AS CONTRIBUIÇÕES DA LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Carlos Gonçalves de Oliveira
Gilberto Pereira Gama
Laurice Oliveira e Silva
Sandra Maria da Silva Miranda
Vera Lucia Padilha
RESUMO
O presente artigo tem como tema em estudo as contribuições da ludicidade no processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental. Portanto a ludicidade, além de conteúdos escolares, são formas que o professor dispõe em aula para mediar à relação entre os saberes e os educandos, proporcionando uma aprendizagem mais fácil e prazerosa. Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo compreender a importância do brincar no processo de ensino aprendizagem, analisando as concepções que os educadores têm a respeito da ludicidade frente à formação das crianças. Para a realização do trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica a fim de colher informações de autores que já abordaram o tema com intuito de observar os jogos e brincadeiras bem como a mediação do professor através do lúdico que ensinam sem “cobranças”, o que torna a aprendizagem mais prazerosa. Dessa forma pode-se afirmar que a ludicidade contribui de forma positiva na formação da criança, na construção de novos saberes e no crescer sadiamente, que essa prática quando inserida na sala de aula pode promover transformações nos comportamentos, transportando momentos de afetividade ao longo do tempo, assim quem brinca aprende a construir a cultura da solidariedade, deixando o individualismo e permitindo a convivência sadia. Assim sendo pode-se concluir que os professores como mediador de conhecimento, podem criar estratégias, inovar suas metodologias, dar sentido a aprendizagem e o lúdico como ferramenta pode ajudar o professor fazendo com que o processo de ensino aprendizagem seja motivador, criativo, sociável, facilitando um bom resultado no desenvolvimento das disciplinas e formação dos alunos.
Palavras-chave: Ludicidade. Aprendizagem. Ensino Fundamental. Anos Iniciais.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho de pesquisa foi elaborado para compreender como a ludicidade pode colaborar no processo de aprendizado da criança nas atividades lúdicas, desenvolvendo seus saberes com criatividade e desempenho. Pois através da ludicidade na escola, é possível perceber a criança e estimulá-la no que ela precisa aprender, além de alcançarem melhores resultados, se concentram mais nas atividades, a dispersão é mínima e promovem uma melhor interação entre eles. Entretanto vale ressaltar que através das atividades lúdicas o educador poderá estimular as habilidades, permitindo que o aluno se envolva em tudo que esteja realizando de forma significativa.
O lúdico como método pedagógico prioriza a liberdade de expressão e criação. Por meio dessa ferramenta, a criança aprende de uma forma menos rígida, mais tranquila e prazerosa, possibilitando o alcance dos mais diversos níveis do desenvolvimento. Cabe assim, uma estimulação por parte do adulto/professor para a criação de ambiente que favoreça a propagação do desenvolvimento infantil, por intermédio da ludicidade (RIBEIRO 2013, p.1).
Diante dessa perspectiva o lúdico promove a aprendizagem e favorece o desenvolvimento físico intelectual e social da criança, ou seja, possibilita um desenvolvimento real, completo e prazeroso. Tendo em vista o estudo acima da pesquisa, o objetivo geral desse trabalho é analisar atividade lúdica como uma ferramenta no desenvolvimento de atividades, e na construção do desenvolvimento do aluno. Os objetivos específicos descrever um breve conceito da ludicidade, perceber como a criança através do lúdico desenvolve importantes capacidades como: socialização, criatividade, memorização, imaginação e amadurecimento, identificar e analisar as necessidades existentes dentro da escola para implantar o lúdico, e demonstrar os benefícios do lúdico no desenvolvimento da criança. Diante disso a atividade lúdica funciona como um elo entre os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais, por isto a partir do brincar, a criança desenvolve à aprendizagem, através do desenvolvimento social, cultural e pessoal, contribuindo para uma vida saudável tanto física como mental. Sendo assim, o lúdico é um método muito importante para o desenvolvimento do aluno, porém é necessário proporcionar ao mesmo um ambiente descontraído para estimular o interesse, a criatividade e a interação dos alunos proporcionando assim aprendizagem.
Pode-se concluir que as atividades lúdicas auxiliam no processo de aprendizagem do aluno na educação infantil, pois trabalham a atenção, a imaginação, os aspectos motores e sociais, visando o pleno desenvolvimento da criança que aprende de forma significativa tornando o ensino de qualidade.
BREVE CONCEITO DE LUDICIDADE
Ludicidade é um substantivo feminino que se refere à qualidade do que é lúdico, ou seja, consequência provocada pelo lúdico, um adjetivo masculino com origem no latim ludus, que remete a jogos e brincadeiras. O conceito de atividades lúdicas está relacionado às atividades de jogos e ao ato de brincar, sendo um componente muito importante para a aprendizagem. A ludicidade está em atividades que despertam prazer. Segundo Santos (2002), é uma necessidade do ser humano em qualquer idade. Tem como sinônimo divertimento, diversão e lazer; e como antônimos, tristeza e desânimo. No âmbito da Pedagogia, a ludicidade se dá como a forma de desenvolver a criatividade e os conhecimentos por meio de jogos, música e dança. O lúdico não é apenas uma prática da Pedagogia e nem foi inventado por ela. Ao brincar, as crianças estariam expostas a um ambiente extremamente favorável ao desenvolvimento físico e cognitivo. O ato lúdico está presente na maioria das manifestações do homem, bem como em outras espécies animais, preponderando durante a infância, como bem nos mostra a Etologia na observação do comportamento animal em um dado contexto ecológico ou na natureza. Em um estudo exemplar de brinquedos em animais, envolvendo a observação de filhotes de hamsters dourados, Vieira (1985) aponta que o comportamento de brincadeira aumenta em função da privação social de indivíduos de mesma idade ou pela troca de parceiros.
Com relação à forma da brincadeira, existem dados bastante consistentes mostrando que ocorrem diferenças de gêneros sexuais nos estilos de brincadeira e preferência de parceiros em crianças de várias culturas (BIBEN, 1998) Meninos e primatas na infância, se mostram mais ligados em brincadeiras turbulentas, manifestam preferência por parceiros de mesmo sexo e brincam em grandes grupos, são mais ativos fisicamente e mais competitivos. Brincadeiras de perseguição com elementos de fantasia, são muito comuns entre eles (MORAES & CARVALHO, 1994). O brincar das meninas é mais voltado para a cooperação e comunicação com o grupo. As meninas preferem atividades relacionadas com atividades domésticas, casamentos, festas e procuram brincadeiras mais realísticas, que imitam a vida real, além de serem mais voltadas para a cooperação e comunicação com o grupo. Conforme a criança vai crescendo e se desenvolvendo, a estereotipia do gênero vai diminuindo (CORDAZZO E VIEIRA, 2008).
Estudos apontam que os homens primitivos já brincavam e construíam seus próprios brinquedos. Algumas atividades diárias que realizavam já estavam interligadas ao lúdico. As atividades como a dança, as lutas, as pescas e as caças são ações intrínsecas de povos primitivos em que o lúdico era expresso na época (OLIVEIRA, 2010). Diante dessas condições, se faz necessário um novo espaço para as crianças. A educação infantil e as crianças ganham uma atenção especial e passam a ser notadas como objeto de estudo. A criança passa a ser vista como sujeito de necessidades e objeto de expectativas e cuidados e a infância como um período de preparação para o ingresso no mundo dos adultos, dando centralidade ao papel da escola (BROUGERE, 1998).Na sociedade atual, o lúdico está presente nas brincadeiras cotidianas da vida do homem, como piadas, nos esportes, isso demonstra mais uma vez, que o lúdico não se restringe apenas à Pedagogia, ao âmbito escolar, mas em todas as manifestações que o homem se apraza e goste. Autores como Fröebel, Piaget, Vygotsky, Winnicott e Wallon, apenas para falar dos clássicos, promoveram estudos relacionados ao comportamento de brincar em sua relação com o desenvolvimento, favorecendo a compreensão e aplicação do mesmo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Frente a este trabalho, percebe-se que o lúdico pode ser mostrado na instituição escolar como um suporte para o docente e “agente facilitador da aprendizagem” em seu trabalho junto ao aluno. Tal processo pode se dar tanto através de jogos, como também de brincadeiras, brinquedos e até mesmo musicalidade. Tais recursos proporcionam um trabalho pedagógico capaz de estimular a produção do conhecimento, o processo de aprendizagem e o desenvolvimento dos educandos. Assim, o lúdico permite que as crianças criem situações fictícias e imaginárias, que em boa parte das vezes recriam situações cotidianas por elas vivenciadas.
Entende-se, portanto, que brincando, a criança também está desenvolvendo processos sociais, a comunicação e expressão são exemplos, como ainda aprende a seguir regras, interagir em equipe, tomar decisões, respeitar o próximo, a valorizar a cultura e sua diversidade. Deste modo, há um aumento de sua independência, bem como da capacidade de integração, contribuindo para a formação de cidadãos autônomos, críticos, conscientes e capazes de pensar e exercer de forma plena sua cidadania
Contudo, fica evidente a necessidade de os docentes e a escola como um todo, reconhecerem o lúdico em sua plenitude, bem como sua grande importância para o desenvolvimento infantil e para a melhoria do processo de ensino/aprendizagem. Nesse contexto, destaca-se a importância de a instituição escolar ter o lúdico já incorporado em seu Projeto Político Pedagógico. Garantindo sua utilização em sala de aula e proporcionando assim, melhores condições de aprendizagem aos seus alunos.
Deste modo, entende-se que escola e educador precisam, juntos, repensar seus conceitos e paradigmas, valorizando de forma adequada a ludicidade como importante ferramenta de melhoria do processo de ensino, sempre considerando a realidade vivenciada por seus alunos, sua bagagem cultural e saberes prévios.
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