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A INCLUSÃO DO DEFICIENTE AUDITIVO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Fernanda Paula Block¹

 

RESUMO

Este artigo procura mostrar como ocorre o processo de inclusão no âmbito escolar de crianças portadoras de necessidades educativas especiais. A educação especial não é mais entendida como uma modalidade educativa, mais sim como um conjunto de recursos e medidas que o sistema coloca a disposição às necessidades de todos os alunos com adequação progressiva do currículo regular destinado a conseguir um equilíbrio entre o maior grau possível na normalidade, na resposta educativa é a maior eficácia na produção do desenvolvimento integral da criança tal como adaptação progressista do currículo escolar em geral. A grandiosidade da educação inclusiva é medida pela consciência e preparo do professor, o qual deve ter em mente que dentro de sua sala de aula, em um espaço relativamente minúsculo perante o mundo. A família e a escola são dois elementos muito importantes na socialização do indivíduo na medida em que os dois influenciam diretamente na educação do mesmo, contribuindo para a sua realização pessoal e concretização dos seus projetos ao longo da sua vida, a família é considerada a base da sociedade. Este trabalho irá informar que antigamente as crianças com deficiência auditiva não podiam frequentar a escola, pois eram consideradas como aberrações da natureza, já atualmente as escolas tratam essas crianças de forma igual às outras.

 

Palavras-chave: Escola Inclusiva. Direito. Criança.

 

1 INTRODUÇÃO

 

Este trabalho tem como objetivo mostrar como ocorre o processo de inclusão no âmbito escolar de crianças portadoras de necessidades educativas especiais, a inclusão é um desafio que, ao ser devidamente enfrentado pela escola comum, pois, para que os alunos com deficiência possam exercer o direito à educação em sua plenitude, é indispensável que a escola aprimore suas práticas, a fim de atender às diferenças.

Esse aprimoramento é necessário, sob pena de os alunos passarem pela experiência educacional sem tirar dela o proveito desejável, tendo comprometido um tempo que é valioso e irreversível em sua vida. A transformação da escola não é, portanto, uma mera exigência da inclusão escolar de pessoas com deficiência ou dificuldades de aprendizado, assim sendo, ela deve ser encarada como um compromisso inadiável das escolas, que terá a inclusão como consequência.

A educação especial não é mais entendida como uma modalidade educativa, mais sim como um conjunto de recursos e medidas que o sistema coloca a disposição às necessidades de todos os alunos com adequação progressiva do currículo regular destinado a conseguir um equilíbrio entre o maior grau possível na normalidade na resposta educativa é a maior eficácia na produção do desenvolvimento integral da criança tal como adaptação progressista do currículo escolar em geral, a grandiosidade da educação inclusiva é medida pela consciência e preparo do professor, o qual deve ter em mente que dentro de sua sala de aula, em um espaço relativamente minúsculo perante o mundo.

A educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular, trata-se de uma reestruturação da cultura, da praticas e das políticas vivenciadas nas escolas de modulo que estas respondam a diversidade de alunos, é uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivo o crescimento, a satisfação e a inserção social de todos, a educação inclusiva é uma educação voltada de todos para todos onde os ditos normais e os portadores de deficiência poderão aprender uns com os outros,um depende do outro para que realmente exista uma educação de qualidade ,a educação inclusiva no Brasil é um desafio a todos os profissionais da educação inclusiva.

Os professores têm que ter criatividade para estimular seus alunos variando seus métodos de ensino, pois para aprender a escrever a criança faz uma descoberta o aluno passa, a saber, que ela pode desenhar não apenas coisas, mas também a própria fala.

A criança requer atenção do professor, pois eles precisam de uma boa abordagem para que os incentive os mesmos a permanecerem na escola sensibilizando-os e mostrando a eles a importância de permanecerem em sala de aula.

Quando analisamos a inclusão da criança com deficiência auditiva no ensino regular, constatamos, no entanto que isso ainda é um desafio a ser vencido. Essas dificuldades se dão pela falta de educadores preparados para trabalhar com essa deficiência.

Antigamente crianças com deficiência não eram aceitas nas escolas, muito pelo contrário eram consideradas como incapazes, já nos dias de hoje, trabalha-se para incluir o maior número de crianças com esse tipo de deficiência, pois sabemos que todos os seres humanos têm capacidade para se desenvolver, a única diferença é que cada um tem seu tempo.

 

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

A educação inclusiva teve origem por volta da década 1980, com um movimento social originado nos países desenvolvidos, mas só começou a ser discutido e articulado no Brasil a partir da década seguinte. Os fatores que contribuíram para que essas ideias ganhassem força no Brasil foram: a Declaração de Salamanca (1994) e a promulgação da LDB (Leis de Diretrizes e Bases), em 1996.

Segundo ((DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 43)

 

A Declaração de Salamanca, documento, inspirador de muitas das políticas educacionais da maioria dos países, é bem clara no que se refere à família e o movimento pela inclusão. Ela possui quatro artigos (artigos 59 a 62) especificamente relativos à "interação com os pais", e vários outros que indiretamente implicam uma parceria com a instituição familiar no processo de integração/inclusão dos portadores de deficiência. Ao que nos cabe aqui, são de especial interesse os seguintes artigos, que dizem: Art. 60 - Os pais são os principais associados no tocante às necessidades educativas especiais de seus filhos, e a eles deveria competir, na medida do possível, a escolha do tipo de educação que desejam seja dada a seus filhos. Art. 61 - Deverão ser estreitadas as relações de cooperação e apoio entre administradores das escolas, professores e pais, fazendo que estes últimos e na supervisão e no apoio da aprendizagem de seus filhos.

 

A inclusão ganhou reforços com a LDB (Lei de Diretrizes de Bases da educação Nacional) de 1996 e com a Convenção da Guatemala, de 2001. Sendo assim manter crianças com algum tipo de deficiência fora do ensino regular é considerado exclusão, e crime.

Segundo os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), ”a inclusão escolar impõe-se como uma perspectiva a ser pesquisada e experimentada na realidade brasileira” (Brasil, 1998).

O termo inclusão tem sido em muitos casos compreendido de forma errada, tem sido visto do ponto de vista social em apenas incluir, colocar com outros e ponto final, a inclusão é antes de tudo um processo de se autoanalisar, de procurar no outro o que ele tem a nos oferecer, a forma como vê a vida, as coisas e as pessoas.

 

A inclusão também pode ser confundida com interação, mais existem diferenças entre elas. Na interação, a criança precisa se adequar a realidade da escola, já na inclusão a escola é que tem que se adequar a criança, aceitá-la da maneira que ela é, seja ela deficiente ou não. Na inclusão o vocabulário integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos. A meta primordial da inclusão é não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo (WERNECK, 1997, p.52)

 

Em algumas épocas antigas, as pessoas deficientes não tinham o direto de serem educadas, elas eram consideradas como aberrações da natureza e rotuladas de incapazes. não podiam participar de nenhum tipo de vida social como as pessoas consideradas nomais.

Segundo (SCHWARTZMAN, 1999, p. 3-4).

 

Na cultura grega, especialmente na espartana, os indivíduos com deficiências não eram tolerados. A filosofia grega justificava tais atos cometidos contra os deficientes postulando que estas criaturas não eram humanas, mas um tipo de monstro pertencente a outras espécies. […] Na Idade Média, os portadores de deficiências foram considerados como produto da união entre uma mulher e o Demônio.

 

Quando falamos em Educação Inclusiva ou em escola inclusiva, estamos falando num novo modelo de escola, que aceita e convive com a diversidade de alunos.

A inclusão bem-sucedida não acontece automaticamente, a atitude da escola como um todo é um fator significativo nesse processo. A escola deve adequar-se a esses novos ares, e dentro de um ambiente inclusivo, propiciar aos alunos o acesso ao conhecimento de forma plena, fazendo a ponte entre o estudante e o conhecimento, preocupando-se antes de tudo em oferecer ensino de qualidade.

Na escola inclusiva, não podemos deixar de fora nenhum indivíduo que faça parte da diversidade de pessoas que compõem hoje a humanidade, pois todos podem e devem fazer parte dela.

Segundo Mantoan (2002). O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva para as pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas públicas e privadas, de modo que se tornem aptas para responder às necessidades de cada um de seus alunos, de acordo com suas especificidades, sem cair nas teias da educação especial e suas modalidades de exclusão.

No relatório criado pela Comissão Internacional de Educação e apresentado pela UNESCO, com o objetivo de estabelecer metas para o século XXI, falam-se na importância de fazer valer quatro diretrizes, chamadas pilares da educação: aprender a conhecer aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

Os quatro pilares da educação devem existir para a diversidade de alunos que compõem a humanidade e não apenas para os que, dentro dos padrões da sociedade moderna, são considerados aptos a vivenciá-los no cotidiano escolar. Em geral, o ensino nas escolas é centrado em duas das quatro diretrizes: aprender a conhecer e aprender a fazer. Entretanto, segundo a Comissão Internacional de Educação, os quatro pilares da educação devem ser alvo de igual atenção.

Nesse sentido, aprender a conhecer objetiva tanto a aquisição de conhecimento como o domínio de instrumentos para sua obtenção, o que, no contexto da necessidade especial, é prejudicado por vários fatores, dentre eles a falta de recursos didáticos específicos. Aprender a fazer, segundo a Comissão Internacional de Educação da ONU é indissociável de aprender a conhecer.

Segundo a Declaração de Salamanca (1994, p.5):

 

Escolas inclusivas devem conhecer e responder as necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parcerias com as comunidades.[...] O desafio que confronta a escola inclusiva e no que diz respeito ao desenvolvimento de uma pedagogia centrada na criança e capaz de bem-sucedidamente educar todas as crianças, incluindo aquelas que possuem desvantagens severas.

 

Através da educação inclusiva os portadores de deficiência auditiva não serão mais ignorados, evitados, abandonados ou até mesmo retirados do convívio com as outras pessoas. Por mais contrário que possa parecer, esses aspectos vêm se refletindo nos sistemas educacionais, muito embora esses reflexos gerem consequências inevitáveis para a educação, a humanidade preserva pela igualdade de valores dos seres humanos e pela garantia dos direitos para todos.

 

2.1 O QUE É DEFICIÊNCIA AUDITIVA?

 

Deficiência auditiva caracteriza-se como um tipo de perda na audição, que pode ser parcial ou total, impedindo que o ser humano ouça os sons.

As causas para a surdez podem ser divididas em três classes: pré-natais, PE ri-natais e pós-natais.

 

As causas pré-natais são: - Hereditárias: nesse caso a deficiência pode ser transmitida geneticamente de geração em geração, particularmente quando existem casos de surdez na família; - Doenças que a mãe adquire durante a gravidez, tais como: rubéola, sífilis, toxoplasmose, citomegalovirus, herpes, intoxicações intrauterinas, agentes físicos (como raios-X), diabetes, desnutrição.

As causas pré-natais podem ser: - Traumatismos obstétricos; - Anóxia.

As causas pós-natais podem ser: -  Doenças infecciosas e também bacterianas ex: meningite, otites, inflamações agudas ou crônicas das fossas nasais; - Intoxicações; - Trauma acústico (prejuízo para o mecanismo da audição no ouvido interno devido a ruídos muito alto como: explosão muito perto da orelha; tiros e também exposição prolongada a ruídos fortes). (SILVA, 2018)

 

A maioria das pessoas confunde surdez com deficiência auditiva. Porém as duas não devem ser encaradas como sinônimos, no caso da surdez sua origem é congênita, ou seja, é quando a pessoa nasce surda, isto é quando não se tem a capacidade de ouvir nenhum som. Em consequência disso surge uma série de dificuldades na aquisição da linguagem, bem como na capacidade de se comunicar.

 

Por sua vez a deficiência auditiva é um problema adquirido, onde a pessoa nasce com audição perfeita e devido a lesões ou doenças ocorre a perda da audição, nesses casos pode-se recorrer ao uso de aparelhos auditivos ou intervenções cirúrgicas. (…) O conceito de perda auditiva nem sempre é clara para a pessoa que se depara com esse problema. Para nossa melhor compreensão, a perda auditiva é calculada em função da intensidade necessária para amplificar um som de modo que seja percebido pela pessoa surda, amplificação essa que é medida atualmente em decibéis. No caso do ouvido humano, a intensidade padrão corresponde à mínima potência de som que pode ser distinguida do silêncio, sendo essa intensidade 0 dB. (SILVA, 2018, p.1)

 

 

2.2 TIPOS DE PERDA AUDITIVA:

 

Perda auditiva condutiva: qualquer problema no ouvido externo ou médio que impeça que o som seja conduzido de forma adequada. Em alguns casos, a perda auditiva condutiva pode ser temporária. Dependendo da causa do problema, medicação ou cirurgia podem ajudar. Alguns casos podem ser tratados com o uso do aparelho auditivo. (…) Perda auditiva sensorioneural: resulta da falta ou danos de células sensoriais (células ciliadas) na cóclea e geralmente é permanente. Também conhecido como "surdez neural", a perda auditiva sensorioneural pode ser de grau leve, moderada, severa ou profunda. No caso da perda auditiva de grau leve a severa pode sempre ser tratada com aparelhos auditivos ou implante de orelha média. Implantes cocleares são soluções para perda auditiva severa ou profunda. Algumas pessoas têm perda auditiva sensorioneural apenas em alta frequência, também conhecida como surdez parcial. Nestes casos, apenas as células ciliadas da base da cóclea estão danificadas, na parte interna da cóclea, o ápice, as células ciliadas que são responsáveis pelo tratamento dos tons baixos ainda estão intactas, a estimulação eletroacústica ou EAS foi desenvolvida especificamente para esses casos. (…) Perda auditiva mista: é uma combinação de uma perda auditiva sensorioneural e condutiva. É o resultado de problemas em ambos os ouvidos: interno e externo ou médio. As opções de tratamento podem incluir medicamentos, cirurgia, aparelhos auditivos ou implantes auditivos de ouvido médio. (…) Perda Auditiva Neural: Um problema que resulta da ausência ou dano ao nervo auditivo. A perda auditiva neural é geralmente profunda e permanente, parelhos auditivos e implantes cocleares não podem ajudar, porque o nervo não é capaz de transmitir informações sonoras para o cérebro. Em alguns casos, um implante auditivo de tronco cerebral (ABI) pode ser uma opção terapêutica. (SILVA, 2018, p.1)

 

2.3 TIPOS DE SURDEZ

 

Surdez de transmissão ou de condução: quando existe uma lesão no nível do ouvido externo ou médio, que impede a transmissão das ondas sonoras. Neste caso existe uma situação de audição reduzida, mas não de surdez. Para que haja surdez é necessário que o próprio nervo auditivo esteja danificado. (…) Surdez de recepção ou neurossensorial: é quando existem lesões do ouvido interno ou do nervo auditivo que transmite o impulso ao cérebro. A transmissão das vibrações sonoras é feita normalmente, mas a sua transformação em percepção auditiva está perturbada. Existe assim, uma dificuldade na identificação e integração da mensagem. (…) Surdez mista: é quando existe, ao mesmo tempo, uma lesão do aparelho de transmissão e de recepção. (SILVA, 2018, p.1)

 

2.4 GRAUS DE PERDA AUDITIVA:

 

Perda Auditiva Leve: A incapacidade de ouvir sons abaixo de 30 decibéis. Discursos podem ser de difícil Audição especialmente se estiverem presentes ruídos de fundo. (…) Perda Auditiva Moderada: A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 50 decibéis. Aparelho ou prótese auditiva pode ser necessário. (…) Perda Auditiva Severa: A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 80 decibéis. Próteses auditivas são úteis em alguns casos, mas são insuficientes em outros. (…) Alguns indivíduos com perda auditiva severa se comunicam principalmente através de linguagem gestual, outros contam com uso das técnicas de leitura labial. (…) Perda Auditiva Profunda: A ausência da capacidade de ouvir, ou a incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 95 decibéis. Tal como aqueles com perda auditiva severa, alguns indivíduos com perda auditiva profunda se comunicam principalmente através de linguagem gestual, outros com uso das técnicas de leitura labial. (SILVA, 2018, p.1)

 

2.5 COMO OCORRE A INCLUSÃO DO DEFICIENTE AUDITIVO

 

Nos dias atuais é um desafio incluir a pessoa portadora de deficiência auditiva, pois muitas são as dificuldades ou problemas que entravam o processo que tenta facilitar a inclusão do deficiente auditivo na sociedade. Um dos pontos que se destacam é a falta de comunicação oral e também a aplicação dos métodos que muitas vezes não são compatíveis com a realidade do aluno isso prejudica muito seu aprendizado. Também não se pode desprezar a falta de preparo dos educadores que atuam com essas crianças. (…) No meu ponto de vista, a escolarização do aluno com deficiência auditiva vai muitíssimo além da língua, se assim fosse não teríamos ouvintes normais com dificuldades de aprendizagem! (…) A escola comum precisa propor ações que façam sentido para as crianças em geral e que possam ser compartilhadas com os alunos com deficiência auditiva. (SILVA, 2018, p.1)

 

Isso vai muito além da língua a ser utilizada, os alunos com deficiência auditiva necessitam de ambientes educacionais estimuladores, desafiadores de seus pensamentos e de suas capacidades.

Acredito que ambientes educacionais estimuladores promovem a liberdade de escolha dos alunos e estimula a busca pela procura de novos caminhos e formas de convivência para a vida em coletividade, dentro e fora do ambiente escolar. Olhando por esse prisma, como seria atuar com alunos com deficiência auditiva em uma escola que valoriza as diferenças? Seria esse o caminho para trocarmos a escola excludente especial por uma escola de fato comum e includente e não uma escola excludente comum?

Outra importante reflexão se faz necessária. Quais são as adaptações ou processos curriculares necessários para promover a inclusão da pessoa com deficiência auditiva em ambientes educacionais comuns, aberta a todos e por isso verdadeiramente inclusiva? Muitos questionamentos acerca da inclusão nos remetem a idade em que a inclusão educacional deve ocorrer. Particularmente acredito na inclusão desde o ensino infantil até o ensino superior.

O contato precoce com as diferenças certamente terá:

 

como resultado final adulto tolerante e abertos à aceitação do outro. Além disso, a inclusão precoce estimula o uso dos recursos que os alunos com deficiência auditiva necessitam para ultrapassar as barreiras impostas pelo processo educacional e com isso poderão fazer uso consciente de seus direitos escolares e exercerão sua cidadania. (…) Outro fator que merece atenção são as salas de Atendimento Educacional Especializado, as salas de Recuso. Nesse ambiente as crianças serão assistidas individualmente ou em grupo em período contrário ao da escola, e serão estimuladas com materiais pedagógicos diferenciados visando à superação das dificuldades de aprendizagem. Tais salas são de fundamental importância e garantirão a aprendizagem dos alunos com deficiência auditiva. (...) É fundamental entender que a surdez não se caracteriza por uma diferença física perceptível e ao contrário do que se pensa, ela está impregnada de preconceitos. (SILVA, 2018)

 

A autora Sá (1999, p.47) contribui quando nos orienta:

 

[...] que a dificuldade maior dos surdos está exatamente na aquisição de uma linguagem que subsidie seu desenvolvimento cognitivo, os estudos que envolvem a condição de pessoa surda são revestidos de fundamental importância e seriedade, visto que a surdez, analisada exclusivamente do ponto de vista do desenvolvimento físico, não é uma deficiência grave, mas a ausência da linguagem, além de criar dificuldade no relacionamento pessoal, acaba por impedir todo o desenvolvimento psicossocial do indivíduo.

 

Partindo então do pressuposto de que a falta eficaz de comunicação na vida de uma pessoa traz significado negativo, que tem trazido como consequência para a sua formação social e educacional.

 

A falta de uma linguagem, independente de como ela seja, acarreta em especial na criança, atraso em seu desenvolvimento cognitivo, de aprendizagem, dificuldade de interação com os outros sujeitos no seu meio, em consequência sua capacidade de interação com outros pode ser comprometida. (SILVA, 2018)

 

2.6 O QUE USAR COM O DEFICIENTE AUDITIVO

 

Para se trabalhar com essas crianças na escola comum é necessário usar diferentes recursos, como por exemplo: - Material concreto e visual que sirva de apoio para assimilação dos conteúdos; - Contato com professores que já tenham vivenciado esse tipo de situação; - Orientação adequada para os professores que irão trabalhar com essas crianças; - Usar o alfabeto manual de letras e de números (alfabeto de libras). (SILVA, 2018)

 

2.7 LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)

 

A língua oficial utilizada pela comunidade de surdos do Brasil é a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). LIBRA contém todos os elementos existentes nas outras línguas, possibilitando sua identificação como língua propriamente dita. Segundo estudos realizados, língua de sinais se compara a línguas orais, tendo como peculiaridade o fato de serem da modalidade gestual-visual. Outro detalhe importante é o fato de que quando ensinada precocemente, a língua de sinais colabora para o aprendizado das línguas orais como segunda língua dos surdos. (…) A LIBRAS possibilita a combinação de mãos, movimentos, localização e orientação das palmas das mãos na produção de sinais, sendo assim para os especialistas, é necessário obedecer às condições de assimetria e de dominância. (SILVA, 2018)

 

Nas libras, as relações são especificadas através da manipulação de sinais no espaço. Quanto aos outros aspectos linguísticos, podemos observar que a libras também tem aspecto morfológicos, sintáticos e semânticos, assim dessa forma libras preenche todos os aspectos científicos para ser considerada uma língua.

 

Autores afirmam que é através da língua de sinais que os portadores de deficiência auditiva praticam todas as características linguísticas da fala. (…) A criança surda visualiza a imagem, portanto detalha cada imagem, podemos notar que isso ocorre quando essas imagens são sistemas de significação, onde são constituídos pela combinação de um conceito, denominado classificador, que é a imagem visual de um signo linguístico representado com fluência e com gestos que expressam por semelhança num determinado contexto. (SILVA, 2018)

 

Para Sanchez (1993):

 

A língua de sinais é a única que dá ao deficiente auditivo a possibilidade de desenvolver a linguagem e uma personalidade sã, isto porque na Venezuela, seu país de origem, as escolas públicas de surdos substituíram o oralismo pelo bilinguismo, que os faz chegar à língua escrita pelos sinais.

 

O bilinguismo é uma nova proposta de ensino usada por escolas que se propõem a tornar acessível à criança duas línguas no contexto escolar, onde os estudos têm apontado para essa proposta como sendo a mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que considera a língua de sinais como língua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita. (SILVA, 2018)

 

2.8 O SURDO A LEITURA E A ESCRITA

 

A maioria dos trabalhos sobre as práticas escolares, utilizadas com alunos surdos, indica que apropriação da linguagem escrita:

 

... tem sido a grande preocupação dos educadores de deficientes auditivos, pois muitos acreditam que essa deficiência acarreta dificuldades de compreensão na leitura e produção da escrita. (SILVA, 2018)

 

Porem a analise do processo de leitura e da escrita de alunos surdos leva a crer que muitos dos resultados insatisfatório ,obtidos decorrem da falta de uma língua constituída com base na qual possam construir a escrita

 

Em seu estudo sobre o processo de aprendizagem de leitura dos alunos deficientes auditivos, Canio(1989) constatou que, de modo geral ,eles conseguem aprender ,com relativa dificuldade , a decodificar os símbolos e os gráficos .Entretanto, devido as limitações de exposição a linguagem oral apresentam dificuldade na compreensão dos textos ,não percebendo ambiguidade ,insinuações ironias ou seja percebem a estrutura superficial das orações mas não compreendem a estrutura fundada da mesma. Um dos aspectos mais importantes que devem ser analisados na alfabetização de crianças surdas é a escolha do método a ser adotado pelo professor. (SILVA, 2018)

 

2.9 ALFABETO MANUAL DE LETRAS

 

As crianças portadoras de deficiência auditiva necessitam de métodos e equipamentos especiais para seu desenvolvimento. Porém no ambiente da inclusão somos todos diferentes e estamos em busca de objetivos comuns. (SILVA, 2018)

 

Todos nós estamos destinados ao mesmo fracasso, mas temos perspectivas de realizações comuns para todos.

Figura 1: Alfabeto

FONTE: Disponível em:< http://izabelapce.wordpress.com/2011/02/16/alfabeto-libras-inclua-se-nesta-realidade-tambem/ >. Acesso em: 13 Abr. 2020.

 

2.10 LIBRAS NÚMEROS

 

Figura 2: Números

FONTE: Disponível em: <http://wwwlibras.blogspot.com.br/2010/04/numeral-em-libras.html.>. Acesso em: 12 Abr. 2020

 

2.11 COMO INCLUIR ESSAS CRIANÇAS NA ESCOLA REGULAR

 

Para se incluir crianças com necessidades especiais no ensino regular, deve-se pensar em uma preparação para os profissionais que irão estar envolvidos nesse processo, principalmente o educador que irá trabalhar diretamente com essas crianças, desta forma, o desenvolvimento de seus conhecimentos e habilidades facilitará a sua prática pedagógica na identificação precoce, avaliação e estimulação dessas crianças desde a pré-escola. (SILVA, 2018)

 

Além disso, é necessário muito dinheiro, e o governo não quer ter gastos, mas eles não sabem o bem que farão a essas crianças, pois quando sabem que são capazes de lerem e escreverem vão muito além.

 

A sociedade deve reconhecer que para se comunicar com o surdo é necessário utilizar instrumentos diferenciados, também é importante que exista instituições capazes de reuni-los, aceitando-os e estimulando-os a serem participativos dentro de suas próprias possibilidades, preocupando-se com sua formação social além de resgatar sua humanidade e cidadania, com isso sua adaptação no mundo em vivem será melhor, o processo de inclusão deve ser feito com, bastante cuidado, respeitando o tempo da criança. (SILVA, 2018)

 

Alunos e professores devem estar prontos para receber crianças portadoras de deficiência, mas também é necessário que a criança portadora de necessidades especiais esteja preparada para trabalhar no espaço da escola regular, através da ajuda dos pais e familiares.

 

Como um processo lento, mas gradual, a aprendizagem do surdo tem um tempo e uma modalidade que cabe em especial a “escola”, oferecer. Surgirá um emaranhado de situações do dia a dia que possam sistematizar todo o processo de ensino aprendizagem, por outro lado não se deseja afirmar, que seja somente a escola, o único lugar onde devem ocorrer estas mudanças, mas também e principalmente dentro do seio familiar, nas associações e grupos sociais formados pelos sujeitos surdos. (…) A cada ano a Educação Especial assume maior importância dentro da perspectiva de atender as crescentes exigências de uma sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia, que só será alcançada quando todas as pessoas que são discriminadas tiverem acesso à informação, ao conhecimento e aos meios necessários para formação de sua plena cidadania. (SILVA, 2018)

 

Portanto, quanto ao questionamento “é possível a inclusão de pessoas com deficiência auditiva na escola comum de ensino” a minha resposta é “claro, mas é uma questão muito maior que colocar crianças com diferentes características em um mesmo ambiente, precisamos mudar políticas públicas, precisamos quebrar paradigmas educacionais e, mais que tudo, precisamos exercer e ensinar a todas as crianças a exercerem sua cidadania”.

 

2.12 FORMAÇÕES DO PROFISSIONAL QUE TRABALHA COM OS DEFICIENTES AUDITIVOS

 

Há alguns anos atrás, quando o profissional terminava a graduação ele acreditava estar apto para atuar na área o resto da vida, mas a realidade é diferente principalmente para o profissional docente. Este deve se conscientizar de que sua formação deve ser permanente.

O profissional deve ter um curso superior, somado ao conhecimento que vai se acumulando ao longo da vida. Ter uma boa graduação é necessário, mas só isso não basta, é essencial atualizar-se e isso nos leva a formação continuada.

 

O professor precisa sempre estudar, além de ter o prazer pelo estudo e pela leitura, só assim irá conseguir passar esse gosto para seus alunos. NÓVOA (2002, p.23) diz que: “O aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente.” (SILVA, 2018)

 

2.13 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA INCLUSÃO

 

A família e a escola são dois elementos muito importantes na socialização do indivíduo na medida em que os dois influenciam diretamente na educação do mesmo, contribuindo para a sua realização pessoal e concretização dos seus projetos ao longo da sua vida, a escola e a família, assim como outras instituições, vêm passando por profundas transformações ao longo da história, com isso é interessante perceber que os processos de formação se dão não apenas nos estabelecimentos de ensino como também em outras ambiências culturais como a família, visto que a família é o centro essencial para o desenvolvimento de todo ser humano. (…) A família é considerada a base da sociedade, as crianças e os adolescentes com deficiência possuem o direito à educação inclusiva, que respeite sua dignidade e, a comunidade familiar deve participar dessa formação intelectual e lutar pela inclusão das crianças com deficiência na sociedade. (SILVA, 2018)

 

De acordo com o artigo 205 da Constituição Federal:

 

... a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1998).

 

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no seu artigo 4º discorre:

 

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à liberdade e a convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990).

 

O dever da família com o processo de escolaridade e a importância de sua presença no contexto escolar também é reconhecida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que no seu artigo 1º trás o seguinte discurso, a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisas, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, 1996).

 

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Esta pesquisa possibilitou a compreensão da inclusão dos alunos com deficiência auditiva costuma trazer grandes benefícios, já que lhes proporciona prazer e satisfação, estimula a criatividade, a aquisição e o desenvolvimento da linguagem, estimula a coordenação motora, mostrando-se como algo de grande importância para a vida “normal” da criança, um direto assegurado por lei.

Portanto, incluir é não fazer distinção entre seres humanos que vive entre nós, julgando como perfeitos ou não, aptos ou não. A escola inclusiva deve ser democrática, sem limites, sem fronteiras, antes de qualquer coisa, acolhedora, humana, onde as crianças com necessidades especiais possam se sentir bem e saber que têm oportunidades de trabalhar e serem pessoas bem sucedidas na vida.

Contudo, para que uma escola mostre-se realmente inclusiva para tais alunos, é necessário que os professores façam cursos especializados, dedicados, para trabalhar com os deficientes auditivos e que a todo o momento crie um ambiente adequado para se trabalhar com os mesmos, pois as crianças com necessidades especiais têm direito à educação, para que assim possam ter acesso a uma formação adequada e, consequentemente, ter uma vida melhor.

 

REFERÊNCIAS

 

 

Associação brasileira de normas técnicas. NBR. 6022: Artigo em publicação periódica cientifica impresso: Apresentação. Rio de janeiro, 2003. Básica do Conselho Nacional de Educação.

 

 

__________ NBR 6024: numeração progressiva das seções de um documento. Rio de janeiro, 2003.

 

 

BRASIL, Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica. Resolução nº4 de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Disponível em: <http://deficiencia.no.comunidades.net/index.php?Pagina=1400768552>. Acesso em: 10 Abr. 2020.

 

Disponível em: <http://deficienciavisualsp.blogspot.com.br/2009/02/o-aluno-deficientevisual.html>. Acesso em: 09 Abr. 2020.

 

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