A PSICOPEDAGOGIA E A APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS COM TEA (TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO)
ELIANE LEAL LIMA[1]
Artigo científico apresentado à Universidade Candido Mendes – UCAM, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL.
RESUMO
O presente trabalho visa dissertar sobre o tema A Psicopedagogia e Aprendizagem das Crianças com TEA (transtorno do Espectro do Autismo), bem como descrever o autismo de uma forma clara. O autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há quase seis décadas, mas sobre o qual ainda permanecem, dentro do próprio âmbito da ciência, divergências e grandes questões por responder. O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) sempre representou um grande desafio para todos os profissionais que trabalham com crianças que apresentam o transtorno, devido ao seu papel na comunicação humana. O objetivo deste estudo foi revisar criticamente a literatura a respeito do conceito de competência social e dos estudos atualmente existentes na área de autismo e inclusão escolar. Visando ressaltar a necessidade do profissional psicopedagogo na vida acadêmica dos alunos com espectro do autismo, bem como a importância do trabalho do psicopedagogo na orientação ao professor e acompanhamento da criança com autismo. Este artigo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, tratando-se de levantamento, seleção e análise de textos já publicado de vários autores. Buscou-se a inclusão das crianças com autismo no ensino comum desde a educação infantil.
Palavras-chave: Autismo. Aprendizagem. Importância. Psicopedagogo.
Introdução
O presente trabalho visa dissertar sobre A Psicopedagogia e Aprendizagem das Crianças com TEA (transtorno do Espectro do Autismo), bem como descrever o autismo de uma forma clara. O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) sempre representou um grande desafio para todos os profissionais que trabalham com crianças que apresentam o transtorno, devido ao seu papel na comunicação humana. O objetivo deste estudo foi revisar criticamente a literatura a respeito do conceito de competência social e dos estudos atualmente existentes na área de autismo e inclusão escolar A grande importância deste trabalho é mostrar que mesmo com as inúmeras dificuldades, é possível realizar uma inclusão eficaz. Tendo como objetivo ressaltar a necessidade do profissional psicopedagogo na vida acadêmica dos alunos espectro do autismo, bem como a importância do trabalho do psicopedagogo na orientação ao professor e acompanhamento da criança com autismo.
É importante frisar que o profissional da psicopedagogia cabe, acompanhar e orientar o processo de ensino aprendizagem de forma a promover aquisição dos conteúdos acadêmicos, respeitando o repertório de habilidade que o indivíduo já possui e adaptar o material acadêmico quando necessário. Sabendo que nenhum método de intervenção em autismo é eficaz se não tiver plena participação dos pais, das escolas e das equipes que lidam com essas pessoas.
Este artigo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, tratando-se de levantamento, seleção e análise de textos já publicado de vários autores sobre A Psicopedagogia e Aprendizagem das Crianças com TEA (transtorno do Espectro do Autismo) sendo eles: Olivier, Cunha entre outros.
Desenvolvimento
Autismo é um termo geral usado para descrever um grupo de transtornos de desenvolvimento do cérebro, conhecido como transtornos globais do desenvolvimento (TGD). Os outros transtornos globais do desenvolvimento são transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação (TGD-SOE), síndrome de Asperger, síndrome de Rett e transtorno desintegrativo da infância. Muitos pais e profissionais usam o termo “transtornos do espectro do autismo” (TEA) quando se referem a este grupo de transtornos.
O Autismo pode ser definido como uma alteração cerebral, afetando a comunicação do indivíduo com o meio externo. O autista nasce com transtorno neurobiológico, ou seja, uma alteração no desenvolvimento que faz com que ele tenha dificuldades no relacionamento com as pessoas e com o ambiente onde vive. Ele precisa, assim, de ajuda para se desenvolver e superar suas limitações.
Alguns autista apresentam normalidade na inteligência e fala, enquanto outros apresentam também retardo mental, mutismo ou outros retardos no desenvolvimento da linguagem.
Podem ainda ser fechados e distantes, presos a comportamentos restritos e a rígidos padrões de comportamentos. Às vezes, podem desenvolver rituais em outros distúrbios, como balançar-se, agitar as mãos e os braços, entre outros. Há casos raros de autistas com inteligência extrema, geralmente para cálculos matemáticos ou rápida memorização de muita informação, mas isso parece ocorrer de forma mecânica, ou seja, apenas decoram ou desenvolvem essas habilidades, não tendo uma real compreensão do que relatam. (OLIVIER, 2008).
O autismo é entendido como um distúrbio que pode variar do grau leve ao severo, sendo considerado como limitrofia, em casos leves. Alguns podem ser diagnosticados como indivíduos com traços autistiscos e, entre outros, também podem ser visto como portadores da Síndrome de Asperger, que é considerado por muitos como um tipo de autismo com inteligência normal.
O autismo, atualmente, pode ser associado a diversas síndromes, mas isso deve ser visto com cuidado, levando-se em conta a margem de erro de diagnóstico e as características de cada síndrome. Os sintomas podem variar amplamente, por isso, prefere-se definir o autismo como um espectro de transtornos, onde a característica básica é a tríade de comprometimentos que confere uma característica comum a todos eles. Além destes sintomas, existem diversas síndromes identificáveis geneticamente ou que apresentam quadros de diagnósticos característicos, que também estão englobadas no espectro do autismo.
Existem vários sistemas de diagnósticos para a classificação do autismo. Os mais comuns são: a Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde, ou o CID-10, e o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais da Academia Americana de Psiquiatria, ou DSM- V (versão atual).
A definição da CID-10 (2000) consiste em que o Autismo infantil é um transtorno global do desenvolvimento caracterizado por: a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos, e b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (autoagressividade).
De acordo com o DSM-V (2011) O Transtorno do Espectro do Autismo é um distúrbio do desenvolvimento neurológico e deve estar presente desde a infância ou início da infância.
De acordo com a Academia do Autismo o Transtorno do Espectro do Autismo é necessário atender aos critérios A, B, C e D:
- Déficits persistentes na comunicação e na interação social em vários contextos, não atribuíveis a um atraso no desenvolvimento geral, expressando simultaneamente os três déficits:
1.Déficits na reciprocidade social e emocional; que pode variar de abordagem social anormal e incapacidade de manter a alternância na conversa, para reduzir emoções e afetos compartilhados, com a ausência de liderança na interação social.
2.Déficits nos comportamentos de comunicação não-verbal usado em comunicação social; que pode variar de uma comunicação verbal e não-verbal, através de anormalidades no contato visual e linguagem corporal, ou déficits na compreensão e uso da comunicação não-verbal, com a total ausência de expressões faciais ou gestos.
3.Déficits no desenvolvimento e manutenção adequada ao nível de desenvolvimento das relações (além daqueles estabelecidos com os cuidadores); que pode variar da dificuldade em manter um comportamento adequado aos diferentes contextos sociais através de dificuldades na partilha de jogo imaginativo, para a aparente falta de interesse em outras pessoas.
- Padrões de comportamento e interesses restritos e atividades repetitivas que ocorrem em pelo menos dois dos seguintes:
- Fala, movimentos estereotipados ou repetitivos ou manipulação de objetos (estereotipias motoras simples, ecolalia, manipulação repetitiva de objetos, ou frases idiossincráticas).
2.Rotinas de fixação excessiva: padrões ritualizados do comportamento verbal e não-verbal, ou resistência excessiva à mudança (como rituais motores, a insistência em seguir o mesmo caminho ou comer a mesma comida, questionamento repetitivo ou extremo desconforto motivado por pequenas alterações).
- Interesses de intensidade altamente restrita e excessiva (como um elo forte ou preocupações sobre objetos incomuns
- Hiper ou hipo- reatividade ao interesse sensorial ou incomum nos aspectos sensoriais do ambiente (como a aparente indiferença à dor /calor / frio resposta, adverso a sons ou texturas específicas, olfato ou toque exacerbado, o fascínio com luzes ou estímulos com objetos que rolam).
- Os sintomas devem estar presentes na primeira infância (mas pode não chegar a manifestar-se completamente até demandas sociais excederem as capacidades limitadas).
- a combinação de sintomas com deficiência para o funcionamento diário.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde [OMS] (2013), os sintomas do autismo podem dificultar seriamente o cotidiano das pessoas nessas condições e impedir realizações educacionais e sociais.
Para Cunha (2011) a psicopedagogia busca compreender como ocorrem os processos de aquisição do saber e entender as possíveis dificuldades que o aluno encontra nesse processo. Requer primazia da observação para atingir os demais passos: entendimento, prevenção, atuação e intervenção (CUNHA, 2011).
Portanto, na intervenção psicopedagógica a utilização de reforçadores positivos irá estimular o aprendizado, sendo importante que em sua avaliação o profissional elabore um questionário para os pais onde permita perceber quais são os reforçadores positivos que estimulam o autista, ou seja, quais são as coisas que o autista gosta. Ressaltando que esta interferência não irá mudar o nível de autismo de grave para leve, mas irá melhorar o seu desempenho através de uma hierarquia de treinamentos partindo dos pontos emergentes e reforçando os pontos fracos.
Ao profissional da psicopedagogia cabe, acompanhar e orientar o processo de ensino aprendizagem, de forma a promover aquisição dos conteúdos acadêmicos, respeitando o repertório de habilidades que o indivíduo já possui e adaptar o material acadêmico, quando necessário, orientando os profissionais que estão envolvidos na comunidade escolar.
De acordo com Schwartzman, crianças com Transtorno de Espectro de Autista (TEA) possuem necessidades educacionais especiais às condições clínicas, comportamentais, cognitivas, de linguagem e de adaptação sociais que apresentam. Precisam muitas vezes, de adaptações curriculares e de estratégias de manejo adequadas (Schawartzman, et al, 2014).
O psicopedagogo precisa orientar os professores e a equipe escolar a: usa instruções claras, diretas e simples para cada tarefa orientada; usar estímulos visuais para o estabelecimento de rotina e instruções; ensinar comportamentos de obediência a regras; ensinar comportamentos de solicitação; estimular o desenvolvimento da autonomia e da independência; controlar os estímulos antecedentes e consequentes para facilitar a emissão de comportamentos adequados; avaliar a funcionalidade do comportamento; utilizar de reforçamento positivo (elogios, acesso a jogos, uso de brinquedos, carimbos...) para modificação de comportamento.
O psicopedagogo deve realizar uma avaliação sistemática em relação ao conteúdo acadêmico e de posse das informações dos outros profissionais envolvidos, se apropriará dos conteúdos proposto pela escola para a idade e ano escolar adaptando-os, levando em conta a aprendizagem da criança autista em questão. Lembrando que deve ser elaborado um currículo individual, onde serão explanados os objetivos, conteúdos, metodologia e avaliação.
De acordo com Cunha (2011) ele enfatiza que é preciso que o psicopedagogo esteja consciente das possibilidades educacionais do seu educando, mesmo diante de qualquer inadaptabilidade inicial. Para isso, é preciso que se escolham os meios eficazes que tornarão o currículo escolar coerente com as suas necessidades (Cunha, 2011).
As intervenções para crianças com autismo devem ser sempre voltadas de forma individualizada. Por exemplo, se houver o estabelecimento de um currículo em uma escola, o estudante autista deve estar no centro desse conjunto de métodos que visam a uma educação satisfatória e que contribua com a intervenção do pequeno.
Conclusão
O psicopedagogo é o mediador das relações entre o aluno, a escola e a família. Um facilitador para que o aluno que apresente dificuldades e um comportamento atípico consiga desenvolver sua capacidade de aprendizado e possa assim, desenvolver suas habilidades e autonomia. Na intervenção psicopedagógica se faz necessário uma adaptação de currículo, sendo necessário ainda, ressaltar que não se trata de um currículo que seja paralelo do que é seguido pela turma, primeiramente o psicopedagogo deverá realizar uma avaliação escolar onde possa observar qual é o contexto e o projeto curricular, sendo feitas modificações visando contemplar as necessidades do aluno inserido.
A escola é um espaço para aprender, não deve ser um espaço onde se leve o autista apenas para desenvolver a interação social, a educação do autista deve ser planejada para que possa ter um currículo que atenda suas necessidades, a intervenção tem que ser individual e no ritmo que o autista consegue aprender, não existe uma fórmula pronta para uma metodologia com alunos autistas, portanto a intervenção psicopedagógica deve priorizar as necessidades individuais do aluno.
Por meio deste estudo conclui-se que o papel do psicopedagogo em auxiliar a inclusão de autistas na escola regular somente será eficiente através de um olhar sistêmico, enxergando a escola em seu todo, para saber o que é realmente necessário para que o aluno autista tenha suas necessidades atendidas. Toda equipe escolar tem que estar em consonância com a proposta educativa da escola e trabalhar junto para que o espaço escolar atenda não apenas o autista, mas qualquer criança que necessite de uma educação individualizada.
REFERÊNCIAS
BOSSA, Nádia Aparecida. A psicopedagogia no Brasil: A contribuição a partir da prática. Porto Alegre, Artes Média, 1994
CID- 10. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas- Coord. Organiz. Mund. da Saúde; trad. Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
CUNHA, Eugênio. Autismo na escola: um jeito diferente de aprender, um jeito diferente de ensinar – ideias e práticas pedagógicas. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2013.
CUNHA, Eugênio. Autismo e Inclusão: psicopedagogia e práticas educativas na escola e na família. 3 ed. Rio de janeiro: Wak Ed. , 2011.
DSM V. MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS Trad. Maria Inês Correa Nascimento... et al.. revisão técnica :Aristides Volpato Cordioli. 5. ed, Porto Alegre: Artmed, 2014.
OLIVIER, Lou. Distúrbios de aprendizagem e de comportamento. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2008.
SCHWARTZMAN, J. (2011a). Transtornos do espectro do autismo: conceitos e generalidades. In J. Schwartzman & C. Araújo (Eds.),Transtornos do Espectro do Autismo (pp. 37-42). São Paulo: Memmon.
SCHWARTZMAN, J. (2011b). Condições associadas aos Transtornos do Espectro do Autismo. In J. Schwartzman & C. Araújo (Eds.), Transtornos do Espectro do Autismo (pp. 123-143). São Paulo: Memmon.
[1] Coloque aqui o seu mini currículo.