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O RETORNO DAS AULAS PÓS PANDEMIA: PRÓXIMOS PASSOS

Graciela Aparecida Dal Sotto

Luana Thaylle Cristo Silva

Marta Regina Rodrigues Vieira

Olívia Mendes Duarte Rodrigues

 

RESUMO

O presente trabalho busca discutir sobre o retorno das aulas presenciais em um cenário pós pandemia. Para tanto, foram elencadas as principais dificuldades enfrentadas por professores e alunos com o retorno das atividades presenciais. O estudo foi pautado em pesquisa bibliográfica nas áreas da educação e psicologia. A discussão a respeito das dificuldades enfrentadas deve ser feita e trata-se de um fator de extrema importância voltado para o desenvolvimento educacional. Além da dificuldade motivacional do estudante, a prática do ensino remoto trouxe à tona outra problemática, a falta de estrutura ergonômica. Trata-se de mais uma dificuldade imposta aos professores: integrar alunos que tiveram diferentes níveis de acesso ao ensino em uma mesma realidade. De maneira direta a pandemia afetou a saúde mental não somente dos alunos, mas também dos pais e professores, fazendo com que o desenvolvimento e habilidade de adquirir novos conhecimentos fossem afetados de forma negativa, sendo este um dos principais desafios a serem contornados. Diante do exposto, é evidente a necessidade do uso do ensino presencial associado ao ensino remoto no processo educativo. Entretanto, é uma pauta que deve ser tratada com seriedade de acordo com sua complexidade, de modo que mais trabalhos e pesquisas sejam feitos a fim de que se encontrem meios para superar as barreiras da modernização do ensino. No que tange as instituições de ensino, além da necessidade de estruturas que suportem as mudanças, torna-se imprescindível o fornecimento de ferramentas aos profissionais da educação para que desenvolvam a capacidade de identificar as dificuldades de aprendizado e desta forma traçar o perfil dos alunos para que com os processos de ensino adequados todos adquiram conhecimento de maneira igualitária.

 

Palavras-chaves: educação. Desafios pós pandemia. Retornos às aulas.

 

INTRODUÇÃO

 

O mundo passou por uma fase histórica e muito difícil, uma pandemia. No início de 2019 surgiu o vírus COVID-19, tendo seu primeiro caso registrado na China e se estendendo para 19 países, chegando a ser declarada Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional pela OMS no ano seguinte (GUENTHER, 2020).

No Brasil a ocorrência da pandemia, que ainda perdura, vem causando grandes modificações no que diz respeito a política, economia, religião, ciência, cultura e educação. Esta última em especial passou por adaptações, com o fechamento das escolas, ocasionado pela necessidade de isolamento, o ensino passou a ser realizado de maneira remota. O ensino online foi a saída adotada para que a educação não parasse, mas tanto para os professores como para os alunos tratava-se de mais um desafio. Embora, tenham sido criadas possibilidades, ainda restam muitas dificuldades a serem enfrentadas na busca pela normalidade (SILVA, 2020).

Diversos autores evidenciam a existência de grandes dificuldades no retorno às aulas presenciais pós pandemia, especialmente em uma realidade com experiência recente do ensino remoto e/ou híbrido (CHAGAS, 2022; RODRIGUES DE ALMEIDA et al., 2021; OLIVEIRA, GOMES e BARCELLOS, 2020; BEHRENS, TORRES e PRIGOL, 2021; DE OLIVEIRA MENEZES e FRANCISCO, 2020).

Sendo assim, o presente trabalho busca discutir sobre o retorno das aulas presenciais em um cenário pós-pandemia. Para tanto foram elencadas as principais dificuldades enfrentadas por professores e alunos com o retorno das atividades presenciais. O estudo foi pautado em pesquisa bibliográfica nas áreas da educação e psicologia.

 

DESENVOLVIMENTO

 

A discussão a respeito das dificuldades enfrentadas deve ser feita e trata-se de um fator de extrema importância voltado para o desenvolvimento educacional. Lima (2021) ressalta que dentre os desafios o maior dele cai sobre os discentes ao tentaram identificar os fatores potenciais que induzem os alunos a ter um aprendizado mais ativo e participativo nas recém retomadas aulas presenciais.

De maneira geral, o ensino remoto adotado durante a pandemia vem sendo uma ferramenta adicional no processo de readaptação do ensino. Entretanto, é de suma importância que o papel dos educadores seja ressaltado como principal meio de aprendizado, assim como o papel dos educandos no processo de aprendizagem com empenho e compromisso ditando seu próprio ritmo.

Além da dificuldade motivacional do estudante, a prática do ensino remoto trouxe à tona outra problemática, a falta de estrutura ergonômica. No Brasil uma significativa parcela dos alunos encontram-se em vulnerabilidade socioeconômica (LUIZ DA SILVA et al., 2022), o que dificultou o acesso às aulas remotas. Acesso à internet, possuir equipamento necessário (celular ou computador), espaço adequado reservado para os estudos, tempo dedicado aos estudos e despreparo dos pais ao auxiliarem nas atividades escolares tornaram impossível o acesso ao ensino para alguns educandos durante a pandemia. Em sua pesquisa Osti et al. (2021) constatou que apenas 34% dos alunos conseguiram dar continuidade aos estudos de forma remota. Sendo assim, o que ocorre com a parcela de alunos que não acompanharam as aulas? São abandonados?

Trata-se de mais uma dificuldade imposta aos professores: integrar alunos que tiveram diferentes níveis de acesso ao ensino em uma mesma realidade. Como recomendações da UNICEF (2020) tem-se o desenvolvimento de calendários dinâmicos e buscar mensurar os impactos causados aos estudantes com maior vulnerabilidade que apresentaram acesso restrito às atividades remotas.

De acordo com Oliveira, Gomes e Barcellos (2020) além da adaptação às tecnologias voltadas aos novos meios de ensino, é imprescindível que os professores apresentem características específicas para que o ensino seja facilitado dado o atual cenário, dentre elas está a capacidade de ministrar os conteúdos de forma clara e organizada, aptidão cognitiva e, sobretudo, socioemocional.

O estudo realizado por Paula et al. (2022) evidencia os efeitos psicológicos causados aos estudantes pelo isolamento, tais como ansiedade, raiva, estresse pós-traumático e depressão. De maneira direta a pandemia afetou a saúde mental não somente dos alunos, mas também dos pais e professores, fazendo com que o desenvolvimento e habilidade de adquirir novos conhecimentos fossem afetados de forma negativa (ORTEGA e ROCHA, 2020), sendo este um dos principais desafios a serem contornados.

Da mesma maneira com que a sociedade se adaptou às dificuldades impostas pela pandemia mundial, os alunos, pais e professores possuem alternativas para superar os desafios de forma segura e responsável. Who (2020) apresenta algumas opções, dentre elas estão o direcionamento dos educandos ao suporte mental e psicológico quando necessário, suportar os pais e alunos que se encontram em estado de vulnerabilidade, estimular a expressão dos alunos bem como a participação efetiva nas atividades em sala, e por fim utilizar programas de larga escala buscando atenuar a perda de aprendizado ocorrida durante a pandemia.

Kubota (2020) salienta a importância da criação de políticas e programas que atuem na identificação, mensuração e mitigação dos grupos de alunos que de alguma forma sofreram perdas de aprendizado durante a pandemia, de maneira que estes sejam reintegrados por educadores que tenham sido previamente treinados para tal atividade.

Da Silva et al. (2022) ressalta a necessidade de reestruturação não somente dos espaços físicos nas escolas na busca pela reinserção dos alunos, mas também nas ferramentas de trabalho dos professores a fim de atender as necessidades educacionais, psicológicas e sociais das crianças e adolescentes. Corroborando com tal ideia, Gatti (2020) destaca a necessidade de pensar em uma reconfiguração no ensino e educação levando em consideração os distintos níveis de ensino, juntamente com busca pela sustentabilidade das instituições voltadas a essa classe.

Ortega e Rocha (2020) afirmam que o isolamento social trouxe à tona a necessidade humana de ter interação com outros e, sobretudo, de se comunicar. Os autores evidenciam que o conhecimento só é possível através de processos, dos quais os professores são responsáveis interagindo com os alunos através da comunicação.

Em sua pesquisa, Rodrigues de Almeida et al. (2021) demonstram que 89% dos professores devem aproveitar algum método de ensino ativo após a pandemia demonstrando, desta forma, que para a maioria dos professores, apesar das dificuldades, a pandemia juntamente com o período de isolamento trouxeram oportunidades de desenvolvimento e aprimoramento da profissão de educador.

Com base nesta pesquisa, é correto afirmar que uma análise mais aprofundada deve ser realizada com intuito de buscar alternativas atenuantes aos prejuízos causados pela pandemia nos âmbitos sociais e pedagógicos, assim como apontam De Oliveira Menezes e Francisco (2020) em seu trabalho.

Por fim, como trás Saraiva e De Carvalho (2022), é de suma importância que sejam desenvolvidas políticas públicas que garantam não só a defesa da educação, mas sobretudo a possibilidade de expansão na busca por minimizar os prejuízos causados pela pandemia no processo de aprendizado dos alunos, sem que haja exclusão ou discriminação.

 

CONCLUSÃO

 

Com o presente estudo foi possível elencar algumas das dificuldades enfrentadas por professores e alunos no retorno às aulas presenciais pós-pandemia, bem como identificar os possíveis métodos para solucioná-las.

Diante do exposto, é evidente a necessidade do uso do ensino presencial associado ao ensino remoto no processo educativo. A discussão sobre a adoção de novos modelos de ensino é recorrente em diversos trabalhos, inclusive em alguns dos citados nesta pesquisa. Entretanto, é uma pauta que deve ser tratada com seriedade de acordo com sua complexidade, de modo que mais trabalhos e pesquisas sejam feitos a fim de que se encontrem meios para superar as barreiras da modernização do ensino.

No que tange as instituições de ensino, além da necessidade de estruturas que suportem as mudanças, torna-se imprescindível o fornecimento de ferramentas aos profissionais da educação para que desenvolvam a capacidade de identificar as dificuldades de aprendizado e desta forma traçar o perfil dos alunos para que com os processos de ensino adequados todos adquiram conhecimento de maneira igualitária.

 

REFERÊNCIAS

 

BEHRENS, M. A.; TORRES, P. L.; PRIGOL, E. L. Revisitando os construtos de Paulo Freire para o enfrentamento da docência na crise causada pela pandemia. Revista Docência e Cibercultura, v. 5, n. 3, p. 104-122, 2021.

CHAGAS, Kelly Cristina Camargo. Análise do impacto do ensino remoto e híbrido na aprendizagem, durante o período de prevenção ao Covid-19, no 4º Colégio da Polícia Militar-Maringá. Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 6, p. 46873-46889, 2022.

DA SILVA, G. L. et al. Educação Física Escolar x Pandemia: o que dizem os protocolos de volta às aulas presenciais. Pensar a Prática, v. 25, n. 1, 25 p., 2022.

DE OLIVEIRA MENEZES, S. K.; FRANCISCO, D. J. Educação em tempos de pandemia: aspectos afetivos e sociais no processo de ensino e aprendizagem. Revista Brasileira de Informática na Educação, v. 28, p. 985-1012, 2020.

GATTI, B. A. Possível reconfiguração dos modelos educacionais pós-pandemia. Estudos avançados, v. 34, n. 100, p. 29-41, 2020.

Guenther, M. (2020). Como será o amanhã? O mundo pós-pandemia. Revista Brasileira De Educação Ambiental (RevBEA), v. 15, n 4, p. 31–44, 2020.

KUBOTA, Luis Claudio. Levantamento das recomendações para a volta às aulas em tempos da Covid-19. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), n. 74, 20 p., 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.38116/ntdiset74.

LIMA, J. R. R. A implementação do ensino híbrido no período pós-pandemia. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 7, n. 2, 10 p., 2021.

LUIZ DA SILVA, G.; FALCÃO, D.; MELO FERREIRA, R.; ROCHA SOARES, E.; OCELLI UNGHERI, B. Educação Física Escolar x Pandemia: o que dizem os protocolos de volta às aulas presenciais. Pensar a Prática, Goiânia, v. 25, n. 1, p. 25, 2022.

OLIVEIRA, J. B. A.; GOMES, M.; BARCELLOS, T. A Covid-19 e a volta às aulas: ouvindo as evidências. Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação, v. 28, n. 108, p. 555-578, 2020.

ORTEGA, L. M. R.; ROCHA, V. F. O dia depois de amanhã—na realidade e nas mentes—o que esperar da escola pós-pandemia. Pedagogia em Ação, v. 13, n. 1, p. 302-14, 2020.

OSTI, A.; DE FREITAS PONTES JÚNIOR, J. A.; ALMEIDA, L. S. O comprometimento acadêmico no contexto da pandemia da Covid-19 em estudantes brasileiros do Ensino Superior. Revista Prâksis, v. 3, n. 1, p. 275-292, 2021.

PAULA, G. M. de et al. Impacto da pandemia da COVID-19 sobre a saúde mental dos alunos de medicina da Universidade Evangélica de Goiás. Orientadora: Prof. Esp. Talita Braga. 2022. 45 f. TCC (Graduação) – Curso de Medicina, Universidade Evangélica de Goiás, Goiás. 2022. URI: http://repositorio.aee.edu.br/jspui/handle/aee/19115.

RODRIGUES DE ALMEIDA, P. et al. Relações no ambiente escolar pós-pandemia: enfrentamentos na volta às aulas presenciais. Actualidades Investigativas en Educación, v. 21, n. 3, p. 275-302, 2021.

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WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Key messages and actions for Covid-19 prevention and control in schools. Geneve: WHO. 2020.