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O lúdico e suas contribuições na intervenção psicopedagógica no processo de ensino e aprendizagem

Carolina Samanda Rodrigues1

 Claudete T. de Barros Pereira de Barros 2

Ivete A. de Barros Santos 3

Lurdes Mariano Mendes 4

Rosimere Maria Quirino 5

 

DOI: 10.5281/zenodo.13749157

 

 

 

RESUMO

Este artigo foi construído a partir de embasamento teórico utilizando falas de alguns autores em relação o lúdico e de como os jogos, brincadeiras e outras intervenções lúdicas podem contribuir no processo de ensino e aprendizagem da criança. Por fazer parte do cotidiano da criança, o lúdico tem uma grande importância no trabalho de intervenção psicopedagógica, utilizado com crianças que de alguma forma demostraram dificuldades na aprendizagem. A delimitação por esse tema de estudo originou-se do anseio despertado durante esse curso de pós-graduação. Portanto, com esse estudo pretendemos alancar pontos importantes sobre a importância do lúdico no processo de desenvolvimento da criança. O objetivo geral da pesquisa baseou-se em realizar, levantamento bibliográfico em relação ao lúdico como uma metodologia facilitadora no processo de desenvolvimento infantil. Que teve como intuito trazer contribuições para a área psicopedagógica.

 

Palavras-chave: Lúdico. Desenvolvimento infantil. Psicopedagogia.

 

 

ABSTRACT

This article was built on a theoretical basis using statements from some authors in relation to play and how games, games and other playful interventions can contribute to the child's teaching and learning process. Because it is part of a child's daily life, play has great importance in psychopedagogical intervention work, used with children who in some way have demonstrated difficulties in learning. The delimitation for this topic of study originated from the desire awakened during this postgraduate course. Therefore, with this study we intend to highlight important points about the importance of play in the child's development process. The general objective of the research was based on carrying out a bibliographical survey in relation to play as a facilitating methodology in the child development process. The aim was to bring contributions to the psychopedagogical área.

 

Keywords: Playful. Child development. Psychopedagogy

Introdução

 

Este estudo é consequência de indagações que surgiram ao decorrer deste curso de pós-graduação, no qual me despertou o interesse em compreender de que forma o lúdico pode contribuir no ensino e aprendizagem, e de qual forma pode ser utilizado em intervenções psicopedagógicas, esta pesquisa foi desenvolvido numa perspectiva bibliográfica.

 

Aprendizagem é toda atividade cujo resultado é a formação de novos conhecimentos, habilidades, hábitos naquele que a executa, ou a aquisição de novas qualidades nos conhecimentos, habilidades, hábitos que já possuam. O vínculo interno que existe entre a atividade e os novos conhecimentos e habilidades residem no fato de que, durante o processo da atividade, as ações com os objetos e fenômenos formam as representações e conceitos desses objetos e fenômenos. (GALPERIN, 2001, p.85).

 

Partimos do pressuposto de que o desenvolvimento do ser humano se dá durante toda sua vida, e o meio onde vive e de fundamental importância, portanto entendemos ser o lúdico um excelente aliado para a psicopedagogia no processo de desenvolvimento da criança.

 

O jogo é um instrumento pedagógico muito significativo. No contexto cultural e biológico é uma atividade livre, alegre que engloba uma significação. É de grande valor social, oferecendo inúmeras possibilidades educacionais, pois favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade, participando e questionando os pressupostos das relações sociais tais como estão postos. (KISHIMOTO, 1996 p. 26).

 

O psicopedagogo utiliza o lúdico como forma de investigar de que forma a criança aprende, o sentimento da criança pode ser notado na forma de brincar. Conforme afirmações de Weiss (2004) O uso lúdico durante o diagnóstico pode propiciar uma maior compreensão em relação ao nível de desenvolvimento do indivíduo. Portanto intervenção psicopedagógica pode utilizar os jogos pedagógicos ao seu favor, tanto para diagnóstico como para tratamento.

Nesse sentido elencamos os seguintes questionamentos, que servirão de norteadores em nossa pesquisa: Qual a relevância do uso do lúdico nas intervenções psicopedagogia no processo de aprendizagem? O lúdico é mesmo motivador na aprendizagem da criança?

No entanto, apesar dos questionamentos, sigo na hipótese de que o lúdico é primordial no processo de ensino aprendizagem, já que o brincar está presente na vida de todas as crianças.

 

As atividades lúdicas são muito mais que momentos divertidos ou simples passatempos e, sim, momentos de descoberta, construção e compreensão de si; estímulos à autonomia, à criatividade, à expressão pessoal. Dessa forma, possibilitam a aquisição e o desenvolvimento de aspectos importantes para a construção da aprendizagem. Possibilitam, ainda, que educadores e educando se descubram, se integrem e encontrem novas formas de viver a educação (PEREIRA, 2005, p. 20).

 

Para melhor resultado do estudo delimitamos nossa pesquisa em: em um trabalho elaborado através de pesquisa bibliográficas em relação do lúdico como fator auxiliar no desenvolvimento, elencar como o lúdico pode auxiliar no desenvolvimento infantil, e suas contribuições no trabalho do psicopedagogo.

Sobre a metodologia, a Pesquisa Bibliográfica, Gil (2006, p. 45) afirma que “a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”.

A proposta desta pesquisa foi de caráter qualitativo, que segundo Minayo (2010, p. 21), aponta a pesquisa qualitativa como aquela que “trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes”.

Posteriormente trataremos dos resultados obtidos através das fundamentações dos autores pesquisados, finalizando com as considerações finais e potenciais contribuições da pesquisa.

 

 

Desenvolvimento

 

Partimos inicialmente com definições de autores, que enfatizam o caráter interdisciplinar da psicopedagogia. De início o objetivo da psicopedagogia era de trabalhar na área clínica, porém acabou sendo levado para a escola, devido a necessidades e indagações que surgiram através de diversas pesquisas. 

 

De acordo com Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (VISCA apud BOSSA, 2000, p. 21).

 

A psicopedagogia tem basicamente como objeto de estudo o desenvolvimento cognitivo humano e ser pode ser utilizada como uma intervenção curativa, tanto como preventiva. 

 

A Psicopedagogia apresenta uma complexidade no seu objeto de estudo e necessita de conhecimentos específicos de outras teorias. A Psicanálise, Psicologia social, Epistemologia e Psicanálise Genética, Linguística, Pedagogia e Fundamentos na Neurociência, são algumas das teorias que embasam o trabalho psicopedagógico. (BOSSA, 1992, p. 40 e 41)

 

Sabe-se que a aprendizagem é um fenômeno complexo, já que cada indivíduo se desenvolve de formas diferentes e em tempos diferentes, portanto o seu estudo utiliza recursos de diversas áreas de conhecimento.

No entanto, a psicopedagogia ainda procura a sua identidade e espaço de atuação, no Brasil ela pode ser exercida por diferentes profissionais. A atuação do psicopedagogo pode ser desenvolvida em clínica ou no âmbito institucional. A psicologia institucional pode atuar em diversas áreas: familiar, hospitalar, educacional e empresarial, para melhor compreensão iremos voltar um pouco na história e entender como a psicopedagogia surgiu, para tanto vamos utilizar contribuições de alguns autores.

De acordo com Bossa (1992), o longo do séc. XIX surgiu à psicologia, como ciência que explica algumas áreas do conhecimento, utilizando conceitos básicos da biologia na construção do corpo humano, objeto esse o qual a psicologia estuda. Foi neste período que surge os primeiros testes em escolas que tinha por objetivo explicar as diferenças do rendimento escolar e a escolarização dos alunos.

Janine Mery, psicopedagoga com seus trabalhos trouxe considerações relevantes para aquele período, foi quem adotou o termo psicopedagogia para descrever ações terapêuticas, para aqueles que demonstrassem dificuldades no aprendizado. No entanto outros estudiosos se dedicaram as crianças com algumas limitações de aprendizagem, como: Pestalozzi, Seguin., George Mauco, Pereire e também Itard (BOSSA, 1992).

O francês George Mauco, segundo (BOSSA, 1992), foi o fundador do primeiro centro médico-psicopedagógico na França, responsável por fazer articulações entre diversas áreas, como por exemplo: medicina, psicologia, psicanálise e pedagogia para que assim pudesse tentar resolver problemas de comportamento e de aprendizagem nos indivíduos.

No mesmo período surge no Estados Unidos centros voltados aos aspectos médicos para atendimento de crianças com dificuldades de aprendizagem, porém centros que utilizavam o trabalho de diversos profissionais com psicólogos, educadores e assistentes sociais, foi criado na França, e somente no ano de 1956 foi iniciada a formação em universidades em psicopedagogia. Surgindo consequentemente na década de 70 centros que realizavam diagnóstico e tratamento com psicopedagogos. (BOSSA, 1992).

A chegada da psicopedagogia no Brasil ocorreria alguns anos depois, ainda sobre grande influência da região Argentina. A escola Guatemala criada na década de 80 foi quem iniciou cursos de especialização com enfoque nesta área, portanto esses pequenos relatos históricos são dados de suma importância que nos auxilia na compreensão dessa área de estudo que está passando por constantes descobertas e aprimoramentos.

Conforme Bossa (1992 p. 55), a Argentina influenciou a prática da Psicopedagogia no Brasil, por causa da sua proximidade geográfica e da facilidade de entendimento da língua e acesso à literatura.

Segundo afirmações de Bossa (1992), a psicopedagogia é uma área de atuação, pois a mesma ainda não é uma área de profissão registrada legalmente. Portanto a psicopedagogia, tem como papel de criar facilitadores e identificar comprometedores no processo de ensino aprendizagem, diante disso iremos nos aprofundar no uso do lúdico e suas contribuições nas intervenções psicopedagógicas.

O uso de diversas técnicas e didáticas diferentes é de suma importância no ensino, portanto o lúdico é um excelente recurso para se obter ótimos resultados no processo de ensino e aprendizagem, porém essa prática exige um bom planejamento.

Antunes (2003) cita também que:

 

O jogo é o mais eficiente meio estimulador das inteligências, permitindo que o indivíduo realize tudo que deseja. Quando joga, passa a viver quem quer ser, organiza o que quer organizar, e decide sem limitações. Pode ser grande, livre, e na aceitação das regras pode ter seus impulsos controlados. Brincando dentro de seu espaço, envolve-se com a fantasia, estabelecendo um gancho entre o inconsciente e o real (p.60).

 

A utilização no processo da aprendizagem, pode auxiliar tanto no desenvolvimento de diversas áreas do indivíduo, como por exemplo, na interpretação, na organização de pensamento, no cognitivo, no psicomotor entre outros. Sendo um fator importantíssimo para a aprendizagem, social e educacional. De acordo Vigotski (2003), o lúdico está diretamente ligado à promoção do desenvolvimento da criança, auxilia, para que isso ocorra da melhor forma possível à criança precisa brincar para se desenvolver, pois através dos jogos e brincadeiras a criança passa a interagir com o mundo, para promoções de experiências culturais.

 

O mais simples jogo com regras transforma-se imediatamente numa situação imaginária, no sentido de que, assim que o jogo é regulamentado por certas regras, várias possibilidades de ação são eliminadas. Assim como fomos capazes de mostrar, no começo, de toda situação imaginária contém regras de uma forma oculta, também demonstramos o contrário- que todo jogo com regras contém, de forma oculta uma situação imaginária. O desenvolvimento a partir de jogos em que há uma situação imaginária às claras e regras ocultas para jogos com regras às claras e uma situação imaginária oculta delineia a evolução do brinquedo das crianças”. (VYGOTSKY, 1998, p.125, 126).

 

Durante a brincadeira, ou uma interação lúdica é possível observar alguns aspectos peculiares e seu comportamento, como motores, cognitivos, afetivos e sociais, com o uso de jogos e brincadeiras podemos auxiliar a criança no controle de seus sentimentos, ensinando a seguir regras, a esperar, aumenta sua autoestima e independência, preparando-a para situações que irá vivenciar em seu cotidiano.

 

[...] o jogo está presente nas diversas culturas, representando uma peculiaridade que é natural do ser humano. Além disso, até os animais brincam, dessa forma, o jogo pode ter um sentido biológico. O jogo com regras oferece ao educando a socialização, a expressão do prazer, a forma natural de trabalho, além de ser uma preparação para a vida. (VIGOTSKI, 2003, p. 106).

 

O lúdico, o brincar é uma característica do ser humano e o desenvolvimento da criança está entrelaçado com o ato de jogar, devido ao meio em que vive, neste olhar, Antunes (1998, p. 36), aponta que: “o jogo ajuda o educando a construir suas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem”.

Os jogos e brincadeiras passaram a ser muito importante para o desenvolvimento humano, porém existe outras atividades que também podem ser utilizadas como ações lúdicas, exemplo disso podemos citar a música, pintura entre outros, o que irá definir o uso dessas metodologias será o interesse e a necessidade de cada criança, cabe ao psicopedagogo descobrir qual deverá utilizar.

 

As contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade a que constitui a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança (NEGRINE, 1994, p.19).

 

O papel do psicopedagogo é descobrir as limitações e propiciar ao paciente seu aprendizado. A partir disso, o trabalho psicopedagógico será voltado em trabalhar as habilidades do paciente e não apenas focar em suas limitações.

 

O tratamento começa com a primeira entrevista diagnóstica, já que o enfrentamento do paciente com sua própria realidade, realidade esta que provavelmente nunca precisou se organizar em forma de discurso, o obriga a uma série de aproximações, avanços e retrocessos mobilizadores de um conjunto de sentimentos contraditórios (PAÍN, 1992, p. 72).

 

Fernández (1991) destaca que, os pacientes que têm dificuldades de aprendizagem, correlativamente, têm déficit no jogar. Portanto os lúdicos como processo de intervenção modificam positivamente a aprendizagem. A autora explica que:

 

A prática clínica nos demonstrou, por outro lado, como ao instrumentar o brincar no tratamento, criando este espaço compartilhado de confiança, pode-se ir modificando a rigidez das modalidades de aprendizagem sintomáticas. Dizemos que o objetivo do trabalho psicopedagógico dirige-se a ajudar a recuperar o prazer perdido de aprender e a autonomia do exercício da inteligência, esta conquista vem de mãos dadas com o recuperar o prazer de jogar. Para jogar, necessita o se de um outro, e um espaço de confiança (FERNÁNDEZ, 1991, p. 166-167).

 

Portanto, o lúdico auxilia no estímulo de todas as habilidades, potencialidades, desenvolvimento social, motor e cognitivo, sendo um aliado de grande valia para o trabalho do psicopedagogo, seja ele no âmbito clinica ou no institucional. 

De acordo com Piaget citado por (Wadsworth, 1984, p. 44),

 

O jogo lúdico é formado por um conjunto linguístico que funciona dentro de um contexto social; possui um sistema de regras e se constitui de um objeto simbólico que designa também um fenômeno. Portanto, permite ao educando a identificação de um sistema de regras que permite uma estrutura sequencial que especifica a sua moralidade.

 

Dentro desta perspectiva (Friedman, 1996, p. 41) considera que:

 

Os jogos lúdicos permitem uma situação educativa cooperativa e interacional, ou seja, quando alguém está jogando está executando regras do jogo e ao mesmo tempo, desenvolvendo ações de cooperação e interação que estimulam a convivência em grupo.

 

O lúdico é uma forma eficaz e bem-sucedida para se obter um bom aprendizado, o uso de jogos e as brincadeiras, entre outras práticas lúdicas têm como principal atributo instigar o desejo de aprender, sendo assim, é possível afirmar que o brincar é essencial para o ensino e aprendizagem da criança, porém não é apenas para a criança, mas sim para todos, o que difere são as suas necessidades.

 

 

Conclusão

 

Esse estudo utilizou levantamentos bibliográficos. Diante dos resultados obtidos, percebe-se que de fato o lúdico é de grande valia no processo de ensino aprendizagem, independente da faixa etária, sabe-se que o brincar é de primordial importância para o desenvolvimento harmonioso e saudável do psiquismo, sociabilidade, linguagem, cognição e coordenação motora da criança.

É de suma relevância que os psicopedagogos, enxerguem o indivíduo, em especial a criança, foco de nossa pesquisa como um ser único que está em constante desenvolvimento.

Por tanto o uso de recursos e estratégias de ensino através do lúdico, devem ser utilizadas como ferramentas e técnicas para proporcionar um desenvolvimento com maior qualidade daqueles que precisam de atendimento especializados de um psicopedagogo (a).

Diante dos pontos elencados em nossa pesquisa, com embasamento em diversos autores, pressupõem que a utilização dos recursos lúdicos é de extrema importância para uma intervenção psicopedagógica, diante as diversas dificuldades de aprendizagem encontradas, nesta perspectiva podemos afirmar que o lúdico é um fator imprescindível no processo de aprendizagem e serve também de aprimoramento nas ações psicopedagógicas.

Portanto, o papel do psicopedagogo é de auxiliar as crianças no seu processo de ensino aprendizagem, para isso é importantíssimo criar estratégias e metodologia específica para cada caso, com o objetivo de que ela ou aprenda, pois cada um aprende de uma forma única, e temos que respeitar suas especificidades.

 

 

Referências

 

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