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A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Cristiane de Jesus Lisboa Pereira

Sandra Maria da Silva Miranda

Tatiane Soares Cavalcante da Cruz

Marina Conceição de Arruda Monteiro

Francismari Regina Barbosa

 

 

RESUMO

O presente artigo tem como tema a importância dos jogos no desenvolvimento da criança. A realização deste trabalho tem como base a fundamentação teórica, por meios de pesquisas bibliográficas, com investigação de caráter exploratório, baseando-se em livros e referências que fundamentam a temática. Os jogos favorecem um ambiente de interação que estimulam o desenvolvimento motor e a criatividade das crianças,  estimulam a  construção do conhecimento,  tornando-se um dos principais instrumentos pedagógicos facilitadores da aprendizagem. Desse modo, nada mais satisfatório e motivador para a criança aprender, do que brincando, podendo explorar sua imaginação, desejo e criatividade, possibilitando o descobrimento de si mesmo e de suas capacidades.

 

Palavras-chaves: Jogos; Criatividade; desenvolvimento; Imaginação.

 

 

Introdução

 

Este artigo tem como finalidade enfatizar a importancia dos jogos  e sua contribuição para o desenvolvimento cognitivo da criança que integra a Educação Infantil. Sendo assim para que haja resultados positivos no processo de ensino aprendizagem no qual o jogo se faz presente como alternativa metodológica, é indispensável que os educadores busquem uma formação permanente, a fim de que possam utilizar os jogos e  brinquedos de modo a alcançar uma aprendizagem lúdica.

Na atividade lúdica, o que importa não é apenas o produto da atividade, ou seja, o que dela resulta, mas a sua própria ação, o momento vivido. O lúdico deve também possibilitar a quem o vivencia momentos de encontros consigo e com o outro; vivencias de fantasia e de realidade, experiência de autoconhecimento, em como o conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro.

Sendo assim os jogos e brincadeiras tornam-se essenciais para a construção da aprendizagem da criança, orientada com o objetivo de ensinar e de possibilitar conhecimento. Vamos expor neste trabalho qual a sua importância para o desenvolvimento da criança.

 

 

Desenvolvimento

 

Para trabalhar o jogo no âmbito escolar é importante que se tenha clara definição de jogo. Historicamente, a palavra jogo é habitualmente vinculada à competição, seguida por regras externas impostas ao jogo proposto. Para melhor esclarecer temos como exemplo os jogos de futebol, os jogos de basquete, os jogos de xadrez, os jogos de dama, entre outros que, Compostos por 2 jogadores ao final, protagonizarão o papel de vencedor ou o papel de perdedor.

Para Kishimoto (2005), fazer a definição de jogo denota uma árdua tarefa, pois, devido à similaridade de suas ações, o jogo camufla de certa forma as especidades que o compõem.

No entanto, entendemos que independente dos lugares onde o jogo venha  a acontecer, ele não pode ser desvinculado do seu significado. Ele deve sempre se aproximar de sua etimologia de origem latina, que quer dizer divertimento, brincadeira, liberdade. Nesse contexto, não cabe à escola pedagogizar o jogo,tornando sua presença uma eterna estratégia metodológica, na qual cabe apenas ao aluno atingir os objetivos propostos pelo professor por meio do jogo.

Vale dizer, que não é nossa intenção fazer a defesa da utilização do jogo pelo jogo como mero passatempo, pelo contrário. Reconhecemos seu valor educacional, e o seu poder de promover na criança inúmeras aprendizagens que colaboraram com o seu desenvolvimento global. Portanto, a nossa defesa instala-se na importância do ponto de equilíbrio entre o jogo proposto pelo professor, com objetivos educacionais e a Liberdade da criança de escolher o que quer jogar.

Em toda a história da infância identificamos a importância e os benefícios do brincar para as crianças. Desde o século XVII, Com o advento da infância, o jogo passa a compor o cenário das “pedagogias da infância”, apresentadas por Froebel, Dewey, Montessori, Freinet, Piaget e Vygotsk. Vale destacar que todos estes teóricos, ao defenderem seus pensamentos, destacaram o jogo como presença marcante na vida da criança e a importância em tê-lo junto na educação para a infância.

Diante deste fato, o jogo está intimamente ligado à imaginação, sonho, pensamento e símbolo. Considerada essa perspectiva, podemos inferir que o homem é um ser simbólico, que se constitui coletivamente e que tem a capacidade de pensar ligada à de jogar com a realidade, reproduzindo e aprendendo a medida que pode transformá-la.

Considerando estes aspectos, não podemos de maneira alguma, separar o jogo da aprendizagem, pois o jogo e a brincadeira por si só já se caracterizam como aprendizado. Assim, a criança deve aprender os procedimentos, as regras e os comportamentos esperados, além de ter experiências de relacionamento social. Sendo tudo isso ensinado pelo adulto.

Há uma grande preocupação sobre a natureza do jogo, sendo em alguns casos, ignorada a natureza de como é jogado e quais são as regras que o definiram. No ato de jogar, a natureza do jogo não é tão importante quanto às regrasn na tentativa de defini-lô como cooperativo ou competitivo. Nesse sentido, notamos a importância do papel do professor, destacando a necessidade da sua dupla compreensão, tanto no que diz respeito à natureza do jogo, como na compreensão de suas regras. Só assim o professor poderá ser mediador, pois a partir da compreensão e do estabelecimento das regras do jogo, poderá mediar uma disputa tensa ou uma oportunidade prazerosa de interação entre as pessoas.

Segundo Antunes, (2005, p 33):

 

[...] Um verdadeiro educador não entende as regras apenas como sendo os elementos que tornam o jogo passível de ser executado, mas como uma lição de ética e moral, e assim sendo, cumprir seu objetivo educacional. O jogo não pode ensinar aprimorar as relações interpessoais e promover a alegria, prazer e motivação, no entanto, o único que pode convertê-lo em tal é o professor lembrando-se dos ganhos cognitivos e sociais, sem perder de vista seu caráter de prazer e Alegria.

 

Vale destacar que o jogo não deve ser visto como sinônimo de prazer, pois, ao contrário disso, gera tensão, dependendo da característica do jogo. Outro ponto importante a ser destacado diz respeito à construção moral e ética na criança. Assim, o jogo leva a criança para além do discurso e promove oportunidades para a criança vivenciar atitudes éticas e morais enquanto joga.

Para que essas aprendizagens aconteçam, o jogo deve estar imerso em um projeto com etapas claras e preestabelecidas, isso trará resultados mais satisfatórios para a sua atividade. O projeto também servirá de intensificador dos objetivos pretendidos com o jogo. Compreendamos que o jogo realizado esporadicamente propicia momentos de prazer, mas só trará mudanças atitudinais nas crianças, como a construção moral e ética, se for realizado de forma contínua e significativa.

O jogo em cada fase do desenvolvimento apresenta especificidades, tais como: em criança de até um ano, ele é solidário e de manipulação de objeto, não envolvendo reciprocidade social, sua ampliação social se deve pela mediação de um adulto, que irá estimulá-lo.

Crianças de 2 a 3 anos, mesmo apresentando características egocêntricas e solidárias, iniciam o processo de imitação das ações observadas, imitando outra criança ou imitando o adulto. Já com crianças de 4 a 5 anos, existe uma interação intensa e, mesmo com as brigas devido ao egocentrismo, as crianças buscam cooperação e podem juntas inventar estratégias. Nesta fase prevalecem os jogos sociais (faz de conta, jogos de papéis, jogo simbólico).

Muitos autores buscaram estabelecer uma classificação para os jogos, Buhler (apud ANTUNES, 2005, p. 55) sugere algumas categorias específicas:

Jogos funcionais: Estimulam movimentos coordenados, como bater Palmas, dar tchau, identificar objetos ou estimular funções sensoriais destinados principalmente para bebês.

Jogos ficcionais: Envolvem histórias, fantasias e o faz de conta onde há uma atribuição de papéis aos indivíduos ou objetos pela própria criança. Acontecem a partir do segundo ano de vida.

Jogos receptivos: Envolve a interação do adulto com a criança, promovendo reflexão e as diferenças de conceitos.

Jogos construtivos: brincadeiras com blocos, desenhos e materiais naturais, como argila, Areia. Acontecem por volta dos 3 ou 4 anos, fase de intensa sensibilidade, que pode ser explorada intensamente.

Jogos com regras: vão desde brincadeiras em grupo até o uso de alguns brinquedos, através dos quais se podem explorar princípios éticos e valores morais.

Conhecer todas as possibilidades do jogo instrumentaliza o professor para a sua utilização de forma consciente e adequada, na medida em que consegue organizar seu trabalho docente utilizando jogos que atendam as necessidades reais da criança em cada momento de sua aprendizagem.

Assim, os jogos devem responder os anseios imediatos da criança, caso contrário, o professor entenderá que a criança é um adulto em miniatura que deve ser preparado para ser um adulto, impedindo, desta forma, que a criança seja criança e que viva a sua infância.

Sabemos que o contexto social que a criança vive influencia fortemente o seu desenvolvimento.

Diante deste fato, as crianças são passíveis de influências lúdica existente em seu cotidiano. Mas, infelizmente, muitas vezes os adultos que convivem e brincam com as crianças não se dão conta da importância de seus gestos, palavras e movimentos. Alguns adultos cantam, conversam e ensinam brincadeiras para as crianças, outros se limitam a achar que o mais importante para a criança é estar limpa, saciada, cuidada e saudável, desconsiderando a brincadeira como promotora de aprendizagem.

No entanto, teóricos e pesquisadores da área  já reconhecem que a brincadeira é uma forma privilegiada de aprendizagem infantil, isto porque, à medida que as crianças vão crescendo, trazem para suas brincadeiras o que vem escutam, observam, e experimentam do mundo em que são inseridas.

Assim, as brincadeiras para as crianças se tornam mais interessantes quando podem combinar os diversos conhecimentos a que tiveram acesso, pois, nessas combinações revelam sua visão de mundo carregada de descobertas.

Na tentativa de clarear a grande confusão conceitual construída historicamente sobre a brincadeira, Kishimoto (2005, p.21) diz que:

 

A brincadeira é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Desta forma, brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo.

 

Diante desta conceituação de Kishimoto (2005), podemos dizer que, quando a criança brinca de jogos de papéis ou de faz de conta, a ação representada no jogo é a brincadeira. Portanto, a brincadeira é a materialização do pensamento lúdico. Da mesma forma, quando a criança executa as regras impostas em um jogo de xadrez, isso é a brincadeira, pois, em ambos os casos, houve a ação da criança. Todas essas interferências também são perfeitamente adequadas ao analisarmos a manipulação motora de um bebê que sacode um chocalho e ao mesmo tempo o coloca na boca. Neste caso, mesmo que por imitação, houve ação, houve brincadeira.

Compreender as especificidades dos jogos e das brincadeiras torna-se importantes para resignificarmos ações lúdicas ainda presentes na educação infantil. É fato que as crianças têm começado a frequentar instituições de educação infantil cada vez mais cedo. Por incrível que pareça o brincar ainda é desvalorizado nesses espaços, ficando assim relegado ao tempo de intervalo ou de descanso do professor, uma vez que é um passatempo que não precisa ser planejado nem observado.

Declarar como importante a brincadeira para criança, exige mais do que simplesmente permiti-la, mas sim, promovê-la. As crianças precisam de espaço, tempo, material e companhia para brincar. Quanto mais elas experimentarem, olharem e ouvirem, mais aprenderão, e assim poderão relacionar os elementos reais, com os elementos imaginários das suas brincadeiras, e mais produtivas serão as atividades de representação.

A brincadeira está longe de ser apenas uma atividade natural da criança, ela é também uma aprendizagem social. Um exemplo desta afirmação são as brincadeiras realizadas entre adultos e crianças bem pequenas. A criança se esforça em desempenhar um papel muito ativo, ela ainda não é parceira de jogo, mas suas reações incentivam o adulto a continuar brincando, ampliando cada vez mais os laços afetivos e as experiências sociais. Logo em seguida, a criança começa a se tornar ativa desempenhando mesmo sem destreza de forma imitativa o papel do adulto.

As crianças quando brincam não estão apenas entrando em contato com a cultura de forma geral, quando se brinca aprende-se antes de tudo a brincar, a controlar um universo simbólico particular, imposto pela sociedade na qual está inserido.

Diante deste fato o bebê só balança o chocalho, pois antes mesmo de conseguir segurar um chocalho sua mãe lhe demonstrou como se utiliza o chocalho dentro da conversão social da qual ele faz parte.

De posse deste conhecimento, vale destacar que, antes mesmo de dominar a fala a criança faz uso de uma linguagem gestual para se comunicar e mostrar sua intenção de brincar. Muitas vezes começa a entregar brinquedos a outra pessoa, por desconhecerem essa linguagem, muitos adultos limitam-se apenas a empilhar os brinquedos em volta de si ou fazerem comentários que desestimulam a brincadeira. Ao se dar conta desses códigos, ou adulto pode identificar a intenção da criança e enriquecer as possibilidades da atividade estimulando a criança a brincar ou brincando com ela.

Sabemos que a contemporaneidade trouxe para a humanidade vários progressos, mas infelizmente as duras penas, sendo uma delas a solidão lúdica da criança que agora na maioria das vezes é filho único, tem poucos primos, poucos vizinhos e pouco espaço para brincar livremente.

Essa realidade traz para as crianças algumas formas diferentes de brincar, comparadas às de antigamente. Hoje em dia a criança brinca no videogame, na televisão, brinca com joguinhos no computador, vai para lan house, joga boliche no shopping etc. Infelizmente o que não vemos normalmente mais nas escolas de educação infantil é a presença dos jogos tradicionais, ensinados de gerações em gerações pela linguagem popular. Para alguns professores eles são considerados ultrapassados, pois estamos na era da globalização, para outros é algo que não condiz mais com o contexto da criança contemporânea. Mas o que não cabe ao professor é retirá-los desse universo lúdico nem negá-los a criança.

As brincadeiras tradicionais devem ser somadas às diferentes oportunidades que a criança tem para brincar, não devendo ser substituída por jogos virtuais, nem substituí-los, mas ambos devem somar experiências para a criança poder ora brincar com jogos no computador, televisão, etc., ora brincar com seus colegas de balança caixão, cobra cega, passa anel etc.

 

 

Conclusão

 

Diante dos expostos, podemos concluir nesta pesquisa que os jogos são versáteis, com regras flexíveis e por isso adaptam-se a todo tipo de pessoas, grupos, espaços e competências. Auxiliam na construção do conhecimento, pois ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento que vão colaborar na aprendizagem.

Assim sendo, o brincar é extremamente importante para a infância de qualquer criança. Os jogos e brincadeiras despertam na criança, o sentido de responsabilidade e o respeito à propriedade coletiva, ela aprende que o brinquedo pode pertencer a muitas pessoas, que é necessário separar-se dele para que as outras crianças também possam brincar e que não deve destruí-lo.

Através das análises bibliográficas realizadas referentes ao tema deste artigo, pode-se dizer que a infância a criança se torna única a singular, aprende a brincar e ao aprender ela pensa, analisa sobre sua realidade, cultura e o meio em que está inserida, criando forma, conceitos, ideias, percepções e cada vez mais se socializa através de interações. Ao brincar a criança se desenvolve integralmente, passa a conhecer o mundo em que está inserida. Portanto, o brincar não é apenas uma questão de diversão, mas uma forma de educar, de construir e de se socializar.

Diante desta realidade, podemos concluir que além de mediar o processo de construção do conhecimento através do lúdico, o professor também precisa exercer o papel de facilitador dos jogos e das brincadeiras, fazendo com que haja momentos em que ele oriente a brincadeira proposta para seus alunos, momento em que ele ensine a criança a brincar e momentos em que ele deixe a criança escolher suas próprias brincadeiras e brinque livremente sem sua interferência, mas sim, sob sua observação.

Precisamos respeitar e garantir as nossas crianças o direito de brincar, de vivenciar o seu próprio desenvolvimento e entender o mundo que a cerca.

 

 

Referências

 

KISHIMOTO, Tizuko M. (Org.): Jogo, brinquedo, brincadeira, e a educação. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000

 

ANGOTTI, Maristela. Educação infantil para que, para quem e por quê? São Paulo: Alínea, 2010.

 

PEREIRA, E.C. Projeto brinquedoteca na Universidade federal do Paraná: Relato de experiência. Disponível em: http//gebe.eci.ufmg.br/downloads/114.pdf.acesso em:

27 out 2022.