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CULTURA MATO-GROSSENSE E A MIGRAÇÃO SULISTA

Janet Miranda De Campos

Rosimeire Conceição Fávero

Cintia Norberto

Maria Nunes Freire

Lucicleia Ribeiro Batista

 

 

RESUMO

Esta pesquisa tem como meta identificar as tradições culturais de Mato Grosso tendo suas manifestações populares originárias por cerca de quarenta etnias indígenas no decorrer de sua formação histórica. Atualmente as etnias mais conhecidas são os Xavante, Cinta Larga e Bororo. Entre as danças mais tradicionais temos o Curuseé, Siriri, cururu, Congo e Rasqueado e a famosa Viola-de-Cocho manifestada através da sua musicalidade.  Na culinária o destaque fica para os pratos regados à peixes encontrados nos rios das regiões do Estado, tais como: pacú, piraputanga, piranha, pintado além da famosa galinhada e farofa de banana Cuiabana. Atualmente com o advento do agronegócio, Mato grosso é destaque no mundo todo por seu potencial produtivo de grãos e carne bovina, tendo como propulsores na implantação do agro, o povo sulista, predominantes dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio grande do Sul, denominados gaúchos. Assim à anexação de outras tradições culturais oriundas do processo migratório dando maior destaque para os sulistas, foram trazendo outras culturas fazendo com que houvesse essa diversidade cultural no Estado. Dentre os aspectos positivos para o fluxo migratório dos povos do sul para Mato Grosso, destaca-se à economia na geração de emprego e renda para o povo mato-grossense, fazendo com que algumas regiões antes pouco produtivas se tornassem atrativas para captação de recursos na melhoria do poder aquisitivo e qualidade de vida da população. Em contrapartida houve-se também fatores negativos, dentre eles o sufocamento das tradições cultural locais, dando se maior notoriedade para ás tradições advindas da migração, dando se o aspecto de hegemonia dos povos oriundos de outras culturas.

 

Palavras-chave: Etnias; povos indígenas; tradição; cultura; economia.

 

 

Abstract

This research aims to identify the cultural traditions of Mato Grosso having its popular manifestations originating from about forty indigenous ethnicities in the course of its historical formation. Currently the most well known ethnic groups are the Xavante, Cinta Larga and Bororo. Among the more traditional dances are Curuseé, Siriri, Cururu, Congo and Rasqueado and the famous Viola-de-Cocho manifested through its musicality. In cooking, the highlight is the fish-watered dishes found in the rivers of the regions of the state, such as: pacú, piraputanga, piranha, painted in addition to the famous chicken and farofa banana Cuiabana. Currently with the advent of agribusiness, Mato grosso is highlighted in the whole world for its productive potential of grains and beef, having as propellers in the implantation of agro, the southern people, predominant of the states of Paraná, Santa Catarina and Rio Grande do Sul, denominated Gauchos. Thus, the annexation of other cultural traditions originating from the migratory process, giving greater prominence to the southerners, brought other cultures, making this cultural diversity exist in the state. Among the positive aspects for the migratory flow of the peoples from the south to Mato Grosso, it stands out to the economy in the generation of employment and income for the people of Mato Grosso, making some previously unproductive regions become attractive for capturing resources in the improvement of the purchasing power and quality of life of the population. On the other hand, there were also negative factors, among them the suffocation of local cultural traditions, giving greater notoriety to the traditions coming from migration, giving themselves the aspect of the hegemony of peoples coming from other cultures.

 

Keywords: Ethnicities; indigenous peoples ; tradition; culture; economics.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Uma característica distintiva da formação do estado de Mato Grosso é a mistura de diferentes culturas do Brasil e de outros países, formando um mosaico de tipos locais e práticas culturais com características distintas. Essa diversidade muitas vezes acaba gerando alguma confusão sobre nossas origens culturais, principalmente para os turistas que não percebem a cultura dominante e acabam acreditando que não há identidade de lugar, quando na verdade é esse hibridismo que melhor representa o estado. A capital Cuiabá é a maior representante nesse sentido. Pode-se citar a presença de diversos grupos de imigrantes como paraguaios, bolivianos, libaneses, italianos e imigrantes mineiros, paulistas, gaúchos etc.

Entre os diversos povos que compõem a cena local, há um grupo que se destaca por seus discursos de autovalorização, um tanto nostálgico, e cuja principal característica é a exaltação de sua cultura e tradições, são os gaúchos. O tema foi escolhido inicialmente porque os indivíduos precisavam realizar esta pesquisa para compreender melhor os gaúchos, suas origens e raízes sociais, e seu discurso deveria ser atribuído como fonte primária para a disseminação de sua cultura e modo de ser. A base desta pesquisa foi a busca de compreender as características dessas pessoas. Do ponto de vista científico, o notório orgulho dos gaúchos por suas tradições e as formas como as mantinham se mostraram interessantes, pois mesmo longe de sua terra natal, em alguns casos, por décadas.

Além de seu local de origem, buscam preservar a aliança entre seus costumes tradicionais e os de sua descendência genealógica.

Saber quem é o Gaúcho, quais são as suas origens, a sua afirmação como referência para a sociedade como um todo, quais os valores culturais e outros elementos que encarnam a identidade da região, também orientam e sustentam este trabalho.

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

Na década de 60 a região Centro Oeste passou por grandes transformações econômicas e culturais, oriundas de programas governamentais induzido pelo avanço do agronegócio, havendo assim a necessidade de habitar essas regiões para que houvesse maior demanda produtiva de alimentos. e em contrapartida, o êxodo urbano, movimento contrário ao processo acontecido na segunda metade do século XX. Mato Grosso fez parte desse cenário de transformação tendo como chamariz vastas áreas de terras para serem exploradas para o cultivo de grãos. Com a facilidade na apropriação destas áreas de terra, houve no início de 1970 a migração dos povos do sul do Brasil para Mato Grosso. A partir da colonização dos povos sulistas, em Mato Grosso, houve-se também, à agregação de uma nova cultura oriunda dos colonos do sul. Desta forma, a colonização trouxe suas influencias culturais, tanto no campo do conhecimento, quanto nos aspectos culturais e linguísticos. 

O objetivo deste trabalho, é lançar luz sobre o modo de interação dos colonos sulistas com a cultura raiz do povo Mato-grossense, mostrando que esse processo migratório trouxe consigo uma resistência à cultura identitária de Mato grosso.

Os povos denominados sulistas, têm suas origens de descendência europeia, principalmente da Alemanha e Itália, tendo seu processo imigratório no Brasil desde a colonização europeia com a chegada dos nossos invasores, atuando em total desrespeito aos habitantes nativos.

A hegemonia da brancura europeia" trouxe consigo, a marca da imposição cultural, fazendo com que seus costumes e tradições, fossem implantados de forma sistemática, caracterizando assim, a dominação cultural de suas origens sociais e econômica. 

Neste processo, há também outro aspecto curioso, foi a vinda dos nordestinos para as frentes de trabalho braçal no estado de mato Grosso, o que caracteriza a vinda de outras culturas também. 

Os nativos mato-grossenses, oriundos de uma cultura de subsistência, foram perdendo espaço para uma nova modalidade econômica, o agro, trazendo consigo a marca da imposição cultural e o deboche ao homem tradicional mato-grossense, sendo os mesmos taxados de preguiçosos. 

A identidade da cultura mato-grossense perdeu espaço para os costumes sulistas, com a implantação de CTGs, que através de encontros festivos nestes locais são manifestadas suas tradições tais como: danças, religiosidade, gastronomia e etc... determinando a supressão da cultura nativa e impondo sua hegemonia cultural.

A viola de cocho deu lugar a musicalidade gaúcha, o traje simples do pantaneiro, deu lugar as bombachas gaúchas, e a preservação através da agricultura de subsistência, deu lugar à degradação dos biomas mato-grossenses e declínio cultural nativo. 

As escolas cederam lugar ao capital gerado pelo agro, deixando se caracterizar o coas cultural da origem mato-grossense, permitindo a desvalorização da nossa cultura em detrimento de uma cultura baseada na imposição de valores sobretudo econômico. 

Os gestores escolares nada tem feito para alinhar conforme a BNCC, que caracteriza que:

(...) O contexto social é inegavelmente plural. Em qualquer espaço, convivemos com a diversidade, seja ela referente à cultura, à identidade ou a modos de vida, o que nos leva a possíveis conflitos ligados a tais diferenças (SANTOS; LOPES, 2008; MOREIRA, 2005; CANEN, 2015). O multiculturalismo insere-se nesse contexto como um movimento político e teórico que busca respostas às problemáticas relacionadas à pluralidade (FERREIRA, 2012). No âmbito do ensino, refere-se a qualquer prática, abordagem ou propósito que busque reverter as lacunas que os espaços educativos apresentam em relação à diversidade de culturas, identidades ou a qualquer forma de diferença. Embora não seja um movimento homogêneo, o multiculturalismo insere-se no ensino como uma alternativa que se opõe a situações de exclusão, de silenciamento e de marginalização de culturas e de identidades nas escolas, além de ser base teórica à proposição de novas metas formativas e curriculares que substituam o paradigma da hegemonia cultural (CANEN, 2000; SILVA, 1999). Para abordarmos o multiculturalismo, é necessário que explicitemos nossa compreensão sobre cultura, diferença e identidade. A cultura pode ser entendida como uma dimensão da vida social, da qual fazem parte as práticas cotidianas, isto é, as produções e os modos de agir, de viver e de pensar de um grupo específico. Ela compõe um sistema de significados pelo qual as populações desenvolvem e comunicam seus conhecimentos e atividades próprias, sendo continuamente construída (FERREIRA, 2012). Em outras palavras, podemos afirmar que a cultura é o produto coletivo da história de cada sociedade (SANTOS, 2017). 

 

 

REFERÊNCIAS

 

Disponível em: http://dx.doi.org/10.23925/1809-3876.2020v18i1p111-136. Acesso em: 30 set. 2022.

Disponível em: http://www.mt.gov.br/historia. Acesso em: 30 set. 2022.