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O BRINCAR, A BRINCADEIRA LIVRE E A CONTRIBUIÇÃO DOS EDUCADORES PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS

Mariana da Silva dos Santos

 

 

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo compreender e analisar a função dos educadores para promover o desenvolvimento infantil através do brincar livre na Educação Infantil, entendendo que é no brincar que exprime possibilidades, as relações sociais e elabora sua autonomia. O brincar livre é uma brincadeira onde a criança é quem comanda e dita as regras, o tempo e o ritmo fundamentada na possibilidade da criança escolher e descobrir suas brincadeiras com a menor intervenção possível, pois são os educadores quem escolhem os objetos, criam o contexto físico e resguardam a segurança das crianças. As descobertas levam a reflexão e fazem avançar a compreensão sobre a função dos educadores acerca da brincadeira livre tendo como incumbência de desenvolver, documentar, investigar e planejar práticas relacionadas ao brincar no seu cotidiano. Para fundamentar esse estudo foram utilizados como suporte teórico os seguintes autores: Corsaro (2011), Kishimoto (2002; 2005), Heaslip (2006), Moyles (2006), Sayão (2002), Soares (2017) e Vygotsky (1987). A brincadeira livre promove a criatividade, espontaneidade e interação entre as crianças; oportuniza trazer seu universo familiar e social para a brincadeira; contribui com a construção da sua identidade e da sua expressividade, todavia, não indica que, na brincadeira livre, dispense a observação dos educadores, o que implica num investimento maior deste profissional, para a apreensão da singularidade infantil a fim de promover o brincar livre de forma segura e saudável priorizando o bem-estar para o desenvolvimento das crianças inseridas na Educação Infantil.

 

Palavras-chave: Brincar Livre; Criança; Desenvolvimento Infantil; Educadores;

 

 

INTRODUÇÃO

 

"Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo. Se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem." (Carlos Drummond de Andrade)

 

A brincadeira é uma das principais atividades na vida dos bebês e das crianças pequenas. Brincando, a criança aprende a se comunicar, desenvolve a imaginação e diversos tipos de habilidades, inclusive motoras. O brincar na primeira infância tem um papel central no desenvolvimento infantil, como uma porta de entrada para desvendar sensações e sentimentos, inclusive na relação com seus cuidadores. O brincar é compreendido como toda atividade que traduz comportamentos imaginativos e que ajuda no desenvolvimento da criança. Quando se está brincando, é possível conduzir a atividade de acordo com os interesses de quem realiza a atividade, sejam eles relacionados a tempo, organização, limites ou regras. A importância de brincar na primeira infância tem relação com o desenvolvimento cerebral, pois uma criança que conta com estimulações cerebrais na infância acaba se desenvolvendo melhor. Além disso, as sinapses são muito rápidas na primeira infância, o que faz com a criança possa aproveitar esse momento de interação com as brincadeiras para aprender mais e fazer conexões que formam a base para as suas habilidades cognitivas.

A atividade favorece a junção social das crianças, que podem trocar ideias, experiências e recursos de imaginação. Quando educadores e familiares brincam com a criança, eles ajudam a construir um cérebro saudável e programado para aprender e interagir com os outros, pois um cuidado afetuoso, estimulante e responsivo é um dos melhores indicadores de que essas crianças serão bem-sucedidas na escola e adultos mais felizes e mais saudáveis.

Compreendendo a importância do brincar na infância, que tem sido discutida há tempos pela comunidade internacional, como é evidenciado na Declaração dos Direitos da Criança de 1959 e fortalecido pela Convenção dos Direitos da Criança de 1989. O seguinte artigo tem como função trazer discussões pertinentes referentes ao brincar livre entendido como aquele não direcionado pelos adultos, que acontece de maneira espontânea, quando as próprias crianças decidem do que e como irão brincar. É no livre brincar que as crianças se expressam e se relacionam com o mundo a sua volta, criando a si mesmas e novos mundos possíveis.

O que é o brincar livre? E qual seria a atuação dos adultos/educadores para promover um brincar livre seguro para as crianças? Tais questionamentos servem como base para a fundamentação teórica deste trabalho que foi desenvolvido em três capítulos: “O brincar” que conceitua o brincar e sua importância para o desenvolvimento das crianças; o segundo refere-se ao “Brincar Livre” que expõe as ideias de Emmi Pikler acerca dessa atividade fundamental no desenvolvimento de bebês e crianças pequenas, e também, como promover essa proposta de forma segura e saudável a fim de promover o desenvolvimento infantil e a autonomia; o terceiro e último capítulo trata-se sobre “O papel dos educadores para o brincar livre na Educação Infantil” que argumenta a importância da segurança dos adultos acerca das iniciativas das crianças para realizar esse brincar compreendendo que a realização de intervenções durante esse ato podem ser prejudiciais para o desenvolvimento infantil.

 

 

O BRINCAR

 

O brincar é uma das formas mais comuns do comportamento infantil, é uma condição essencial para o desenvolvimento integral da criança, pois é através desta ação que a criança conhece o meio em que vive e dialoga com o mesmo, desenvolvendo suas habilidades, criatividade, inteligência e imaginação. O brincar corresponde a um ato de humanização da criança e a experiência do brincar possibilita à criança um melhor conhecimento de si mesma, facilitando também no processo de socialização, devido a situações vivenciadas com outras crianças, ou seja, brincar é uma atividade lúdica, prazerosa e livre.

Vygotsky (1987, p.37) conceitua:

 

O brincar é uma atividade humana criadora, na qual a imaginação, fantasia e realidade integram na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.

 

O modo de brincar traz revelações sobre seu mundo interior, desta forma a criança se apropria de certas características que correspondem à sua realidade sobre o conhecimento adquirido do mundo. Segundo Brougère (apud KISHIMOTO, 2002, p. 20), “brincar supõe, de início, que no conjunto das atividades humanas, algumas sejam repertoriadas e designadas como ‘brincar’ a partir de um processo de designação e de interpretação complexo”. O brincar resume-se a um modo em que a criança consegue se comunicar e reproduzir ações de seu cotidiano, possibilitando aprendizagem e a construção de autonomia. Através do brincar a criança se entrega a novas experiências e aprende a diferenciar o real da imaginação, é como acontece, por exemplo, numa brincadeira de faz de conta, onde as crianças conseguem distinguir a realidade da imaginação.

A criança não nasce sabendo como deve se comportar, pensar ou sentir, então, para que se compreenda o processo de convivência em sociedade é preciso um trabalho educativo. É fundamental compreender que as brincadeiras contribuem não só para o desenvolvimento cognitivo, mas também o motor, o social e o físico. Da mesma forma, é necessário entender que o brincar preenche necessidades que mudam de acordo com a idade, a maturação dessas necessidades é de suma importância para percebermos o brinquedo da criança como uma atividade singular. A criança querer satisfazer certos desejos que muitas vezes não podem ser satisfeitos imediatamente. Como todas as funções da consciência, surge originalmente das ações, pois cada criança é constituída por seus interesses, necessidades e possibilidades até chegar à vida adulta.

 

 

O BRINCAR LIVRE

 

O brincar livre tem suas origens na abordagem desenvolvida pela pediatra húngara, Emmi Pikler, que reconhece a importância de deixar a brincadeira das crianças fluir com interferência dos adultos apenas quando for necessário. A responsabilidade do adulto é selecionar os materiais e pensar no espaço físico destinado ao brincar.

É chamado de brincar livre a brincadeira que inicia pela criança e que segue seu enredo.

É um tipo de brincadeira onde a criança é quem comanda e dita as regras, o tempo, o ritmo. Há muito respeito envolvido e, por muitas vezes, o adulto é convidado a participar deste brincar. Como a criança já possui uma curiosidade intrínseca, se o ambiente e o adulto de referência forem propícios para a brincadeira, a criança consegue relacionar novos conhecimentos com os conhecimentos que já adquiriu, com muita facilidade, apenas brincando. Por exemplo, para assumir um determinado papel numa brincadeira, a criança deve conhecer alguma de suas características. Seus conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas em livros etc. A fonte de seus conhecimentos é múltipla, mas estes encontram-se, ainda, fragmentados. É no ato de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel assumido, suas competências e as relações que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações.

As crianças brincam na maior parte do seu tempo, estejam elas onde estiverem. Não é incomum observarmos adultos correndo atrás delas e pedindo para que parem. As concepções oriundas da cultura adultocêntrica torna as crianças reféns da cultura de imobilização, devemos andar devagar, falar baixo e, se possível, ficar sentados na maioria dos espaços que frequentam. São poucos os lugares em que adultos toleram e estimulam o brincar infantil, sem encará-lo como uma bagunça. Considerando que brincar não é apenas necessidade, mas direito das crianças, as evidências científicas mostram que as instituições de educação infantil devem estar organizadas de acordo com as características das crianças e devem valorizar a brincadeira em seus espaços e tempos, ou seja, a pedagogia da infância é a brincadeira.

Assim como afirma Sayão (2002, p. 57-58):

 

[...] a cultura "adultocêntrica" leva-nos a uma espécie de esquecimento do tempo de infância. Esquecemos gradativamente como, enquanto crianças, construímos um sistema de comunicação com o meio social que, necessariamente, integra o movimento como expressão. Com este esquecimento, passamos, então, a cobrar das crianças uma postura de seriedade, imobilidade e linearidade, matando pouco a pouco aquilo que elas possuem de mais autêntico - sua espontaneidade, criatividade, ousadia, sensibilidade e capacidade de multiplicar linguagens que são expressas em seus gestos e movimentos. Os adultos tendem a exercer uma espécie de dominação constante sobre as crianças, desconhecendo-as como sujeitos de direitos, até mesmo não reconhecendo o direito de se movimentarem.

 

O brincar livre é compreendido como uma oposição a uma brincadeira dirigida, na qual todos devem seguir a série de regras criadas pela professora ou pelos adultos. A ideia desse brincar se fundamenta na possibilidade da criança escolher e descobrir suas brincadeiras com a menor intervenção possível, pois os adultos escolhem os objetos, criam o contexto físico e resguardam a segurança das crianças. É fundamental ressaltar que não se demonstra ao bebê ou às crianças como se deve brincar: elas descobrem por si mesmas. Segundo a pediatra, tentar ensinar a uma criança algo que pode aprender por ela mesma, não apenas é inútil.

Também é prejudicial.

FIGURA 1 - BRINCAR LIVRE

 

FONTE: Disponível em: <https://movimentopikleriano.com.br/> . Acesso em: 29 de jan. 2023.

 

Um ponto fundamental da abordagem pikleriana, para além das creches e escolas, é a importância da atividade autônoma dos bebês e crianças bem pequenas. Eles devem brincar a partir de sua própria iniciativa e se movimentar com liberdade, conquistando por si próprio suas etapas motoras. É essencial garantir que a criança tenha um espaço seguro para brincar livremente, é nesse momento da brincadeira livre que o adulto tem o dever de estar por perto para garantir a segurança das crianças, porém sua interferência deve ser mínima na ação das crianças. A construção da autonomia deve acontecer de forma espontânea e o adulto não tem a necessidade de estimular o bebê.

O ambiente organizado para o brincar livre deve ser suficientemente amplo para que as crianças tenham bastante espaço à sua volta e possam descobrir e exercer suas possibilidades motoras enquanto brinca. Espaços internos precisam ser aconchegantes e seguros, para que o bebe tenha a confiança, e aos poucos, explorar novas possibilidades corporais.

Através da brincadeira, a criança pode experimentar novas situações e lhe é garantida a possibilidade de uma educação criadora, voluntária e consciente. Sendo ela a chave para o desenvolvimento de muitas habilidades, como a criatividade e a capacidade de se relacionar com outras pessoas, além disso, os aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo são plenamente desenvolvidos. São estas habilidades aprendidas durante a infância que acompanharão os indivíduos durante toda a sua vida.

O aprendizado da criança irá depender da diversidade de experiências interacionais que vivenciará na escola ou nos espaços de brincar. Por isso o papel do adulto é tão importante, tendo a responsabilidade de preservar a integridade física das crianças agindo também para garantir a continuidade da brincadeira, fornecendo um conhecimento que as crianças ainda não atingiram.

Assim, a brincadeira é a tarefa mais importante para o desenvolvimento infantil, pois a partir dela as crianças vivem experiências mediadoras de aprendizagens valiosas nas quais expressam seus desejos e descobertas por meio do corpo, de gestos e/ou de palavras. Somente por meio do brincar e de uma efetiva mediação da brincadeira, é possível perceber e respeitar as características de cada criança, compreender sua movimentação, seus motivos e estabelecer vínculos afetivos.

 

 

O PAPEL DOS EDUCADORES PARA O BRINCAR LIVRE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

São muitas as responsabilidades do adulto encarregado de mediar as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças nas escolas de Educação Infantil. Cuidados de saúde, higiene e desenvolvimento integral fazem parte da rotina nestes espaços educativos, o que exige a adoção de uma postura conectada com os interesses e necessidades das crianças atendidas. A atenção desempenhada pelos adultos não se restringe apenas aos cuidados, mas também, no brincar livre.

O educador na brincadeira livre exerce a função de selecionar e higienizar os materiais; descartar aqueles que não podem ser utilizados; criar contextos; pensar em combinações de materiais; observar para conhecer as crianças, percebendo seus interesses, apoiando suas descobertas, maravilhando-se com a sua imaginação. Considerando que oportunizar espaços para o livre brincar das crianças pequenas exige preparação e organização, tanto na distribuição do mobiliário e de materiais, quanto nas intervenções que possam problematizar a brincadeira, o que não é pouca coisa. Segundo Heaslip (2006, p. 129):

 

Estruturar a provisão do brincar, ou, seja lá como for que chamemos a intervenção adulta, não significa determinar o que e como as crianças vão brincar. Ao contrário, significa que o adulto precisa assumir a responsabilidade de oportunizar e promover situações que permitam que coisas aconteçam – coisas apropriadas em termos desenvolvimentais e sociais não apenas para as crianças, coletivamente, mas para cada uma delas, individualmente.

 

O educador precisa estar atento, não só aos materiais necessários para a sessão, mas também fazer-se presente e dando segurança à brincadeira estimulando as crianças a explorarem as potencialidades das atividades e dos recursos disponibilizados. A prontidão e o interesse do adulto auxiliam-nas a se desenvolverem, e também, exerce a tarefa de realizar registros dos momentos de brincadeiras das crianças por intermédio de meios como: fotos, vídeos, anotações, entre outros. Esses registros significam criar memórias afetivas para as crianças e para os educadores e servem como recursos para a criação de uma documentação pedagógica.

O processo de comunicar as experiências das crianças na escola é realizado através da observação, para assim refletir e revelar como as crianças pensam, questionam e interpretam a realidade e a própria relação com a realidade. Como diz Corsaro (2011, p. 15), “através da observação cuidadosa das brincadeiras das crianças, os professores podem documentar sua aprendizagem”. Dessa forma, a Documentação Pedagógica, torna visível suas competências e, ao mesmo tempo, volta ao público a importância da instituição e de seus profissionais para com as crianças.

Os educadores devem observar as iniciativas e as ações das crianças, interferindo quando necessário, sem propor formas de estimular um progresso mais rápido do que o ritmo individual de desenvolvimento. Oferecem possibilidades de escolhas e decisões favorecendo a construção da identidade, da integridade e da autoestima. A segurança afetiva desenvolve-se através do olhar atento do adulto na atividade livre, sem interrupções bruscas ou interferência direta. Entre as interferências inadequadas está a indução verbal, direcionando as ações das crianças. Heaslip (2006, p. 125) observa que, “se a intervenção ocorrer cedo demais ou for excessivamente dirigida, ela destrói a descoberta. Se for tarde demais [...] valiosas oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento podem ser desperdiçadas”. Quando as crianças agem por iniciativa própria, elas vão deparando-se com os limites que a realidade coloca. Por intermédio de suas explorações, aprendem sobre a resistência dos objetos, os obstáculos e as oposições concretas que exigem adaptação à realidade e aceitação das limitações. Os limites externos, ao contrário do que algumas pessoas acreditam, não perturbam o desenvolvimento psíquico da criança, mas permitem a ela evitá-los, superá-los ou aceitá-los, por meio da ação e do processo de amadurecimento.

Com isso, a criança pode conhecer os limites de seu poder sobre o mundo e aprende a buscar estratégias para superar as dificuldades e a tolerar frustrações.

Estar atento para fazer estas intervenções e problematizar as ações das crianças juntamente com elas, à medida que a brincadeira vai acontecendo, é um princípio fundamental para promover e qualificar esse brincar. É dessa maneira que ele pode se tornar uma situação significativa de aprendizagem e desenvolvimento. No entanto, para que isso ocorra, o adulto deve observar atentamente para mediar a brincadeira e reconhecer o momento mais conveniente para fazer intervenções que possam ser contributivas.

 

 

CONCLUSÃO

 

“Uma criança que consegue as coisas por meio da experimentação independente adquire um tipo de conhecimento completamente diferente daquela criança para qual são oferecidas soluções prontas” (Emmi Pikler)

 

Como foi descrito neste artigo, brincar é fundamental para o desenvolvimento psíquico da criança, e também, para a manutenção da própria sociedade uma vez que é por meio das brincadeiras que desenvolvem-se nas crianças aquelas capacidades físicas e psíquicas que são pré-requisitos para o desenvolvimento e manutenção da espécie humana, ou seja, da humanidade. Ao trazer a ideia acerca do brincar livre é pontuado que a criança precisa ter um tempo e espaço para escolher por si com quem quer brincar e do que quer brincar, e que na escola é possível isso acontecer, desde que os atores envolvidos no processo de formação da criança tenha esclarecido o valor da brincadeira para o desenvolvimento infantil.

Diante das ideias e objetivos apresentados foi possível compreender que o brincar livre é a atividade lúdica da criança que segue características libertárias, a fim de que a criança possa montar seu próprio mundo e imaginar. Esse ato ocorre sem regras e nem imposições, sem estímulo para determinada função ou aprendizado, sem metas para algum objetivo, sem tempo determinado, sem a presença direta do adulto, sem tempo determinado e sem a existência de um formato e padrão. No brincar livre, a criança é livre para explorar! Para a cultura adultocêntrica, pode parecer uma liberdade exagerada e sem sentido, tudo solto, mas é justamente isso que as crianças, visto que desenvolvem potencialidades e obtém conhecimentos através do brincar e por brincadeiras.

O papel exercido pelos educadores na brincadeira livre é de selecionar e higienizar os materiais; descartar aqueles que não podem ser utilizados; criar contextos; pensar em combinações de materiais; observar para conhecer as crianças, percebendo seus interesses, apoiando suas descobertas, maravilhando-se com a sua imaginação. Intervenções e demonstrações de como brincar não são desejadas nesse brincar, bem como a interação de forma vazia e evasiva e usar elogios rasos. Os educadores devem fazer perguntas instigadoras, elogiar coisas específicas e procurar descrever o que a criança desenvolve, principalmente, para bebês e crianças bem-pequenas que não verbalizam. É fundamental que os educadores compreendam as suas funções para a promoção do brincar livre de forma segura e saudável priorizando o bem-estar para o desenvolvimento das crianças inseridas na Educação Infantil.

 

 

REFERÊNCIAS

 

BOMTEMPO, Edda A brincadeira do faz de conta: lugar do simbolismo, da representação, do imaginário. In: KISHIMOTO, Tizuko M (org) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação; 8 ed. – São Paulo: Cortez, 2005.

 

BROUGÈRE, G. A Criança e a cultura lúdica. In: Kishimoto, T.M. O Brincar e suas teorias; São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. p. 19-32.

 

CORSARO, William A. Faz de conta: aprendizagem e infância viva. Pátio – Educação Infantil, Porto Alegre, ano 9, n. 27, p. 12-15, abr./jun. 2011.

 

HEASLIP, Peter. Fazendo com que o brincar funcione na sala de aula. In: MOYLES, Janet et al. A excelência do brincar. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 121-132

 

SAYÃO, D. T. Corpo e movimento: alguns desafios para a educação infantil. Revista eletrônica zero a seis, n. 5, jan./jul. 2002b. Disponível em: <www.ced.ufsc.br/zeroaseis.> Acesso em: 25 janeiro. 2023

 

SOARES, Suzana M. Vínculo, movimento e autonomia: educação até 3 anos - 1. ed.-São Paulo: Omnisciência, 2017.

 

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.