O USO DO APLICATIVO CEOGEBRA NAS AULAS DE MATEMÁTICA: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DAS ESCOLAS RURAIS DE TANGARÁ DA SERRA - MT
Márcio Grego Oliveira do Nascimento
INTRODUÇÃO
A utilização dos dispositivos móveis no ensino como metodologia ativa com uso de tecnologias digitais ficou muito mais intenso nesse momento em que a humanidade está passando por uma pandemia, o qual dificulta as aulas presenciais, havendo a necessidade de se trabalhar utilizando das ferramentas digitais que envolvam cada vez mais recursos tecnológicos, entre eles: os celulares e notebooks.
Estes aparelhos remotos são dotados de diversas funcionalidades e uma delas é o acesso à Internet. Estes podem ser considerados uma miniatura de um computador, pois possuem processadores, memórias, acesso à internet e configurações que são muito semelhantes a de um convencional, facilitando e dinamizando o aprendizado dos alunos, uma vez que, busca-se as informações de imediato, resultando em um feedback em tempo real e permitindo uma participação ativa dos docentes. (BOTTENTUIT JUNIOR 2006).
Foi baseado em metodologias que facilitassem estudos no ensino e aprendizagem da matemática que o austríaco Markus Hohenwarter desenvolveu o software Geogebra, uma ferramenta auxiliadora dos conhecimentos matemáticos, gratuito, dinâmico e de multiplataforma para todos os níveis de ensino, que combina geometria, álgebra, tabelas, gráficos, estatística e cálculos em uma única aplicação. Por ser livre, o software vai ao encontro de novas estratégias de ensino e aprendizagem de conteúdos de geometria, álgebra, cálculo e estatística, permitindo aos professores e alunos a possibilidade de explorar, conjecturar, investigar tais conteúdos na construção do conhecimento matemático.
Atualmente, além dos computadores e notebooks, há possibilidades de também instalar e trabalhar com o Geogebra em outras ferramentas tecnológicas uma versão para tablets e Smartphones.
Durante este período de pandemia houve várias oportunidades de cursos de formações para professores voltadas ao uso do software Geogebra, e um deles foi o “ENSINO SOBRE AS TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS COM O GEOGEBRA: ARTICULANDO AS REPRESENTAÇÕES ALGÉBRICAS E GEOMÉTRICAS”, o curso foi promovido por Luana Santana Delgado, mestranda do Programa de Mestrado da Universidade do Mato Grosso (UNEMAT). A parte do curso a qual deu origem ao meu interesse pela aplicação do Geogebra através do aplicativo, foi ministrado pelo professor Willian Vieira Gonçalves – Doutor em Educação para a Ciência com ênfase a Informática na Educação para a Ciência e Matemática (UNESP, 2016), Atualmente tem como principais interesses, pesquisa e extensão em atividades correlacionadas ao ensino de Ciências e Matemática com uso de tecnologias digitais.
Em suas explicações o professor ensina como utilizar o software entrando em sua própria plataforma, onde trabalha-se com salas que são criadas por seus usuários, o acesso à plataforma é gratuita e o usuário tem acesso a todos os materiais já produzidos por outros professores e alunos.
Com base na formação realizada com professor Wiliam Vieira Gonçalves e a aplicação dos conhecimentos adquiridos nessa formação, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência de se trabalhar com aplicativo Geogebra com alunos das escolas da zona rural de Tangará da Serra – MT, C.M.E. Professora Jucileide Praxedes e Marechal Cândido Rondon, levando em consideração a realidade dos alunos que possuem aparelho celular.
As atividades foram aplicadas com os alunos do 6º ao 9° ano das duas escolas, cada turma desenvolveu as atividades de acordo com a temática e habilidade proposta. Considerando que a grande maioria dos alunos não conhecia o software Geogebra, que este foi o seu primeiro contato com o uso dessa ferramenta, que somente a metade dos alunos dessas escolas têm acesso à internet, as escolas não possuem um laboratório de informática que funcione de apoio para os alunos sem acesso à rede mundial de computadores, pode-se afirmar que o trabalho realizado foi satisfatório, pois mais de 70% dos alunos envolvidos nas atividades conseguiram resolvê-las sem muita dificuldade, desde a instalação do aplicativo até a resolução das atividades propostas. Claro que todas atividades foram realizadas sempre com o suporte do professor.
Palavras-chave: Matemática. Aplicativo. Geometria. Ensino a Distância. Geograbra.
DESENVOLVIMENTO
O uso de tecnologias vem sendo um grande desafio para os professores, pois muitos ainda se recusam a usá-las devido a muitos fatores. O uso de recursos tecnológicos nas aulas de Matemática tem feito com que os professores revejam suas metodologias, a fim de deixar as aulas mais interessantes e obter um resultado satisfatório e despertar um interesse maior por parte do aluno para a educação matemática. Nesses tempos de pandemia este desafio torna-se ainda mais difícil e desafiador em se tratando de alunos de escolas rurais.
Segundo Pleta e Rolkouski (2008), a tecnologia por si só não mudará a educação, e sim a forma de inserção desta ferramenta no ensino que poderá contribuir significativamente. Assim, o professor deverá desenvolver um espírito investigador, deixando a zona de conforto, se sente apto a desenvolver todas as atividades com domínio total sobre o assunto, para entrar na zona de risco onde o novo está em evidência, tornando-se um mediador do processo de aprendizagem.
A educação matemática não é uma tarefa fácil, tanto para professores quanto para alunos. No entanto, desde os primeiros anos na escola a Matemática é vista como uma disciplina que acarreta obstáculos e desafios encontrados pelos alunos nos processos de ensino e aprendizagem. De fato, a Matemática é uma construção de grande importância, no qual tem um desempenho decisivo, pois permite resolver problemas do dia a dia e muito aplicada no mundo do trabalho e sendo essencial para a construção de conhecimentos, entre outras áreas curriculares. Dessa forma, permite quem faz uso da mesma, desenvolver o pensamento e a agilidade no raciocínio dedutivo. (DELGADO, FRIEDMANN e LIMA, 2010).
No contexto da Educação Matemática, Borba (1999) afirma que, os ambientes de aprendizagem gerados por aplicativos informáticos podem potencializar o processo de ensino aprendizagem através da experimentação matemática, com possibilidades de surgimento tanto de novos conceitos e teorias atuais da matemática a fim de torná-las e importante na construção do conhecimento.
METODOLOGIA (PRÁTICAS DESENVOLVIDAS)
Para aplicação das atividades envolvendo o aplicativo do Geogebra, optou-se por uma metodologia ativa com uso de recursos tecnológicos, com isso procurou-se fazer com que os alunos se tornassem protagonistas no desenvolvimento de cada atividade proposta.
Pode-se afirmar que aprender de forma ativa envolve a atitude e a capacidade mental do aluno buscar, processar, entender, pensar, elaborar e anunciar, de modo personalizado, o que aprendeu. Muito diferente da atitude passiva de apenas ouvir e repetir os modelos prontos (MORAN, 2018, p. 4).
O primeiro passo foi mandar um vídeo, para todas as turmas, explicando sobre o aplicativo Geogebra, em que foi explicado algumas ferramentas do aplicativo e como eles deveriam fazer parar baixá-lo em seus celulares. Com o aplicativo baixado, foi pedido que os alunos dessem uma vasculhada e descobrissem suas funções, não demorou muito e alguns educandos já começaram a enviar desenhos criados dentro da ferramentas.
O Geogebra tem sua própria plataforma com salas, assim como no Google Classroom, mas optou-se por não se utilizar as salas do aplicativo devido as dificuldades percebidas no acesso ao Classroom, desta forma optou-se por enviar atividade em PDF onde os alunos as realizaram e depois devolviam através de fotos de tela (prtt screen), e compartilhamento via WhatsApp.
Dentre as várias atividades propostas aos alunos, aqui serão citadas apenas uma atividade realizada em cada turma.
Primeiro- Ao 6º ano foi proposto uma atividade relacionada à construção de Pontos, Segmentos, Retas, Semirretas e Posições relativas das retas e foram trabalhadas as seguintes habilidades:
(EF06MA20). Utilizar instrumentos, como réguas e esquadros, ou softwares para representações de retas paralelas e perpendiculares e construção de quadriláteros, entre outros.
(EF06MA21). H21. Identificar a reta como um conjunto infinito de pontos ordenados.
(EF06MA22). H24. Identificar segmento de reta como a parte da reta compreendida entre dois de seus pontos, utilizar instrumentos, como réguas e esquadros, ou softwares para representações de retas paralelas, perpendiculares e concorrentes.
(EF06MA23). Identificar semirreta como uma porção da reta, tendo um ponto inicial e infinito no outro extremo.
Segundo- Ao 7º ano foi proposto a construção de polígonos pelo aplicativo e foram trabalhadas as seguintes habilidades:
(EF07MA19). Realizar transformações de polígonos representados no plano cartesiano, decorrentes da multiplicação das coordenadas de seus vértices por um número inteiro.
(EF07MA20). Reconhecer e representar, no plano cartesiano, o simétrico de figuras em relação aos eixos e à origem.
(EF07MA24) construir triângulos, usando régua, compasso ou softwares, reconhecer a condição de existência do triângulo quanto à medida dos lados e verificar que a soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo é 180°.
Terceiro- Ao 8° ano foi proposto a transformação de equações e sistemas de equações do 1° grau em retas no plano cartesiano, mostrando o ponto de intersecção das retas e foram trabalhadas as seguintes habilidades:
(EF08MA07). Associar uma equação linear de 1º grau com duas incógnitas a uma reta no plano cartesiano.
(EF08MA08). Resolver e elaborar problemas relacionados ao seu contexto próximo, que possam ser representados por sistemas de equações de 1º grau com duas incógnitas e interpretá-los, utilizando, inclusive, o plano cartesiano como recurso.
Quarto - Ao 9° foi proposto a construção de segmentos localizando seus pontos médios, localização de pares ordenados com a localização do quadrante foi trabalhado a seguinte habilidade:
(EF09MA16). Determinar o ponto médio de um segmento de reta e a distância entre dois pontos quaisquer, dadas as coordenadas desses pontos no plano cartesiano, sem o uso de fórmulas, e utilizar esse conhecimento para calcular, por exemplo, medidas de perímetros e áreas de figuras planas construídas no plano.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apesar das dificuldades previstas principalmente com os alunos do 6° ano, a maioria dos alunos dos 4 anos resolveram as atividades propostas, claro que dentro do limite de cada um deles. Foi preciso auxiliá-los, pois a maioria, como já fora dito antes, estavam tendo o seu primeiro contato com o aplicativo neste momento.
A turma com menor número de atividades resolvidas foi a do 8° ano, mas este fato não se deu somente com as atividades com o aplicativo, até agora está sendo a turma com menor participação em qualquer atividade proposta.
Em contramão a turma do 7° ano obteve 100% de resultado positivo, considerando os alunos com acesso à internet e com participação nas aulas via conexão pelo aplicativo Meet. Os alunos do 9º ano também tiveram um resultado satisfatório, tendo em vista que mais de 50% das turmas optaram por realizar as atividades de modo impresso.
Quando os alunos foram questionados a respeito do aplicativo Geogebra como meio de tornar as aulas de Matemática mais atrativas e com maior facilidade de resolução, os resultados obtidos foram de 80%. Este resultado nos mostra o quanto é importante que professores façam uso de tais recursos, a fim de tornar suas aulas mais atrativas e consequentemente despertar ainda mais o interesse dos alunos. Notou-se que a maioria dos que gostam de estudar Matemática. Logo, fica mais viável o uso de recurso, como o Geogebra, para facilitar os processos de ensino e aprendizagem. Assim fica notório o quanto é importante inserir tal recurso nas aulas de Matemática para facilitar a compreensão de seus conteúdos. Levando em consideração o gosto pela Matemática, o recurso do aplicativo Geogebra vem a fortalecer e tornar ainda mais agradável para os alunos e dinamiza as aulas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das devolutivas de cada atividade aplicada, ficou claro o quanto é importante a utilização de recursos tecnológicos nas aulas de Matemática, principalmente com relação ao aplicativo GeoGebra, o qual foi o objeto deste estudo de experiência. Como observado, com o uso do mesmo pode-se obter um melhor resultado por parte do aluno ao que compete a compreensão do conteúdo matemático abordado. A utilização do GeoGebra é de grande importância na facilidade da compreensão das atividades apresentadas, podendo ser baixado gratuitamente pelos alunos e os mesmos poderão dar continuidade à sua utilização na construção de figuras, simulações de teoremas, construção de jogos e demais conteúdos matemáticos. Além disso, desperta interesse maior do aluno para com a Matemática, contribuindo para um resultado satisfatório de conhecimento. Acredita-se que o aplicativo GeoGebra teve uma grande aceitação pelos alunos, e que o mesmo foi tido como importante para a utilização nas aulas de Matemática.
REFERÊNCIAS
BOTTENTUIT J. J; COUTINHO, P. C; ALEXANDRE, S.D. M-Learning e Webquests: As novas tecnologias como recurso pedagógico. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/6454/1/SIIE%20Webquests%20Final.pdf> Acesso em: 06 de Outubro de 2020.
BORBA, M. C. Tecnologias Informáticas na Educação Matemática e Reorganização do Pensamento. In: M.A.V. Bicudo (org.). Pesquisas em Educação Matemática: Concepções & Perspectivas. São Paulo: UNESP, 1999. p. 285-295.
DELGADO, Carlos; FRIEDMANN, Clicia; LIMA, Jacqueline. As dificuldades apresentadas por alunos do 1º ano do ensino médio em relação às diferentes representações da função afim. In: X Encontro Nacional de Educação Matemática. Salvador - BA, 2010.
PETLA, R. V. ROLKOUSKI, E. Geogebra – Possibilidades para o Ensino de Matemática. Unidade Didática – PDE – Secretaria Estadual de Educação. Vitoria: UFPR, 2008. 39p.
SOFTWARE DE DOMÍNIO PÚBLICO GEOGEBRA. versão 3.2. 2009. Disponível em: < www.geogebra.org >. Acesso em: 05 11. 2020.