da década de 1950 no Brasil, as animações seguem os novos padrões mundiais, utilizando montagens audiovisuais através da articulação dos efeitos, da música, da palavra e dos desenhos. Um exemplo é o primeiro desenho animado de longa-metragem produzido por Anélio Filho, em 1953, “Sinfonia Amazônica”, em preto e branco, e que foi criado no período de (seis) anos, unicamente por Anélio. Porém, o filme não obteve bom rendimento e este segue o caminho da publicidade (BOSELLI, 2002).
Segundo Gomes (2008), nos anos 50 os desenhos animados sofriam duras críticas mundiais, já que as animações eram utilizadas como material pedagógico pelo Serviço Especial de Saúde. Esta instituição solicitava desenho animado para campanhas de prevenção de contágio, eliminação de doenças e higiene. Entre esses desenhos podemos destacar “Sujismundo e Dr. Prevenildo”.
Segundo (GOMES, 2008), já em 1972, “Piconzé” foi outro marco na história do desenho animado brasileiro. Este foi o segundo longa-metragem colorido produzido no país. “Piconzé” foi uma das primeiras animações nacionais a serem realizados por uma grande equipe de animadores, todos eles haviam sido treinados pessoalmente pelo animador japonês, Yppe Nakashima e por esta razão, este desenho é considerado a primeira animação com maturidade profissional.
2.3 TV: encanto e influência na infância
Vivemos em um mundo contemporâneo onde a cada dia surgem novas tecnologias. A educação também passa por diferentes etapas desde que a tecnologia invadiu os muros escolares. Hoje as escolas, por mais mínimas que sejam suas condições, têm acesso à tecnologia. Não podemos negligenciar um assunto que diz respeito não apenas às escolas, mas a sociedade em geral que vivencia a era digital e tem a sua volta um mundo digital cada vez mais globalizado. A tecnologia já chegou a praticamente todos os lares em nossa sociedade, lares que por muitas vezes tem criança envolvida, que presenciam todo conteúdo exposto pela mídia e sabemos grande impacto que isso gera na vida da criança dentro do âmbito escolar. Os programas televisivos são vastos de conteúdos em que a criança fica exposta. Logo pela manhã a TV possui vários canais que traz o desenho animado, uma fonte de entretenimento para a criança e uma tranquilidade para os pais que aproveita esse tempo para fazer os serviços domésticos. O fato é que em casa na maioria das vezes não tem uma intervenção dos pais no que se refere o certo errado sobre cenas que desenho reproduz.
As mídias apresentam-se, pedagogicamente, sob três formas: como conteúdo escolar integrante das várias disciplinas do currículo, portanto, portadoras de informação, ideias, emoções, valores; como competências e atitudes profissionais; e como meios tecnológicos de comunicação humana (visuais, cênicos, verbais, sonoros, audiovisuais) dirigida para ensinar a pensar, ensinar a aprender a aprender, implicando, portanto, efeitos didáticos como: desenvolvimento de pensamento autônomo, estratégias cognitivas, autonomia para organizar e dirigir seu próprio processo de aprendizagem, facilidade de análise e resolução de problemas, etc. (LIBÂNEO, 2003, p. 70).
Diante disso faz se necessário que a escola esteja preparada em um conjunto de ações no currículo escolar para fortalecer o ensino aprendizagem dos alunos, visto que a criança de hoje recebe muita informação e o professor precisa se atualizar constantemente. Para Gadotti (2000, p.38), a escola precisa ser o centro de inovações e tem como papel fundamental “orientar, criticamente, especialmente as crianças e jovens, na busca de uma informação que os façam crescer e não embrutecer”.
A educação infantil é onde a criança tem o primeiro contato com a escola, e a escola precisa garantir uma educação transformadora desde cedo, uma educação que propiciem as crianças sobre o que está sendo proposto em sala. O suporte mais usado nos anos iniciais é o desenho animado e filmes, algumas escolas se utilizam de salas de vídeos 1 vez por semana e outras possui televisão dentro da própria sala, o que significa que as apresentações de desenhos/filmes são constantes e não tem um horário determinado. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, diz que as propostas pedagógicas devem contemplar a interação nas variadas áreas do conhecimento, além de aspectos da vida cidadã, a partir de conteúdos básicos para a constituição do conhecimento e valores (BRASIL, 2010).
É preciso que o professor seja o mediador e interaja com as crianças. A tecnologia sem dúvida é uma grande ferramenta que veio para somar junto a nossa educação, porém é necessário que saibam usar corretamente, promover a interatividade junto às crianças favorecendo um ensino e a aprendizagem de um modo criativo, divertido e eficaz. Na Educação Infantil, o uso dessas tecnologias deve ter um caráter educativo, por isso precisam estar inseridas no projeto político pedagógico da escola, uma vez que as tecnologias digitais não devem ser entendidas como ferramentas, mas como proposta pedagógica, contribuindo em aprendizagens relevantes e socialmente significativas.
A Televisão juntos a emissoras tem proporcionado às crianças um mundo diferente que algumas crianças de antigamente, isto é, hoje a televisão e as programações que a televisão oferece apresentam diversos tipos de conteúdo para que as crianças possam assistir. As escolas também tiveram que se adaptar para receber esses alunos nativos da tecnologia, com proposta e ações pedagógicas voltadas para o desenvolvimento dessas crianças. Atualmente os pais apresentam certa dificuldade em retirar seus filhos da frente da televisão, vídeo game e entre tantas ferramentas tecnológicas que hoje em dia se encontra. Os recursos tecnológicos contribuem para um ensino de qualidade, mas quando se tem uma proposta educativa.
Tendo em vista que a escola é um lugar que busca formar cidadão e despertar nos alunos o interesse em compreender o que está sendo proposto, é possível perceber o quanto a escola ainda é sustentada pelo um ensino tradicional. Muitas escolas possuem quadro de funcionários antigos que ainda não conseguiram mudar suas metodologias de ensino, sendo assim a tecnologia tem sobre a criança uma grande representação e a escola precisa atender a expectativa dessas crianças. A tecnologia usada de forma correta possibilita que o aluno desenvolva a coordenação motora, aspecto cognitivo afetivo e social, interação com os colegas, imaginação, concentração de uma forma mais criativa e menos maçante.
Sabemos o quanto os programas que a TV oferece têm forte representação na vida da criança e a escola não consegue separar isso dentro das salas de aulas. Algumas crianças se identificam tanto com certos personagens do desenho animado, que acaba aderindo às vestimentas iguais, modelo de cabelo, adere também às matérias escolares tudo relacionado ao personagem, criando assim um consumismo exagerado. As imagens associam produtos com certas características sociais desejáveis e passam mensagens a respeito dos benefícios simbólicos que terão aquelas pessoas que consumirem o produto (KELLNER, 2008, p.21). O que gera também a desigualdade social onde um tem tudo e o outro não tem nada.
Nesse contexto é importante que professor leve para a sala de aula material que trabalhe essa inclusão desenvolvendo a inter-relação onde cada uma possa respeitar o outro, dentro de sua cultura, identidade e outros aspectos. O mercado infantil é completo no que se refere à publicidade infantil e as crianças estão antenadas, a todo tipo de propaganda que a mídia reproduz o que gera uma infância consumidora cheia de sonhos e desejos.
Apesar das tecnologias estarem cada vez mais presentes no nosso cotidiano e as crianças serem alvos da mídia constantemente precisamos compreender que, em termos socioeconômicos, nem todos têm acesso às mesmas coisas.
Em todos os estabelecimentos educacionais podemos notar os diferentes níveis socioeconômicos que formam nossa sociedade. A desigualdade social é notada também.
A desigualdade social é caracterizada a partir de diferentes fatores, como a forma de viver, de morar, os relacionamentos, a forma de se vestir, de lidar com a vida, etc. Guacira Louro (2010) assegura que a escola se constitui podendo aproximar ou excluir sujeitos, daí a importância de observar o comportamento desde o ensino infantil, pois desde pequenos já são observadas as diferenças, essas podem gerar as divisões, seja de cor, gênero, etc. Portanto, a escola também pode ser entendida como reprodutora de diferenças e desigualdades, podendo ser incumbida de separar sujeitos, por múltiplos mecanismos de classificação, ordenamento e hierarquização. Ainda de acordo com a autora:
A escola delimita espaços. Servindo-se de símbolos e códigos, ela afirma o que cada um pode (ou não pode) fazer, ela separa e institui. Informa o ‘lugar’ dos pequenos e dos grandes, dos meninos e das meninas. O prédio escolar informa a todos/as sua razão de existir. Suas marcas, seus símbolos e arranjos arquitetônicos “fazem sentido”, instituem múltiplos sentidos, constituem sujeitos (LOURO, 2010. p. 58).
Conforme defendem Fitoussi e Rosanvallon (1997), as desigualdades sociais não podem ser entendidas na perspectiva do direito de receber determinados bens e serviços. Seria preciso contemplar também o que eles chamam de direitos de integração que são aqueles que permitem que os indivíduos sejam cidadãos ativos, com pleno direito de viver em sociedade.
O papel de um sistema de educação democrático é fundamental nessa perspectiva. Uma importante e necessária tarefa é procurar compreender a relação existente entre os conceitos de lazer e consumo que se relacionam diretamente aos desenhos animados na sociedade capitalista em que estamos inseridos.
O desenho animado enquanto lazer é um assunto delicado, pois, conforme é importante salientar, há um costume de ver e sentir o lazer ligado à alegria e desprendimento de tempo nos momentos para descanso, desapego e descarrego das tensões, dificuldades e incertezas do cotidiano. Os indivíduos aprendem que a superação disso tudo conduz à felicidade. Ao utilizar o recurso midiático em sala é preciso estabelecer objetivos claros acerca do que se pretende ensinar.
A relação entre mídia e crianças tem sido alvo de discussões e estudos há algum tempo. Porém, após a temática ser abordada no Enem 2014, essa questão voltou, fortemente, a ter espaço nos veículos comunicação.
Por meio dos meios de comunicação, as fronteiras entre conteúdo livre e publicitário foram eliminadas. Animações, jogos, vídeos e diversos recursos fundem-se cada vez mais com o objetivo de impactar as crianças de forma eficiente.
Segundo Barry (APUD Silva e Olivier, 2002), as crianças são extremamente influenciadas pelas mensagens da televisão buscando atender as necessidades que os comerciais lhes ensinam ser de grande necessidade (pode ser um brinquedo do comercial, ou as roupas de algum personagem, ou ainda produtos considerados motivadores pelas crianças como doces, chocolates, etc.). Partindo dessa influência, Mendonça, Mendes e Souza (2005) afirmam que é de suma importância a reflexão dos pais acerca do conteúdo dos desenhos animados assistidos por seus filhos, bem como da parte dos professores sobre os desenhos assistidos em sala.
Em nossa sociedade, que é regida pelo capital em todos os setores, ser feliz se mistura com a fetichização de ter objetos além do necessário para a sobrevivência, e a própria felicidade (e lazer) torna-se fetiche e acessível a quem tem poder de compra. Por exemplo, uma criança que assiste um desenho animado de um determinado personagem e é bombardeado pela mídia com a propaganda de diversos produtos deste personagem, que vão desde brinquedos, vestimentas a materiais escolares, passa a acreditar que precisa daquele produto para ser feliz.
Assim, torna-se fundamental analisar como os desenhos animados podem influenciar o comportamento de uma criança. Trindade (2002) explica que de acordo com Santos (2000, apud TRINDADE, 2002, p.5) a criança passa por três fases associadas às faixas etárias:
- 0 – 2 anos, o Universo das Observações: a criança conhece as compras acompanhadas pelos pais, sem distinguir marcas dos produtos.
- 3 – 5 anos, o Universo das Indagações: é a fase de pedir, em que a criança manifesta desejo de compra e solicitam aos pais. Já são capazes de reconhecer marcas, diferenciar os produtos e localizá-los nas prateleiras.
- 6 – 12 anos, o Universo Racional: a criança passa a imitar os pais e fazerem sozinhas suas compras ou com amigos. Começa a ter noção de valor, de tomada de decisão, de comunicação, de integração com o ambiente.
Já Engel (2000, apud Trindade, 2002, p.5) divide em cinco etapas a evolução da criança como consumidora: observando, fazendo pedidos, fazendo seleções fazendo compras assistidas e fazendo compras independentes.
Conhecer as motivações que levam as crianças a pedir a compra de determinado produto não é uma tarefa fácil, como afirma Trindade (2000).
Moura (2007) afirma que quem financia a permanência no ar de programas infantis é a propaganda. Segundo a referida autora, metade do que é investido em propaganda no Brasil é destinada, a mídia televisiva. Pillar (2001) traz que é no comercial o verdadeiro reduto da criança na televisão, lá as crianças são postas no papel de grandes consumidoras, ou induzindo os adultos a comprarem todo tipo de produtos.
Cádima (apud Moura, 2007) alerta que “a criança está desprotegida das mensagens televisivas em função de um analfabetismo audiovisual natural”. E que é a partir dos cinco anos que as crianças começam a distinguir as mensagens comerciais dos outros gêneros, mas somente a partir dos onze anos que essa diferenciação finaliza. Antes disso, segundo a autora a criança não entende que o desenho que estava assistindo foi interrompido por um comercial, ela tem a ilusão de que ainda está assistindo ao desenho animado e que seu personagem favorito está mandando que ela compre alguma coisa.
De acordo com Laurindo e Leal (2008), o personagem é muito utilizado pelas marcas para conquistar o público infantil. Segundo Montineaux (apud Laurindo e Leal, 2008, p. 4), “o personagem é a tradução da marca (realidade física, conteúdo, valores...) em um registro imaginário que torna possível uma cumplicidade e uma verdadeira conivência com a criança”, assim o personagem enquanto produto contém sentimentos que estão ligados às dimensões psíquicas da criança, conforme reforçam Laurindo e Leal (2008).
Em relação ao brincar com produtos da indústria cultural, outra esfera se torna explícita: a ideológica. Os desenhos animados são um produto da indústria cultural e, conforme Barthes (1995, p. 109), “a cultura de massas mistura as ideologias, as superestruturas. Ela induz ao consumo classes que não possuem meios econômicos para consumir produtos de que, muito frequentemente, elas consomem só as imagens”.
Por isso é importante despertar o lado criativo das crianças, valorizando o brincar com o imaginário e não apenas com o brinquedo pronto. Enquanto um brinquedo fabricado pela própria criança constitui-se em trabalho em busca de lazer, com valor de uso, enquanto os brinquedos fabricados e os veiculados pela televisão têm apenas preocupação comercial.
O brinquedo criado pela criança não requer a sistemática de um processo de produção numa linha de montagem de fábrica. Ele é antes de tudo fruto criativo do prazer a partir de sua estruturação. O momento exploratório, a busca e a procura dos materiais já podem constituir um brincar, sem que com isso exijamos um produto terminado, polido, com formas e funções explicitas (VASCONCELOS, 1986, p. 150).
Seguindo essa linha, o brinquedo comprado pronto não possibilita o prazer da criação. O brinquedo inspirado em produtos da indústria cultural veiculados pela televisão acaba limitando a possibilidade criativa.
3.0 As Contribuições dos desenhos animados enquanto recursos midiáticos
Neste capítulo buscamos delinear as contribuições que os desenhos animados podem dar no processo de ensino-aprendizagem a partir do uso deste recurso midiático. Novamente dialogamos com teóricos acerca do tema para uma maior compreensão.
3.1 Desafios e possibilidades para docentes no uso de desenhos animados
No contínuo processo de formação do indivíduo, e o desenvolvimento da sociedade, a escola e outras sociedades culturais tornam-se agentes sociais da educação para formar o indivíduo, que também sofre influências diversas, como a leitura de livro, um contato pessoal, dentre outros (AZEVEDO, 1996).
A partir deste pressuposto, podemos afirmar que a educação deve ser pensada como um meio de socialização e que o desenho animado se apresenta com relevante papel. Ressaltamos que a educação escolar é vista como apenas uma das muitas formas de socialização dos indivíduos, como um entre diversos modos de produção e transmissão de conhecimentos, de constituições de padrões éticos, de valores morais e de competências profissionais (DUARTE, 2009).
Os conteúdos midiáticos vêm sendo propostos dentro do currículo escolar, isto é a escola está se adaptando a um novo mundo, onde faz necessário aguçar a atenção de seus alunos, tendo em vista que a maioria das crianças tem acesso a TV e a outras formas midiáticas fora do ambiente escolar. É importante compreendermos que a educação infantil é primeira etapa da educação, onde se inicia o processo ensino/aprendizagem da criança. Inserir as tecnologias pode contribuir para uma didática lúdica do docente, fazendo obter sucesso no aprendizado, de forma prazerosa a criança. É necessário que o professor saiba classificar o que vai ou não contribui no desenvolvimento do seu aluno. Vygotsky (2007) enfatiza que a aprendizagem da criança é iniciada muito antes da aprendizagem escolar porque possui uma história anterior, ou seja, nunca partindo do zero.
Na educação infantil, as escolas públicas os recursos midiáticos mais utilizados pelos educadores são a TV e o data show, já as escolas privadas geralmente têm o laboratório de informática e sala de vídeo. É necessário que o professor traga para as crianças atividades que sejam relevantes, levando em conta a idade dos alunos, o tempo da atividade, pois sabemos que as crianças nessa faixa etária se dispersam e perde o interesse muito rápido pelas coisas, na verdade eles cansam muito rápido do que são propostos para eles. Certos cuidados devem ser analisados quando a proposta for esse tipo de atividade, por que o que era para ser um momento, de desenvolvimento no que se refere às práticas de ensino e o aprendizado acaba se rompendo quando não se tem um planejamento adequado. Segundo Pereira; Lopes (2005), com o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, a escola estará formando “indivíduos mais criativos que estarão adquirindo novos conhecimentos e integrando-se com um novo modo de aprender e de interagir com a sociedade”. A partir daí o professor recebe essa responsabilidade de integrar junto a seu planejamento proposta significativas de aprendizagem, que valorize o potencial do seu aluno.
Para Gadotti (2000),
A escola precisa ser o centro de inovações e tem como papel fundamental ‘orientar, criticamente, especialmente as crianças e jovens, na busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer’. Isso mostra o compromisso que os profissionais da educação têm para com seus alunos, o compromisso de criar cidadãos críticos e responsáveis, e isso começa lá na educação infantil no primeiro contato que a criança tem com a escola.
Apesar dos grandes avanços tecnológicos que temos presenciado na atualidade, evidenciamos que os mesmos não estão disponíveis ao alcance de todos. Pois muitos destes recursos requerem investimento e não são todas as classes sociais que têm acesso a eles.
3.2 A tecnologia e a desigualdade social
A escola é uma instituição que visa atender uma sociedade de um modo geral. Desde os primeiros anos da criança a mesma tem o contato com a família, e na escola esse contato permanece junto aos colegas obtendo assim um relacionamento com outras pessoas, ou seja, começa aí uma socialização marcada por afetos e demonstrações que o ser humano, faz-se presente em sentimentos, desejos, interesses, tendências, valores e emoções, ou seja, em todos os campos da vida. A desigualdade social é uma diferença de acesso que gera uma organização hierárquica, que se traduz em vantagens e desvantagens. Diversos fatores explicam o porquê da desigualdade social e o que mais se destaca é o fator socioeconômico que traz essa diferença na sala de aula, onde devido às condições sociais da criança, podem acontecer situações que reforcem a desigualdade social. Essa situação reflete dentro da sala, um exemplo muito comum é quando uma criança possui um material melhor do que da outra, quando as roupas e calçado são melhores do que da outra criança que nem calçado tem para calçar, e roupas são muitas das vezes doações. A publicidade infantil é um grande desafio para os professores hoje em sala de aula em meio à desigualdade. Todos os dias a mídia tem o poder de nos levar as mais completas novidades e atrair os consumidores a adquiri-lo.
Massificação e solidão são características da globalização da indústria cultural. A mídia modela as posturas e cria necessidades levando ao consumo supérfluo. “Isso é feito não só por meio de estratégias de publicidade e marketing, como também por meio de estratégias sublimares que desfilam diariamente em todos os gêneros televisivos”. (PACHECO, 2009, p. 30). A educação tem um papel importante nessa luta, buscando solucionar e diminuir esses impactos que a desigualdade causa dentro da sala aula.
3.3 O desenho animado na sala de aula
No mercado de entretenimento o desenho animado vem ganhando um espaço cada vez maior. Graças aos avanços tecnológicos têm sido criados programas que aceleram a produção de desenhos animados. Esses avanços permitem aos desenhistas produzirem mais em menor espaço de tempo, por isso presenciamos inúmeros lançamentos de desenhos animados.
Vale ressaltar que esses programas não substituem a ação do desenhista/roteirista. Para que um desenho animado seja produzido é necessário um trabalho em equipe, com a presença de uma equipe engajada. E com o uso das novas tecnologias o trabalho do desenhista torna-se mais qualificado.
Para tal, o desenhista e o animador precisam ter uma visão mais ampla, estarem abertos a aprenderem com a experiência um do outro, desbravarem novos caminhos, aprenderem novas técnicas, estar atentos as novidades e saber trabalhar em equipe. Os mesmos preceitos devem guiar o trabalho em equipe em uma escola, conforme Moran (2007):
A educação tem também uma dimensão claramente social, de aprender com a experiência dos outros, de inter-aprendizagens, de saber conviver melhor com as múltiplas diferenças de idades, ideologias, culturas, valores.
Assim, pretende-se com o desenho animado na sala de aula provocar a curiosidade das crianças para motivar esta vivência de grupo, para que as mesmas possam se expressar da forma mais criativa possível com as mídias que a escola possuir.
Segundo Paulo Freire (1998), “o educador sem curiosidade, não aprende e não ensina”. A partir desta perspectiva de ensinar através das mídias, os professores devem estar motivados para despertar a curiosidade e o desejo de aprender que as crianças possuem latente dentro de si.
Professores são desafiados a aprenderem constantemente. Conforme Paulo Freire (1998, p. 32), o professor deve “pesquisar para conhecer o que não se conhece”. Ao trabalhar com desenhos animados será necessário estar atento a diversidade presente em cada classe. Cada criança conta com predisposição para algo, como a música, o teatro, o desenho, dentre outras. Por isso é necessário observar essas diferenças para realizar a escolha de um desenho que adeque ao grupo de crianças.
Para Alberto Lucena Junior (2001):
Muito melhor desenhista que Disney, Iwerks vai desenhar todos os filmes da década de 1920 no estúdio, sendo inclusive, o responsável pela concepção gráfica do camundongo Mickey. Ele se separa de Disney no começo dos anos de 1930 para montar sua própria empresa, alegando ‘diferenças estéticas’ – naquela época especulava-se que Ub Iwerks era o ‘gênio secreto’ por trás dos desenhos animados de Walt Disney. De fato, extremamente talentoso, Iwerks foi um dos grandes animadores da história. Mas não tinha a visão de Walt Disney, estava demasiadamente preso a questões rotineiras de desenho e não percebia o conjunto mais amplo envolvendo o desenvolvimento estético, mecânica da animação, narrativa, etc. seu afastamento de Disney significou não apenas o seu fracasso, mas a evidência do diferencial criativo que tornava Walt Disney a força propulsora do desenvolvimento técnico e artístico da animação.
Este exemplo nos leva a refletir que técnica e criatividade devem caminhar juntos, para obter o sucesso de um desenho animado, ou de um planejamento a ser realizado em sala de aula.
Para utilizar este recurso em sala de aula é essencial que o educador tenha um bom planejamento que contemple os objetivos e habilidades desejadas. O desenho animado pode proporcionar uma ótima experiência com as mídias no contexto escolar, sendo oportunizado como uma ferramenta de expressão e criatividade, independente de em qual nível de ensino ele seja utilizado.
Através de uma proposta pedagógica de ensino o desenho animado pode ser desenvolvido em sala de aula. Pode-se explorar a linguagem desta arte abordando diversos conteúdo do contexto escolar.
O desenho animado é uma proposta que frequentemente está relacionada com uma diversidade de conteúdos da área artística, mas que atende satisfatoriamente todas as áreas de ensino, sendo utilizado para um ensino interdisciplinar. Para Coimbra (2000):
O interdisciplinar consiste num tema, objeto ou abordagem em que duas ou mais disciplinas intencionalmente estabelecem nexos e vínculos entre si para alcançar um conhecimento mais abrangente, ao mesmo tempo diversificado e unificado. Verificasse nesses casos, a busca de um entendimento comum (ou simplesmente partilhado) e o envolvimento direto dos interlocutores.
O uso do desenho animado, de forma geral na educação, não se limita ao uso como material pedagógico. Este surge como uma nova possibilidade de leitura do mundo (TURNER, 1997).
A maior dificuldade em usar este recurso em sala de aula se dá pelo fato de os currículos dos cursos de formação dos professores e licenciatura não possuírem o desenho animado e demais recursos midiáticos como objeto de estudo uma educação com, para e através dos meios de comunicação (PONTES; PENTEADO, 20011). Por isso muitos professores necessitam ser capacitados para o uso destas mídias. Para Fischer (2007), uma formação adequada para este fim leva o docente a:
[...] apanhar cada produto midiático em sua concretude histórica, comunicacional, mercadológica, política e também como material que é produzido e veiculado segundo determinado aparato técnico que, por si mesmo, também produz efeitos em nos (FISCHER, 2007, p. 296).
Em relação à capacitação para a “leitura” da animação, Bento (2009) relata que:
A educação do olhar permite que se tenha discernimento ao realizar um trabalho educativo, por exemplo, a partir da experimentação do cinema de animação, este que possui, além de produções permeadas por ideologias, uma cama de filmes ricos em temas geradores, em cultura, em fantasia, em criatividade e em diversos conteúdos escolares. Sob esse prisma, não se pode descaracterizar o cinema de animação como uma instancia pedagógica, que também agrega valores educacionais educativos significativos no sentido de contribuir para a construção do imaginário e instituição de comportamentos e hábitos (BENTO, 2009, p. 64).
Diante de tudo que foi exposto a partir dos teóricos, aprender a “ler” um desenho animado nos leva a compreender o mundo. A partir disto produzimos conhecimentos e passamos a entender e utilizar este recurso como gerador de significações para aquele que o assiste.
4.0 O desenho animado no contesto da Educação Infantil utilizado como apoio pedagógico na perspectiva de um novo modelo de ensino
Neste capítulo, são apresentados os métodos utilizados na realização desta pesquisa. Apresentando o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que permitem ao pesquisador alcançar seu objetivo com maior propriedade.
A presente pesquisa desenho animado: a mídia enquanto desafios e possibilidades de aprendizagem baseiam no pressuposto metodológico de pesquisa qualitativa que leva em conta a realidade do sujeito.
De acordo com Minayo (2013) a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
As observações foram feitas com o objetivo de compreender como é o dia-a-dia das crianças em sala de aula, como ele se portam diante das atividades como desenho animado e filmes infantis. Mais do que observar as crianças foi observado também como a professora desenvolve essas atividades. Foi realizada junto às crianças uma roda de conversa a fim de compreender quais os desenhos favoritos, e se em casa são organizados horários para assistir ou se é livre. Para a finalidade desse trabalho buscou-se em aplicação de questionário para professor e coordenador dessa instituição. Entendemos por pesquisa atividade básica na sua indagação e construção da realidade (Minayo, 2009, p.16).
Entre as diversas técnicas de coletas de dados existentes, optamos por utilizar o questionário, pois o mesmo garante anonimato, deixa em aberto o tempo para as pessoas pensarem sobre as respostas e a facilidade de conversão dos dados para arquivos de computados. Segundo Gil, questionário pode ser definido:
Como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo como objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc (1999, p. 128).
Ainda de acordo com Gil (1999, p. 128), o questionário apresenta as seguintes vantagens sobre as demais técnicas de coleta de dados:
- Possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio;
- Implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exija o treinamento dos pesquisadores;
- Garante o anonimato das respostas;
- Permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais convenientes;
- Não expõe os pesquisadores à influência das opiniões e do aspecto social do entrevistado.
Ele aponta também os pontos negativos da técnica em análise:
- Exclui as pessoas que não sabem ler e escrever, o que, em certas circunstâncias, conduz a graves deformações nos resultados da investigação;
- Impede o auxílio ao informante quando este não entende corretamente as instruções ou perguntas;
- Impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido, o que pode ser importante na avaliação da qualidade das respostas;
- Não oferece a garantia de que as maiorias das pessoas devolvam-no devidamente preenchido, o que pode implicar a significativa diminuição da representatividade da amostra;
- Envolve, geralmente, número relativamente pequeno de perguntas, porque é sabido que questionários muito extensos apresentam alta probabilidade de não serem respondidos;
- Proporcionam resultados bastantes críticos em relação à objetividade, pois os itens podem ter significados diferentes para cada sujeito pesquisado (GIL, 1999, p.129).
Segundo Marconi e Lakatos (1982, p. 74), o questionário é constituído por uma série ordenada de perguntas que são respondidas por escrito. A fim de aumentar a eficácia e validade dos questionários, é necessário observar normas de elaboração, considerando os grupos de perguntas, a organização e suas formulações.
Gil (1999) ressalta que o questionário poderá abordar vários pontos e explica o que é importante na elaboração:
- As perguntas devem ser formuladas de maneira clara, concreta e precisa.
- Deve-se levar em consideração o sistema de preferência do interrogado, bem como o seu nível de informação.
- A pergunta deve possibilitar uma única interpretação.
- A pergunta não deve sugerir respostas
- As perguntas devem referir-se a uma única ideia de cada vez.
As questões abertas permitem ao informante responder livremente, usando linguagem própria, expressando comentários, explicações e opiniões. Porém as respostas dão uma margem maior à parcialidade do entrevistador na compilação das respostas, sendo mais onerosas e demoradas para serem analisadas (MARCONI, LAKATOS, 1982, p. 75).
Optamos por realizar o questionário com pergunta abertas a fim de obtermos respostas livres. Esta opção nos possibilita obter informações que dizem a respeito ao que fazem o que pensam suas opiniões, sentimentos, esperanças, desejos etc.
A Monografia intitulada desenho animado: Enquanto desafios e possibilidades de ensino e aprendizagem busca compreender como esse suporte didático que passou a fazer parte do projeto político pedagógico escolar, vem sendo proposto nos âmbitos escolares, uma vez que em casa isso já faz parte da rotina das crianças.
Para isso a pesquisa foi realizada em uma determinada escola pública da cidade de Juara em uma turma do Pré I, com crianças entre quatro e cinco anos de idade. Para a realização desse trabalho, foi utilizada pesquisa qualitativa que se deu através de observação. Sobre a pesquisa qualitativa, Triviños (1987, p. 157), a pesquisa qualitativa permite analisar os aspectos implícitos ao desenvolvimento das práticas organizacionais, e a abordagem descritiva é praticada quando o que se pretende buscar é o conhecimento de determinadas informações e por ser um método capaz de descrever com exatidão os fatos e fenômenos de determinada realidade.
A Pesquisa teve três etapas, a primeira foi de observação dentro da sala durante a semana, a segunda foi uma roda de conversa com as crianças e o terceiro e último passo foi entregue um questionário para a professora da sala observada e foi escolhida também outra professora da mesma instituição que trabalha em período oposto com crianças do Pré I, com objetivo de comparação. Foi entregue outro questionário para a coordenadora da escola pública da cidade de Juara para sistematizar a junção de minhas observações com as respostas do questionário aplicado as professoras e coordenadora da instituição.
A instituição escolhida para a realização da pesquisa foi uma escola municipal que atende a educação infantil e educação básica até 4° ano. A escola tem como norte principal o (PPP) Projeto Político Pedagógico que é o que sustenta uma instituição escolar. Toda escola tem objetivos e metas a serem alcançados e o PPP é um meio para concretizar essas metas e objetivos, o PPP na verdade são propostas de ações concretas executadas em um determinado período. Segundo LIBANEO (2007, p. 345):
O projeto é um documento que propõe uma direção política e pedagógica para o trabalho escolar, fórmula metas, prevê as ações, institui procedimentos e instrumentos de ação. É pedagógico porque fórmula objetivos e políticos e meios formativos para dar proteção ao processo educativo, indicando porquê e como se ensina e, sobretudo, orientando o trabalho educativo para as finalidades sociais e políticas almejadas pelo grupo de educadores.
Segundo a gestão escolar o PPP é revisto todos os anos e conta com a participação da comunidade escolar com objetivo de analisar o currículo escolar garantido uma educação de qualidade.
O projeto é um meio de engajamento coletivo para integrar ações dispersas, criar sinergias no sentido de buscar soluções alternativas para diferentes momentos do trabalho pedagógico-administrativo, desenvolver o sentimento de pertença, mobilizar os protagonistas para a explicitação de objetivos comuns definindo o norte das ações a serem desencadeadas, fortalecer a construção de uma coerência comum, mas indispensável, para que a ação coletiva produza seus efeitos (VEIGA, 2007, p. 275)
É preciso que a escola construa ações significativas com projetos que garantem de forma positiva a aprendizagem dos alunos, construindo uma escola organizada e sistematizada.
Será apresentado a seguir um conjunto de informações que se refere a dados coletados por meio de observação e questionários aplicados a professores e gestão escolar.
A educação infantil é marcada por brincadeiras e nesse mundo globalizado foi necessário que a escola necessitasse fazer algumas mudanças no currículo escolar pensando em uma educação positiva que garantem a aprendizagem dos alunos. Desse modo seguimos a uma instituição escolar que atende a educação infantil e fomos à busca de informações que esclarecesse como a escola está se adaptando a essa tecnologia e como esses recursos midiáticos no caso o Desenhos animados/ filmes infantis estão sendo proposto em sala de aula e como são desenvolvidas essas atividades.
Durante a semana em que estive observando pude perceber a compreender a professora desenvolvendo as tecnologias em suas práticas pedagógicas, como acontece a aprendizagem e como as crianças reagem aos conteúdos midiáticos que a professora utiliza em suas aulas. Durante a pesquisa foram realizados registro dos acontecimentos, para que fosse possível construir o questionário semi-estruturado para assim propor aos sujeitos da pesquisa.
Durante a observação foi possível compreender que o desenho animado é restrito e é pouco usado por ela pela professora. Pude perceber que a professora não possui muito domínio sobre a tecnologia (desenho animado), percebi a dificuldade de ligar e programar o desenho ou as músicas infantis, quando a questionei sobre os desenhos animados, ela respondeu que prefere desenvolver desenhos educativos como a DORA.
Dora aventureira é um desenho de caráter educativo que apresenta várias aventuras no decorrer da série. Ela é famosa por ter uma interação com o público que parece muito real. Em várias partes do desenho ela ensina a contar, a somar e espera tempos para as respostas como se tivesse conversando com as a crianças.
Após os seis dias de observações fiz uma roda de conversa com as 12 crianças da sala. Questionados sobre desenhos animados, apenas uma delas disse não ter acesso aos desenhos em casa. As mesmas relataram não possuírem horário para assistir desenhos animados. Assistem desenhos livres a hora que quiserem sem o acompanhamento de um adulto. Somente duas crianças possuíam horário determinado pelos pais para assistirem. Apesar da falta de acompanhamento de adultos no horário em que assistem desenhos em casa, constatei pelos seus relatos que assistem animações adequadas para sua faixa etária, tais como Princesa Sofia, Frozen, Marsha e o Urso, Mickey Mouse, O Bom Dinossauro, Lobo Mau e Patati e Patata
Percebi também que o desenho é proposto para criança, mas que não tem um acompanhamento da professora o desenho é como um passatempo, e acaba utilizando esse tempo para fazer outras coisas do seu interesse, e as crianças dispersam muito rápido.
O que se percebe é que as mídias, os recursos tecnológicos, no caso o desenho animado, são sim recursos didáticos que auxilia o professor durante as aulas, mas quando é usado de forma incorreta pode acarretar vários problemas no desenvolvimento da criança.
Os desenhos animados, enquanto elementos da mídia são entendidos como “dispositivos pedagógicos” (FISCHER, 2002) que oferecem elementos de referência para a constituição sociocultural das crianças e que participam de suas aprendizagens. Por isso, a escola deve dialogar com a criança respeitando seus estilos de aprendizagem.
Os estilos de aprendizagem se configuram como elemento importante nos espaços da mediação escolar, pois “referem-se a preferências e tendências altamente individuais de uma pessoa, que influencia na maneira de uma pessoa aprender um conteúdo”.
Desta forma, os estilos de aprendizagem são elementos importantes nos espaços da mediação escolar. São eles que informam sobre as maneiras como as crianças aprendem, ao criarem e recriarem as narrativas dos desenhos animados de acordo com seus interesses e vantagens, construindo e reconstruindo seus conhecimentos, valores, entendimento de mundo, ou seja, suas culturas próprias. Ao reconhecermos esses estilos de aprendizagem das crianças que oportunizamos uma aproximação da escola à cultura infantil e estabelecemos critérios para uma prática pedagógica educomunicativa.
As mídias na educação tornam-se um potencial criativo para desenvolver a formação de leitores mais sensíveis, críticos e participativos na sociedade. Para Martin-Barbero (1999), “as crianças passam mais tempo na TV do que em sala de aula”. Então é importante que os professores estejam antenados ao que elas assistem e encontrar formas de utilizar estes desenhos animados como estratégias pedagógicas em sala de aula. Pois conforme Sanchez (1999), “professores podem ajudar crianças e adolescentes a formar juízos, a elaborar opiniões menos espontâneas e a reconhecer programas de qualidade”. Por tudo isso utilizar as mídias, como o desenho animado, são desafios para os educadores devido à complexidade das tecnologias. E embora existam políticas para investimento em aparatos tecnológicos que permitam aos educadores utilizarem diversas mídias em sala de aula, há realidade ainda nos deixa evidente que muitos professores têm dificuldades em acompanhar esta evolução.
4.4 Questionário para professor
A sociedade ao longo do tempo vem passando por algumas transformações na era da tecnologia, você como professora de uma turma da educação infantil consegue acompanhar os avanços tecnológicos e principalmente o conteúdo que TV oferece a criança?
P1: Sim, pois nós vivemos no mundo de muitas transformações e sempre devemos acompanhar os avanços tecnológicos em busca de uma boa aprendizagem para nossos alunos. A TV oferece uma programação muito versátil que inibe a criança desde cedo a estimular seus conhecimentos e aprender de diferentes formas.
P2: Sim. Procuro sempre me atualizar em relação as novas tecnologias, pois as crianças estão tendo acesso e domínio dessas tecnologias cada vez mais cedo. É importante saber como utilizar essas tecnologias para ajudar o processo de ensino dessas crianças.
Dornelles (2005) em seu livro “infância que nos escapam criança de rua, e da criança cyber, onde ele faz uma comparação de uma criança de baixa renda, sem nenhum contato com a tecnologia e a outra totalmente globalizada”. Como você trabalha essas desigualdades dentro da sala de aula?
P1: Em sala de aula sempre procuro trabalhar com interação com todos os alunos para que os mesmos percebam as diferentes realidades que o cercam.
P2: Acredito que todas as crianças, independentemente de suas realidades, têm muito a ensinar umas às outras.
A prática pedagógica do professor é um dos aspectos imprescindíveis para que possa conseguir alcançar seus objetivos. Diante de uma atividade desenvolvida tendo como proposta um desenho animado, qual é o objetivo a ser alcançado?
P1: O objetivo trabalhado é promover para os alunos o interesse em descobrir o que acontece no filme, o que sua atenção, e como alguns conflitos podem ser resolvidos.
P2: O desenho é escolhido de acordo com o objetivo que quero atingir. Os desenhos são ótimos para desenvolver habilidades como oralidade. Ao relatarem o que assistem em um desenho a criança aprende a recontar histórias, o que auxilia no desenvolvimento.
Quantas vezes por semana você desenvolve esse tipo de atividade?
P1: Depende do plano de aula, mais geralmente 1 vez na semana.
P2: Geralmente 1 vez por semana. De acordo com os objetivos a serem trabalhados se for necessário posso trabalhar mais de 1 vez na semana.
De que forma você avalia o aprendizado de seus alunos nesse tipo de atividade lúdica?
P1: Através da expressão corporal dos movimentos, da dança e também dos contos de historinhas e de desenhos livres.
P2: Observando as habilidades trabalhadas e como elas agem durante a realização da atividade.
O conteúdo midiático tem sobre a criança uma forte representação, em relação aos desenhos que apresentam cenas de violência. Os alunos tendem a reproduzi-las? E quais as ações pedagógicas que o professor usa para minimizar os impactos que as tais cenas podem causar?
P1: Através de uma roda de conversa, procurar sempre orientá-los da melhor forma possível, explicando com bastante clareza sobre as adequadas formas de condutas.
P2: As crianças sempre querem reproduzir o que presenciam, seja uma cena do desenho, da novela, do filme ou até mesmo do cotidiano familiar. Procuro realizar rodas de conversa frequentes para conversarmos sobre o que podemos ou não fazer. Quando acontece algum caso de violência converso com as crianças para que entendam que isso não pode acontecer entre colegas. Mas em sala os desenhos trabalhados não apresentam cenas de violência, pois antes de exibi-los para as crianças assisto e vejo se é adequado para a minha turma e para os objetivos que desejo alcançar.
Nesse exercício de reflexão de imagens, signos, mitos, ritos e símbolos, o desenho animado vem apresentando uma faceta cada vez mais presente: a do poder que se expressa por meio da violência. Enquanto nos desenhos mais antigos mais antigos a morte era um tabu, nas produções mais recentes a morte é dramatizada e ocorre como consequência da violência física. Se a morte é o fim, a violência, por vezes, a torna até generosa.
Sobre isso, Zuckerman (1980) expressa sua preocupação sobre a possível influência dos desenhos animados na formação das crianças. Segundo ele, crianças que assistem regularmente a desenhos animados com cenas de violência podem ter dificuldades para aprender com a relativa calma e o “suave desenvolvimento” da maioria das escolas públicas, nas quais é requerido que se concentrem por períodos de tempo comparativamente longos.
Você acredita que esses conteúdos midiáticos fazem diferença no processo de ensino aprendizagem, ou você o utiliza apenas para cumprir o que está no currículo escolar?
P1: Sim. Porque eles passam a interagir com a tecnologia voltada para o mundo atual.
P2: Acredito que faça muita diferença no processo de ensino aprendizagem. As crianças têm tido acesso as novas tecnologias cada vez mais cedo, por isso é importante utilizar esses recursos para motivar o aprendizado das mesmas.
Em sua formação acadêmica, você obteve conhecimento sobre como mediar os desenhos animados em sala de aula de forma positiva e construtora?
P1: Não.
P2: Uma das disciplinas foi desenvolvido um trabalho utilizando curta metragem na produção de texto. Foi o único momento em que vi algo sobre o uso desse recurso midiático no processo de ensino.
4.5 Questionários coordenadores
Dornelles (2005) em seu livro “infância que nos escapam criança de rua, e da criança cyber, onde ele faz uma comparação de uma criança de baixa renda, sem nenhum contato com a tecnologia e a outra totalmente globalizada”. Como a escola trabalha essas desigualdades dentro da sala de aula?
O professor procura trabalhar de maneira que contemple as diferenças de cada um proporcionando momento de debates e pesquisa.
O planejamento de ensino é ponto de partida para todo professor. Você como coordenadora tem acesso a esses planejamentos? Esse planejamento é feito semanal ou mensal?
Os planejamentos são semanais e segue os direitos de aprendizagem dos educandos, que no início do ano é elaborado junto com a coordenação. Os coordenadores sempre acompanham os professores na hora do planejamento.
A sociedade atual, fortemente marcada pela presença das Tecnologias de Informação e Comunicação, com isso exige ao professor uma atualização nos métodos de ensino. E escola tem oferecido formação para esses profissionais?
Sim, geralmente as formações buscam novas maneiras para incentivar o profissional pesquisar para melhorar sua pratica pedagógica.
Neste contexto de avanços tecnológicos, a escola enfrenta grandes desafios. A escola de hoje precisa propiciar fontes de conhecimento diversificadas e os integrantes de sua equipe pedagógica são os principais autores e colaboradores para essa mudança.
Antes do trabalho com as novas tecnologias entrar nas salas de aula, é preciso um conhecimento e conscientização de sua importância por parte dos coordenadores pedagógicos. Estar articulado com a globalização, os avanços tecnológicos, a interdisciplinaridade, para que assim possa construir projetos educativos voltados para estes aspectos.
Essa é uma tarefa que tem se mostrado, cotidianamente, imprescindível para a equipe pedagógica escolar. Segundo Perrenoud, educar para as tecnologias é:
Formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e a análise de textos e imagens, a representação das redes de procedimentos e estratégias de comunicação (2000, p. 128).
Portanto, ao pensarmos no papel do coordenador em relação às novas tecnologias, é possível nos respaldarmos em Perrenoud (2000, p.125):
Se não se ligar, a escola se desqualificará. A escola não pode ignorar o que se passa no mundo. Ora, as novas tecnologias da informação e da comunicação transformam espetacularmente não só nossas maneiras de comunicar, mas também de trabalhar, de decidir, de pensar.
A melhoria da qualidade do ensino, que é um dos objetivos centrais do Plano Nacional de Educação, somente poderá ser alcançada se for promovida uma boa formação continuada valorizando o uso das novas tecnologias na escola.
Exercendo uma tarefa formadora, a televisão reforça, através do desenho animado, representações e imagens que já circulam no cotidiano das crianças. Acreditamos que não existe entretenimento vazio de significados, desta forma todo desenho animado carrega consigo conteúdos, valores e ideias que são reforçados nas crianças.
Muitos cometem o equívoco de pensar que as crianças estão apenas brincando ao assistirem à TV, ao jogar videogame, ao praticar um esporte – coletivo ou individual – ou até ao assistir um desenho. As crianças, assim como os adultos, estão em constante socialização, de formação, elas aprendem, captam, internalizam elementos da cultura na qual estão inseridas.
Os desenhos animados podem ser uma forma de estimular as crianças a interessarem por temas variados de forma provocativa, interessante e criativa.
As tecnologias estão revolucionando nossa linguagem e a chegada das mídias na escola é instigante e ao mesmo tempo “assustador”, pois muitos educadores reconhecem a importância do uso dos recursos midiáticos para promoverem aulas mais dinâmicas, tornando o ensino mais envolvente e criativo, mas ainda assim muitos se “assustam” por não se sentirem preparados para utilizar as novas tecnologias e os recursos que elas proporcionam em sala de aula.
Através das tecnologias disponíveis é necessário realizar uma transformação na formação dos novos profissionais para que estes aprendam novos caminhos para o uso de recursos como o desenho animado em seus planejamentos.
O trabalho com desenhos animados pode muito ser inserido no contexto escolar, tanto na pré-escola, quanto nos outros níveis da educação básica. Para isso basta que existam projetos, interesse a busca de utilizar a linguagem dos novos tempos como estratégias pedagógicas no desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Para tal é preciso que seja dado um enfoque maior na formação de professores pata o uso das novas tecnologias e maiores investimentos para a quebra das barreiras, principalmente a da inclusão tecnológica para oferecer aos educadores a confiança necessária ao desenvolvimento da aprendizagem das crianças.
Embora os sistemas de comunicação, entretenimento queiram se isentar de suas responsabilidades, jogando para os pais a questão do controle de suas crianças, isso se torna utópico, pois além das crianças se encontrarem cada vez mais tempo sozinhos, os pais são frutos de um sistema no qual não mais conseguem discernir os instrumentos manipulativos utilizados pela mídia em geral.
Desse moro, é imprescindível observar o tempo em que as crianças passam assistindo a desenhos animados, o que tem aumentado devido ao fácil acesso através das diversas mídias existentes na atual sociedade. Para enriquecer a vida de uma criança, Bettlheim (2014, p. 11), afirma que “deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar clara suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam”.
É comum que as crianças queiram imitar os personagens após assistir algum desenho animado, fantasiando-os. Porém, não temos como distinguir o que é imitação e o que é imaginação. Um simples desenho animado pode ser uma ferramenta de manipulação, mesmo que o seu criador não o tenha feito de forma premeditada. Após a análise dos questionários, chegamos à conclusão de que o uso dos desenhos animados como estratégias pedagógicas na pré-escola caracteriza-se como uma ferramenta motivadora.
Finalizo este trabalho evidenciando a importância do uso dos desenhos animados como estratégias pedagógicas. A criança é um ser em construção, não está completamente desenvolvido, o desenvolvimento emocional, vai designar de acordo com o que ela vivencie, sente e faz ao longo dos anos. Na atualidade os pais têm uma vida corrida e não conseguem fazer o devido acompanhamento do desenvolvimento dos seus filhos. E a criança acaba passando muito tempo em frente à televisão e tendo nos desenhos animados algum tipo de reconforto.
Faz-se necessário uma educação televisa nas crianças, principalmente no que se refere aos desenhos animados para ajuda-las a serem seletivas e exigentes no que se refere aos desenhos animados, para que saibam discernir entre a variada gama de programas destinados a elas.
Muitas vezes a criança se identifica com seu herói, que muitas vezes pode vir a ter atitudes agressivas, e a criança que assiste isso passa a ter o mesmo comportamento, através da imitação.
A partir disso percebemos que o efeito nocivo da televisão está no meio, mas não é o principal influente no comportamento das crianças, só temos que descobrir como gerenciar toda essa profusão de mídias de forma a torna-las aliadas no processo de ensino aprendizagem de nossas crianças.
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[1] Revista O Tico Tico – foi à primeira revista a publicar histórias em quadrinhos no Brasil em 1905 informações tiradas do artigo do próprio autor citado (GOMES, 2008).