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A EFICÁCIA DA GESTÃO EDUCACIONAL NO COTIDIANO ESCOLAR

Dalciney Batista dos Santos[1]

 

RESUMO:

Em meio à problemática da educação no Brasil, vemos muitos resultados positivos com a eficiência da gestão escolar e essa eficácia deve ser cotidiana e ter um embasamento solido. Assim, o presente artigo tem como objetivo evidenciar a eficácia da gestão educacional no cotidiano da escola. O referido trabalho é uma pesquisa bibliográfica. Portanto, foi utilizado no referencial teórico os autores: COLOMBO (2004), LÜCK (2009), BRASIL (1998), LDB (1996), MORTIMORE (2008), PARO (2004), LIBANEO  (2009), GRILLO (2001). A coleta das informações sobre a temática se deu a partir dos estudos destes autores. Eles mostram as transformações que ocorreram na  educação do passado, a gestão democrática até os dias atuais. Faz-se necessário também conhecer suas competências, proporcionar reflexão ao gestor de ter uma visão holística da educação. Portanto, liderar e garantir a atuação democrática, equilibrando e integrando vários setores da escola, estimulando e promovendo a articulação entre comunidade e instituição.  Mostrou os pilares da gestão que envolve diversas especificidades no âmbito escolar: gestão pedagógica, administrativa, financeira, recursos humano, comunicação e tecnologia da educação e elencar os aspectos da gestão eficaz que por sua vez são: Liderança profissional, objetivos e visões compartilhada, ambiente de aprendizado, concentração no ensino e na aprendizagem, ensino e objetivos claros, altas expectativas, incentivo positivo, monitoramento do progresso, direitos e responsabilidades do aluno, parceria casa-escola, uma organização orientada à aprendizagem. Após realizado o estudo bibliográfico constatou-se a eficácia da gestão educacional é formulada todos os dias no cotidiano escolar, na vivencia do gestor com os profissionais, educandos, pais e a comunidade.

 

Palavras-chave: Cotidiano escolar, Eficácia, Gestão.

 

1- INTRODUÇÃO

 

Diante das dificuldades, que os gestores das escolas brasileiras vêm enfrentado com a educação de má qualidade, vemos também muitas alcançando resultados positivos com a eficiência da gestão escolar e essa eficácia deve ser cotidiana e ter um embasamento solido.

 Verificamos as transformações que a educação sofreu dos jesuítas até a gestão democrática incluindo vários acertos e erros durantes essas transformações. Para conhecer essa gestão faz-se necessário também conhecer suas competências, que são essenciais para uma boa gestão.

Proporcionar reflexão ao gestor de ter uma visão holística da educação. Portanto, liderar e garantir a atuação democrática, equilibrando e integrando vários setores da escola, estimulando e promovendo a articulação entre comunidade e instituição.

A seguir, mostramos os pilares da gestão que envolve diversas especificidades no âmbito escolar: gestão pedagógica, administrativa, financeira, recursos humano, comunicação e tecnologia da educação.

Assim, o objetivo do estudo referido é evidenciar a eficácia da gestão educacional no cotidiano da escola. A literatura escolhida para embasar essa pesquisa bibliográfica e elencar os aspectos da gestão eficaz que por sua vez são: Liderança profissional, objetivos e visões compartilhada, ambiente de aprendizado, concentração no ensino e na aprendizagem, ensino e objetivos claros, altas expectativas, incentivo positivo, monitoramento do progresso, direitos e responsabilidades do aluno, parceria casa-escola, uma organização orientada à aprendizagem.

Portanto, após essa pequena abordagem sobre a temática, percebe-se que a eficácia da gestão se dá através da busca da participação e as relações dentro da instituição de forma democrática e autentica.

 Logo a eficácia da gestão educacional é formulada todos os dias no cotidiano escolar, na vivencia do gestor com os profissionais, educandos, pais e a comunidade.

 

REFERENCIAL TEORICO

 

  1. O curso da gestão educacional no Brasil

A gestão educacional no Brasil começou sua história quando, os jesuítas começaram a catequisar os indígenas que habitavam em terras brasileiras. Porém, à finalidade da educação era somente controlar e não instruir para a vida social, por isso, as mudanças tanto econômicas, culturais, políticos e sociais vem determinando a sociedade. E diversas dessas mudanças afetaram principalmente a educação. O começo do século XX, é marcado por grandes manifestações e com elas cresce a pressão por uma virada democrática, com o início da industrialização investe-se no ensino e o governo de Getúlio Vargas cria o Ministério da Educação e Saúde Pública em 1930. Mas, somente 30% da população estavam matriculadas nas escolas ou só quem estava em idade escolar. A partir dos períodos de 1946 a 1964 houve um grande avanço na política educacional brasileira, vindo então, a era de Paulo Freire em defesa da escola pública, porém, não obteve muitas expectativas na sociedade.

Com o golpe de 1964 o país passa por um intenso processo de centralização administrativa e também modifica o rumo e a gestão do trabalho pedagógico e docente nos variados níveis do sistema público de ensino. A resistência contra a ditadura gera movimentos de luta democrática. As transformações na política educacional no Brasil, por sua vez se deram desde 1980 com as mobilizações dos movimentos sociais, pois, a democracia era almejada pela maioria da sociedade brasileira e logo em seguida a instalação da constituinte. Várias associações científica, profissionais, sindicais e de outras naturezas se reuniram no fórum em defesa da escola pública, com objetivo de colocar num capítulo de Educação na Constituição, princípios que garantem uma escola ao mesmo tempo plural, igualitária, aberta e democrática, os indivíduos por sua vez passam a interferir nos rumos da escola.

A luta pelo processo de gestão democrática na educação, segui o ritmo do país, o momento é de manifestações uma afirmação dos direitos da democracia. O fórum continuou mobilizado em função de uma nova Lei de Diretrizes e Bases a LDB, que propiciaria uma chegada mais próxima ao chão da escola, aos sistemas estaduais, municipais e distritais e futuramente pensando no Plano Nacional de Educação que pudesse garantir meios e direitos para a educação aberta.

A gestão escolar, em uma nova forma de sistema de ensino passa então ser chamada de Gestão Democrática. Foi efetivada na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 estão registrados os fundamentos da Educação Nacional, que passaram a ser base para a prática da Gestão Democrática. Também no artigo 206 da CF e no artigo 3.º da LDB menciona que o ensino deve ser aplicado conforme a resolução da Gestão Democrática que se sustenta na própria lei brasileira.

E ainda, “é pressuposto da organização do trabalho pedagógico e da gestão da escola conceber a organização e a gestão das pessoas, do espaço, dos processos e procedimentos que viabilizam o trabalho expresso no projeto político-pedagógico e em planos da escola, em que se conformam as condições de trabalho definidas pelas instâncias colegiadas”.(LDB, 1996 artigo, 54).

 

(...) administrar uma escola pública não se reduz à aplicação de uns tantos métodos e técnicas, importados, muitas vezes, de empresas que nada têm a ver com objetivos educacionais. A administração escolar é portadora de uma especificidade que a diferencia da administração especificamente capitalista, cujo objetivo é o lucro, mesmo em prejuízo da realização humana implícita no ato educativo. Se administrar é usar racionalmente os recursos para a realização de fins determinados, administrar a escola exige a permanente impregnação de seus fins pedagógicos na forma de alcançá-los (PARO, 2000, p. 7).

 

O processo de democratização é um conjunto de estratégias para a gestão da escola, por isso é necessária participação dos estudantes, das famílias, da comunidade que cerca a educação e isso implica na mudança na atitude dos atores, da tarefa de gerir. Portanto, é essencial o papel da escola na vida da sociedade. E foi nessas circunstâncias que a gestão educacional inovou para uma gestão democrática.

COLOMBO, Sonia et al, (2004, p. 52) afirma que, “para uma instituição funcionar de maneira eficaz e eficiente tem de ter claro, em primeiro lugar, qual é o seu negócio, sua missão, seus princípios e sua visão [...] e em segundo lugar, a instituição de ensino deve ser vista como um sistema”. É de suma importância que sejam compreendidas e ter uma visão como um todo da escola, para haver efetivo funcionamento do sistema de ensino.

 

  1. Gestão democrática e suas competências

De acordo com Lück (2009, p. 69) “a gestão democrática é aquela em que os seus participantes estão coletivamente organizados e compromissados com a promoção de educação de qualidade para todos”. Portanto, para que o gestor possa gerir uma instituição de ensino é de grande valia que, o mesmo tenha uma visão holística da educação, para que a gestão democrática aconteça.

O diretor:

Lidera e garante a atuação democrática efetiva e participativa;

Equilibra e integra as interfaces e diferentes áreas de ação da escola;

Lidera a atuação integrada e cooperativa de todos os participantes da escola;

Estimula participantes de todos os segmentos da escola se envolverem na realização dos projetos escolares;

Promove a articulação e integração entre escola e comunidade.

 

  1. Pilares da gestão escolar

A gestão escolar envolve diversas especialidades no âmbito institucional, as funções exercidas por estes, variam, pois, atuam de forma ligada entre si, dependendo uma das outras. Assim são os pilares da gestão.

 

Gestão pedagógica

É o pilar principal, pois é o alicerce para que os outros possam ser sustentados ou seja, esse pilar é o maestro da escola. Logo, irá reger o funcionamento da instituição.

 

Gestão administrativa

Tem a incumbência de averiguar todos os capitais e como estes estão sendo usufruídos na escola, tanto na estrutura e financeira.

 

Gestão financeira

Controla todos os custos, gastos da instituição, para melhor divisão financeira para todos os setores da escola, tendo em vista toda prestação de conta sobre o capital.

 

Gestão de recursos humanos

É responsável por pessoas (docentes, alunos e a comunidade em geral), fazendo com os mesmos tenham um bom desempenho em suas tarefas e que todos possam ser comprometidos com os deveres e direitos atribuídos a eles.

 

Gestão de comunicação

Para uma boa gestão, faz-se necessário que o gestor primeiramente saiba se comunicar e comunicação é fundamental para qualquer função.

 

Gestão de tecnologia educacional

Hoje, a sociedade está na era tecnológica e por isso as instituições de ensino não podem ficar atrás. Portanto, a gestão de tecnologia vem para ajudar a escola de forma pedagógica e responsável, a tecnologia no ambiente escolar é um recurso também essencial para a aprendizagem e desenvolvimento administrativo da escola.

 

  1. A eficácia da gestão educacional no cotidiano da escola

De acordo com Paro (2004, p. 15), “se, todavia, concebemos a comunidade – para cujos interesses a educação escolar deve voltar-se – como o real substrato de um processo de democratização das relações na escola, parece-me absurda a proposição de uma gestão democrática que não suponha a comunidade como sua parte integrante”.

Sabe-se que, o cotidiano escolar não fácil diante das problemáticas que existem nesse âmbito, buscar a perfeição é o mesmo que querer utopia, pois um dia após o outro de resultados bons é de grande valia para o cotidiano da escola. Porém, as práticas escolares, a busca de soluções para essas problemáticas, o alcance dos resultados eficazes, priorizando a qualidade do ensino aprendizagem, os gestores trabalhando de forma conjunta com todos os setores da instituição em parceria com a comunidade. Fazendo com que a atmosfera da escola seja agradável a todos. Um gestor forte, cria uma escola forte e faz-se necessário que domine todo conhecimento pedagógico, projeto e administrativo.

Mortimore (apud Franco et al, 2007, p.280) afirma que uma escola eficaz “é aquela que viabiliza que seus alunos apresentem desempenho educacional além do esperado, face à origem social dos alunos e à composição social do corpo discente da escola”, ou seja, é o espaço onde o aluno possa aprender, não repetir e frequentá-lo regularmente.

 

  1. Aspectos da Gestão Educacional eficaz

Para uma instituição de ensino ter uma gestão de qualidade é imprescindível que, o gestor e sua equipe andem lado a lado, partilhando tudo o que acontece na escola, pois isso fará a diferença no cotidiano escolar e construirá também cidadãos críticos para a sociedade.

  1. Liderança profissional: o gestor por sua vez precisa ter uma maneira fundamentada e pratica, instigar a todos a se envolver na coletividade e ser influente no dia adia da escola.
  2. Objetivos e visões compartilhadas: a escola deve ter alvos bem concretos para um método pedagógico solido.
  3. Ambiente de aprendizado: a atmosfera do ambiente escolar deve ser leve e organizado.
  4. Concentração no ensino e na aprendizagem: deve focalizar na atuação e dedicar em momento para que o ensino apresente efeitos significativos.
  5. Ensino e objetivos claros: as aulas carecem ser desenvolvidas e a educação deve priorizar o conhecimento que todo aluno possui, o pedagógico por sua vez precisa ser eficaz e sucinto.
  6. Altas expectativas: a instituição deve ser ativa; ter visão; missão e deve incentivar métodos que motivem sempre todo o corpo e a comunidade em geral.
  7. Incentivo positivo: é necessário fazer sempre uma autoavaliação de todos os componentes da escola reconhecendo o trabalho e ajudando na autoestima.
  8. Monitoramento do progresso: revisão constante sobre o desenvolvimento da escola: dos alunos, funcionários, gestor e a escola como todo.
  9. Direitos e responsabilidades do aluno: é preciso saber valorizar, confiar no aluno, porém, dando o apoio e orientação.
  10. Parceria casa-escola: a família é peça fundamental na participação da vida escolar dos filhos.
  11. Uma organização orientada à aprendizagem: a gestão de pessoas deve ser focada no desenvolvimento da escola, com um ambiente cooperativo, de troca e compartilhamento de experiências e conhecimentos. (SAMMONS 2008, p. 351-352)

 

Conhecer a instituição significa tomar ciência dos seus objetivos e funcionamento, através da leitura e da explicação detalhada dos estatutos e regimentos que definem a estrutura organizacional e disciplinam o comportamento das pessoas encarregadas de executarem as atividades necessárias aos diversos Órgãos que compõem essa estrutura (GRILLO, 2001, p. 93)

 

Libâneo et al (2009, p. 383) complementa ressaltando que:

 

O trabalho em equipe é uma forma de desenvolvimento da organização que, por meio da cooperação, do diálogo, do compartilhamento de atitudes e de modos de agir, favorece a convivência, possibilita encarar as mudanças necessárias, rompe com as práticas individualistas e leva os alunos a produzir melhores resultados de aprendizagem.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O presente artigo buscou ressaltar, o curso da história da gestão educacional no Brasil e como passou por modificações durante sua trajetória desde os jesuítas até os dias atuais.

 Vimos como a gestão democrática e suas competências foram um “divisor de águas” no contexto educacional. Também expusemos como buscar a eficácia dessa gestão no cotidiano institucional, os pilares que formam essa gestão e a importância do gestor comprometido com a escola.

Constatou-se que para chegar a uma gestão educacional com eficácia faz-se necessário percorrer um longo caminho todos os dias, pois, envolve muitas mudanças no cotidiano escolar.

E por fim, mostramos como os aspectos da gestão eficaz pode contribuir para uma educação de qualidade, vivida na pratica. A busca por um gestor que vista a camisa da escola e faça com que sua gestão envolva todos os integrantes que trabalham direto ou indireto é capaz de modificar resultados negativos em eficácia escolar.

 

REFERÊNCIAS

 

COLOMBO, Sonia et al. Gestão Educacional: uma nova visão. Porto Alegre: Artmed, 2004.

LÜCK, Heloísa. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positivo, 2009.

BRASIL. Constituição de 1988. Disponível emhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm Acesso em 13/03/2020.

BRASIL. LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de 1996. Disponível em http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=102480 Acesso em 19/02/2020.

 

MORTIMORE, Peter. et al.. A busca pela eficácia. In: Brooke, Nigel; Soares, José Francisco (orgs.). Pesquisa em eficácia escolar: origem e trajetórias. Belo Horizonte: UFMG, 2008.

 

PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3. ed.  São Paulo: Ática, 2004.

http://www.unigranrio.com.br/_docs/cpa/xxviii-simposio-brasileiro-politicas-administracao-educacao-2017.pdf

 

LIBANEO et al. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2009.

GRILLO, Antônio Nicol16. Gestão de pessoas: princípios que mudam a administração universitária. Florianópolis: [s.n.], 2001.

 

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