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ESCOLA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Ana Pedrosa Ferreira da Cruz

Liandra Celly de Oliveira Monteiro

Orcione Maria Carvalho dos Santos

Priscylla Cristina Santos da Silva

Thalita Lopes dos Reis Arruda

 

 RESUMO

O presente artigo tem como objetivo buscar refletir sobre escola e a educação inclusiva, pensar como a escola vem lidando com as deficiências e outras necessidades especiais no ambiente escolar. O texto aqui apresentado faz um levantamento de estudos bibliográficos e tem como tema Escola e a educação inclusiva. Diante das pesquisas bibliográficas, questiona-se: o que é inclusão? O que leva as pessoas a terem entendimentos tão diferentes? Cabe aqui tecer algumas reflexões, pois dessa forma contribui-se para uma prática menos excludente e menos preconceituosa. Nesse contexto, o tema trata da inclusão como direito de todas as pessoas com deficiência e das atitudes necessárias para a efetivação de uma prática menos preconceituosa. Traz reflexões sobre a necessidade de se compreender o que de fato é a inclusão e que a escola precisa ser um espaço para a expressão das diferenças. Discute a necessidade do compromisso governamental no sentido de efetivar investimentos que contribuam para a implementação das ações educacionais necessárias para uma verdadeira inclusão. Entretanto essa temática surgiu a partir da necessidade de compreender e buscar minimizar as dúvidas, bem como ampliar saberes sobre a educação inclusiva de modo a solucionar o problema que surgiram durante os estudos sobre essa temática, que era “quais são os principais desafios enfrentados na escola diante da educação inclusiva”? Enfim, conclui-se que as pesquisas deste artigo mostram que a inclusão escolar plena não é uma tarefa fácil, pois são necessárias uma estruturação progressiva e uma mudança significativa no sistema educacional e na concepção de inclusão por parte da sociedade em geral.

 

Palavras-chave:  Escola. Educação inclusiva. Inclusão.

 

BREVE CONCEITO DE INCLUSÃO

 

O termo inclusão é utilizado de tantas formas diferentes que pode significar diferentes coisas para diferentes pessoas, de tal forma que, a menos que seja claramente definido, o conceito se torna sem sentido. Segundo a perspectiva radical da inclusão educacional, o objetivo principal da escola é fortalecer as habilidades de socialização e mudar o pensamento estigmatizado sobre as deficiências ou transtornos; a diversidade é vista como valor em si mesma e como oportunidade de aprendizagem e convivência que beneficia a todos.

De fato, como bem assevera o texto da PNEE 2020: “há um embate de ideias, concepções e práticas no âmbito mundial e não apenas no Brasil. De um lado, estão os defensores da educação especial e, de outro, os defensores da educação inclusiva, como se realmente fossem coisas diferentes. Portanto, faz-se urgente um esforço teórico e político para reconciliar posições extremas e trazer para a população brasileira o que existe de melhor nas duas possibilidades de atendimento, permitindo que os educandos e as famílias tenham a possibilidade de decidir sobre quais direitos priorizar”.

O Decreto nº 10.502/2020 e o texto da PNEE 2020 consideram que a vivência cotidiana com a diferença e o necessário acolhimento são didáticos, são éticos, são sublimes, no entanto, não é justo admitir que o benefício de uns seja o prejuízo de outros. Não se pode retroceder quanto a conquistas alcançadas pelo paradigma da inclusão, entretanto, a inclusão não pode ser mais importante que o sujeito com sua diferença. O mesmo mundo que clamou por igualdade de condições agora clama por respeito à especificidade.

Como diz o texto da PNEE 2020, “com a PNEE 2020, nada do que foi conquistado com a perspectiva da educação inclusiva será perdido, pelo contrário, as conquistas serão ampliadas com a colaboração de todos os envolvidos, e a adesão a esta Política Nacional de Educação Especial poderá garantir ao seu público-alvo não apenas acesso às escolas, como também o desenvolvimento de suas potencialidades, o êxito na aprendizagem e a inclusão na sociedade, eliminando ou minimizando barreiras sociais que obstruem a participação plena e efetiva dos educandos do público-alvo da educação especial em igualdade de condições com as demais pessoas”.

 

INCLUSÃO

 

Quando o assunto é inclusão, pode-se dizer que a educação inclusiva tem como finalidade formar indivíduos capazes de viver em sociedade de forma pacífica e colaborativa com o bem comum, as finalidades educacionais perpassam a preparação para o mercado de trabalho, ou a alfabetização, está deve promover o exercício da cidadania e o respeito à diversidade. Entretanto quando falamos em educação inclusiva, falamos da introdução do diferente no habitual e por isso o tema é relevante ao sistema de ensino, é em casa que o ensino começa e a escola dar continuidade a valores apresentados no lar além de tornar-se peça fundamental no processo inclusivo.

Nessa perspectiva sobre a inclusão, esse tema sobre a importância da inclusão, nos remete às discussões sobre o direito à igualdade e o direito à diferença. Pois as sociedades são, por mais homogêneas que tentem aparentar, multiculturais em sua essência. Não há país ou grupo social no qual todos os indivíduos sejam ou hajam da mesma forma, ou que professem a mesma fé, ou tenham as mesmas aspirações. Tanto nas suas ações cotidianas em busca da sobrevivência, como nas interpretações simbólicas da existência, os seres humanos são absolutamente únicos. Um grupo se constrói por uma necessidade histórica de estar junto aos outros.

Como ponto positivo e importante, a inclusão tem crescido a cada ano é o desafio de garantir uma educação para todas também, na escola inclusiva os alunos aprendem a conviver com as diferenças e se tornam pessoas solidárias. Nesse sentido a educação inclusiva não poderá ser plena se for impostas legislação, pois são necessárias ações que permitam uma inclusão gradativa e continua de pessoas com deficiência aos sistemas de ensino. Desta maneira o processo de inclusão é um desafio para a escola como um todo, sendo necessário o conhecimento do meio em que a criança está inserida para que as atividades propostas na escola fiquem próximas da realidade vivenciada pelo incluso, e assim ele se adapte com maior facilidade ao contexto educativo e participe ativamente do processo de aprendizagem.

 

A IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO NA ESCOLA

 

A inclusão escolar é, no entanto, garantir que crianças socialmente excluídas tenham pleno acesso a seus direitos de frequentar uma escola regular e serem integradas. Uma instituição de ensino que recusa o acesso a uma criança com deficiência está cometendo um crime, mas é importante salientar que inclusão não é aceitar o aluno, colocá-lo no meio dos outros e esperar que ele se adeque: a escola deve se adequar a ele. 

Portanto o acesso à escola não só promove o desenvolvimento pessoal, mas também é uma ferramenta social importante para os relacionamentos interpessoais, uma vez que o ambiente escolar é um dos principais espaços nos quais as crianças têm a oportunidade de lidar e construir laços com pessoas de fora das suas famílias. Em vista disso, a inclusão é vantajosa não somente para os alunos com necessidades especiais, mas também para os demais, que aprendem na prática a conviver com essas diferenças. Afinal, saber lidar com a diversidade é muito importante para o convívio em sociedade.

Segundo ARANHA (1973; p.2):

 

... a ideia de inclusão se fundamenta em uma filosofia que reconhece e aceita a diversidade na vida em sociedade. Isto significa garantia de acesso de todos, a todas as oportunidades, independente das peculiaridades de cada indivíduo ou grupo social.

 

Sendo assim as instituições de ensino devem ser preparadas para oferecer atendimento especializado às crianças com deficiência — o que não quer dizer praticar a escolarização especial e atender a esse público em salas de aula separadas formadas apenas por eles. Isso também é ilegal e, claramente, vai contra o conceito de incluir. 

 A importância da inclusão na escola vai além do acolhimento de alunos com deficiência, a inclusão exige preparo da equipe docente, que, muitas vezes, precisará desenvolver atividades específicas de acordo com as possibilidades da criança que irão receber em suas turmas. Se for o caso, é recomendado também que se ofereçam aulas de reforço para que o aluno possa alavancar o seu desenvolvimento, e o apoio de profissionais auxiliares também pode ser importante para garantir o bom andamento desse processo.

Desta forma para que a Educação Inclusiva seja bem-sucedida na escola é imprescindível que apresente acessibilidade desde a entrada até os equipamentos que favoreçam o ensino e a aprendizagem de todos os alunos. A acessibilidade pode ser definida como a forma de organizar os espaços para que todas as pessoas possam utilizá-lo de forma autônoma.

Alves (2006, p. 3) diz que:

 

O princípio da acessibilidade está presente na concepção que orienta a construção da escola inclusiva, indicando a sua dimensão transversal que contrapõe a existência de sistemas paralelos de ensino especial e ensino regular e passa a planejar as escolas com ambientes acessíveis e sem discriminação, que garantamos direitos de cidadania e atenção à diversidade humana.

 

Entretanto, diante das realidades das escolas de forma geral, detecta-se que ainda há muitas lacunas no que diz respeito ao atendimento adequado a inclusão na escola, pois incluir o indivíduo no processo de ensino e também de aprendizagem, não basta estar dentro da sala de aula para ser incluído. A escola precisa pensar como incluir o aluno para que o mesmo tenha aprendizagem, que é um direito dele. A inclusão contrapõe-se a todo e qualquer tipo de discriminação, e nessa perspectiva é preciso que a escola reavalie todos os seus conceitos, em busca de uma educação que respeite a heterogeneidade. No entanto, esta é uma tarefa árdua para uma instituição que se acomodou com a padronização, excluindo de seu espaço qualquer forma de diversidade.

Desta forma, pode-se dizer que as ações educativas voltadas para a inclusão são aquelas que consideram todos os alunos como seres únicos e diferentes, mas com características peculiares, e capazes de aprender, de transformar a realidade em que vivem. Para isso, aqueles que possuem limitações de aprendizagem e que por isso podem ser considerados inclusos, devem contar com o atendimento educacional especializado - aí reside a importância de o educador estudar e estar preparado para lidar com a diversidade e contar com o apoio desses profissionais.

Por fim, a inclusão só será uma realidade que beneficie alunos, professores, familiares e sociedade, quando todos realmente abraçarem essa causa e se conscientizarem de que incluir é fazer com que todos sejam considerados capazes de produzir e compartilhar saberes. Assim o processo de inclusão é possível basta acreditarmos e respeitar a individualidade e diversidade das crianças como necessidades educativas especiais, estabelecendo um vínculo afetivo entre os integrantes do processo.

 

CONCLUSÃO

 

Diante do contexto atual sobre o tema escola e a inclusão, pode-se considerar que as mudanças são fundamentais para inclusão, mas exige esforço de todos, possibilitando que a escola possa ser vista como um ambiente de construção de conhecimento, deixando de existir a discriminação de idade e capacidade. Portanto, o tema tratado neste trabalho de pesquisa assim como muitos outros é fundamental para entendermos como a escola é importante na vida dos indivíduos, pois nela se reforçam valores passados pelos pais e se constroem mais, nela a diversidade é trabalhada de forma natural, porque ela é um ambiente heterogêneo e isso a torna um espaço de partilha de culturas, de ideias, valores e crenças. É fato, que todo o processo seria perfeito se não houvesse tantas barreiras ao longo do trabalho escolar.

Desta forma, a educação deverá ter um caráter amplo e complexo, favorecendo a construção ao longo da vida. Todo aluno, independente das dificuldades, poderá beneficiar-se dos programas educacionais, desde que sejam dadas as oportunidades adequadas para o desenvolvimento de suas potencialidades. Sendo assim, exige-se do professor uma mudança de postura além da redefinição de papéis que possa assim favorecer a aprendizagem do aluno.

Diante disso, para que a inclusão seja uma realidade, será necessário rever uma série de barreiras, além da política e práticas pedagógicas e dos processos de avaliação. Entretanto é necessário conhecer o desenvolvimento humano e suas relações com o processo de ensino-aprendizagem, levando em conta como se dá este processo para cada aluno. Devem-se utilizar novas ferramentas tecnologias e investir em capacitação, atualização, sensibilização, envolvendo toda comunidade escolar.

Sendo assim pode-se concluir que, para que o processo de inclusão escolar aconteça, é preciso que haja uma transformação no sistema de ensino que venha beneficiar toda e qualquer pessoa, levando em conta a especificidade do sujeito, e não mais as suas deficiências e limitações. Pois sabe-se que processo de inclusão é gradual, interativo e culturalmente determinado, requerendo a participação do próprio aluno na construção do ambiente escolar que lhe seja favorável.

 

REFERENCIAS

 

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