PROCESSO DE INCLUSÃO EDUCACIONAL DO ALUNO AUTISTA NA ESCOLA
Renata Fernanda da Silva1
Rosângela Aparecida da Silva2
RESUMO
Este artigo tem como finalidade realizar uma discussão sobre o processo de inclusão educacional do aluno autista na escola. Onde esta criança ou qualquer outra com alguma deficiência tenham os mesmos direitos de inclusão em escolas do ensino regular. Portanto, quando se fala de autismo, tem-se a ideia de uma pessoa que não tem condições de se comunicar e de se socializar, isso ocorre devido à falta de informação que a sociedade tem sobre o autismo, alguns estudiosos da área afirmam que a pessoa autista tem sim, uma grande possibilidade de levar uma vida normal de acordo com suas limitações. O objetivo é conhecer o Transtorno do Espectro Autista-TEA, assim como compreender como acontece a inclusão educacional de alunos com deficiência no ensino regular, pois não é de hoje que a educação inclusiva é objeto de estudos e pesquisas, e que a cada ano, os desafios aumentam, então não podemos deixar de refletir sobre esta temática, pois a educação de uma criança portadora de autismo representa, sem dúvida, um desafio para todos os profissionais da Educação. Uma que a educação inclusiva é garantida por lei a toda criança, inclusive as portadoras de necessidades especiais, sendo assim a legislação brasileira garante a toda criança, o direito à educação e está prevista sua inclusão de ser matriculado e a permanência na rede regular de ensino, onde cada dia que passa vem ocorrendo um aumento expressivo de alunos com o Transtorno de Espectro Autista (TEA) nas escolas. Mediante os estudos realizados para o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa científica no que concerne ao conceito ficou evidente que o autismo é um transtorno global do desenvolvimento caracterizado por alterações significativas no desenvolvimento, prejudicando totalmente a capacidade na comunicação, na interação social e no comportamento da criança, e que a inclusão se dá quando unidas à escola e a família a criança com o Transtorno do Espectro Autista irá sentir-se mais confiante durante o seu desenvolvimento dentro da escola e dentro da sociedade.
Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista. Processo de inclusão. Escola. Família.
1-INTRODUÇÃO
O presente artigo constitui o trabalho de conclusão do curso de pós-graduação em Educação Especial/Educação Inclusiva/Altas Habilidades da Faveni - Faculdade Venda Nova do Imigrante, Colíder-MT. Tem como tema “Processo de Inclusão Educacional do Aluno Autista na Escola”. O interesse pelo tema partiu da pequena experiência com um aluno autista no ano de 2019 na escola André Maggi, uma vez que esse tema faz parte do currículo de pedagogia, área na qual pretendo me especializar. Portanto, acredito que estudar o autismo e a inclusão contribui para ampliar o conhecimento na área e com a formação de profissionais da educação básica na perspectiva da inclusão escolar.
Como sabemos não é de hoje que a educação inclusiva é objeto de estudos e pesquisas, e que a cada ano, os desafios aumentam, então não podemos deixar de refletir sobre esta temática, pois a educação de uma criança portadora de autismo representa, sem dúvida, um desafio para todos os profissionais da Educação.
Nessa perspectiva, essa temática reafirma a necessidade que todos compreendam e aceitem a diversidade humana, podendo contribuir na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, uma vez que, a singularidade e a insuficiência de conhecimento sobre a síndrome fazem com que os profissionais da educação percorreram caminhos ainda desconhecidos e incertos sobre a melhor forma de educar as crianças com Transtorno do Espectro Autista -TEA, principalmente porque, cotidianamente, recebe-se nas salas de aulas alunos que necessitam de um olhar mais apurado sobre o seu processo de escolarização.
Mediante este contexto, faz-se necessário oportunizar vivências pedagógicas que contribuam para que a inclusão aconteça de forma convincente, promovendo uma articulação dos familiares e comunidade, de forma que aconteça uma integração com a sociedade.
Logo, a Inclusão é uma prática relativamente recente e talvez por isso ainda não totalmente difundida junto dos profissionais da educação. Sendo assim, a inclusão social de todas as crianças e adolescentes com TEA nas escolas regulares de ensino tem como intuito diminuir o preconceito e estimular a socialização das pessoas com desenvolvimento atípico para que desfrutem dos espaços e ambientes comunitários.
Diante deste exposto, o principal objetivo deste artigo é analisar as mudanças promovidas pelas políticas de inclusão em relação ao acesso e permanência / presença da criança com autismo na escola regular. Esta pesquisa tem por opção metodológica o estudo bibliográfico de artigos científicos pesquisados na internet.
No desenvolvimento deste artigo serão abordados o conceito de autismo e o diagnóstico, onde estaremos conhecendo a doença e os cuidados que devesse tomar para que a criança se sinta segura. A segunda parte mais especificamente será comentado com mais precisão a respeito do processo de Inclusão nas escolas de ensino regular. E, por fim será tecido as considerações finais.
3- DESENVOLVIMENTO
1- Conhecendo o Transtorno Espectro Autista
Segundo ORRU (2012, P.17 apud BENIBI& CASTANHA, 2016) O termo Autismo tem origem grega quer dizer "autós" ou "de si mesmo", foi empregado dentro da psiquiatria, para denominar comportamentos humanos que se centralizam em si mesmo, ou seja, voltados para o próprio indivíduo.
De acordo com Benini & Castanha (2016) na década de 1940 se realizou os primeiros estudos e investigações cientificas sobre o autismo foram apresentados pelo Dr. Leo Kanne, sendo publicado no ano de 1943 seu primeiro estudo com o nome de “distúrbio autístico do contato afetivo, no qual é abordado o caso de onze crianças com quadro de autismo severo, marcado por características de obsessividade, estereotipias e ecolalia bem acentuados. (PAPIM & SANCHES, 2013).
Com base no artigo de Oliveira & Setiê o Transtorno do Espectro Autista é uma doença geneticamente heterogênea e complexa, e para compreender esta genética melhor, é importante considerar os aspectos epidemiológicos e evolutivos, bem como todo o conhecimento disponível sobre as alterações moleculares relacionadas à doença. (OLIVEIRA & SETIÊ, 2017, pág.234).
O TEA é um transtorno pervasivo e permanente, no qual não tem cura por mais que haja uma intervenção precoce que possa alterar o prognóstico e suavizar os sintomas. (ARAUJO et al, 2019, pág. 01)
Segundo Araújo et al o TEA é associado a outros transtornos psiquiátricos como o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, depressão e ansiedade, assim como a outras condições médicas a epilepsia; transtornos genéticos, e consequentemente Dificuldades motoras que são relativamente comuns. (ARAÚJO et al, 2019, pág. 03).
No entanto, Segundo Silva et al, (2012, apud OLIVEIRA, 2016) o transtorno global do desenvolvimento infantil, se manifesta antes dos três anos de idade e prolonga-se por toda vida, caracterizando-se por um conjunto de sintomas que afeta as áreas da socialização, comunicação e do comportamento, sendo mais comprometida a interação social. Em algumas crianças, os sintomas são aparentes logo após o nascimento. Na maioria dos casos os sintomas são consistentes identificados entre os 12 e 24 meses de idade. (ARAÚJO et al, 2019, pág. 02).
Mediante esta concepção, os pais devem sempre observar os seus filhos, pois a idade avançada deles no momento da concepção, a negligencia extrema dos cuidados da criança, a exposição a certas medicações durante o período pré-natal, o nascimento prematuro e o baixo peso ao nascer da criança pode acarretar algumas disfunções motoras logo nos primeiros meses como relata Araújo et al:
Aos seis meses a criança pode expressar poucas expressões faciais, baixo contato ocular, ausência de sorriso social e pouco engajamento sociocomumicativo; aos nove meses a criança não faz troca de turno comunicativa, não balbucia, “mamã e papa! Não olha quando chamado, não olha para onde o adulto aponta, faz pouca ou nenhuma imitação como ferramenta de aprendizagem; aos doze meses a criança não balbucia, não apresenta gestos, convencionais como dar tchau, não fala mamãe, papai, não compartilha atenção. (ARAÚJO et al, 2019, pág. 03).
As pessoas com transtorno global do desenvolvimento infantil, aparentam ter dificuldades na área cognitiva de funções executivas. Essas funções são um conjunto de processos neurológicos que permitem que a pessoa planeje coisas, inicie uma tarefa, controle, separe, continue na tarefa, tenha atenção e, finalmente, resolva o problema. (SILVA, p. 41 apud PAPIM & SANCHES, 2013, pág. 17).
De acordo com Lopes et al, 2017). Os indivíduos com o transtorno podem estabelecer rotinas muito rígidas e repetitivas para tentar controlar o ambiente à sua volta. Podem também apresentar interesses intensos como (hiper foco), movimentos estereotipados, manipulação de objetos repetidamente, rotinas e interesses sensoriais incomuns. O autor também aborda que as pessoas com o TEA têm dificuldades de entender sinais não verbais típicos, expressões faciais e figuras de linguagem. (LOPES et al, 2017, pág. 05)
A síndrome é mais comum entre os meninos do que entre as meninas. Os sintomas são causados por disfunções físicas do cérebro, o autor nos apresenta alguns sinais deste distúrbio:
1.Distúrbios no ritmo de inteligência de habilidades físicas, sociais e linguísticas; 2. Reações anormais às sensações; 3. Fala ou linguagem ausentes ou atrasados; 4. Relacionamento anormal com objetos, eventos e pessoas. (SERRA, 2004, pág. 18-19).
O mesmo autor comenta que o autismo com base na 10 Classificação Internacional de Doenças (CID-10) de 1991 é considerado como um Transtorno Invasivos do Desenvolvimento anormal e comprometido, manifesto antes dos 3 anos de idade. (Serra, 2004, pág.19).
Mas, para o manual da escola (2011) algumas pessoas com TEA podem apresentar habilidades incomuns que permitem em muitos casos superar outras áreas de déficits, por exemplo: forte destrez a visual, facilidade de entender e reter alguns conceitos, regras, e sequências; excelente memória para detalhes ou fatos mecânicos; memória delongo prazo; capacidade em informática, habilidades tecnológicas ou interesse musical; intensa concentração ou focalização especialmente em áreas de atividade preferidas; habilidades artísticas, matemáticas e a honestidade.( apud BENINI & CASTANHA, 2016).
Diante destas abordagens, é notório que os colégios ainda não conseguem suprir todas as necessidades de uma pessoa com TEA, pois os profissionais da educação não são especializados para estar atuando com eficiência e atendendo cem por cento as crianças e os adolescentes que apresentam este diagnóstico, diante desta concepção as escolas passam a ser desafiadas a investir em áreas de investimento pedagógicos no qual desenvolvam novas práticas e abordagens metodológicas que pensem mais no processo de inclusão de crianças e adolescentes com o transtorno do espectro autista, no qual eles consigam interagir, dialogar, vivenciar todos os prazeres de uma vida escolar. (BENINI & CASTANHA, 2016).
Nesta probabilidade é importante construir um currículo adaptado as necessidades e especificidades dos indivíduos com o Transtorno do Espectro Autista- (TEA), pois somente assim a escola cumprirá realmente seu papel inclusivo.
2. Processo de inclusão nas escolas.
Segundo Sampaio (2009, pág. 23 apud SILVA; NUNES; SOBRAL, 2019) o processo de inclusão escolar ao longo dos anos 90 e até os dias de hoje, vem firmando-se no plano internacional e na legislação brasileira como uma conquista dos direitos humanos”. Portanto, a educação inclusiva é um direito assegurado desde a Constituição Federal de 1988, no qual garante que todos têm direito a educação e a criança com autismo também possui os mesmos direitos que toda criança tem garantido por lei. (LASKOSKI; SILVA; SOUSA, 2017, pág. 06).
O artigo 205 da constituição federal de 1988 define a educação como um direito de todos, no qual garante o pleno desenvolvimento das pessoas, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. (OLIVEIRA & BARBOSA, 2018, pág. 08).
De acordo com Sanches & Teodoro com base na Declaração de Salamanca Documento descrito na Conferência Mundial sobre Educação Especial no ano de 1994 a expressão necessidades educativas especiais refere se a: todas as crianças e jovens cujas carências se relacionam com a deficiência ou dificuldades escolares. (SANCHES & TEODORO, 2006 apud LAKOSKI; SILVA; SOUSA, 2017, pág. 05).
O autor também relata que o objetivo dessa inclusão escolar tem por objetivos retirar crianças e jovens com deficiência na defesa da normalização possibilitando ao educando uma vida o mais normal possível.
Silva (2011) relata que o atendimento específico às pessoas com necessidade especiais é chamado de Educação Especial, onde tem por base Constituição Federal (1988), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 9.394/96) e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1984), leis que estabelecem que a educação pública seja direito de todos e deve ser garantido o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência.
Desse modo, Segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (2001), a Educação Especial é uma modalidade da educação escolar; processo educacional definido em uma proposta pedagógica, assegurando um conjunto de recursos e serviços educacionais especializados, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar; e, em alguns, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica (Apud Silva, 2011,pág.13).
Então, [...] “Para que haja um ensino de qualidade é necessário um currículo apropriado de modo que promova modificações organizacionais, estratégias de ensino e uso de recursos, dentre outros” (MENDES, 2002 apud BRANDE; ZANFELICE, 2012, p. 44 apud BATTISTI & HECK, 2015).
Segundo Libâneo (2012, p. 489), o currículo é a concretização, a viabilização das intenções expressas no projeto pedagógico, e há muitas definições de currículo: conjunto de disciplinas, resultados de aprendizagem pretendida, experiências que devem ser proporcionadas aos estudantes, princípios orientadores da prática, seleção e organização da cultura. (Apud BATTISTI & HECK, 2015, pág. 16).
Mediante este contexto, Oliveira e Barbosa narram que para atender com mais exatidão as crianças com necessidades especiais a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva criou o Atendimento Educacional Especializado (AEE) como forma de identificar, elaborar e organizar os recursos pedagógicos e de acesso, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. (SEESP/MEC, 2008 apud OLIVEIRA & BARBOSA, 2018, pág. 09).
Portanto, é na educação infantil que acontece o primeiro processo da inclusão escolar, pois é nessa etapa que as crianças desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e de seu desenvolvimento global. Como nos aborda Dutra et al:
A inclusão escolar tem início na educação infantil, onde se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança. Do nascimento aos três anos, o atendimento educacional especializado se expressa por meio de serviços de intervenção precoce que objetivam otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviços de saúde e assistência social. (DUTRA et al, 2008, pág. 16).
Ao o ser incluído na escola o aluno autista, o professor deve realizar a primeira identificação precoce na criança de algo que não está dentro da normalidade, uma conduta essencial para a intensificação à comunicação, a interação social do aluno dentro do ambiente escolar e da sociedade. (OLIVEIRA & BARBOSA, 2018, pág. 06).
Diante desta abordagem, de acordo com Battisti & Heck (2015) quando a criança chega à escola os professores devem ter em mente que além de conteúdos escolares a serem aprendidos pela criança é necessário que ele se torne independente, capaz de desenvolver atividades do dia-a-dia por si só, pois muitas vezes os pais realizam tarefas que as crianças poderiam realizar sozinhas. Um exemplo de currículo importante para o estímulo da autonomia da criança é o Currículo Funcional Natural.
Sendo assim, os autores Oliveira & Barbosa relatam que o autismo tem que ter um olhar pedagógico para que os profissionais da educação saibam como lidar com o diagnóstico de TEA (Transtorno do Espectro Autista) e de como desenvolver as atividades, uma vez que os sintomas das pessoas com TEA variam muito de indivíduo para indivíduo. Em alguns quadros, há o acometimento de convulsões, já que o transtorno pode vir associado a diversos problemas neurológicos e neuroquímicos. (OLIVEIRA & BARBOSA, 2018)
De acordo com Oliveira & Barbosa (2018) o educador precisa conhecer mais a fundo os sintomas do autismo para entender melhor que tipo de síndrome a criança está sofrendo, isso se ela não tem um laudo médico. Identificado a síndrome a que a criança está acometida, o docente deverá utilizar metodologias apropriadas para aquela criança, juntamente com o afeto, pois o afeto é uma ferramenta pedagógica essencial para o professor encontrar recursos necessários para trabalhar as dificuldades encontradas no seu aluno, que podem ser várias. Portanto, “O autismo requer do sistema educacional duas coisas importantes: diversidade e personalização. ” (REVIERE, 2004, p.248 apud SILVA, 2011, pág. 18).
Para um melhor desempenho deste aluno o docente deve observar, quais materiais despertam interesse pela criança, perceber quais as brincadeiras favoritas e etc. e dentro desses interesses elaborar atividades que estimule o seu desenvolvimento. Mas antes de mais nada a criança com o transtorno do espectro autista precisa de muita atenção e também ser incluído no meio social, deve sempre ser estimulado e o professor deve sempre oferecer atividades significativas para favorecer o processo de aprendizagem para este aluno, contribuindo desta forma para seu desenvolvimento intelectual. (SILVA; NUNES; SOBRAL, 2019, pág. 158)
Nesse sentido, a aprendizagem mais valiosa para a criança vem por meio de brincadeiras como nos relata Lee:
O brincar é a principal atividade da criança na vida, através do brincar ela aprende as habilidades para sobreviver e descobre algum padrão do mundo confuso em que nasceu. (LEE, C.1977, p.340 apud OLIVEIRA & BARBOSA, 2018)
Vygotsky & Luria relatam que:
As brincadeiras desenvolvem na criança, diversas habilidades e competências para seu desenvolvimento cognitivo, intelectual, inclusão social e o ajuda a prepará-lo para viver melhor em sociedade. (VYGOTSKYE & LURIA, 1996, pág. 220 apud OLIVEIRA & BARBOSA, 2018, pág.07).
Elkonin, (1986) & Leontiev, (1986) argumentam que o brincar é uma atividade fundamental ao desenvolvimento psíquico da criança e dão ênfase à brincadeira imaginativa ou jogo de papéis. Sendo assim, a imaginação surge num momento em que a criança pequena vivencia “tendências não realizáveis”, quando ela busca a satisfação de forma imediata, mas se depara com limites da realidade, e no brincar essa satisfação torna-se possível. (VIGOTSKI, 1984 apud MARTINS & GOES, 2013, pag. 27).
Segundo Martins & Góes (2013) o componente imaginativo da brincadeira infantil tem natureza e origem social, pois a criança reelabora as formas humanas de agir com objetos e de interagir com outros a partir de suas condições concretas de vida, porém criando novas realidades. Portanto, é no brinquedo que a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. (VIGOTSKI,1984, pág. 117 apud MARTINS & GÓES, 2013).
Nesta concepção, Silva (2011) nos diz que na educação, os comandos têm que ser diretos, as palavras e as frases possuam objetivos claros, principalmente porque a postura do professor é de extrema importância para canalizar a concentração do educando nas tarefas que construirão habilidades. Então, os períodos de trabalho com o aprendente autista não devem ser extensos, mas em pequenas etapas, com tarefas curtas, pois as tarefas longas dificultam a concentração, tornando a distração recorrente. (SILVA, 2011, pág. 20).
Ainda para o mesmo autor os materiais pedagógicos que estimulem o raciocínio e os movimentos são excelentes recursos para o aperfeiçoamento motoro fino e as atividades lúdicas de educação física que explorem o equilíbrio, o manejo de objetos, os exercícios com o corpo, onde os membros superiores e inferiores se alternem coordenadamente em movimentos orientados, ajudam qualquer criança a adquirir uma boa coordenação motora global.
Para Silva, Nunes & Sobral (2019). Para uma criança autista ter uma aprendizagem significativa a melhor maneira de trabalho é a que incentive o aluno a realizar as atividades, de acordo com sua etapa de desenvolvimento, ou seja, deixar o aluno sempre livre para se interagir com os demais na escola, trocando informações do seu jeito de se comunicar. O professor tem um papel determinante, pois é ele quem estabelece o primeiro contato com a criança, criando possibilidades para todos, adequando sua metodologia às necessidades diversificadas de cada aluno. (LAKOSKI, SILVA, SOUSA, 2017, pág. 11).
Diante destes viesses a família também é de extrema importância para o desenvolvimento cognitivo, intelectual e social da criança, pois a escola sozinha não consegue fazer com que o desenvolvimento da criança aconteça, por esse motivo há uma necessidade de consolidar esta parceria com a família no processo de escolarização da criança com autismo. (OLIVEIRA & BARBOSA, 2018).
Por conseguinte, a família do indivíduo portador de autismo possui um papel decisivo no sucesso da inclusão, uma vez que o processo de inclusão escolar consciente e responsável não acontece somente no âmbito escolar. (SERRA, 2004, pág. 21).
Silva (2015) nos diz:
A ligação da família com a escola potencializa o processo de ensino e aprendizagem do educando, na etapa educacional. A escola complementa as ações da família e vice-versa. (SILVA, 2015, pág. 14249).
Szymansky (2010, p.22) descreve que “É na família que a criança encontra os primeiros “outros” e, por meio deles, aprende os modos humanos de existir –seu mundo adquire significado e ela começa a construir-se como sujeito” (apud SILVA, 2015, pág. 14251).
Ainda para Szymansky, a família, nesta perspectiva, é uma das instituições responsáveis pelo processo de socialização realizado mediante práticas exercidas por aqueles que têm o papel transmissor –os pais –e desenvolvidas junto aos que são os receptores –os filhos. (SZYMANSKI, 2010, p. 20 apud Silva, 2015, pág. 14251).
Para Silva (2015) a família é a chave para uma formação bem-sucedida do estudante e a escola é o local onde ele vai ampliar seus conhecimentos técnicos e práticos, desenvolvendo também suas habilidades e capacidades conforme seu desempenho global.
Nesta concepção, a inclusão se dá quando unidas à escola e a família a criança com o Transtorno do Espectro Autista irá sentir-se mais confiante durante o seu desenvolvimento dentro da escola e dentro da sociedade. (SILVA, SOUSA, SOBRAL, 2019, pág. 156).
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da pesquisa realizada referente a inclusão de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista nas escolas, percebe-se que a singularidade e a insuficiência de conhecimento sobre a síndrome fazem com que os profissionais da educação percorreram caminhos ainda desconhecidos e incertos sobre a melhor forma de educar as crianças com Transtorno do Espectro Autista -TEA, principalmente porque, cotidianamente, recebe-se nas salas de aulas alunos que necessitam de um olhar mais apurado sobre o seu processo de escolarização.
Mediante este empasse, é necessário oportunizar políticas públicas que valorizem os profissionais da educação ofertando a eles cursos que possibilite trabalharem em sala de aula o diálogo, a sensibilização, a orientação e a articulação social-educativa de forma a enriquecer a prática da cidadania e principalmente o atendimento a casos mais específicos como o autismo, de forma que possibilite ao alunado um atendimento especial no qual supere suas próprias limitações e obstáculos. Favorecendo uma relação equilibrada, dividindo os deveres e responsabilidades entre família e escola para que a inclusão aconteça de forma convincente, pois a inclusão educacional não se trata apenas de inserir o sujeito em um ambiente, promovendo interações recíprocas entre ele, o meio e o outro. É um processo legal, político e social, o qual necessita da ajuda de pais/familiares, escola e comunidade para ser efetivamente concretizado.
Sendo assim, nota-se que a sintonia do professor com a criança, por vezes, está presente na sua atuação, o que possibilita compreendê-la. A manifestação de afeto do educador para a criança permite que ocorra um relacionamento mais humanizado, que volta sua atuação para o desenvolvimento social da criança, uma vez que o professor tem um papel determinante, pois é ele quem estabelece o primeiro contato com a criança, criando possibilidades para todos, adequando sua metodologia às necessidades diversificadas de cada aluno.
Portanto, a formação dos professores é um caminho para a construção de uma escola inclusiva, pois uma política de formação de professores é um dos pilares para a inclusão escolar, visto que a mesma pode ser considerada como um dos elementos mais importantes para o exercício de uma prática docente inclusiva.
Sendo assim, os professores devem estar preparados para lidar com a diversidade, inclusive e especialmente com a diversidade do alunado com necessidades educacionais especiais, que durante seu processo de escolarização pode apresentar algumas peculiaridades.
Então, para que o aluno tenha um bom desenvolvimento cognitivo, intelectual e social nas atividades propostas pela escola, a família acaba por si mesma tornando-se a chave para uma formação bem-sucedida do estudante e a escola o local onde ele vai ampliar seus conhecimentos técnicos e práticos, desenvolvendo também suas habilidades e capacidades conforme seu desempenho global.
Diante desta perspectiva, as políticas públicas educacionais devem fazer jus aos decretos sancionados legalmente para que a criança com transtorno do Espectro Autista não se sinta excluída do meio educacional e social e sinta-se valorizada e respeitada diante de suas peculiaridades.
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