A LINGUAGEM ORAL E ESCRITA EM ESTUDANTES COM TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE (TDAH): UM DESAFIO PARA A ESCOLA
Cristina Viotto Januário
Diana Silva de Mello
Solange Bernardo Brito dos Santos
Maria José Rufino de Lira
Marinês da Silva Vargas
RESUMO
O presente estudo tem como tema” A linguagem oral e escrita em estudantes com transtorno e déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): um desafio para escola “. O principal objetivo desse artigo é buscar compreender as características que envolve aquisição da linguagem em estudantes com TDAH. É um artigo de revisão bibliográfica, que inicialmente abordará os Conceitos e Características do Transtorno e Déficit de Atenção e Hiperatividade, em seguida trata da Linguagem Oral e Escrita, TDAH um Desafio para Escola, e por último abordará a Inclusão Escolar. O fato é que, o TDAH é o distúrbio neurocomportamental com maior ocorrência no sexo masculino. Ao longo dos anos, diversas nomenclaturas têm sido utilizadas, para denominar crianças e adolescentes com um padrão comportamental caracterizado por hiperatividade, desatenção e impulsividade. Portanto, esses padrões interferem no desenvolvimento da linguagem oral e escrita do sujeito portador de TDAH, alterando as habilidades do processamento fonológico. A escola é um ambiente onde todos os sujeitos se apresentam com suas ideias, características e necessidades individuais, pois é neste ambiente que o aluno portador de TDAH é visto com mau comportamento, e estão sempre atrasados com as atividades em relação aos outros. Neste contexto, para que de fato haja a inclusão escolar e necessário que todos, escola, comunidade e família estejam envoltas com a educação do aluno com TDAH. Como resultado observou-se que estudantes com TDAH apresentam baixo desempenho na linguagem oral e escrita em relação aos outros estudantes.
Palavra-chave: Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade TDAH. Desafio escolar. Inclusão.
INTRODUÇÃO
Este estudo constitui o trabalho de conclusão do curso de psicopedagogia institucional, clínica e educação infantil do grupo educacional Faveni. Tem como tema “A linguagem oral e escrita em estudantes com transtorno e déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): Um desafio para escola.”
Um dos interesses pelo tema surgiu a partir da necessidade em compreender as diferentes características acerca desta condição que é de caráter neurocomportamental que se manifesta em crianças e adolescentes na idade escolar. Além disso, é mais frequente no sexo masculino.
O sujeito portador de TDAH apresenta as seguintes tríades: desatenção, agitação e impulsividade. Este transtorno causa um impacto na vida social de que o possui, interferindo nas relações com as pessoas com as quais convivem, e também causa problemas que envolve a aprendizagem, o emocionais e o social.
A linguagem oral e escrita, como meio de comunicação do ser humano, apresenta forte influência na vida social dos estudantes, e principalmente no processo de socialização no âmbito escolar. O sujeito que possui (TDAH), além das manifestações inerente ao próprio transtorno, sofrem com tais comorbidades.
O objetivo desta pesquisa é buscar compreender as principais características que envolve a aquisição da linguagem oral e escrita em alunos com (TDAH), analisar quais são os desafios para a escola. descrever os meios legais que envolve a inclusão escolar. Portanto, é importante lançar olhares que venham contribuir para a formação de novas posturas no campo educacional e social destes indivíduos.
O buscar, o compreender são passos relevante para entender as características desses sujeitos e seu universo. Acredito que as discussões sobre este tema estão avançando e possibilitando uma reconstrução do campo educacional para diminuir os danos causado por este transtorno.
Está pesquisa buscará responder aos seguintes questionamentos: quais são os conceitos e características do transtorno e déficit de atenção e hiperatividade? A escola está preparada para enfrentar estes desafios, que é atender aos alunos portadores de TDAH? E ainda, como é desenvolvida a linguagem oral e escrita dos alunos com TDAH? E também como se dá a inclusão escolar? Essas são algumas das questões que me levaram a pesquisar sobre este tema, pois são várias as políticas que englobam a educação especial, no entanto, ainda há muito a ser feito para que ocorra de fato uma educação para todos.
Compreender os fatores que envolvem os sujeitos com TDAH requer uma investigação mais aprofundada acerca deste transtorno que afeta uma grande população em idade escolar e causa danos irreversível na vida acadêmica e social destes sujeitos.
O presente estudo caracteriza-se, como sendo uma pesquisa de revisão bibliográfica. E para explanação deste tema busquei apoio nos estudos produzidos em sites, artigos, livros e tese que tratam sobre este tema. Em seguida foram selecionados os de interesse para a produção deste artigo.
Na primeira parte deste artigo será abordado o conceito de TDAH e suas características. A segunda parte trata da linguagem oral e escrita, um desafio para escola. A terceira parte aborda especificamente a inclusão escolar.
CONCEITO E CARACTERÍSTICA DO TRANSTORNO E DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE
Ao se falar a respeito do transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, é importante frisar que este transtorno está presente em nossa sociedade há muito tempo. Segundo as pesquisas em 1865 o médico alemão Heinrich Hoffman em seu livro infantil “Pedro despenteado” descreveu características de crianças hiperativas e desatentas. O fato é que, o TDAH é o distúrbio neurocomportamental mais comum no sexo masculino, geralmente se manifesta antes dos 5 anos de idade, com prevalência de 3 a 7% das crianças em idade escolar.
Ao longo dos anos, diversas nomenclaturas tem sido utilizada, para denominar crianças que apresentam um padrão comportamental caracterizado por hiperatividade, desatenção e impulsividade. Este padrão está acima do esperado para a faixa etária ou estágio de desenvolvimento da criança. Portanto, atualmente a denominação Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade TDAH vem sendo utilizada consistentemente, por se tratar do termo adotado pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou DSM-IV-TR (APA, 2002).
Outro ponto importante a ser comentado, são os sintomas do TDAH que está presente nos dois gêneros de modo distinto, hiperatividade é mais comum em meninos e desatenção em meninas.
Mattos (2003) salienta que os sintomas de TDAH se modificam com a maturidade. As crianças apresentam hiperatividade motora, agressividade, baixa tolerância à frustração e impulsividade. Adolescentes e adultos apresentam sintomas de distração, desatenção, mudança frequente das atividades, irritabilidade, impaciência, agitação.
Os argumentos citados contribuem para que tenhamos uma melhor compreensão do universo do sujeito portador de TDAH. Mattos (2003, p.29) prossegue afirmando que:
Pelo menos 50% das crianças com TDAH continuam a apresentar o quadro na vida adulta. O transtorno acompanha a maioria dos pacientes ao longo de suas vidas, nos diversos contextos. As consequências individuais (incluindo a baixa estima), familiares e sociais geram sempre algum grau de incapacidade e sofrimento, associado a prejuízo significante do desempenho escolar e profissional. Entretanto, existe tratamento contínuo, objetivando melhora em todas as áreas prejudicadas pelo TDAH.
Diante do exposto em relação ao transtorno não podemos deixar de falar do diagnóstico do TDAH, que é fundamentalmente clínico, envolvendo critérios específicos. Um dos critérios utilizado para realizar o diagnóstico em crianças com TDAH é o DSM–IV-RTM, pois com o auxílio de exames neurológicos, envolve a análise da frequência, da tríade sintomática desatenção, hiperatividade e impulsividade. Além disso, a tríade sintomatológica não costuma afetar todos os sujeitos portadores de TDAH da mesma forma. Citamos abaixo as características do TDAH.
- DESATENÇÃO
A desatenção caracteriza-se por mudanças frequentes em não dar a devida atenção a detalhes na conversa com outras pessoas, ou comete erros por descuido nas atividades diárias. Tem dificuldade em manter a atenção durante conversas, não consegue seguir instruções, deixando de terminar as tarefas escolares, domésticas ou deveres no trabalho, tem dificuldade em cumpri regras em atividades lúdicas, além de relutância no engajamento de tarefas complexas que exijam organização e esforço mental contínuo.
- HIPERATIVIDADE /IMPULSIVIDADE
A hiperatividade ou impulsividade caracteriza-se pelo movimento excessivo das mãos e dos pés, não consegue ficar sentado por muito tempo, sai da carteira em sala de aula, ou em outras situações que se espera que permaneça sentido, tem dificuldades em brincar ou de se envolver em atividades de lazer de forma tranquila. Já em adolescentes e adultos, isso pode ser limitado a sensações subjetivas de inquietação.
Enquanto a impulsividade caracteriza-se pelo agir sem pensar, responde de forma intempestiva antes que as perguntas sejam terminadas, tem dificuldade de se organizar no trabalho, necessidade de supervisão e dificuldade do sujeito esperar sua vez em atividades lúdicas ou em situações de grupo. Isso quer dizer que, estes sintomas trazem prejuízos significativos no desenvolvimento do sujeito.
- COMBINADO
E do tipo Combinado se caracteriza pela presença de seis ou mais sintomas de desatenção e seis ou mais sintomas de hiperatividade-impulsividade. A maior incidência em crianças e adolescentes é do tipo Combinado, não havendo dados acerca dos adultos (APA, 2003). de acordo com o DSM-V (APA, 2013) “a maioria das crianças e adolescentes com o TDAH apresentam o subtipo combinado”.
Pesquisas apontam que o TDAH é o transtorno que mais causa comorbidades, tais como: transtorno de conduta (TC) e transtorno desafiante de oposição (TOD) (em cerca de 30 a 50% dos casos), abuso de substâncias psicoativas e álcool (9 a 40 %), transtorno de humor (depressão e transtorno bipolar) (15 a 20%), transtornos de ansiedade (em aproximadamente 25%), transtornos de tiques e transtornos de aprendizagem (10 a 25%). Ainda, conforme este autor a “prevalência, algumas análises vêm apresentando avaliações variáveis tanto em amostras internacionais como também nacionais”. (ALVES 2015).
Os argumentos apresentados por Alves (2015) sobre os resultados, deve ser decorrente de dois principais fatores, tais como: o primeiro é decorrente do rigor da avaliação do transtorno, que ocorre de diversas maneiras em diferentes lugares, já o segundo refere-se a variável tempo, pois para ele tanto a nomenclatura quanto os critérios diagnósticos costumam mudar com o passar dos anos.
A LINGUAGEM ORAL E ESCRITA E O TDAH
Para o desenvolvimento da linguagem, é necessário algum requisito, como por exemplo, ter algo em mente para falar, ter alguma razão ou intenção de comunicar o que está pensando. Ter alguém com quem se comunicar, possuir capacidade cognitiva suficiente para organização dos procedimentos comunicativas verbais e não verbais, em fim, o que leva alguém a se comunicar, ‘função pragmática’. De acordo com Oshima e Parra (2015, p. 04) conforme citado por Zorzi (1993). Conversar envolve uma sequência de atos comunicativos que exigem dos interlocutores compromisso com o tema abordado e capacidade de adaptação aos participantes e situação. Com tudo, o sujeito portador de TDAH apesenta alguns dos requisitos citados acima de forma alterada.
A atenção é um desses requisitos essenciais para o processamento da linguagem oral e escrita. A importância da atenção é necessária desde os primeiros momentos da aquisição da linguagem, a qual nos possibilita concluir que o comportamento desta função influência de modo decisivo no desenvolvimento da linguagem, não só nos aspectos referentes aos domínios das estruturas linguistas, mas também no desenvolvimento das habilidades comunicativas de uma socialização com outra.
Estudos comprovam que o processamento fonológico, objeto de interesse de diversos estudos, tem sido reconhecido como um componente que participa do processo de desenvolvimento da decodificação leitora e codificação escrita. Alterações nas habilidades do processamento fonológico (consciência fonológica, acesso ao léxico e memória operacional) prejudicando o desenvolvimento da leitura e escrita. (GUEDIM, CAPELATTO, AZONI, CIASCA e CRENITTE 2017).
em sua tese de dourado Albuquerque (2008, p. 72) realizou uma triagem com sessenta e dois estudantes sobre a leitura e a escrita, sendo que trinta e um era portador de TDAH. De acordo com ela as tarefas de leitura e escrita foram analisadas individualmente, os sujeitos submetidos à triagem, quatro apresentaram dificuldades de leitura e escrita sugestivas de dislexia, sendo que um deles com comprometimento em grau moderado e três deles com desempenho sugestivo de dislexia em grau leve.
Ainda conforme está autora, o grupo controle, também havia quatro com dificuldades de leitura e escrita sugestivas de dislexia, exatamente nas mesmas dimensões que as do grupo experimental, ou seja, três com desempenho sugestivo de dislexia em grau leve e um com desempenho sugestivo de dislexia em grau moderado. (ALBUQUERQUE 2008, p. 72).
Sendo assim, o entendimento sobre este resultado possibilita a seguinte compreensão, que os portadores de TDAH apresentariam lentificação no componente de acesso da faculdade da linguagem, podendo ser uma característica intrínseca destes sujeitos.
TDAH UM DESAFIO PARA ESCOLA
Bem se sabe que o ambiente escolar é um palco em que os indivíduos se apresentam com suas ideias, características e necessidades individuais. Sabe-se também que é um contexto relevante no cotidiano de toda criança e adolescente, pois é principalmente através deste meio em que elas geram suas relações sociais, é solicitada a cumprir metas, executar tarefas, seguir uma rotina e passar a maior parte do seu tempo, e o professor exerce um importante papel de educador.
É neste ambiente que encontramos, um número cada vez maior de estudantes com TDAH, os quais são apontados como sujeitos que possuem mau comportamento, e não respeitam as orientações do professor, diante de determinadas situações ficam inquietos, agitados e ansiosos. A situação fica ainda mais difícil quando não são identificados com esse transtorno, por isso suas dificuldades só aumentam.
Diante dessa situação, esses estudantes não conseguem se concentrar, questionar, refletir sobre um problema apresentado em sala de aula, o que os deixa “atrasados” com seus conteúdos em relação aos demais colegas. Esta situação só aumenta os índices de repetência, baixo rendimento escolar, evasão e dificuldades emocionais e sociais.
Em se tratando de dificuldade de aprendizagem o professor deve conhecer o aluno com TDAH, para que possa refletir sua didática e elaboradas atividades concreta em que todos sejam beneficiados. Assim, o estudante com esse transtorno adquira uma aprendizagem significativa.
Neste contexto, o aluno com TDAH, assim como todos os outros alunos, têm seu próprio tempo de aprendizagem; portanto, na maioria das vezes, os estudantes com TDAH precisam de um tempo maior para internalizar o que foi ensinado. Nesse sentido, torna-se indispensável a intervenção do professor para que esses alunos não se sentam inferior aos outros integrantes da turma. (MAIA E CONFORTIN, 2015).
Nesta mesma direção, Américo, Kappel e Berleze (2016) descrevem que, existe fatores como a falta de atenção e os atrasos motores presentes nas crianças com dificuldades de aprendizagem, através destes fatores o aluno está fardado ao insucesso nas atividades escolares. Além disso, toda vez que um novo gesto motor é aprendido, ativa áreas cerebrais responsáveis pela atenção e raciocínio, estimulando diversas áreas cerebrais responsáveis também pelas aprendizagens prioritariamente cognitivas, como a leitura, a escrita.
Na opinião de Mattos (2003) os sujeitos com TDAH têm muita dificuldade em manter a concentração durante um tempo prolongado para escolher as informações adequadas durante a realização de uma determinada tarefa. A situação fica ainda mais difícil quando tem que realizar trabalho em grupo, uma vez que nestes casos é necessária manter a atenção sustentada e seletiva, para assimilar uma grande variedade de informações apresentadas. Na escola a dificuldade só aumenta, pois esses alunos envolvem-se em atividades improdutivas durante a aula, como também no recreio, se comparada a outras crianças.
Por outro lado, o professor é, quem primeiro percebe quando seu aluno apresenta problemas de comportamento, cognitivo, emocional, afetivo e social. No entanto, para diminuir estes problemas é necessário verificar o que está acontecendo com este aluno, e buscar soluções que possa reduzir o fracasso contínuo que envolvem o processo de aprendizagem destes sujeitos, e também diminuir a dificuldade de comunicação que os mesmos apresentam. Sendo assim, o autor utiliza-se da seguinte argumentação:
Atualmente, não se concebe uma escola exclusiva para portadores de TDAH, uma vez que o convívio com colegas da mesma idade é benéfico. Assim lhes é apresentada a oportunidade de aprender a lidar com regras e com os limites de uma estrutura organizada, (MATTOS, 2003).
No dizer deste autor “a escola que melhor atende as necessidades destes alunos é aquela que tem como objetivo o desenvolvimento do potencial de cada um, respeitando as características individuais”. Assim é de suma importância reforçar os pontos fortes e auxiliar na superação dos pontos fracos, com isso pode -se evitar que essas crianças sejam classificadas como preguiçosa, avoada, indisciplinada, dispersiva, agressiva, desajeitada e desastrada.
Diante da complexidade que este transtorno apresenta, a comunicação entre a escola e a família é de fundamental importante, pois permiti que haja troca de experiências entre pais e professores. Compreende-se ainda, que seja preciso atenta-se ao tempo em que esses estudantes passam em casa ou na escola, esse tempo é essencial para a composição do quadro real do portador de TDAH.
A INCLUSÃO ESCOLAR
Para Papa, Viégas e Zamor (2015) a educação inclusiva se ampara na premissa de que é preciso olhar para o aluno de forma individualizada e colaborativa, contemplando suas habilidades e dificuldades. Portanto, entende-se que, incluir não significa necessariamente matricular no ensino regular os alunos com deficiência, mas deve garantir ao professor e à escola o suporte necessário à sua ação pedagógica, e também contar com o apoio do psicopedagogo, para que auxilie os demais, na inclusão, como um todo.
segundo Papa, Viégas e Zamor (2015, p.02 apud SASSAKI, 1997) para este autor, “a inclusão é um processo amplo, com transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, inclusive da própria pessoa com necessidades especiais”.
De acordo com a Constituição Federal, em seu artigo 205, garante o direito à educação a todos os indivíduos. No artigo 206 é ressaltada a igualdade de condições para acesso e permanência na escola.
Através desses artigos observa-se que, a constituição garante a todos os individuo o direito a educação sem distinção de raça, sexo, cor, origem ou deficiência. Está bem claro que não é permitido nenhum tipo de discriminação ou impedimento da matrícula do indivíduo com deficiência na rede regular de ensino.
A Conferência Mundial em Educação Especial, organizada pelo governo da Espanha na cidade de Salamanca, em cooperação com a UNESCO, em 1994, ressalta que o direito de cada criança a educação é proclamado na Declaração Universal de Direitos Humanos e foi fortemente reafirmado pela Declaração Mundial Sobre Educação para Todos. Na Declaração de Salamanca ficou estabelecido que:
Toda criança tem direito fundamental a educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem” e “toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagens que são únicas. Qualquer pessoa portadora de deficiência tem o direito de expressar seus desejos com relação à sua educação, tanto quanto estes possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de serem consultados sobre a forma de educação mais apropriada às necessidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças. (MEC/SEESP, 2006: 33)
A educação inclusiva requer mais que integração, mas respeito à individualidade de cada um, considerando as necessidades e desejos apresentados pelo indivíduo com deficiência e a opinião da família em relação ao sujeito incluído.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases n°9394/96, no capítulo IV, artigo 59, que trata sobre educação especial, "os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades".
Neste contexto, a inclusão escolar requer participação ativa no processo de ensino e aprendizagem, socialização e vivência. Para que isto aconteça de forma efetiva é necessário que a escola se organize funcionalmente e estruturalmente para receber este aluno e incluí-lo no sistema educacional. Portanto, deve-se adaptar o currículo às necessidades dos alunos, e também promover oportunidades que se ajustem as habilidades diferenciada na intenção de garantir a inclusão de todos.
Entende-se então que, a Educação Especial deve fazer parte do cotidiano da escola, abrangendo a educação básica e o ensino superior, na intenção de garantir aos alunos que necessitem de apoio especializado e de intervenção pedagógica adequada, com maior eficiência no processo de ensino e aprendizagem, dentro do contexto no qual está inserido.
De modo geral, a inclusão escolar compõe uma proposta política pedagógica adequada que representa valores simbólicos essenciais, condizentes com a igualdade de direitos e de oportunidades educacionais para todos, em um ambiente educacional favorável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dessa pesquisa entendeu-se que o transtorno e déficit de atenção e hiperatividade, é um distúrbio neurocomportamental, e suas principais características são a desatenção e a hiperatividade, as quais precisam ser estudadas cada vez mais, pelos profissionais da educação para que o aluno portador desse transtorno não seja considerado como mal-educados ou preguiçosos por não prestarem atenção e não ficarem quietos.
Através deste estudo foi possível compreender também, que aquisição da linguagem formal em estudantes com TDAH, apresenta desempenho inferior em relação aos outros estudantes, pois, sabe-se que o conhecimento ocorre a partir das interações sociais, logo, se na escola os conhecimentos são socializados de forma significativa, o aluno irá interagir e compreender o que lhe é ensinado. Além disso, a escola é o lugar onde esses estudantes estão sendo formado para conviver em sociedade, construindo suas identidades a partir dos confrontos com as diferenças e da convivência com o outro.
Pela pesquisa realizada, constatou-se que mesmo com todos os direitos garantido por lei aos estudantes portadoras de necessidades especiais, a educação formal na escola regular, ainda não está sendo desenvolvida de forma plena. Pois o desconhecimento desse transtorno por alguns professores prejudica o processo de ensino e aprendizagem do aluno com TDAH.
Embora o fracasso esteja presente nas classes comum, porém, ainda é possível obter bons resultados na vida escolar do aluno portador de TDAH. Ou seja, para que de fato aconteça a inclusão escolar é necessário que todos os profissionais da educação estejam comprometidos com estratégias que permita auxiliar o aluno na superação de suas dificuldades inerente ao transtorno, para que assim, o estudante adquira uma aprendizagem significativa.
Com está pesquisa foi possível sanar algumas questões relacionada ao transtorno e déficit de atenção e hiperatividade, em especial sobres as características e o diagnóstico que envolve o TDAH. No entanto, sobre a linguagem oral e escrita foram encontradas poucas pesquisas relacionadas ao tema, pois os estudos estão voltados para a evolução dos conceitos da linguística, trazendo assim, graves consequência para a vida social e acadêmica desses sujeitos.
REFERENCIAS
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ROHDE, L.A.; MATTOS, P.e cols. Princípios e práticas em Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Porto Alegre: Artmed, 2003.
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