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LITERATURA, MÉTODO, PERTINENTE NA APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS

Gerlânia Lima de Sousa [1]

 

 

RESUMO

O objetivo deste trabalho é apresentar as relações da literatura quanto a aprendizagem de língua estrangeira, pois aprender uma outra língua e dominá-la com proficiência não é nada fácil quando não se é nativo da língua. Toda língua tem suas façanhas e isto requer domínio de conhecimento dos elementos que a estruturam. A pesquisa qualitativa e, metodológica tem a intenção de conhecer os estudos que apoiam a literatura como canal de comunicação e instrumento relevante na aprendizagem da língua. Cada grupo tem seu próprio código de comunicação que revela sua identidade, além de, retratar a identidade de um grupo social. Nesse sentido, a literatura é universal no que tange qualquer comunidade em utilizá-la para manifestar sua cultura e historicidade por meio dos gêneros textuais. Constatou-se que a literatura entre os vários métodos apontados para aprender uma LE, é um mecanismo relevante para se desenvolver o conjunto de competências necessárias para aprender uma língua.  

 

Palavras-chave: Literatura; comunicação; língua.

 

 

1.INTRODUÇÃO

Quando se fala em língua, logo, se pensa em comunicação. Contudo, a língua estabelece diferenças de uso quanto ao grupo que é falante. Quando se tem por objetivo aprender uma língua, há muitas inquietações quanto aos métodos que auxiliarão no domínio da fala e escrita do código linguístico. Desde os primórdios até a contemporaneidade tem se desenvolvido vários métodos com intuito   de desenvolver as competências comunicativa necessárias em relação à língua alvo de modo mais rápido e eficaz.

O motivo pelo qual vem a se discutir o tema: “A literatura como, método, pertinente na aprendizagem de línguas.” Foi por dois fatores: primeiramente, por causa da própria experiência em ter interesse de aprender o idioma espanhol fazendo uso da literatura dentre os demais recursos e métodos   disponíveis que ajudam na aprendizagem da língua do povo que deseja ter contato. O segundo, porque a literatura está relacionada a leitura, pois a mesma é transmissora de conhecimento cultural, no entanto, permite o ato comunicativo entre falantes de grupos diferentes, sem ser necessário ter o contato direto com a comunidade falante da língua alvo, dessa forma podendo conhecer a comunidade por meio do código linguístico criado pelo grupo social.

Para a realização da pesquisa foi selecionada literatura produzida por autores que tratam de defender o método do uso da literatura como importante   para estudo e compreensão do conjunto dos elementos que abarcam o   conhecimento das características próprias de qualquer língua. Pesquisa bibliográfica, analítica, qualitativa com enfoque acerca do tema proposto, por meio da realização da leitura de livros, artigos científicos, temas de revistas acadêmicas encontrados na internet, sendo feito anotações dos pontos principais durante o curso da pesquisa com o tema: “A Literatura como, método, pertinente na aprendizagem de línguas”.

A literatura retrata fatos históricos, sociais e políticos que levam o leitor a pensar, a refletir, a buscar e explorar as palavras agrupadas a fim de poder interpretar e entender o texto para que haja a comunicação. Portanto, a presente pesquisa tem por objetivo geral apresentar a literatura como recurso metodológico dentre os diversos métodos existentes como essencial na aquisição dos conhecimentos linguísticos que compõem qualquer sistema de sinais de uma dada língua.

A aludida pesquisa   foi estruturada por partes. Primeira parte, foi selecionado o tema e feito o levantamento do referencial teórico com uma pré-leitura, leitura seletiva, leitura interpretativa e reflexiva de literatura de autores como, Albaladejo García, Leffa, Oliveira, Castorina, Rajagopalan, Santos e Thiel ressaltando os PCNs. Segunda parte, foi realizada as divisões por subtítulos relacionado ao título   organizando   a sequência dos argumentos. O primeiro segmento da composição do trabalho, organiza a lógica de fundamentos sobre a literatura como recurso metodológico na aquisição de conhecimentos relativos à LE e   define a literatura como veículo de comunicação e suporte de registro de quaisquer manifestações linguísticas culturais da língua de determinado grupo social.  O segundo segmento, abrange os fundamentos teóricos   de relevância que aduz a literatura como método relevante para a aprendizagem de uma língua estrangeira, o terceiro segmento, é a parte concludente do trabalho, relata os dados obtidos, ou seja, os resultados da pesquisa durante o período de reflexão do estudo.

 

 

  1. LITERATURA E A LIGAÇÃO COM A LÍNGUA

Há milhares de línguas que se falam em todo o mundo. As diferentes línguas possuem seu próprio vocabulário, padrões de gramática o que resulta em diferentes padrões de pensamento, isto porque, as diferentes raças não pensam da mesma forma. Por conseguinte, as ideias, a maneira de se comunicar e transmitir informações não são as mesmas. A exemplo, tem-se os imigrantes, que cruzam as fronteiras para países vizinhos por alguma razão.

Vale mencionar, que os imigrantes, portam   sua língua materna e identidade cultural   para os diferentes países no qual passam a residir e, consequentemente se deparam com novas línguas para  interagir precisando   aprender a língua no seu  contexto social, coexistindo um impacto da língua materna com a língua estrangeira nas suas diferenças, similaridades, código linguístico que a estruturam e as  influências externas que afetam a língua.

Deve-se ponderar, que para aprender a dominar o código linguístico de uma dada língua envolve ler, falar, escrever e compreender a cultura da origem da língua o que requer ir mais além de aprender grupos de palavras, gramática, sentenças gramaticais e fonética.  

Prova disso, ao observar na prática através da vivência com imigrantes que para interagir com os nativos da língua e assim suceder a interação comunicativa o recurso mais utilizado é a literatura no aprendizado da língua alvo. Nesse sentido é importante o ato de ler porque:

 

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que se sabe sobre a língua: características do gênero, do portador, do sistema de escrita etc. (BRASIL, 20021, p. 53).

 

Mesmo que a literatura seja objeto importante para estudos, cabe ressaltar, que não existe um método que seja solícito em superar todas as dificuldades encontradas vinculados no domínio de uma LE. No entanto, entre os vários métodos para aprender a LE a literatura é uma alternativa relevante porque faz uso autêntico da língua em todos os campos em que essa possa transmitir mensagem e informação abrangendo os conhecimentos de cunho linguísticos, sociais e culturais na forma de pensar e de se expressar de cada comunidade.

Nesse sentido, pode se dizer que a literatura pode ser definida como toda manifestação da linguagem; ato expressivo; produção de um povo com manifestações culturais, sociais e políticas de acordo com a época, ambiente e circunstâncias e elemento social.  Assim, a literatura pode ser o âmago para o aprendizado em LE. Visto que o idioma está profundamente ligado à mente e a literatura exige intelecto, assim, o texto torna-se o produtor das manifestações culturais sociais e políticas por meio da língua.

Ademais a literatura é capaz de propiciar a comunicação entre sujeitos. Segundo Santos (2009, p. 156) “A partir do contato intelectual, a identidade passa a possuir vários tipos de assimetrias: étnicas, sociais e políticas [...].” Nessa tangente a literatura é um meio de estabelecer relação entre indivíduos de comunidades diferentes através da reflexão sobre os mais variados temas de relevância social, política entre outros.  

Diante do exposto, a literatura torna-se um mecanismo de comunicação e interação de muita relevância   entre   indivíduos. Pois, o texto reflete sentimentos, pensamentos e o modo de vida retratando de maneira realística a cultura de um grupo social, A língua na sua atualização, representa e reflete a experiência em ação, as emoções, desejos necessidades, a visão de”. PCNs (BRASIL, 2000, p. 21) Nesse sentido, entende-se que o texto se apropria de sintaxe, semântica e expressões idiomáticas além de outros recursos estilísticos revelando a identidade de um povo.

Considerando que a língua é um veículo de comunicação e instrumento social, consequentemente, produz a identidade do grupo falante.   THIEL (2013, p. 2) afirma que. “A literatura dos mais variados gêneros textuais [...] proporciona, o conhecimento da pluralidade cultural do país [...].

Assim, a linguagem verbal, transmite conhecimento, informações, pensamentos, histórias e Ideias que resulta na interação entre sujeitos porque há presença do outro, Segundo OLIVEIRA (1995, p. 57) “a presença do “outro social” está nos significados que atribuem sentido aos elementos que estão ligados ao grupo o qual o falante faz parte”.

Da mesma maneira, os Parâmetros Curriculares Nacionais, Ensino Médio, BRASIL, (2000, p. 18) também aduz que “A interação é o que faz com que a linguagem seja comunicativa).” Assim, cada tipo de texto se torna um objeto enunciativo com intuito de expor conceitos, pensamentos, interpretações e valores sociais que se ajustam ao   tempo, ambiente, cultura e circunstância, tornando possível a comunicação.

Destarte, quando se tem contato com um texto em língua estrangeira sucede a comunicação, pois a literatura constrói a relação entre linguagens que se   estruturam em significado e combinações de sinais responsáveis no encadeamento das ideias, com intuito de estabelecer as conexões de similaridades e diferenças, estabelecendo o ato comunicativo entre os sujeitos. Pois, o raciocínio para ser claro depende das palavras e de suas várias interligações

Nas interações, relações comunicativas de conhecimento e reconhecimento, código, [...] permitem a adequação de sentidos partilhados [...] Os códigos se mostram no conjunto de escolhas e combinações discursivas, gramaticais, lexicais, fonológicas, gráficas etc.”  (BRASIL, 2000, p.6).

 

Em resumo, os gêneros textuais revelam a natureza da língua através dos elementos linguísticos da linguagem no discurso estabelecendo   as relações entre a língua e a sociedade por meio das manifestações, históricas, sociais e fatores externos que fazem parte do contexto social da língua do grupo social, pois. Os gêneros discursivos (...) nos dizem a natureza social da língua. Por exemplo, o texto literário se desdobra em inúmeras formas; o texto jornalístico e a propaganda manifestam variedades, inclusive visuais; os textos orais coloquiais e formais se aproximam da escrita; as variantes linguísticas são marcadas pelo gênero, pela profissão, camada social, idade, região.  (BRASIL, 2000, p.21).

 

Deste modo, os gêneros se organizam em função das intenções comunicativas, em consequência, a diversidade comunicativa dos gêneros textuais se tornam mecanismos que auxiliam    no desenvolvimento das diversas habilidades linguísticas, viabilizando o estudo de outra língua além da língua materna.

Já que, “Todo texto se organiza dentro de determinado gênero em função das intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos discursos, as quais geram usos sociais que os determinam.” (BRASIL, 1998, p. 21). Assim, o modo como os textos se organizam visam a função das intenções comunicativas o que faz com que seja possível desenvolver diversas habilidades linguísticas.

Então, é relevante a utilização de gêneros textuais como recurso para aprender línguas, porque cada tipo de texto possui uma construção social, o que exige padrões de uso da linguagem diferenciado tornando possível a comunicação, como salienta, BRASIL (2000, p. 9) quando declara que “As linguagens se utilizam de recursos expressivos próprios e expressam, na sua atualização, o universal e o particular”. Por conseguinte, qualquer gênero discursivo traça características distintas na sua produção em coordenar as ideias, as informações e a escolha de recursos expressivos adequando-se a língua padrão ou a língua coloquial.

Prova disso, é o poema, tipo de texto literário em que o escritor exterioriza sua individualidade social, porém alicerçando o código linguístico às características do grupo coletivo que pertence. Ao transmitir os sentimentos, as realidades vividas podem se apropriar da língua padrão ou da língua cotidiana bem como de recursos expressivos estilísticos.

Visto que o poema não é um texto com linguagem objetiva, todavia na sua linguagem subjetiva a qual é escrito, consegue provocar no leitor reflexão, questionamentos produzindo um diálogo inconsciente resultando no processo de interação comunicativa.  “Assim, no momento da leitura de um texto literário, todo o conhecimento do leitor precisa estar disponível na memória, porque tudo cabe dentro da literatura.   (SILVA, 2009, p.163).” Em primeiro análise, o texto literário pode oferecer elementos de importância para desenvolver habilidades que contribuem para aprender uma LE.

Lembrando que  o poema não será explorado nesta pesquisa é apenas citado como referência de apoio em mostrar a relevância da literatura como método para o aprendizado de LE, o que está em conformidade com o que diz  os PCNs   de que os  gêneros discursivos   “[...] se articulam proporciona uma visão ampla das possibilidades de uso da linguagem, incluindo-se [...] o  texto literário.” (BRASIL, 2000, p. 8). 

 Assim, a literatura é um universo de signos que cada sujeito a utiliza para fazer uso das palavras, dos significados para reinterpretar o mundo, externar a cultura e as experiências vividas através da linguagem expressa nos mais diversos meios sociais. Nesse sentido,  pode se dizer que a literatura atende às necessidades de um aprendiz de LE,  quanto a aquisição do saber de um novo idioma porque o acervo literário é diverso e cada tipo de texto se utiliza de  um tipo de código linguístico que se adeque ao tema, tempo, ambiente, cultura e circunstância o que faz com que o indivíduo interaja com a língua alvo. 

 

 

2.1 Relevância da literatura como mecanismo no aprendizado da língua    estrangeira

Comunicação é um processo que envolve a troca de informações entre dois ou mais interlocutores por meio de signos e regras semióticas mutuamente entendíveis.  É importante salientar que a língua é o veículo de comunicação e o texto o produto concreto dessa interação verbal.

No caso a linguagem sempre vai cumprir com o papel de transmitir os conhecimentos e a cultura de uma comunidade, pois a mesma está vinculada à sociedade em que a origina. Nesse contexto, a literatura é objeto de registro linguístico das relações dinâmicas entre escritores, público e sociedade, porque através dos caracteres o escritor transmite seus sentimentos e ideias do mundo, o que leva a literatura ser capaz de abranger aspectos não só linguísticos, como também sociais e culturais. Por conseguinte, o texto é o produto concreto das interações verbais.

Segundo RAJAGOPALAN (1998, p. 41) “A identidade de um indivíduo se constrói na língua e através dela, isso significa que o indivíduo não tem uma identidade fixa anterior e uma fora da língua”.  Então, a língua é o meio de comunicação e elemento social no que se refere as características próprias de uma sociedade. O grupo social desenvolve seu próprio código de sinais criado pelos falantes a partir de suas necessidades construindo assim a sua marca de referencia, isto é, sua identidade.

Além disso, a língua é o espelho de um país, isto é, percebido não na maneira palpável, mas na linguagem verbal. Nessa concepção a literatura desempenha um papel importante no estudo de línguas.

Baseado na própria experiência no interesse de aprender   a língua espanhola    apresentada como disciplina durante a realização do curso de Licenciatura Letras Português – Espanhol, foi constatado,  para que a   leitura realiza em outra língua aconteça  a comunicação exige-se conhecer a característica fonética, as variações lexicais, linguísticas e os significados das palavras que dão sentido ao texto escrito na língua alvo, ou seja, a língua de objeto de estudo.

 

A língua é heterogênea, criação e recriação mediante a realidade de uma comunidade, pois “[...] existe em cada uma delas estrutura fônica, gramatical, e lexical definida e distintas das demais. Cada uma dessas estruturas, a do português a do espanhol, a do francês, etc, é resultado de uma língua anterior, o latim, que teve sua própria organização estrutural modificada no tempo e no espaço. (FERREIRA & CARDOSO (1994, p.11).

 

Percebe-se que a literatura é o produto das interações verbais porque o texto além de ser   uma prática social baseada na interação verbal é unificado pelas partes da língua do falante que o escreve representando a realidade da língua em todo o conjunto de diferenças linguísticas em relação a estrutura de outras línguas.  

Pois, o texto trata de reunião de vários elementos que formam um todo unificado com o fim de facilitar a compreensão por meio de atribuição de uma palavra, termo, frase, sentido ou conceito. Por isso “O texto é único como enunciado, mas múltiplo enquanto possibilidade aberta de atribuição de significado, devendo, portanto, ser objeto também único de análise/ síntese”. (BRASIL, 2000, p. 19) Fator relevante que favorece a aprendizagem de uma LE.

Ainda o texto utiliza a   gramática, a morfologia,  a sintaxe, a semântica,  as variações linguísticas e lexicais o que contribui para a elevação na aquisição do vocabulário do mais simples ao mais complexo por meio de cada tipo de texto, reúne vários componentes do sistema linguístico, elementos de importância para desenvolver habilidades importantes para o aprendiz de LE.

Não só, os elementos já mencionados são importantes como também é importante a aquisição de vocabulário para o aprendiz. Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensinou Médio (BRASIL, 2000. P. 17) aduz que:

Comunicação é (...) entendida como um processo de construção de significados em que o sujeito interage socialmente, usando a língua como instrumento que o define pessoa entre pessoas. A língua compreendida como linguagem que constrói e “descontrói” significados sociais.

 

Nesse contexto, a palavra não possui significado enquanto estiver como unidade isolada, mas somente se estiver num grupo de palavras que possuirá significado. Ao considerar que cada país possui maneira diferente de dar nomes as coisas.

Um elemento decisivo na identificação de uma língua é seu léxico.  O léxico é saber internalizado do falante de uma dada comunidade linguística.  Língua não é só léxico, mas o léxico é o elemento que melhor a caracteriza e a distingue de outros. (LEFFA, 2016, p.259).

 

Acrescenta-se com os exemplos a seguir como as   variações lexicais são elementos que diferenciam e caracterizam um grupo linguístico. Por exemplo, MAMÃO no Brasil, em outros países da América Latina é conhecido por outra denominação. MAMÓN, (Argentina y Paraguay) e PAPAYA (Espanha, Chile, México e Uruguay). BANANA (Argentina, Uruguay e Brasil), PLÁTANO, (Espanha, Chile, México e Uruguay).

Então, a literatura permiti fazer as comparações entre similaridades e diferenças da língua materna e da língua estrangeira para efetuar a comunicação entre os sujeitos de grupos diferentes.  Isto acontece, porque a língua muda de acordo com a cultura, a região, a época, o contexto, as experiências e as necessidades do indivíduo e do grupo que se expressa. De modo que, é importante saber procurar o significado da palavra para poder compreender o enunciado comunicativo. Porque “O significado dicionarizado de uma palavra nada mais é do que uma pedra no edifício do sentido, não passa de uma potencialidade que se realiza de formas diversas na fala”. (BARBOSA, 2000, p. 1)

Da mesma maneira vocábulos são empregados segundo a morfologia da língua   dentro de um grupo de palavras conforme a realidade, época, local e cultura e de pessoa para pessoa.

Por exemplo, a palavra todavía/ todavia existe em espanhol e em português. No entanto, a palavra não significa a mesma coisa nos dois idiomas. Por exemplo, Todavía hay laranjas em el árbol / Ainda tem laranjas na árvore. Sim Embargo, tenemos que considerar mejor esa cuestión / Todavia, temos que considerar melhor essa questão. A palavra “acordar” em português significa despertar, mas na língua espanhola a palavra “acordar” significa fazer um acordo.

A língua envolve um conjunto de variantes linguísticas com diferentes significados na pronúncia, no emprego das palavras, na morfologia e na construção sintática entre outros O quadro 1 mostra as diferenças que cada comunidade possui em sua língua.

 

Quadro 1 – Variações linguísticas

Espanhol

Português

Niño

Criança

Jugar

Brincar

Aula

Sala de aula

Enejado

Chateado, zangado

Lograr

Conseguir

Sítio

Lugar, espaço

Hueso

Osso

Lista

Estar pronta/ ser experta

Flaco

Magro

Cena

Janta

Salgada

Salada

Taza

Xícara

Fonte: Autoria própria

 

Para tanto, a comunicação acontece no discurso podendo o falante criar ou recriar significados pra se comunicar revelando sua identidade social. Para os PCNs   a comunicação é [...] entendida como um processo de construção de significados em que o sujeito interage socialmente, usando a língua como instrumento que o define pessoa entre pessoas. A língua compreendida como linguagem que constrói e “desconstrói” significados. (BRASIL, 2000, p. 17)

 

Entende-se que as produções de linguagem decorrem da capacidade do usuário de interagir. “Para se desenvolverem como leitores em LE, [...] precisam ler materiais interessantes e compreensíveis, dentro de suas possibilidades linguísticas.” (ROSSONI, 2017, p.42). Desta forma, a literatura de língua estrangeira pode ser encarada como uma das melhores ferramentas para que se aprenda o contexto da língua alvo, pois ela fornece diferentes estilos de escritas e representações de vários usos autênticos da língua.

A literatura pode até não ser um instrumento único de êxito total na aprendizagem de LE. Contudo, possui uma fertilidade no código linguístico que pode auxiliar no desenvolvimento das competências necessárias para o domínio da língua.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A base do estudo feito sobre a literatura dentre os demais recursos relevantes para aprender uma língua estrangeira constatou-se que a literatura auxilia no desenvolvimento do conjunto de competências comunicativas. Porque a literatura é o universo cultural do mundo e meio de comunicação que promove a interação entre universos linguísticos diferentes. É o processo de produção autêntico de representações culturais de um dado grupo social porque parti do próprio falante da língua.

Visto que a construção social de língua se organiza em determinado texto, é possível afirmar que os gêneros textuais se constituem um método pertinente tanto para o ensino como para a aprendizagem de uma dada língua.  Logo, a Literatura é um importante recurso na aprendizagem de um idioma estrangeiro porque retrata a realidade ligada às circunstâncias sociais, políticas, artísticas e as tradições de um povo. Cada tipo de gênero textual retrata se apropria de um conjunto linguístico para que possa transmitir tanto a mensagem quanto a informação que espera quer de modo objetivo ou subjetivo.

Portanto, o estudo constata que a literatura possui um papel preponderante no que tange a aprendizagem de uma língua estrangeira (LE), porque ultrapassa as fronteiras devido cada tipologia textual ser organizada em diferentes código de linguagens segundo o formato literário:   descritivo, expositivo, argumentativo e instrutivo atentando para a mensagem que se deseja transmitir.  Portanto, a literatura torna-se um mecanismo facilitador no desenvolvimento de competências para aprendizagem de uma língua estrangeira.

 

 

REFERÊNCIAS

 

BARBOSA, J. E. A. Os gêneros textuais e o material de “listening. Comprehension”. In. LEFFA, V. J. (Compilador). TELA (Textos em Linguística Aplicada) [CD. ROM]. Pelotas: Educat, 2000.

BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. Ministério da Educação. / MEC. 1998.

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio): parte II: Linguagem, códigos e suas tecnologias. Língua estrangeira moderna. Brasília: MEC, 2000.

BRASIL, Ministério da Educação. Curriculares Nacionais. 3 ed. Brasília: MEC, 2001.

FERREIRA, C. & CARDOSO, S. A dialetologia no Brasil. São Paulo. Contexto, BRASIL

LEFFA, V. J. Língua estrangeira. Ensino e Aprendizagem.  Vilson J. LEFFA – Pelotas: EDUCAT, 2016.

OLIVEIRA, Me. K. Pensar a educação; contribuições de Vygotsky. In. CASTORINA, J. A., FERREIRO, E., OLIVEIRA, M. K. de e LERNER, D. Piaget- Vygotsky: Novas contribuições para o debate. São Paulo: Ático, 1995

ROSSONI, F.C. Investigando atitudes de leitura entre aprendizes de inglês como Língua estrangeira: Diferenças entre readers e textos autênticos. Dissertação (Mestrado em Letras) – Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Paraná, Paraná, 2017.

RAJAGOPALAN, K. O conceito de identidade em linguística: é chegada a hora de uma consideração radical? In. SIGNORINI, Inês (Org.) Língua (gem) e identidade: elementos uma discussão no campo aplicado: São Paulo: Mercado de Letras, 1998.

SANTOS, Paulo Sérgio, Nolasco dos, Literatura e práticas culturais. / Paulo Sérgio Nolasco dos Santos. – Dourados, MS: UFGD, 2009.

SILVA, V. M. TIETZMANN. Leitura literária e outros saberes. Impasse e alternativas no trabalho do professor . Belo Horizonte: RHJ. 2009.

THIEL, J. C. A literatura dos povos indígenas e a formação do leitor multicultural. Educação e Realidade, v.38, n,4, p.1175-1189,2013.

MENDES, Maria Literatura. EDUCA+BRASIL Disponível em <https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/literatura > Acesso em: 20. ab. 2022.

 

 

[1] Professora com Licenciatura em Letras- Português- Espanhol. Centro Universitário UNIFAEL. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.