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EVASÃO ESCOLAR: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Patricia Maria da Silva

Verônica da Silva Vieira

RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de apresentar alguns dos diversos fatores que fazem com que alguns alunos do ensino médio, desistam dos estudos antes mesmo de concluírem. Esse trabalho iniciou com embasamento teórico em livros, artigos e trabalhos acadêmicos que evidenciam os fatores internos que de alguma forma influenciam a desistência do aluno, como por exemplo, falta de preparo dos profissionais da educação, exclusão, dificuldade no aprendizado entre outros, e fatores externos ocasionados pela vida social do aluno fora da escola, como falta de apoio da família, trabalho, gravidez, entre outros. Os resultados mostraram que há uma certa preocupação por parte da direção e dos professores, mas para resolver o problema é necessário uma ação conjunta entre os profissionais da educação, a sociedade e o estado, realizando projetos dentro das escolas para incentivar cada vez mais a população a adotar ações adequadas, agindo diretamente em cada situação, seja um problema interno ou externo que tem causado a evasão do ambiente escolar, como por exemplo o incentivo ao professor para lidar com alunos desmotivados e com dificuldades em aprender em um problema interno e como problema externo, uma cobrança maior sobre os pais para os mesmos zelarem mais pela a frequência do filho na escola.

 

Palavras chaves: evasão escolar. Educação. Desistência.

 

ABSTRACT

This paper aims to present some of the different factors that make some high school students give up on their studies even before they finish. This work began with theoretical foundation in books, articles and academic papers that show the internal factors that somehow influence student dropout, such as lack of preparation of education professionals, exclusion, learning difficulties, among others, and factors external factors caused by the student's social life outside of school, such as lack of family support, work, pregnancy, among others. The results showed that there is a certain concern on the part of the management and teachers, but to solve the problem it is necessary a joint action between education professionals, society and the state, carrying out projects within schools to increasingly encourage the population to adopt appropriate actions, acting directly in each situation, whether it is an internal or external problem that has caused the evasion of the school environment, such as encouraging the teacher to deal with unmotivated students with difficulties in learning in an internal problem and as a problem external, a greater charge on parents to ensure that their child attends school.

 

Keywords: school dropout. Education. Dropout.

 

 

LISTA DE SIGLAS

 

BID................

Banco Interamericano de Desenvolvimento

CODEPLAN..

Companhia de Planejamento do Distrito Federal

IBGE.............

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INEP.............

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

LDB...............

Lei de Diretrizes e Bases

MEC..............

Ministério da Educação

SEDUC.........

Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer

PCNs............

Parâmetros Curriculares Nacionais

 

 

  1. INTRODUÇÃO

 

Ao analisar a história da evolução da educação brasileira, observa-se que ela é marcada por luta constante e por longos desafios. Alguns foram superados outros ainda persistem e precisam ser refletidos. Depara-se com a realidade de uma sociedade guerreira e unida, que ainda busca, apesar da má gestão governamental, uma educação mais justa e merecedora para o seu povo.

A evasão escolar é um dos maiores problemas do sistema educacional, uma situação que tem preocupado até mesmo as políticas pública do governo brasileiro. Estudos mostram que cerca de 1,3 milhões de alunos abandonam a escola antes dos 17 anos, alguns não chegam a terminar o ensino fundamental. São muitos os motivos que causam essa problemática que variam desde pessoal à social, das dificuldades ao acesso à escola e do desinteresse do próprio aluno (IBGE, 2008).

Segundo a (INEP) Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, apesar de ser alarmante a situação de todos os estados do Brasil, a evasão escolar no ensino médio é um problema não só do Brasil, mas também de países do Primeiro Mundo. Evidentemente, o incômodo causado nos índices estatísticos dos países desenvolvidos deve ser analisado de acordo com suas realidades. Dados levantados pela Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal) o DF tem a maior taxa de evasão no ensino médio, cerca de 23%, que é quase o dobro da média nacional, 13%.

Para Espínola (2010), os fatores sociais e econômicos são os primeiros responsáveis pelo fracasso escolar, porém, não são os únicos determinantes. Para ele a forma com que se organiza a escola também influência no fracasso dos alunos. O jeito que o educando atua, referente a diversos tipos de culturas em um único ambiente, o tratamento de cada um deveria ser conforme os diferentes diálogos e conhecimento, adequando-se as suas realidades. Muitas das vezes a relação de empatia entre o professor e o estudante diferem implicando nos resultados de aprendizagem.

Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa é fazer uma análise e discussão, dentro de alguns trabalhos relacionados ao tema para analisar as causas e as consequências dessa problemática relacionado a educação.

 

  1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

    1. A evasão escolar

O termo evasão escolar utilizada neste trabalho significa que o aluno deixou de frequentar as aulas, mas ainda não é evidente que o mesmo não irá concluir o curso em outro período mais tarde ou em outra modalidade de ensino conforme Ajala (2011). Algo interessante de se avaliar é o crescente índice nas matriculas na modalidade de ensino EJA (educação de jovens e adultos), que tem como objetivo fazer valer o artigo 208 da constituição de 1988, que garante o acesso e a permanência a educação fundamental a todos. Apesar de ser um importante meio para aqueles alunos que não conseguiram terminar os estudos na idade adequada, a preocupação é a crescente procura pelo curso por ser à distância e com mais facilidade de conclusão e recebimento de certificado.

Nota-se o grande vazio em salas de aulas e a preocupação de professores e profissionais da educação com o grande aumento do abandono escolar. Estudos mostram que cerca de 1,3 milhões de alunos abandonam a escola antes dos 17 anos, alguns não chegam a terminar o ensino fundamental (IBGE, 2008).

São muitos os motivos que causam essa problemática da evasão, que variam desde pessoal à social, desde as dificuldades ao acesso à escola, ao desinteresse do próprio aluno, lembrando que, de acordo com a legislação brasileira, a educação da criança e do adolescente é de responsabilidade da família e do estado, como está descrito na LDB (1996).

Sobre as causas da evasão escolar, Costa (2004), diz que essa problemática é um processo histórico, que passa de geração para geração, sendo que a falta de preocupação de alguns, tanto dos pais quanto dos órgãos públicos, muitas vezes por não darem a devida importância a educação, mesmo tendo instituições que investem, não são suficientes para manter os alunos estudando. Isto nos remete a indagar sobre quem está realmente preocupado com a desistência dos alunos e se estão evadindo ou estão sendo expulsos.

Para Ferreira (2001), são diversas as causas da evasão escolar: professores despreparados e mal valorizados; escola autoritária; não atrativa; falta de incentivo; pais que mostram desinteresse em relação ao destino dos filhos; problemas de saúde; gravidez; trabalho para ajudar no sustento da família; desinteresse do próprio aluno; envolvimento com drogas; gravidez precoce, entre outras.

De acordo com dados do (BID) Banco Interamericano de Desenvolvimento aponta que, entre os jovens mais pobres, menos de um terço conclui o ensino médio no Brasil. Mas não se pode deixar de argumentar que a desistência de alunos atingem também as classes mais altas em números menores, o que então não justifica apenas a necessidade, mas também a falta de interesse. Em 2012, apenas 51,8% dos jovens de até 19 anos haviam concluído os anos finais da educação básica brasileira.

Conforme Vygotsky (1995), apud Costa (2004), há alunos que apresentam muitas dificuldades na vida social, tanto na família como no ambiente escolar, problemas que causam transtornos e não permitem que tenham um bom desempenho de aprendizado e acabam faltando constantemente, gerando uma evasão periódica ou definitiva.

 

2.2 As causas internas da evasão escolar

 

Há vários argumentos, com ideologias diferentes sobre o caso discutido, o desânimo de estudar, as repetências e as notas baixas que interferem diretamente para um futuro abandono da escola. Ressaltando também o preconceito que ainda existe em nosso País, faz com que os jovens se sintam excluídos da sociedade e das escolas devido a interação dentro do ambiente escolar que ocasiona a desistência antes de concluir o ensino médio.

As instituições de ensino, são heterogêneas, e elas recebem alunos de diferentes graus sociais, tudo depende da posição da escola e a disponibilidade de ensino. A LDB nº 9.394 garante, que o ensino devera ser gratuito e ofertado próximo do aluno. Ou seja, se a escola estiver numa localidade periférica, notoriamente, ela recebera alunos de classe baixa que por sua vez se apresentam em graus sociais diferentes, e é notável a desigualdade e ate mesmo preconceito neste cenário. Porém, ao inverter o quadro para uma escola localizada numa centralidade urbana, poderemos também notar, e com maior latência a desigualdade, fator que também promove a evasão escolar. Com isso, Diniz (2014) refere-se a importância da conclusão do ensino médio e o abandono escolar e acredita que:

 

A conclusão do Ensino Médio, além de ser um direito, reduz as desigualdades, melhora as chances de inserção dos jovens no mercado de trabalho e forma cidadãos autônomos. Porém, observa-se também que o ensino médio ofertado nas escolas públicas brasileiras não possibilita o desenvolvimento integral do educando, pois é desprovido de qualidade, atratividade e significado, acarretando, muitas vezes, o abandono (DINIZ, 2014, p. 14).

 

Os investimentos governamentais na educação é fundamental. Há no Brasil, escolas com a estrutura física em condições precárias, a falta de incentivo ao professor, baixos salários, o devido reconhecimento merecedor deste profissional, afeta diretamente ao bom resultado no ensino e na aprendizagem do aluno, fazendo com que, cada vez mais os discentes se desmotive e abandone os estudos (CASTELAR et al. 2010).

Lourenço (2013) considera que as razões no abandono escolar não é apenas com características dos jovens mas, sobretudo, com as suas características familiares, culturais, a instituição escolar muita das vezes tem dificuldades em responder a um público cada vez mais diversificado, em necessidades e aspirações.

Conforme o pensamento de Silva (2011), muitas das vezes através de experiências ruins com professores desqualificados e sem motivação, os alunos acabam perdendo a esperança de um futuro melhor através da educação, por isso é preciso começar desde cedo, preocupando-se com a situação. Aos pais cabem se atentarem sempre com o aprendizado dos filhos, acompanhando e cobrando os direitos que é estabelecido por lei. Ao sistema educacional cabe permanecer em luta em busca melhorias na educação.

Silva (2011), apud Azevedo (2011), diz que:

 

O problema da evasão e da repetência escolar no país tem sido um dos maiores desafios enfrentados pelas redes do ensino público, pois as causas e consequências estão ligadas a muitos fatores como social, cultural, político e econômico, como também a escola onde professores têm contribuído a cada dia para o problema se agravar, diante de uma prática didática ultrapassada. (SILVA 2011, apud AZEVEDO 2011, p.5)

 

Seguindo uma mesma linha de pensamento, Borja e Martins (2014), dizem que os alunos sentem que falta de uma preparação por parte dos professores adequando o ensino as dificuldades dos alunos facilitando a inclusão e o multiculturalismo.

Oliveira (2009) apud Lourenço 2013 apresenta no início dos anos noventa o fato da escolaridade ter sido alargada a novos estratos sociais, como alunos de classe média alta, e alunos de classe baixa em um mesmo ambiente escolar, ocasionando, a desigualdade e o preconceito, que fazem dos jovens interessados pelo consumismo e pelo lucro imediato, animados com uma cultura que tornaria uma sociedade com um alto grau de desigualdade econômica e social no futuro e também para os mais pobres a dificuldade de inserção no ambiente escolar.

Ainda de acordo com o pensamento de Borja e Martins (2014) um dos fatores que ocasionam o abandono escolar é a falta de aprendizado e a dificuldade em aprender, fazem com que o aluno se desmotive e desista antes mesmo da primeira etapa de adaptação inicial. Outros fatores impactantes internos também é a violência, a precariedade de materiais escolares, a linguagem e a estrutura física da escola, que contribuem muito para a evasão escolar.

Conforme Freitas (2007), o aumento na reprovação e o abandono das salas de aula nas escolas públicas brasileiras, está cada vez mais alarmante e a sociedade contemporânea busca solucionar esses problemas, mas não se obtém muitos resultados. Pois, além de fazer apenas pesquisas, seriam necessárias ações direcionadas no intuito de solucioná-las, através de uma reflexão diária de professores e membros do apoio educacional, para realização de aulas mais alternativas e dinâmicas, levando para dentro das escolas e das salas de aula métodos que atraiam alunos com o objetivo de motivá-los para alcançar melhores resultados no aprendizado.

O autor supra citado (2007) diz ainda que:

 

A Educação Física é uma disciplina que possibilita, talvez mais do que as outras, espaços onde se pode dar início a mudanças significativas na maneira de se implementar o processo de ensino/aprendizagem, tendo em vista as diversas situações em que os dados do cotidiano associados à cultura de movimentos podem ser utilizados como objetos para reflexão (FREITAS, 2007, p. 17).

 

E ainda conforme Marchesi (2006), apud Borja e Martins (2014) cada estudante tem sua cultura socioeconômica individual diferenciada e cabe a escola e aos profissionais da educação adaptar-se a realidade de cada um, evitando a segregação e a exclusão de alunos, sobretudo daqueles que já vivem em um meio social problemático. Tais situações ocasionam mal comportamento, agressividade levando ao fracasso escolar, e cabe as escolas cumprir com suas normas e suas obrigações e estar preparadas para ensinar seus alunos não apenas para o mercado de trabalho e não como objetos, mas como sujeito, para a vida, tornando-os uma sociedade crítica, preparada para toda e qualquer injustiça que poderão surgir ao longo da vida.

As autoras Souza e Souza (2014) destaca, o princípio da igualdade formal que está descrito no artigo 5º, da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, o qual prevê que todos são iguais perante a lei, sem qualquer forma de distinção. Enfatiza também, o direito que a criança e o adolescente tem à educação inclusiva e que estão ligados diretamente com os princípios da democracia, e é essencial para promover a igualdade, mas infelizmente tem sido um grande desafio para os educadores.

De acordo dom Souza, Souza (2014) dizem que:

 

A educação inclusiva busca o ingresso, acesso e permanência de quem quer que seja à educação, à escola, sem haver qualquer distinção. O princípio da igualdade, no aspecto da educação inclusiva, não se refere apenas a um modo igual de educar, porém, fornece a cada um o que precisa, devido às suas características e necessidades individuais, - é o que configura hoje o grande desafio aos educadores (SOUZA, SOUZA 2014, p. 3, 4)

 

Ainda falando de fatores internos Costa (2004) diz que a linguagem utilizada pelos professores muita das vezes são desmotivantes, métodos ultrapassados que precisam ser reavaliados e adequado com novas e diferentes linguagens.

O Ministério da Educação e Cultura (MEC) indica que a maioria das evasões são de jovens de baixa renda, que abandonam os estudos por causa de serviços precários e, em sua maioria negros ou adolescentes que ficam grávidas e acabam desistindo.

Torres (2010) aponta a falta de valorização que existe para com os professores, salários baixos, falta de reconhecimento e de investimentos em cursos para uma melhor capacitação dos profissionais da educação, fazem com que os mesmos se desmotivem e se sintam desvalorizados afetando a qualidade da educação e a permanência dos jovens em sala de aula.

 

2.3 As causas externas que provocam a evasão escolar

Segundo Almeida (1996), a evasão é uma doença crônica da escola brasileira, atingindo principalmente as famílias carentes que não têm condições financeiras para manter e acompanhar seus filhos na escola. A falta de incentivo dos pais, devido a cultura não letrada, também agrava a situação.

Para Castelar et al. (2010):

 

As causas relativas ao professor dizem respeito à qualidade do ensino. A qualidade técnica e política do professor são cruciais para a formação da cidadania na educação básica, porém baixos salários e instituições de formação com idoneidade questionável comprometem o ensino. As práticas pedagógicas e institucionais também são importantes para a manutenção do aluno na escola, formas de avaliação inadequadas e regulamentos rígidos também podem ser causadores de abandono (CASTELAR et al., 2010, p.3).

 

Ainda sobre as práticas docentes, Espínola (2010) diz que:

 

O professor deve ser um modelo de autoridade, aquela que não vem de imposição, mas de credibilidade, e um modelo de dinamicidade, aquele que torna as aulas atrativas, criando situações de aprendizagem úteis que se desenvolvem de maneira adequada. Na maioria das vezes, o professor não tem preparo suficiente para mostrar-se portador dessas duas características torna-se penoso e pouco dinâmico ou dinâmico e pouco autoritário (ESPÍNOLA, 2010, p. 17,18).

 

Torres (2010) apresenta o trabalho infantil ocasionado pela pobreza como um dos principais fatores que ocasionam a evasão. O autor aponta o modo de produção capitalista que visa sempre o lucro e a exploração, sem se preocupar com o bem estar e o futuro do cidadão.

Algo importante para contribuir com a mesma linha de pensamento aponta Diniz (2015) é a falta de incentivo das empresas em relação a capacitação dos funcionários, não dando apoio, nem suporte para facilitar que seus colaboradores terminem os estudos para que possam alcançar um melhor salário e um melhor posto de trabalho aumentando a desigualdade social.

De acordo com Costa (2004), a gravidez na adolescência ou no período de estudos é preocupante, há relatos de mães que abandonaram os estudos por ter que cuidar da criança após o nascimento, ou as vezes ter que trabalhar para sustentar e não sobra tempo para ir a escola, porque além de trabalhar, precisa sobrar tempo para os filhos e a família. Algo ainda mais preocupante é a situação dos país que deixam os filhos sozinhos em casa ou com pessoas desconhecidas, em ambientes inapropriados que comprometem a segurança da criança e a má influência que podem gerar consequências no futuro.

 

2.4 As políticas públicas

 

Analisando o problema da evasão por um outro ângulo, como um caso não resolvido, muitas vezes por falta de pesquisas para encontrar a solução, ou por falta de investimentos governamentais na educação e até mesmo em projetos mais efetivos que trata o caso com mais seriedade e preocupação, um exemplo que pode ser citado é os investimentos em órgãos como conselho tutelar. Muitas das vezes esta instituição não consegue realizar seu trabalho com êxito devido à falta de estrutura e apoio familiar, algo que não se pode ignorar, pois é base do processo educacional (ESPÍNOLA, 2010).

Segundo Espínola (2010):

 

É importante frisar que a partir do entendimento do processo de evasão, criam-se novas metodologias e demonstra-se a carência e a necessidade de maiores investimentos parte dos governantes, escola e família, sendo incabível apontar apenas “a escola” como responsável pelo processo de evasão. As determinações creditadas ao estado e à família são carentes de uma cuidadosa análise, pois, a falta de uma educação baseada em princípios coerentes e vantajosos por parte do governo e as possíveis falhas da família, devem ser considerados, vistos que estes fatores podem resultar em uma realidade preocupante (ESPÍNOLA, 2010, p. 10).

 

Conforme Queiroz (2000) no Estado de Mato Grosso, dados oficiais da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC, 2000), retratam que em 1995, a reprovação e evasão escolar somavam 39%, e apenas 10% dos jovens na faixa de 15 a 19 anos encontravam-se matriculados no Ensino Médio. Algumas medidas de políticas públicas foram tomadas, assim como a implantação da escola ciclada, mas não se tem visto muito resultado.

Essa problemática gera muitos debates, que além de enfatizar a eficácia dos docentes, aponta a igualdade de chances sendo necessários considerar entre outros fatores, os recursos que o governo deve investir na educação, com o objetivo de garantir as condições básicas e as oportunidades iguais no âmbito da educação e garantindo ao cidadão uma vida em sociedade plena (ESPÍNOLA, 2010).

Seguindo uma linha de pensamento parecida, Silva (2016) acredita que devido a escassez de pesquisas voltadas para encontrar meios que resolvam o problema destaca que, não existe políticas públicas diretas para tratar o problema do abandono escolar. Há pesquisas que mostram dados de estados brasileiros que investiam na educação e que apresentam um melhor resultado com menos evasão, diferente dos estados que menos investiam e que tem uma porcentagem maior de evasão.

Segundo Nascimento (S. a) uma das medidas para conter a evasão escolar, pensando nos alunos que trabalham no período e tem dificuldades em frequentar as aulas durante o dia, foi implantado o ensino noturno, mas na maioria das vezes a dura e exaustiva jornada de trabalho faz com que os alunos faltem cada vez mais, até chegarem ao ponto de desistirem, e no ano seguinte tentam recomeçar com uma nova rematrícula, que acaba virando um círculo vicioso e no fim terminam por abandonarem de vez a escola.

Os PCNs complementam a possibilidade da visualização de um novo ensino médio não apenas para preparar o aluno para o ensino superior ou para o campo profissionalizante do trabalho, também tem o objetivo de preparar o aluno para a cidadania, para o aprendizado permanente, ou seja, preparar para a vida. Assim considerado como algo importante é adequar as escolas para serem capazes de promover a alfabetização plena, a qualificação de um trabalho digno para os alunos, escolas criadas para um público diferente do passado.

Uma das mudanças que a nova reforma do ensino médio propõe conforme está descrito na LDB nº 9.394 é a não contratação de professores que não tenham o diploma de graduação em licenciatura e também a redução das disciplinas obrigatórias.

Outra medida que a reforma do ensino médio impõe, é que o currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos específicos, a serem definidos pelos sistemas de ensino, com ênfase nas seguintes áreas de conhecimento ou de atuação profissional: I - linguagens; II - matemática; III - ciências da natureza; IV - ciências humanas; e V - formação técnica e profissional.

De acordo com Cassiano (S. a), a reforma do ensino médio já era considerado pelos especialistas em educação, uma demanda antiga que consideram o modelo de ensino um dos grandes motivos para as altas taxas de evasão registradas no Brasil nessa parte da escolarização. Segundo o Ministério da Educação, é necessário que o ensino médio seja capaz de atender desde o início, às pretensões do jovem do que diz respeito à carreira. Dessa forma, é necessário a existência de percursos que direcionem os estudantes para o que pretendem fazer no futuro, seja uma formação acadêmica, técnica ou para o mercado de trabalho.

Conforme a Lei nº 10.287, de 2001 a escola deve notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei.

De acordo com os PCNs os profissionais da educação, devem se comprometerem com os alunos, sabendo lidar com as diversidades existentes e ajudarem a criar hábitos de trabalho em equipe, desenvolvendo práticas investigativas, também devem utilizar novas metodologias, estratégias e materiais de apoio, tudo para um bom desenvolvimento e apoio à permanência do aluno na escola.

 

  1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 

 

    1. Trabalho de gabinete

 

Para compor as informações e conhecimentos necessários para o desenvolvimento desta pesquisa, foi realizado levantamento bibliográfico em artigos, livros, monografias, dissertações, estudos de caso, pesquisa histórica, pesquisa documental em atas escolares, como orientam Lakatos e Marconi (2003). Pois, dizem que a leitura em livros e textos é essencial para a obtenção de informação e conhecimento para a realização de um trabalho científico, portanto o estudante deve se preparar com uma boa quantidade de livros, artigos, monografias e entre outras, o aluno deve manter sempre o propósito da leitura com o objetivo do conhecimento e da informação, sempre avaliando o que se lê.

 

  1. RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Torres (2010) diz que só poderá ser solucionado a situação da evasão escolar quando houver um comprometimento do estado, da família e da sociedade, com um mesmo propósito de se descobrir qual a verdadeira necessidade do aluno e quais os caminhos a percorrer.

Seguindo ainda a linha de pensamento de Torres (2010), a reprovação que gera a desistência vem seguido de atos e atitudes que poderiam ser solucionados se tivesse maior preocupação por parte dos responsáveis pela educação e por parte dos pais. Isso também inclui a interação com os professores, a não compreensão dos conteúdos, que ocasionam notas baixas, falta de incentivo dos pais, também o trabalho na adolescência que faz com que os alunos desistam de estudar por um salário que, para ele ou para ela no momento é a melhor escolha, e deixam de pensar que no futuro poderão ser substituídos por alguém mais qualificado.

É sabido que um bom relacionamento tem a capacidade de melhorar o desempenho de aprendizagem e de frequência na escola. Nesse caso, a direção poderia realizar uma ação junto aos professores com o intuito de aconselhá-los a ter mais interação com os alunos, principalmente com aqueles que tinham maior dificuldade de aprendizado.

Infelizmente ocorre esse fato, onde muitos pais não acompanham plenamente a vida escolar dos filhos. O incentivo é essencial para que os alunos se mantenham firmes nos estudos, sempre buscando boas notas e um bom aprendizado. Para Castelar et al. (2010) temos uma cultura de pais não letrados que não incentivam seus filhos o suficiente para se manterem estudando. Por não darem a devida importância dos estudos na vida dos filhos, acabam incentivando ao abandono escolar.

Nessa situação, a diretoria e a coordenação poderiam incentivar mais os pais de alunos durante as reuniões, a serem mais presentes, ativos e participativos na vida escolar do filho.

O fato do aluno ter essa divergência, muita das vezes significa que não tenha um bom resultado nos estudos ou comportamental, o que também pode ocasionar a má relação com a direção. Em muitos casos nota-se alunos com o comportamento agressivo, impulsivo, fazendo com que ocasione possíveis intrigas entre alunos, devido a diferentes culturas dentro da sala de aula.

Batista (2014) acredita que a escola passa a ser para alguns alunos uma segunda casa, por encontrar além da aprendizagem, um conforto psicossocial, responsabilizando a escola a ser uma espécie de segundo lar.

Mas nem sempre é assim, alguns alunos, por falta de afetividade e boa relação, acabam aumentando a má disposição e chegam a desistir. A escola poderia ter uma política especifica para lidar com casos de alunos com o temperamento forte, tratando junto aos pais ou responsáveis se possível junto com o conselho tutelar, evitando sempre ao Máximo uma possível evasão escolar.

A problemática do trabalho na adolescência tem relação diretamente com a situação econômica e financeira da família e até mesmo ser uma desestruturação familiar em muitos casos.

Conforme as ideias de Almeida (1996), o Estado poderia promover melhores condições a população de baixa renda, para os alunos concluírem o ensino básico antes do primeiro emprego, com um auxilio, como bolsa escola ou bolsa família, principalmente para aqueles pais que não podem manter seus filhos estudando,

O meio de transporte com que os alunos vão para a escola de certa forma influencia na frequência e no bom desempenho dos mesmos em sala de aula, principalmente nos casos em que os estudantes moram em bairros distantes ou na zona rural.

Algo que também contribui para o desinteresse do aluno é a metodologia utilizada pelos professores, esse problema além de gerar insatisfação e falta de interesse no aluno, ocasiona a má aprendizagem que poderá causar problemas futuros devido a má formação no ensino básico, acarretando dificuldades no mercado de trabalho e até mesmo no ensino superior.

A linguagem e os métodos utilizados pelos professores precisam ser adequados para o cotidiano, de acordo com a realidade do aluno. Linguagem ultrapassada e sem inovações fazem com que os alunos se desmotivem afetando a aprendizagem e ocasionando a evasão. Um investimento em materiais didáticos mais diversificados poderiam ajudar os professores a dar uma aula interessante, fazendo com que os alunos gostem um pouco mais das aulas e do conteúdo.

A segurança dos professores em relação aos conteúdos causa incertezas no aprendizado ocasiona o desinteresse pelo conteúdo e pelos estudos. A insegurança é sinal de que o profissional da educação não está preparado o suficiente para aplicar o conteúdo, afetando diretamente os alunos, nesse caso cabe à direção da escola ficar atenta e tomar as devidas providencias.

As dificuldades de aprendizagem necessitam de uma aproximação da relação professor e aluno, com o interesse do ensinar e aprender, pautados em interesse comuns para que o objetivo esteja completo. E isso, se não tiverem um bom acompanhamento dos professores preocupados com a aprendizagem, com aulas de reforço e uma melhor atenção, fica difícil o aluno acompanhar os conteúdos, podendo ocasionar uma evasão.

Os professores devem estar sempre atentos aos alunos que tem maior dificuldade de aprendizagem para poder planejar aulas de reforços para que assim, todos possam acompanhar os conteúdos.

Batista (2014) diz que na maioria das vezes os professores estão sobrecarregados e que precisam fazer um papel multifuncional e ainda tornou-se necessário que eles garantam uma boa relação entre aluno e professor que busquem técnicas para inserir conhecimento de vivencia do aluno.

A falta de incentivo ao professor também colabora para a falta de dedicação do profissional para com a aprendizagem do aluno, em muitos casos, salários baixos e a falta de reconhecimento.

Segundo a autora Costa (2004), o professor deve estar sempre atento e perceptivo diante das diferenças e problemas em que enfrentam os alunos se sensibilizando e se comprometendo a lidar com as distintas culturas e ajudando até mesmo o aluno a lidar com os problemas pessoais.

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Pode-se concluir deste trabalho que a maior parte dos alunos que desistem dos estudos são de baixa renda, e tem uma dificuldade maior de relação com os professores e a falta de incentivo dos pais, nota-se que o problema de desestruturação familiar e os problemas financeiros afeta diretamente a ocorrência da evasão. Apesar que há um grande destaque no problema em relação a grande quantidade de alunos que trabalham, que não tem incentivo dos pais, que tem dificuldades no aprendizado, que não tem boas condições de transportes e entre outras, que de certa forma são condições ligadas a dificuldades econômicas.

Contudo pode ser analisado que está em evolução alunos desinteressados pelo fato do mundo moderno e da era digital oferecer atrações mais interessantes e imediatas que tiram o interesse de estar em uma sala de aula aprendendo conteúdos que, ao ver deles é de resultado a longo prazo e não servirá para realização dos sonhos pertinentes a idade.

Para um menor índice do abandono escolar seria necessário uma política pública educacional eficaz nas escolas, com tratamento específico dos casos de evasão, qualificando melhor o professor, dando a devida valorização, instigando em agir diariamente com os alunos desmotivados. Além de praticar aulas mais inovadoras, com uso de tecnologias, que visem despertar o interesse e um melhor desempenho do aluno em sala de aula.

Algo que poderia ajudar, seria a conscientização dos professores que lidam diretamente com os alunos, talvez esses profissionais ao analisando uma boa relação, poderiam ajudar de alguma forma, os problemas e as dificuldades de cada um, e assim ajudar a combater a evasão escolar.

 

  1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALMEIDA, M.A. Programa Bolsa Escola. São Paulo: Instituto Polis, 1996. Acesso em: 01/08/2017. Disponível em: <http://www.polis.org.br>.

AJALA, M.C. Aluno EJA: motivos de abandono e retorno escolar na modalidade EJA e expectativas pós EJA em Santa Helena-PR. 2011. Monografia - Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Medianeira, Paraná, 2011. Disponível em:<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br>. Acesso em: 28/06/2018.

BATISTA, M.M. Uma investigação sobre a evasão escolar na educação de jovens de jovens e adultos: A experiência da E.E.E.F.M professora Luzia Simões Bartolini.João Pessoa – Paraíba. 2014. Acesso em: 01/08/2018. Disponível em: <http://dspace.bc.uepb.edu.br>.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em:<http://agenciabrasil.ebc.com.br>. Acesso em 25/10/2017.

BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br>. Acesso em 25/10/2017.

BRASIL. Constituição de 1988. Artigo 208. Disponível em: <http://ejabrasil.com.br>. Acesso em: 25/10/2017.

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