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O USO DAS TECNOLOGIAS NO CONTEXTO ESCOLAR

Ilda de LIma Freitas
Maria do Socorro Jerônimo
Maria Pereira Silva
Marilene Marciana da Cruz
Elenice Vanda da Silva Santana

 

 

RESUMO

As tecnologias adentraram a escola, porém não falam por si só, enquanto instituição responsável pela formação do indivíduo, compete à escola, na condição de formadora lidar com os avanços tecnológicos e colocar o aprendiz em contato com as novas tecnologias da informação, em como colocar a tecnologia em favor do processo de ensino e aprendizagem. Esse contexto exige que os professores incorporem as tecnologias à sua prática diária, visando ao favorecimento da aprendizagem necessária à atuação na sociedade atual. A incorporação da imagem, do som e dos movimentos, colocada na escola a serviços das diversas áreas do conhecimento, enriquece as experiências dos alunos, tornando a escola mais viva e dinâmica. Porém, nem sempre a implantação das tecnologias nas escolas vem associada à formação dos profissionais que com elas atuam, em especial o professor. Apenas implantar computadores na escola não garante mudança na qualidade do ensino, visto que não asseguram que sejam utilizados com fins educativos. Muitos dos computadores implantados em laboratórios de informática nas escolas foram transferidos para atividades administrativas como secretarias, relegando o processo de ensino e aprendizagem a um segundo plano. Da mesma forma, é fácil encontrarmos computadores desatualizados ou desuso, em função de diversos fatores como falta de formação do professor ou apenas não incorporação desses à prática docente. Portanto não basta oferecer aos professores o mero conhecimento instrucional para que se possam ter condições suficientes para fazer das novas tecnologias uma ferramenta pedagógica no processo de ensino e aprendizagem. As atividades de formação dos docentes para o uso das tecnologias devem ser realizadas durante um tempo adequado para assimilação e reflexão da sua prática pedagógica.

 

Palavra-chave: tecnologia, desenvolvimento, educação, conhecimento.

 

 

Introdução

 

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre o surgimento, evolução e desenvolvimento das tecnologias na sociedade e sua associação ao processo educacional.

A sociedade evoluiu, junto dela, as tecnologias. Nos últimos tempos vivenciando mudanças significativas nas suas diferentes instancias. Mudanças essas que são impulsionadas pelas inovações tecnológicas, em especial as digitais.

As tecnologias por si só não agem como motor de modificação social e não tem esse poder. O que promove as mudanças é o uso que se faz das tecnologias em favor das mudanças sociais, ou seja, seu uso na comunicação, na educação e em todos os setores da sociedade. Assim podemos dizer que as TICs favorecem a democratização do acesso à informação, ao conhecimento e a educação.

O avanço tecnológico caminhou a passos largos com o desenvolvimento tecnológico e o aperfeiçoamento da fotografia, do cinema e dos recursos de comunicação. As invenções do telegrafo, dó telefone, do rádio da televisão revolucionaram a história. Mais tarde a eletrônica, o fax, os computadores e a criação de redes de comunicação a distancia, como a internet, trouxeram novos avanços ao desenvolvimento da sociedade.

Desta forma, as tecnologias avançaram em função das necessidades criadas pelo homem, isto é, de sua própria criação, mas por si só a tecnologia não preserva nem modifica a natureza da sociedade. É o emprego que o homem faz dessa tecnologia que provoca as mudanças. Porém para que haja preservação ou alteração, é necessário que o conhecimento acerca dessa tecnologia, seja repassado às novas gerações. Compete a educação essa função, isto é, transportar às gerações mais novas os conhecimentos, descobertas, invenções e avanços tecnológicos.

Sendo assim, necessitamos incorporar as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) à escola como tecnologia educacional e não apenas como recurso didático sofisticado utilizado para enriquecer a prática pedagógica. Para isso, precisamos envolvê-las constituindo um novo paradigma.

 

 

Desenvolvimento

 

Tecnologias não são algo novo na sociedade. Desde sua existência o homem cria e produz tecnologia para atender suas necessidades. Reconhecemos um grande avanço tecnológico na mídia clássica após a inauguração da prensa de Gutenberg no século XV. Porém, na segunda metade do século XIX e inicio do século XX, o jornal, a fotografia, o cinema, o rádio e a televisão avançaram vertiginosamente, configurando uma nova sociedade de se comunicar e pensar.

O século XX foi marcado por evoluções tecnológicas, em especial das tecnologias da informação e da comunicação (TICs), tendo seu apogeu nas duas ultimas décadas com a disponibilização de acesso ao computador e a criação da internet.

A globalização da economia e das finanças, associada ao avanço das TICs no final do século XX, propiciaram uma nova divisão social que culminou com um novo desenho social e uma nova geografia, na qual não importa o lugar onde se habita, mas o acesso que se tem ás novas realidades. Esse prevalece sobre o local que se reside, nos coloca Kenski (2007)

A sociedade que nasce dessa “nova geografia” comunica-se entre si de todos os cantos do planeta e a qualquer momento. Estão interligados por uma grande rede, que é a internet. O computador promove a interação entre as pessoas e as interligam com o mundo inteiro, possibilitando a troca de informações, linguagens, valores, formas de pensar, comportamentos, ou seja, elementos da cultura de cada um.

Deste modo, as tecnologias estão cada vez mais presentes no cotidiano e provocam impactos de diferentes naturezas em diversas áreas, sobre tudo na educação. Com a associação das TCIs à educação, surgem novas possibilidades no processo de ensino e aprendizagem, proporcionando aos professores explorar novas formas de ensinar, e aos alunos, novas formas de aprender. Novos modelos educacionais emergem contemplando o uso de TICs no processo educacional, impondo a superação de modelos centrados em currículos fragmentados, de memorização e transmissão de informações. Um novo paradigma educacional se instala na sociedade, e o processo educativo não pode ignora-lo, sob pena de incorrer no erro de construir uma escola anacrônica.

Sendo assim a tecnologia não pode ser traduzida como algo que se liga na tomada, seu conceito é bem mais amplo e nem sempre tangível. A tecnologia não se resume a aparelhos eletrônicos, tampouco se restringe à redes digitais, como a internet, segundo Kenski (2003, p. 18),tecnologia é o”[...]conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade[...]”. O homem constrói equipamentos ou ferramentas para sua sobrevivência ou conforme suas necessidades. Porém essas ferramentas precisam ser pesquisadas, planejadas, construídas e criadas.

Precisam ainda estar ao alcance e a disposição para seu uso. Cada ferramenta exige uma forma ou uma maneira de ser utilizada. “[...] Às maneiras, aos jeitos ou às habilidades especiais de lidar com cada tipo de tecnologia, para executar ou fazer algo, nós chamamos de técnicas” (Kensk, 2003 p. 18). Chamamos de tecnologia todo esse conjunto, isto é, as ferramentas e as técnicas correspondentes ao seu uso em cada época.

As tecnologias ampliam o potencial humano, seja físico ou intelectual e quando empregadas com fim educacional contribui para ampliar as possibilidades do educador de ensinar e do educando de aprender.

Porém quando se fala em tecnologia na educação, “não se trata de pensar o ensino de informática, mas sim, o uso da informática no e para o ensino e, de modo geral, para a educação”. ( Almeida, 1988, p.5).

Nesse sentido, Grispun (1999, p. 65) acrescenta que a educação tecnológica:

 

[...] não é tecnicismo, determinismo ou conformismo a um status quo da sociedade, e assim um posicionamento, um conhecimento e envolvimento com saberes que não acabam na escola, não iniciam com um trabalho, mais estão permanentemente solicitados a penar-refletir-agir num mundo marcado por progressivas transformações.

 

Por isso não se pode dizer “ensino das novas tecnologias”, pelo contrário, as tecnologias na escola envolvem todo um redirecionamento no processo do ensino e aprendizagem, muitas vezes indo além dos limites e muros da escola.

Como explica Kenski (2003), a tecnologia na educação deve ser utilizada para a transformação do ensino tradicional e para construir um espaço em que a produção do conhecimento a aconteça de forma criativa e participativa. As novas tecnologias devem ser entendidas como um dos meios alternativos para construir o conhecimento, visto que propicia ao individuo integrar-se com o mundo, resultando em escolas mais flexíveis, menos autoritárias, cedendo lugar para ambientes aconchegantes, atrativos, estimuladores e criativos.

Deste modo cabe à escola incorporar em suas atividades educativas o potencial transformador dessa ferramenta e de outras formas de aprender apoiadas na visão, audição, simulação e estimulo à criação. Sendo assim, a instituição escolar, não pode ficar alheia a essas mudanças sociais e muito menos resistir a elas, mas fazer o uso consciente e crítico da ferramenta tecnológica, especialmente no ensino, até porque, se os professores não acompanharem o ritmo da sociedade, pode transmitir informações e conteúdos obsoletos.

É fundamental que o educador perceba que as novas tecnologias presentes no cotidiano ajudam a promover a interação escola e sociedade. Portanto, além de aprender sobre o uso das novas tecnologias, deverá repensar e mudar sua prática pedagógica para melhorar a qualidade de ensino e promover o desenvolvimento do aluno como indivíduo consciente dos seus direitos e deveres sociais.

De acordo com MORAN (2007, p. 162-166), é preciso “estabelecer pontos efetivos entre educadores e meios de comunicação”. Educar os professores para que, junto com seus alunos, compreendam melhor o fascinante processo de troca.

Educar para compreender melhor seu significado dentro da nossa sociedade, para

ajudar na sua democratização onde cada pessoa possa exercer integralmente a sua cidadania”. O professor só conseguirá mudar a sua prática pedagógica e melhorar a qualidade de ensino por meio da formação continuada, buscando conhecimento para ajudar a compreender e acompanhar as transformações pelas quais o mundo vem passando e que refletem na vida escolar, onde se faz necessário o uso dos recursos tecnológicos para obter e agilizar o acesso às informações.

Segundo MORAN (2007, p. 18) bons professores são a peça-chave na mudança educacional e a educação não evolui com professores mal preparados sendo assim precisa investir na formação continuada para se ter bons educadores.

Sendo assim é preciso proporcionar ao professor uma formação tecnológica na qual irá adquirir o conhecimento sobre como utilizar o computador e seus aplicativos, o acesso à internet e programas multimídia na sua prática docente é uma forma de contribuir para aprimorar a qualidade das aulas e estimular o aluno a aprendizagem.

 Com uma formação tecnológica o educador adquire o conhecimento necessário para utilizar o computador e seus aplicativos, como acessar a internet e inserir os programas multimídias e os softwares educacionais na sua prática docente.

O professor poderá aprimorar seu plano de aula e efetivar o uso tecnológico no seu cotidiano escolar, por meio de animações, vídeos e outros objetos educacionais encontrados na web. De acordo com NOGAI (2005, p.33):

 

“a informática na educação é vista como uma nova e promissora área a ser explorada e com potencial que pode possibilitar mudanças nos sistemas educacionais. Por isso, a importância que se reveste a formação de professores no domínio da tecnologia para que se tornem capazes de refletir e de participar ativamente desse processo de mudança da inserção da informática aplicada à educação”.

 

Portanto, é necessário formar o professor para usar as tecnologias na sala de aula e também provocar a reflexão e análise da sua prática pedagógica, auxiliando-o a criar novas estratégias didáticas e levando-o a compreender as transformações no seu plano de ensino, favorecendo a aprendizagem dos alunos.

 

 

Conclusão

 

De posse desta pesquisa concluímos que a educação não pode se restringir ao espaço físico da sala de aula, visto que o ser humano não é um ser acabado, pronto, formatado, mas sim um ser inacabado, que constantemente sofre modificações. É preciso explorar as novas possibilidades que as tecnologias proporcionam, tendo em vista a multiplicidade das informações que nos cercam, seja pela mídia televisiva ou imprensa, seja por um programa de rádio ou por uma simples conversa entre vizinhos. A cada momento, aprendemos e nos modificamos. Como seres inacabados que somos, por mais que aprendamos, há sempre algo mais por aprender.

Desse modo fica evidenciado que a aprendizagem é um processo de construção no qual o professor necessita mediar o pensamento de aluno, favorecendo a sua aprendizagem. As tecnologias são ferramentas que auxiliam essa mediação, ao mesmo tempo em que possibilitam novas descobertas e novas habilidades.

Entretanto o emprego dos meios de comunicação como recursos pedagógicos não isenta a escola de seu papel primordial que é ensinar. Não se busca, como utilização dos meios de comunicação, anular a função do professor, dos livros didáticos da própria instituição escolar. A figura do professor permanece viva e atuante, o que se modifica é seu papel no processo de ensino e aprendizagem.

 

 

Referências

 

ALMEIDA, Fernando José de. Educação e informática: os computadores na escola. São Paulo: Cortez, 1988.

 

KENSKI, V. M., Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação. 2ª ed. Campinas, SP:

Papirus, 2007, p. 46

KENSKI, V.M. Tecnologias e ensino presencial e a distancia. 4 ed. Campinas, SP: Papirus,2003

 

MORAN, J. M.; A Educação que desejamos: novos desafios como chegar lá. 2a Ed.

Campinas: Papirus, 2007, p. 18; p. 89-96.

 

MORAN, J, M.: Desafios na comunicação Pessoal. 3ª Ed. S.P.: Paulinas, 2007, p. 162-166.

 

GRISPUN, Mirian p. (org.) Educação tecnológica: desafios e perspectivas. São Paulo:Cortez, 1999.