Buscar artigo ou registro:

 

 

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DE ENSINO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Jeferson Aguiar de Pinho

Christiane Aparecida Saturnina da Silva

Andrea Aparecida de Medeiros

Marlene de Matos Macedo da Silva

Jucelina da Silva Xavier

 

 

RESUMO

O presente artigo buscou defender a ideia de que o planejamento de ensino no contexto da educação infantil é de extrema importância visto que através dele o trabalho pedagógico abre possibilidades e para a construção de conhecimentos que contribuam para o desenvolvimento integral do aluno. Percebemos, ao longo do trabalho o quanto é importante discutir sobre o planejamento e quanto é significativo o seu uso dentro do sistema de ensino, para a eficácia do ensino-aprendizagem. Os instrumentos de avaliação da aprendizagem devem ser planejados e adequados aos objetivos que se quer alcançar assim possibilitar a coleta qualitativa de seus resultados, possibilitando ao professor constatar a aprendizagem de seus alunos. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como: ZABALZA (1998), LIBÂNEO (2000), PILETTI (2000), CRAIDY (1998), HAYDT (1997) VASCONCELLOS (2000), entre outros.

 

Palavras-chave: Planejamento, Aluno, Educação, Desenvolvimento.

 

 

Introdução

 

O presente artigo tem como objetivo enfatizar a importância do planejamento de ensino no contexto da educação infantil, destacando os momentos de rotina e a avaliação formativa.

Abordar pontos fundamentais em relação ao planejamento como articulador do trabalho pedagógico na educação infantil e sua relação com a busca de uma educação de qualidade

Refletir sobre a importância das rotinas diárias como instrumento para a aprendizagem verificando a relevância de organizar a rotina juntamente com as crianças.

Considerar que nossas práticas avaliativas pressupõem concepções pedagógicas que se solidificam durante nossa trajetória acadêmica, mesmo antes do início da carreira profissional, que são construídas em nossas primeiras vivências escolares.

 

 

Desenvolvimento

 

Na educação infantil é importante que a criança participe ativamente da organização dos momentos de rotina, pois aos poucos começará internalizar sua estrutura, mas se houver a necessidade de alterações, o professor poderá comunicar seus alunos para que possam se familiarizar.

A rotina compreende a organização das atividades básicas a serem desenvolvidas junto às crianças, onde a capacidade de concentração em cada atividade vai depender da idade, por isso, a questão do tempo deve ser flexível. Sua organização permite à criança fazer escolhas, decidir e posicionar-se em relação às dificuldades e desafios que vão surgindo durante o início de cada dia, são importantes reservar um momento de planejamento junto às crianças, a fim de definir atividades, selecionar materiais a serem utilizados. O importante é diversificar atividades, possibilitando a vivência de experiências para organizar o planejamento diário juntamente com o educando, pode-se usar várias estratégias como:

 

[…] Dizer ou indicar com o dedo a área onde quer ir trabalhar, deslocar-se até a área onde se quer trabalhar, escolher um ou mais objetos das áreas onde pretende trabalhar: os objetos são colocados em cima da mesa ou no chão. Telefonar: podem ser usados 2 telefones […] usar uma canção ou um monólogo, fazer um desenho […] (ZABALZA, 1998, p. 188).

 

O direcionamento dado ao planejamento está voltado para a faixa etária em que a criança se encontra, onde esta adquire responsabilidade ao organizar seu plano individual e assumir suas escolhas. Durante a roda de conversa.

Tão importante quanto à organização da rotina é levantar as concepções de avaliação, presentes nos enunciados dos professores, que, questionando-os: Para que avaliar e como avaliar?

É necessário compreender as finalidades de nosso fazer cotidiano, sendo que o professor pode aperfeiçoar sua prática pedagógica a partir dos resultados e assim acompanhar e regular os o percurso do seu aluno.

Organizar o trabalho pedagógico na educação infantil possibilita ao professor rever sua prática pedagógica, fazendo que o profissional adquira maior autonomia na condução do processo de ensino e aprendizagem, possibilitando estabelecer objetivos claros e pautados no conhecimento da realidade em que irá atuar.

Nesse sentido, Vasconcelos (2000, p. 79) afirma que: “o planejamento é uma mediação teórico, metodológica para ação que, em função de tal mediação, passa a ser consciente e intencional”, um momento que possibilita a reflexão e a programação de ações que conduzam à tomadas de decisões. O professor que organiza seu trabalho tem maior autonomia em sala e está no caminho para construir a aprendizagem significativa.

Planejamos nossas ações cotidianas e na escola, muitas vezes, essa prática é vista como um ritual vazio de sentido, portanto, faz-se necessário o resgate de sua importância, pois muitos professores o fazem apenas por solicitação externa e acabam não utilizando o seu plano em sala o que contribui para reforçar esse ritual mecânico considerado por muitos professores como desnecessário. Assim, é necessário que o professor sinta-se motivado a trabalhar a partir do planejado. É importante ter clareza quanto à finalidade do que se quer executar, pois o planejamento envolve a conscientização por parte do professor, da necessidade de mudança.

Para Gandin (1995, p. 17), “a eficácia é atingida quando se escolhem entre muitas ações possíveis, aquelas que executadas, levam a consecução de um fim previamente estabelecido e condizente com aquilo que se crê”. Sendo o professor um agente de mudança, e sabendo que toda inovação encontra resistências que exigem organização, podemos, nesse processo, enfatizar a importância do planejamento de ensino como fundamento de toda ação educacional.

O planejamento antecede o início do trabalho e envolve a organização das atividades, permitindo o direcionamento do educador infantil. Dessa forma, apresenta-se como um processo reflexivo de intervenção na realidade. “O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”. (LIBÂNEO, 1994, p.222).

Del Carmen (1993 apud BASSEDAS; HUGUET; SOLÁ, 1999, p. 114) apresenta alguns benefícios proporcionais pela ação de planejar:

  • Auxilia na tomada de decisões fundamentadas e, refletidas;
  • Fornece sentido ao processo de ensino aprendizagem;
  • Leva em consideração os saberes prévios dos alunos, auxiliando na programação de ações ajustadas à realidade;
  • Esclarece e orienta as atividades a serem desenvolvidas;
  • Possibilita a previsão das dificuldades e a organização da intervenção necessária;
  • Organiza os recursos necessários;
  • Concretiza a observação para a avaliação.

Ao planejar nós professores, devemos considerar a realidade do nosso aluno, bem como o contexto em que está inserido: quem é nosso aluno, de onde vem, como é sua vida, qual o seu nível socioeconômico-cultural quais as suas condições maturacionais, características essenciais de sua faixa etária, qual o seu nível de desenvolvimento e os seus pré-requisitos; esses são elementos muito importantes a serem levados em consideração se pretendemos que o plano esteja direcionado aos seus interesses e necessidades, ou seja, à escola e suas condições reais.

O RCNE refere-se à aprendizagem significativa como meta, assim, o professor, ao trabalhar um conteúdo novo, estabelece:

 

[…] relações entre novos conteúdos e conhecimentos prévios, (conhecimentos que já possuem), usando para isso os recursos que dispõem. Esse processo possibilitará a elas modificarem seus conhecimentos prévios, matizá-los ampliá-los ou diferenciá-los em função de novas informações, capacitando-as a realizar novas aprendizagens, tornando-as significativas. (BRASIL, 1998a, p. 34).

 

Dessa forma, toda prática pedagógica inicia-se pelo conhecimento da realidade dos alunos, os saberes que já possuem, uma vez que estão inseridos em um contexto social e já vivenciaram muitas experiências “sociais, afetivas e cognitivas” (BRASIL, 1998a p.35). Quanto às crianças bem pequenas, levantar esse conhecimento é mais complicado, uma vez que ainda não se comunicam de forma verbal. Assim, “os gestos, movimentos corporais, sons produzidos, expressões faciais, as brincadeiras e toda forma de expressão, representação e comunicação deve devem ser consideradas como fonte de conhecimento para o professor sobre a criança que já sabe”. (BRASIL, 1998a, p.35).

Encontramos também excertos que refletem a necessidade de estabelecer objetos de ensino que revelem nossas intenções, pois por meio deles podemos realizar a seleção dos conteúdos de ensino, das metodologias e recursos de ensino. Sua redação será elaborada através de dizeres que revelem capacidades expressas por meio de comportamentos.

 

Embora crianças desenvolvam suas capacidades de maneira heterogênea, a educação tem por função criar condições para o desenvolvimento integral de todas as crianças, considerando também as possibilidades de aprendizagem que apresentam nas diferentes faixas etárias. Para que isso ocorra, faz-se necessário uma atuação que propicia o desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem física, afetiva, cognitiva, ética, estética de relação interpessoal, de inserção social. (BRASIL, 1998a p.48)

 

Em seu texto, define que as capacidades físicas referem-se ao conhecimento corporal, a emoção, a segurança. Já as cognitivas estão relacionadas ao pensamento, à comunicação e a resolução de situação-problema. Em relação às capacidades emocionais, estas dizem a respeito a questões voltadas a

 

[…] autoestima, as atitudes no convívio social, à compreensão de si mesmo e dos outros. As capacidades de ordem estética estão associadas à possibilidades de produção artística e apreciação desta produção oriunda de diferentes culturas, as capacidades de ordem ética estão associadas à possibilidade de construção de valores que norteiam a ação das crianças. As capacidades de relação interpessoal estão associadas à possibilidade de estabelecimento de condições para o convívio social. Isso implica aprender a conviver com as diferenças de temperamentos, de interações, de hábitos e costumes, de cultura etc. As capacidades de inserção social estão associadas à possibilidade de cada criança perceber-se, como membro participante de um grupo de uma comunidade e de uma sociedade (BRASIL, 1998a, p.49).

 

O trabalho com o conteúdo na educação infantil acontece de forma contextualizada. “Os conteúdos abrangem, para além de fatos, conceitos e princípios, também os conhecimentos relacionados a procedimentos, atitudes, valores e normas como objetivo de aprendizagem” (BRASIL, 1998a, p.50) Os eixos de trabalho propostos no documento abordam o conteúdo a ser desenvolvido, apresentando orientações metodológicas que atendam a faixa etária que a criança encontra.

Os conteúdos são classificados em conceituais, atitudinais e procedimentais. Os conteúdos conceituais referem-se “à construção ativa das capacidades para operar com símbolos, ideias, imagens e representações que permitem atribuir sentido à realidade” (BRASIL, 1998a p.51). Dessa forma, quando em uma roda de conversa discute-se sobre animais de estimação, conceituar o gato, por exemplo, está associada às vivências que a criança teve com o animal, podendo apenas defini-lo como “miau”; quando o professor orienta a discussão comparando o animal com outros, levando-a a perceber as diferenças, a criança reorganiza suas concepções prévias e ocorre a ampliação do conceito.

Na educação infantil, a criança trabalha de forma concreta, manipula objetos e participa de atividades que contribuem para uma maior Independência em relação aos adultos, como amarrar os sapatos, entre outros. Lembrando que os conteúdos atitudinais tem seu foco nos valores, nas normas, nas atitudes. É importante nessa fase que a criança saiba como trabalhar de forma cooperativa, exercitando o respeito para com o próximo, desenvolvendo atitudes de solidariedade. O trabalho com os conteúdos atitudinais acontece diariamente, uma vez que a nossa meta central é a socialização. A educação infantil se dá de forma articulada e integrada.

 

Por exemplo, é importante que o professor saiba ao ler uma história para crianças que está trabalhando não só a leitura, mas também a fala, escuta, e a escrita; ou quando organiza uma atividade de percurso que está trabalhando tanto a percepção do espaço, como o equilíbrio e a coordenação da criança (BRASIL 1988ª p.53).

 

As questões metodológicas são contempladas no planejamento da educação infantil, pois corresponde ao caminho que o professor pretende seguir no desenvolvimento do seu conteúdo e deve ser voltada para a construção do conhecimento, através de uma sequência de ações planejadas. Cabe ressaltar a necessidade de uma multiplicidade de metodologias que o professor adota, partindo dos conteúdos e do nível de desenvolvimento dos alunos, não havendo um único método a ser seguido.

A palavra método tem origem no vocabulário grego, méthodos e significa “o caminho para chegar a um fim”; nos dizeres de HAYDT (1997, p. 144) encontramos que o “método de ensino é um procedimento didático caracterizado por certas fases e operações para alcançar um objetivo previsto”.

Os métodos de ensino definem como os conteúdos serão trabalhados, cabe complementar que, de acordo com o Libâneo, (1994), os procedimentos correspondem a um detalhamento dos métodos, exemplifica que a leitura e a compreensão de um texto são procedimentos do método de exposição.

Piletti, (2000, p. 102-103), para proporcionar melhor compreensão da distinção entre os conceitos, assinala que:

 

Método - O significado etimológico da palavra método é caminho a seguir para alcançar um fim. […] O método indica as grandes linhas de ação. Sem se deter em operacional. Pisá-las, podemos dizer que o método é um caminho que leva até certo ponto sem ser veículo de chegada, que é a técnica.

Técnica - É a operacionaliza. São do método se um professor, por exemplo, quer utilizar um método ativo para atingir seus objetivos. Poderá operacionaliza. Usar esse método através da utilização das diferentes técnicas e dinâmicas de grupo.

Procedimentos - Maneira de efetuar alguma coisa consiste em descrever as atividades desenvolvidas pelo professor e as atividades desenvolvidas pelos alunos.

 

Com base nessa definição, o método corresponde ao caminho ou percurso do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem por meio de técnicas que auxiliam na forma de como desenvolver esse processo de ensino e aprendizagem, pôr meio de técnicas, que auxiliam na forma de desenvolver esse processo. Piletti (2000) classifica os métodos de ensino em tradicionais que envolvem a passividade do aluno, através de um ensino baseado em um processo de transmissão, em novos métodos que permitem uma participação ativa do aluno por meio de técnicas de trabalhos em grupo, o estudo do meio, estudo dirigido, entre outros.

 

[…] Os novos métodos são também denominados métodos ativos por si, ô, porém, radicalmente a tudo quanto é passivo nos métodos tradicionais. Baseiam-se no princípio de que a criança é um ser em desenvolvimento, cuja atividade espontânea e natural é condição para seu crescimento físico, intelectual. A participação ativa do aluno. Consubstancia se, primordialmente, no espaço que o professor reserva para descobertas do educando. (PILETTI, 2000, p. 104).

 

De acordo om Haydt (1997) a aprendizagem é um processo de construção de conhecimento de forma ativa, dinâmica, que só acontece quando os alunos operacionalizam os novos conhecimentos adquiridos, quando esses desenvolvem suas próprias reflexões. Nos dizeres de Haydt (1997) encontramos que:

 

Métodos ativos são aqueles que recorrem à atividade dos alunos incentivando a. Esta atividade, a pregoeira apregoada pelos defensores dos métodos ativos, não se reduz a ações concretas, pois inclui também, e, principalmente, a ação interiorizada, ou melhor, dizer, a reflexão (HAIDT, 1997. p. 146).

 

O desenvolvimento do conteúdo quando associado a um recurso de ensino motiva a turma, os alunos ficam mais interessados, fortalece pontos fundamentais do que foi trabalhado, esperta o interesse, assim, o professor explora todos os recursos disponíveis, inclusive os tecnológicos, mas estando atento às reais condições da escola.

No processo de planejamento necessitamos ainda definir ainda como o aluno será avaliado, partindo da leitura crítica da realidade do trabalho realizado, promovendo de posse dos resultados uma orientação do fazer pedagógico. Ao retomar algumas leituras de Hoffmann (2002), podemos observar que a autora defende o caráter emancipador da avaliação e, nesse processo, a observação é técnica, mais empregada. Avaliar é lançar um olhar reflexivo e atribuir significados para a realidade. A avaliação como momento integrador possibilita o diagnóstico e pode conduzir a promoção da aprendizagem, indicando caminhos a serem trilhados e decisões necessárias, levando o professor a investigar a própria prática. O professor precisa considerar a avaliação como um instrumento auxiliar da aprendizagem, que possibilita feedback contínuo, de diálogo intenso, de abertura e de troca de ideias.

Considerando as etapas do planejamento verificamos que o planejamento, direciona todas as etapas do trabalho, é insubstituível e não pode ser adaptado a qualquer realidade. Não pode ser realizado apenas por solicitação externa, mas por uma necessidade do próprio professor, que reconhece sua importância e busca uma aprendizagem de qualidade.

Sendo assim, é importante organizar o espaço físico, privilegiando a interatividade, contudo, essa organização leva em consideração a estrutura da sala, seu tamanho, o número de crianças atendidas por turma. O objetivo é favorecer a construção da autonomia. Craidy (1998) apresenta sugestões de como organizar a sala a partir de temas, construindo cantos que possibilitem a escolha pelas crianças.

Cantos fixos: A casa de bonecas que apresentem objetos como: fogão, cama, mesa, cozinha, entre outros. Canto da fantasia que ofereça tecidas, roupas, sapatos, prendedores de cabelo, entre outros. Canto da biblioteca que ofereça livros, revistas, almofadas, tapetes etc. Canto da garagem, carrinhos, sinais de trânsito, ferramentas, tacos de madeira, etc. Canto dos jogos e brinquedos, jogos de encaixe, armar quebra-cabeças, sucatas, etc.

Cantos alternativos: Canto da música como diversos instrumentos construídos pelos alunos ou comprados. Canto do supermercado: Embalagens vazias, frutas plásticas, dinheiro de papel e outros. Canto do cabeleireiro: “espelho, maquiagem, rolos, escovas, grampos, secador, bancada, cadeira, bacia para lavar cabeça, embalagens vazias de xampu e outros” (CRAIDY, 1998, p. 25.).

A organização do ambiente da sala de aula em pequenos cantos contribui com as brincadeiras infantis e as interações entre as crianças. Aprendem a coordenar suas ações e criar um enredo comum na brincadeira, possibilitando a troca de saberes, favorecendo a linguagem. Assim, pela observação, o professor pode ir reestruturando esses cantos, modificando-os em função dos interesses das crianças. Através do “faz de conta”, as crianças têm a oportunidade de vivenciar papéis explorando suas características e inserindo elementos da sua cultura, e expressa suas emoções e sentimentos ao vivenciar situações diversas. Nesse sentido, fortalecemos o processo de desenvolvimento e socialização da criança.

A qualidade do atendimento educacional na educação infantil está diretamente relacionada aos aspectos organizacionais que envolvem o processo de ensino e aprendizagem, ou seja, as condições para realizar uma prática pedagógica. Se pretendo organizar a sala de aula através de cantos da biblioteca, das fantasias das bonecas, por exemplo, e dou oportunidade de livre escolha, a execução de tal prática é determinada pelo exercício da docência desse professor e sua capacidade de criar condições (BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999).

Ao organizar os cantos, cabe lembrar a necessidade de direcioná-los para o interesse das crianças, apresentar clareza quanto aos objetivos pretendidos e investir na variedade de situações e propostas. Alguns cantos exigem o envolvimento ativo do professor e outros conferem maior autonomia a elas. Alguns podem estar presentes o ano inteiro e outros ligados às atividades mais concretas terão um período mais curto. (BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999).

Autores como Bassedas, Huguet e Solé (1999) afirmam que toda a sala é heterogênea e alertam sobre a necessidade de as crianças interagirem com crianças da mesma faixa etária ou de diferentes grupos. Assim, é fundamental promover atividades que contribuem para a formação da identidade infantil e conduzam à autonomia. É importante contribuir para que a criança estabeleça vínculos afetivos, sinta-se amada e protegida.

Planejar a educação infantil envolve perceber que o tempo organiza nossas ações diárias e, quando bem estruturadas, permitem a construção do conhecimento. A organização do tempo necessita de regularidade, a criança internaliza conceitos como: lavar as mãos antes das refeições, organizar a sala e os brinquedos, escovar os dentes após as refeições. (BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999).

As rotinas são organizadas por meio do planejamento e fazem parte do Projeto Político Pedagógico permitindo a organização do tempo- espaço no centro da educação infantil, espaço rico onde a criança permanece mais tempo do que no convívio familiar ou social. As rotinas oferecem segurança às crianças, onde ela tem a oportunidade de aprender sobre o mundo que as cercam, e envolvem a compreensão da indidissociabilidade entre cuidar e educar, entretanto é importante que as atividades voltadas para o educar sejam consideradas relevantes, assim como as de cuidado.

 

 

Conclusão

 

Com base nesta pesquisa, podemos concluir que organizar o trabalho pedagógico na educação infantil envolve a sistematização por meio de planos que vão direcionar a ação do professor no centro de educação infantil.

Envolve flexibilidade em relação à gestão do tempo e planejamento, com rotinas diferenciadas para cada faixa etária, uma vez que as crianças de creche necessitam mais atenção em relação aos cuidados, contudo são tão importantes quanto às necessidades afetivas, sociomorais, cognitivas e motoras. As rotinas nessa fase contribuem para trabalhar limites, o que gera segurança e conforto.

O planejamento partindo do plano anual organizado diariamente por meio de registros, inclusive com a participação das crianças em sua estruturação por meio das rodas de conversas, além de permitir à socialização de vivências das crianças, a interação, a troca de afetos, a construção de um contrato didático, contribui para a organização dos trabalhos e a busca de consenso por meio do diálogo.

Entretanto, práticas de rotinas rígidas prejudicam o desenvolvimento da autonomia, sendo contrárias à construção de propostas de rotinas para a educação infantil que envolvam o cuidar e o educar e concepções sobre a infância.

Na educação infantil precisamos de uma avaliação que aconteça diariamente de forma processual e contínua e que possa elevar a autoestima dos educandos, uma avaliação formativa que se realiza ao longo de várias atividades. A avaliação formativa possibilita adaptar o ensino à realidade da criança.

 

 

Referências

 

BRASIL. Referencial curricular para a educação infantil. Brasília. DF: MEC, 1998a

 

CRAIDY, Carmen Maria. O educador de todos os dias: convivendo com crianças de 0 a 6 anos. Porto Alegre: Mediação, 1998.

 

GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. São Paulo: Loyola, 1995.

HAYDT, Regina Célia C. curso de didática geral: São Paulo: Ática, 1997.

 

HOFFMANN, Jussara. Avaliação  na pré-escola: um olhar sensível e reflexivo

Sobre a criança. Porto Alegre: Mediação, 1999.

 

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 7. ed. São Paulo. Cortez, 1994.

 

PILETTI, Claudino. Didática geral. São Paulo, Ática, 2000.

V.1. Disponível em:http;//portal.mec.gov.br/seb/arquivospdf/volume2.pdf.Acesso em:08 nov. 2022.

 

VASCONCELLOS, Celso dos S. - Projeto de ensino e aprendizagem e politico-pedagógico. São Paulo: Libertad, 2000.

 

ZABALZA, M. A. Qualidade em educação infantil. Porto  Alegre: Artmed,1998. P.49-61.