Atividade lúdica em Psicopedagogia
Karine Aparecida da Costa1
Tatiane Cristina Barreto Julião²
RESUMO
Este artigo apresenta conceitos de diferentes autores sobre o lúdico e destaca como jogos, brinquedos e brincadeiras desempenham um papel significativo no desenvolvimento infantil. Com base nisso, o lúdico torna-se uma ferramenta de grande relevância na intervenção psicopedagógica com crianças que enfrentam dificuldades de aprendizagem. O estudo busca, assim, investigar em que medida essas atividades podem auxiliar no processo de desenvolvimento infantil, de acordo com a perspectiva dos autores revisados. O objetivo principal é realizar uma revisão bibliográfica sobre o uso de atividades lúdicas em psicopedagogia, explorando sua contribuição para o desenvolvimento integral do indivíduo, especialmente nas áreas motora e afetiva. O método adotado é um levantamento teórico. Com esta pesquisa, espera-se contribuir para a área da Psicopedagogia e oferecer apoio aos futuros psicopedagogos.
Palavras-chave: Lúdico. Psicopedagógico. Crianças.
Introdução
O jogo propicia um ambiente muito espontâneo onde a criança de fato vai falar da sua objetividade e vai dar pistas sobre suas dificuldades e habilidades. A prática dos jogos e das atividades até mesmo na instituição escolar; onde quer que essa criança esteja sendo avaliada, ela vai propiciar questões muito importantes como, por exemplo, de que jeito essa criança trabalha com as regras através das regras dos jogos; se ela tenta transgredir as leis; como trabalha em perder ou em ganhar o jogo entre outros.
Há várias possibilidades onde podemos identificar toda a questão envolvendo a aprendizagem, e não apenas ela, mas, também as questões emocionais que estão envolvidas nesse processo, e tudo de uma forma muito tranquila, espontânea aonde de fato observa-se a subjetividade desse sujeito que é o mais importante; porque não vai perceber que está sendo avaliado e isso vai falar a respeito desse indivíduo.
Muitas das vezes questões familiares são trazidas para essa brincadeira também vai poder observar essas questões; até mesmo como as crianças elaboram seus problemas e suas dúvidas. Percebe-se que na prática dos jogos e das brincadeiras um fator muito positivo; essa é a maneira de entrarmos no universo da criança e não apenas apresentar as atividades e os brinquedos a ela, mas, se fazer parceira; e muitas das vezes instrumento dessa criança na brincadeira, para poder de fato perceber no que consiste a aprendizagem.
Nesse sentido fazemos o seguinte questionamento: Como o emprego da ludicidade pode auxiliar no processo de intervenção psicopedagógica?
O objetivo geral deste artigo é realizar um levantamento bibliográfico sobre o lúdico como elemento facilitador do desenvolvimento cognitivo, promovendo o despertar de potenciais nas áreas motora, afetiva e cognitiva.
A pesquisa se caracteriza como uma revisão bibliográfica, que, conforme Gil (2010), “[...] é desenvolvida com base em materiais já existentes, compostos principalmente por livros e artigos científicos.”
Desenvolvimento
O lúdico e a infância
Segundo Kishimoto (2005), no Brasil, os termos jogos, brinquedos e brincadeiras ainda são usados de maneira indistinta. Na Antiguidade, as atividades lúdicas não eram exclusivas da infância, mas abrangiam toda a sociedade. Mesmo assim, filósofos como Platão e Aristóteles já associavam o brinquedo à educação, unindo a ideia de aprendizado ao prazer (WAJSKOP, 2007, apud Teixeira, 2010).
Na Idade Média, o brinquedo era um objeto de uso coletivo, cujo principal papel era fortalecer os laços sociais e transmitir modos e costumes às crianças. Essas atividades apareciam como formas de entretenimento que incentivavam a participação comunitária e o estabelecimento de relações sociais, ao mesmo tempo em que ressaltavam o papel de cada indivíduo dentro do grupo (TEIXEIRA, 2010, p. 27).
Para compreender o aspecto lúdico, é essencial analisar o universo infantil e o significado da brincadeira para a criança. Nesse contexto, buscamos refletir sobre a infância e a ludicidade na Antiguidade, fundamentados em Vigotski (2003), para justificar a necessidade de que a educação formal inclua o jogo, a brincadeira e a imaginação como elementos de aprendizagem nas instituições escolares, criando, assim, ferramentas que favoreçam a ação psicopedagógica.
O Lúdico e a Aprendizagem
A educação escolar, as práticas lúdicas têm como intuito desenvolver várias funções motoras e cognitivas que serão essenciais ao longo da vida e tornar o processo de aprendizagem mais prazeroso, significativo e interessante aos alunos. Na Educação Infantil essa metodologia é essencial, já que é nessa etapa que as crianças geralmente têm os primeiros contatos com a escola. O lúdico se torna um facilitador das aprendizagens, um modo dos estudantes expressarem suas vivências e compreenderem o mundo ao seu redor, se socializarem e desenvolverem seus aspectos cognitivos e funções motoras.
Ao possibilitar as atividades lúdicas às crianças, sabe-se que elas convivem em diversos meios e o brincar proporciona vivenciar reais situações do seu cotidiano. Entretanto, é na família e na escola que ocorrem os primeiros processos de socialização e de aprendizagem voltados ao desenvolvimento das crianças. E são estas instituições que exercem um papel decisivo no processo de sua formação, estabelecendo relações com o brincar como método lúdico que auxilie o ensino.
A importância da valorização da ludicidade no desenvolvimento infantil está relacionada aos benefícios que ela possa trazer para o aprendizado das crianças, tornando-a uma prática mais prazerosa e significativa para seu desenvolvimento. Além disso, “a aproximação da instituição educativa com a família incita-nos a repensar a especificidade de ambas no desenvolvimento infantil” (OLIVEIRA, 2002, p. 175).
Consideramos que a abordagem do brincar na infância tanto por parte do professor quanto pelas famílias são necessárias atividades mais interativas a serem trabalhadas em sala de aula e na aprendizagem das crianças. Com isso, a relevância de estudo desses temas parte do pressuposto de que é possível as famílias participarem com mais afinco e envolvimento com trabalhos pedagógicos de forma mais significativa e em parceria com professores da Educação Básica envolvendo-se nas questões sobre a ludicidade.
A escola atua como facilitadora do processo de interação entre escola e família e familiares e crianças. Poletto (2005) atribui à escola o papel de conscientizar os as famílias de que as experiências por meio do brincar são apropriadas e vitais para o desenvolvimento de todas as crianças.
Ao mesmo tempo em que se enraízam nas culturas familiares locais, as estruturas de educação infantil modificam também o contexto cultural de socialização da criança m todos os grupos sociais. A participação dos pais e outros familiares em conselhos escolares e na organização de festas nas creches e pré-escolas serve para agregar experiências e saberes e para aproximar os contextos de desenvolvimento das crianças, articulando suas experiências (OLIVEIRA, 2002, p. 182).
Por sua vez, é necessário nesse processo interativo a escola se coloque a renovação de práticas lúdicas para o desenvolvimento integral de toda e qualquer criança e esteja aberta a processos participativos e democráticos junto as famílias dessas crianças.
Segundo Oliveira (2002), tem-se observado que a corresponsabilidade educativa das famílias e da creche ou pré-escola orienta-se mais para reciprocas acusações do que por uma busca comum de soluções.
As equipes das creches e pré-escolas, apesar de reconhecerem a importância do trabalho com a família, costumam considerá-la despreparada e menos competente que o professor, particularmente em se tratando de famílias de baixa renda ou famílias formadas por pais adolescentes (OLIVEIRA, 2002, p. 177).
É por meio das brincadeiras que as crianças começam a desenvolver a motricidade, a atenção, a sociabilidade, a imaginação e a criatividade. Vigotsky (2003) destaca que as crianças não raciocinam da mesma forma que os adultos; elas são construtoras ativas do próprio conhecimento, criando e testando constantemente suas próprias teorias sobre o mundo. Conforme Freire (2002), uma criança pequena, que ainda não desenvolveu plenamente a linguagem verbal, tende a imitar os gestos que observa, utilizando essa capacidade de forma lúdica e prazerosa, como um “jogo de exercício” que representa o ato corporal.
O lúdico como recurso pedagógico
Lúdico é qualquer atividade que está estreitamente ligada a jogos, brinquedos, brincadeiras e a tudo que possa gerar divertimento e até mesmo que auxilie no processo de ensino aprendizagem. (KISHIMOTO, 1997)
As atividades em geral devem ser usadas no dia a dia escolar com o objetivo de ajudar no desenvolvimento da criança, não somente enquanto estudante, mas, também em processo de desenvolvimento e formação. Piaget em seu livro “A psicologia da criança” diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa.
Durante as atividades lúdicas, cada elemento é de extrema importância para o desenvolvimento da criança e o que se propõe a ser desenvolvido. Os brinquedos estimulam a expressão das imagens, que por muitas vezes apresentam aspectos como da realidade e um dos principais objetivos dos brinquedos é dar à criança um substituto dos objetos reais para que possa manipulá-los e assim se familiarizar. De acordo com Weiss (2004) O espaço lúdico durante o diagnóstico traz possibilidade de um melhor entendimento da real situação e nível de desenvolvimento do aprendente.
Atuação do Psicopedagogo na perspectiva do Lúdico
A psicopedagogia não é a junção da pedagogia com a psicologia. A psicopedagogia trabalha com a aprendizagem humana, o processo em que se dá essa aprendizagem.
Segundo Barbosa:
A psicopedagogia como área que estuda o processo ensino/aprendizagem, pode contribuir com a escola na missão de regaste do prazer no ato de aprender e da aprendizagem nas situações prazerosas. (BARBOSA, 2001).
Para Maluf (2009, p. 23) “todas as atividades lúdicas propiciam a experiência completo do momento, associando o ato, o pensamento e o sentimento”. O trabalho psicopedagógico juntamente com as atividades lúdicas é realizado rotineiramente. Através de diversas estratégias como os jogos, brincadeiras, danças, músicas, histórias, fantoches e atividades com o corpo, que elas vivenciam e experimentam concretamente a aprendizagem.
Para que as crianças entrem em contato com o conhecimento, informação e para que elas desenvolvam as suas habilidades para que sejam capazes de desenvolver uma linguagem e aprender a dominar todo o tipo de informação, os psicopedagogos utilizavam as atividades lúdicas em suas práticas pedagógicas.
Considerações finais
Desde o nascimento o indivíduo faz parte de uma instituição social organizada que é a família, mas, depois ao longo da vida ele integra-se a outras instituições que são as escolas, faculdades e empresas; e assim percebemos a necessidade da inclusão da psicopedagogia, esses profissionais que vão estudar e acompanhar como acontece a relação interpessoal.
Quando a criança brinca, ela desenvolve algumas áreas como: as questões afetivas, sociais, cognitivas, motoras. Temos que entender que toda brincadeira seja ela dentro de uma escola, clínica ou dentro de casa ela precisar ter algum sentido, porque a criança vai desenvolver algumas áreas, então se não delimitar à criança e não orientá-la aquilo pode ser um tempo perdido; então é muito importante que se atente que essas quatro áreas das crianças são desenvolvidas ao mesmo tempo e alguns estudiosos tem dito que na educação apesar de estudarmos sobre o lúdico; na educação as crianças tem usado a brincadeira como artifício didático e que muitas vezes no período de recreação as crianças brincam apenas como passatempo e não como algo direcionado.
Quando pensamos em trabalhar com a ludicidade tem que estar intencionada, está implícito na brincadeira que há um desenvolvimento, então cabe a nós direcionarmos essas brincadeiras, esse lúdico para as crianças.
Referências
Barbosa LMS. A Psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba: Expoente; 2001.
FREIRE, J. B. Educação de Corpo Inteiro: teoria e prática da educação física. 4ºed. São Paulo: Scipione, 2002.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
KISHIMOTO, Tikuzo Morchida, O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
TEIXEIRA, Sirlândia Reis de Oliveira. Jogos, brinquedos, brincadeiras e brinquedoteca: Implicações no processo de aprendizagem e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Wak, 2012
VIGOTSKI, Lev Semenovich. A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
WEISS, L. M. L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 10. ed. Rio de Janeiro: DP & A, 2004.
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