Buscar artigo ou registro:

 

DIFICULDADES NA LEITURA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL II: DIZERES DOS PROFESSORES

 

Patricia Moraes Miranda1

Silvia Maria dos Santos Stering2

 

 

RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade a seleção e análise de trechos de uma entrevista realizada a professores da escola Estadual Professora Zeni Vieira, localizada na cidade de Sinop – MT em uma área periférica onde metade de seus alunos são da comunidade próxima a escola e a outra metade são de bairros distantes precisando utilizar transporte escolar. O objetivo principal deste estudo é analisar as falas dos professores dessa instituição a cerca da pergunta: Como é realizado o diagnóstico com os alunos dos anos finais do ensino fundamental II, para saber o nível que eles iniciam o ano? Para a constituição deste artigo foram utilizados os estudos de Vesentine (2007), Orlandi (2003) e Smith e Strick (2001) e os demais que contribuíram para a realização do presente estudo. A metodologia empregada na vigente pesquisa foi a de cunho quanti-qualitativo, pois utilizamos não apenas da entrevista, mas também um questionário contendo perguntas abertas e fechadas, afim de proporcional maior liberdade aos sujeitos entrevistados que os responderam. O resultado deste trabalho nos mostra a importância de uma análise inicial a todo início de ano letivo, ou seja, um diagnóstico com os alunos para que as lacunas que tenham sido deixadas de um ano para o outro possam ser sanadas, proporcionando dessa forma maior eficiência no conhecimento no decorrer de todo o ano letivo.

 

Palavras-chave: Educação. Professores. Diagnóstico Educacional.

 

  1. Introdução

 

O presente estudo se disponibiliza a analisar um questionário e trechos de entrevistas realizadas com profissionais da Escola Estadual Professora Zeni Vieira, localizada na cidade de Sinop-MT a certa de como é feito o diagnóstico escolar no início de todos os anos letivos e qual a importância de tal analise para o desenvolvimento dos alunos.

Quando decidimos escrever sobre tal contexto levamos em consideração as dificuldades que muitas vezes encontramos no exercício de nossa profissão, ao iniciar um ano letivo com alunos que muitas vezes não conhecemos e com o tempo conseguimos perceber que em uma sala de aproximadamente 30 alunos nós temos no mínimo 3 níveis de conhecimento, o que muitas vezes dificuldade o andamento dos conteúdos pela diversidade de saberes ali presente.

Esta pesquisa tem como objetivo, identificar as formas de diagnóstico que os professores podem utilizar para fazer essa análise inicial com seus alunos, bem como a melhor forma de identificar as falhas presente e traças a metodologia que será mais eficaz durante o ano letivo.

A metodologia utilizada nesta pesquisa será a de cunho quanti-qualitativo, iniciamos conversando com a direção, coordenação e professores da instituição escolhida, pedindo suas autorizações, após esse momento foi dado um questionário para 10 professores das turmas de 9° ano do ensino fundamental II, contendo vários tipos de perguntas que se completam. A pergunta a qual iremos analisar é sobre o diagnóstico inicial com as turmas no inicio do ano letivo para analisar o nível dos alunos ali presentes, e vendo qual a importância desse momento para os professores. A constituição do corpus desta pesquisa é feita a partir de recortes de trechos das falas e da resposta contida no questionário aplicado aos professores.

Para a análise dos dados coletados nas etapas da pesquisa utilizaremos como base teórica os ensinamentos de Orlandi (2003), para nos dar o olhar pesquisador e atento da análise do discurso (AD), para que possamos analisar os sujeitos os sentidos que eles trazem em si, também foram utilizados os estudos de Vesentine ( 2007), Orlandi (2003) e Smith e Strick (2001) para que pudéssemos analisar por diversas linhas e olhares as melhores formas para a análise necessária para o desenvolvimento desta pesquisa e os demais pesquisadores que contribuíram para a realização do presente estudo, a pesquisa foi desenvolvida com onze turmas visando cinco matérias distintas para que possamos ter uma riqueza maior durante a coleta dos dados.

O presente artigo se constitui nas seguintes etapas: na primeira etapa a pesquisadora esteve no local ao qual é o lócus da investigação, para identificar quantas turmas teriam e quantos profissionais trabalham na instituição, após a identificação, foi analisado as matérias que mais teriam aulas nas turmas do 9° anos, portanto as matérias selecionadas foram: Língua portuguesa (4 aulas semanais), Língua inglesa ( 2 aulas semanais), Matemática ( 4 aulas semanais), História (2 aulas semanais) e ciências ( 3 aulas semanais).

Na segunda etapa, conversamos com os professores das respectivas matérias sobre nossa pesquisa e nosso intuito na instituição, nesse momento aplicamos o questionário ao qual os pesquisados puderam levar para casa e responderem com calma, o questionário foi constituído com perguntas abertas e fechadas, para dar maior liberdade para os sujeitos, após o recolhimento e analise dos questionários essa pesquisadora achou necessário uma entrevista para que conseguisse maiores complementos para a pesquisa, portanto iniciamos a terceira etapa.

Na terceira etapa a pesquisadora se direcionou a instituição e conversou individualmente com os professores das respectivas disciplinas, e foi fazendo as anotações necessárias, após esse momento. A pesquisadora aqui presente fez análise dos dados a luz da teoria escolhida.

 

  1. A importância do diagnóstico escolar

 

O termo diagnóstico de acordo com o dicionário vem do verbo “Diagnosticar Realizar exames, buscando encontrar a razão e a natureza de uma afecção, de uma doença...”, Quando voltamos nosso olhar para o meio educacional o termo diagnostico é utilizado afim de encontrar problemas, lacunas no conhecimento, Portanto um diagnóstico escolar se trata de uma forma de avaliação que pode ser realizado de diversas formas, porém que não tem o intuito de dar nota e sim de analisar os alunos de uma determinada sala, em busca de lacunas ou seja, a falta de conhecimento de algum conteúdo que seja pré-requisito para o desenvolvimento de um outro conteúdo.

Dessa forma devemos levar em consideração que como em uma sala conseguimos encontrar vários níveis de conhecimento é de extrema importância que seja realizado um diagnóstico logo no inicio do ano letivo, afim de que essas lacunas sejam identificadas e sanadas o mais rápido possível, dessa forma toda a classe consegue se desenvolver no próximo conteúdo de uma forma mais igualitária fazendo assim, com que os conteúdos sejam entendidos e apreciados por todos.

Dessa forma as aulas se tornam mais atrativas, visto que todos os alunos conseguiriam ter o mesmo nível, sendo assim todos se sentiriam bem perante a todos os alunos, haja vista que muitos alunos são tímidos, ou ficam tímidos diante de conteúdos que não conseguem ter o domínio.

 

  1. Análise dos dados

 

É necessário que possamos entender o cenário presente para que posamos analisar os dados coletados. De acordo com os dados presente no site da Secretária do Estado de Educação (SEDUC) de 2017, o Estado de Mato Grosso conta com 870 unidades escolares destas 20 são unidades presentes na cidade de Sinop, destas 20, uma é a base da Assessoria Pedagógica Sinop e uma é o Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação Básica de Sinop (CEFAPRO), portanto a cidade conta com 18 unidades escolares em funcionamento com aproximadamente 15 mil alunos, passamos a partir de agora a voltar nosso olhar para a unidade pesquisada, ou seja, a Escola Estadual Professora Zeni Vieira que passou por momentos complicados nos anos que antecedem ao ano de 2016, onde a escola teve uma nova sede.

A escola estava com uma estrutura muito precária, sem ventiladores funcionando nas salas de aula, janelas quebradas, sem um espaço adequado para o lazer dos estudantes. Sabemos que a média de temperatura da cidade de Sinop no decorrer de todo o ano é de mais de 30° C entre os meses de abril e novembro.

No ano de 2016 a escola ganhou um novo prédio que foi comemorado com muita felicidade pelos profissionais da escola e seus alunos que antes sofriam principalmente pelo calor no decorrer de todo ano letivo.

No site da SEDUC, podemos encontrar informações relevantes sobre a nova sede da escola Estadual escrito por Lorena Bruschi: 

 

A nova estrutura da Escola Zeni Vieira tem capacidade de atender 1.620 alunos nos três turnos. Foram investidos na obra R$ 4.792.202,12 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O prédio possui 18 salas de aula, biblioteca, refeitório, rampas de acessibilidade, prevenção contra incêndio, e quadra poliesportiva coberta com vestiários masculino e feminino. Desde que o prédio começou a ser utilizado, em 2016, foi acrescentada uma quadra de areia para a prática de esportes e o projeto de viveiro educacional para uso da comunidade.

 

A baixo está presente uma foto da Escola Estadual Professora Zeni Vieira disponibilizada na internet onde podemos perceber a nova estrutura da escola o quanto a realidade das pessoas que frequentam a escola mudou, ressaltamos que além dos itens destacados no site da SEDUC a escola, além de se encontrar com perfeito estado de conservação obteve melhorias, como a instalação de câmeras de monitoramento nos corredores e ao entorno de toda a escola que ocorreu no ano de 2019, as câmeras são primordiais para a segurança dos próprios alunos e dos profissionais da educação, pois devemos levar em consideração a localização da escola, que está localizada em um bairro considerado periférico da cidade. Além das informações que já foram citadas detalharemos itens relevantes da escola, lembrando que todos os dados aqui citados foram conferidos pessoalmente pela pesquisadora durante todo o processo de pesquisa e escrita do presente trabalho.

Fotografia I: Fachada da Escola Pesquisada

Fonte: imagem disponibilizada na internet google

 

A escola quando se trata de infraestrutura está em perfeitas condições de uso. A unidade escolar funciona no período matutino e vespertino atendendo a aproximadamente mil alunos do ensino fundamental II das series do 6 ano ao 9 ano.

Pergunta 1: Como é realizado o diagnóstico com os alunos para saber o nível que eles iniciam o ano?

 

(P 01) Não faço diagnóstico, percebo com as aulas o que eles sabem e eles mesmo as vezes já chegam falando de suas dificuldades, os alunos já sabem que temos um sistema de aprovação, que eles só precisam vir para a aula que vão passar de ano, eles não tem mais a preocupação da reprovação e nem de estudar.” (P 01, feminino, 40 anos, 17 anos de profissão).

 

(P 02) Olha leitura...vixiii. A maioria das minhas turmas tem uns 3 níveis de conhecimento. Não é fácil trabalhar assim, o sistema puxou nosso tapete, os alunos sabem que não reprovam só se tiverem falta, então eles não estão nem aí, por mais que eu explico que eles precisam do conhecimento pra entrar em uma faculdade não adianta. Percebo também que os pais não ajudam. Geralmente no início do ano faço uma prova com diversas questões pra perceber qual parte eles precisam estudar mais. (P 02, feminino, 48 anos, 20 anos de profissão)

 

A professora P 01, enfatiza que não faz um diagnóstico no início do ano letivo, mas que consegue identificar as dificuldade no decorrer das aulas, ao citar “eles mesmo as vezes já chegam falando de suas dificuldades” podemos perceber que há a percepção do aluno perante a sua dificuldade, demonstrando dessa forma interesse em melhorar seu desempenho com os estudos, já a P 02 faz o diagnóstico através de uma prova aplicada no início do ano, para identificar as dificuldades apresentadas, e enfatiza “A maioria das minhas turmas tem uns 3 níveis de conhecimento” a fala da professora demonstra preocupação com a quantidade de diferentes níveis presentes em uma mesma turma.

Sendo assim os professores tem um grande desafio nos seus dias de trabalho, em tentar minimizar esse desnivelamento, Costa (2013, p.10), ressalta a importância de um diagnóstico prévio para que o professor possa conhecer seu aluno, e até identificar se o aluno precisa de algum atendimento especializado para adquirir o conhecimento necessário no decorrer do ano letivo, pois existem alunos de diferentes perfis.

Continuaremos nossa analise agora com a fala dos professores de língua inglesa sobre a mesma pergunta: 1) Como é realizado o diagnóstico com os alunos para saber o nível que eles iniciam o ano?

 

(LI 01) Olha tenho 10 turmas do 9 ano e assim entre essas 10, 4 turmas são ótimas uns 2 intermediarias e as outras 4 turmas é bem difícil não entendem o livro tenho que trabalhar coisas bem diferentes não dá pra seguir o livro porque a maioria não sabe o básico nem ler sempre tenho que explicar em português e depois em inglês pra vê se ajuda no desenvolvimento [...] , sempre faço o diagnostico com uma atividade que tem tarefas de todos os níveis que os alunos deveriam saber fazer, e diante disso traço a melhor forma ´pra trabalhar com as turmas, cada turma é uma forma diferente mesmo sendo todas digamos que do 9 ano, mas cada nono tem um nível diferente e não adianta ir pra frente sem entender o básico, ... (LI 01, feminino, 35 anos, 9 anos de profissão)

 

(LI 02) Em todas as turmas que trabalho tem alunos excelentes, assim como alunos que não sabem o básico e já estão no 9 ano, sempre me pergunto como isso é possível, o diagnóstico é feito de acordo com as aulas, com leituras, escritas e tento auxiliar de forma mais individual esses alunos na escola, ... (LI 02, masculino, 43 anos, 15 anos de profissão)

 

A professora LI 01 demonstra em sua fala sentir dificuldades em trabalhar com o livro didático ofertado pelo Estado, devido à falta de conhecimento de muitos alunos como fica claro em sua fala “ não dá pra seguir o livro porque a maioria não sabe o básico nem ler sempre tenho que explicar em português e depois em inglês” conseguimos também perceber a preocupação da professora com o conhecimento dos alunos quando ela diz “ traço a melhor forma pra trabalhar com as turmas, cada turma é uma forma diferente mesmo sendo todas digamos que do 9° ano”, quando questionada pela forma que ela realiza o diagnóstico a mesma relata sempre fazer para conseguir identificar a melhor forma para trabalhar com os alunos, visando sempre o desenvolvimento de cada um, da melhor forma possível.

O LI 02, enfatiza que não podemos generalizar, dizer que todos os alunos tem dificuldades na leitura, e enfatiza quando diz “Alunos excelentes” que as escolas públicas tem sim alunos que conseguem se desenvolver muito bem, o mesmo faz o diagnóstico gradativo como fica claro em sua fala “o diagnóstico é feito de acordo com as aulas, com leituras, escritas”, portanto, em cada aula ele avalia um ponto especifico para ao fim montar o diagnóstico. “O livro didático constitui um elo importante na corrente do discurso da competência: é o lugar do saber definido, pronto, acabado, correto e, dessa forma, fonte única de referência e contrapartida dos erros das experiências de vida.” (VESENTINI, 2007, p.166). Tal colocação feia por Vesentini deixa o livro didático numa posição central, como principal e única fonte de saber, sem que o mesmo esteja aberto ao diálogo e debates relacionados às problemáticas apresentadas por ele, como podemos perceber há controvérsias sobre esse assunto e notamos que os professores muitas vezes utilizam de outros materiais para complementar o livro didático.

Continuaremos nossa análise sobre a fala dos professores de matemática sobre a primeira pergunta. 1) Como é realizado o diagnóstico com os alunos para saber o nível que eles iniciam o ano?

 

(M 01) No primeiro dia de aula geralmente faço algumas perguntas pra eles, sobre a matéria e passo uma lista de atividades de diversos níveis pra saber o que eles já sabem, mas a maioria chega no 9° ano e não sabem fazer as 4 operações básicas, nem usando jogos eles tem o interesse, mesmo trazendo atividades diferentes eles não querem fazer, ... (M 01, masculino, 46 anos, 18 anos de profissão)

 

(M 02) Os alunos que tem uma família estruturada, pode até não saber tudo, mas eles tem uma vontade de aprender que os outros não demonstram [...] como trabalho a muitos anos nessa escola não faço diagnóstico, pois vou acompanhando as turmas de 3 a 4 anos seguidos, ai só passo algumas atividades para relembrarem o que já foi estudado, dessa forma também percebo os alunos novos que chegam na escola que nível eles estão, mas é bem tranquilo. (M 02, feminino, 40 anos, 15 anos de profissão)

 

M 01 relata fazer seu diagnóstico através de perguntas e através de uma lista de atividades de vários níveis para identificar as dificuldades dos alunos, e demonstra preocupação ao citar “a maioria chega no 9° ano e não sabem fazer as 4 operações básicas” o que conseguimos perceber que o educador considera um absurdo os alunos não saberem as 4 operações, o deixando preocupado com o futuro de seus alunos.

Na fala da M 02 faz uma ligação com o nível de conhecimento e interesse de seus alunos com a base familiar quando ela diz Os alunos que tem uma família estruturada, pode até não saber tudo, mas eles tem uma vontade de aprender” demonstrando preocupação não só com o conhecimento dos alunos, mas com a vida deles, a mesma diz não fazer um diagnóstico com os alunos, mas se contradiz ao dizer “passo algumas atividades para relembrarem o que já foi estudado, dessa forma também percebo os alunos novos que chegam na escola que nível eles estão” ou seja, a professora faz de forma involuntária o diagnóstico.

Seguimos analisando a fala dos professores de ciências quando questionados sobre: 1) Como é realizado o diagnóstico com os alunos para saber o nível que eles iniciam o ano?

 

(C 01) Eu vou analisando conforme as aulas o nível dos alunos e onde tenho que trabalhar mais pontual, nós temos o livro então temos que seguir pra não prejudicar os outros alunos e, ... (C 01, masculino, 38 anos, 6 anos de profissão)

 

( C 02) No primeiro mês de aula eu faço três testes diferentes, assim consigo perceber o que eles sabem e o que eu preciso reforças, então o primeiro bimestre é só revisão e ensinando conteúdos que eles já deveriam saber, mas não sabem, assim o restante do ano fica mais calmo, passam a saber quase as mesmas coisas. (C 02, feminino, 48 anos, 24 anos de profissão)

 

O professor C 01 não faz uma análise dos alunos no início do ano, ele demonstra buscar essas informações no decorrer das aulas como podemos perceber na fala dele “Eu vou analisando conforme as aulas o nível dos alunos” e a partir do que o professor vai conseguindo perceber ele vai fazendo suas modificações nas aulas para conseguir auxiliar os alunos.

Conseguimos ver uma postura bem diferente na professora C 02, que realiza 3 avaliações no início do ano com o intuito exatamente de identificar as lacunas no conhecimento dos alunos, para que ela possa trabalhar em cima do conteúdo adequados fazendo assim, com que os alunos passem a ter uma maior igualdade no conhecimento como podemos perceber em sua fala “o primeiro bimestre é só revisão” com essa metodologia a professora demonstrar ficar satisfeita com os resultados obtidos “assim o restante do ano fica mais calmo”.

As dificuldades de aprendizagem é um tema que vem sendo estudado por vários profissionais que estão em busca de compreender o baixo desempenho dos alunos diante às avaliações nacionais aplicadas para medir o nível de ensino aprendizagem, principalmente nos anos finais do ensino fundamental, objetivando melhorar o ensino público no Brasil.

 

os problemas de aprendizagem não são restringíveis a nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos / sociais e pedagógicos percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade. (SCOZ 2011, p. 20).

 

Finalizaremos a análise da primeira pergunta com a fala dos professores de história, utilizando a mesma pergunta referente ao diagnostico inicial dos alunos. 1) Como é realizado o diagnóstico com os alunos para saber o nível que eles iniciam o ano?

 

(H 01) o diagnóstico é feito no primeiro dia de aula onde faço uma série de perguntas sobre os conteúdos que eles já deveriam saber, com isso faço 2 semanas de aula voltada a relembrar os conteúdos que percebo que a maioria apresenta dificuldades, e a partir daí entro no conteúdo do livro do ano letivo atual, ... ( H 01, feminino, 44 anos, 23 anos de profissão)

 

(H 02) alguns alunos conseguimos perceber que sabem ler, e entendem da leitura se interessam pelas histórias, mas a maioria só sabe perguntar: “Por que temos que estudar coisas de pessoas que já morreram não tô nem aí pra isso [...] não faço diagnóstico percebo no decorrer das aulas quem sabe e quem não sabe, ... ( H 02, masculino, 35 anos, 12 anos de profissão)

 

A professora H 01 relata que realiza o diagnóstico no primeiro dia de aula, e durante das próximas duas semanas seguintes utiliza para trabalhar em cima do resultado do diagnostico fazendo, uma revisão dos conteúdos como percebemos em sua fala “2 semanas de aula voltada a relembrar os conteúdos que percebo que a maioria apresenta dificuldades” com isso a professora minimiza algumas dificuldades de conhecimento dos alunos. Já o professor H 02, não realiza o diagnóstico, mas fica atento no decorrer das aulas para conseguir identificar as dificuldades dos alunos, e se demonstra preocupado com o interesse dos alunos em aprender sua matéria. Para melhor visualização com relação as respostas obtidas com a entrevista com os professores, vamos analisar o gráfico abaixo:

Gráfico I- Análise da pergunta

Fonte: elaborado pela pesquisadora

 

Analisando o gráfico conseguimos perceber que 60% dos entrevistados tem a preocupação de saber qual o nível de seus alunos, realizando uma avaliação diagnóstica no início do ano letivo e fazendo uma revisão com eles, sobre os assuntos que a maioria demonstrou dificuldades em assimilar dos anos anteriores, a fim de minimizar os diferentes níveis existentes dentro de sala de aula e encaminhar os alunos com maior dificuldade para as aulas de recurso (reforço escolar), mesmo sabendo que as vagas são limitadas e não é possível que o atendimento seja para todos os alunos a sala de recurso auxilia os que tem maior dificuldade enquanto os outros alunos tem a possibilidade de irem em horário contrário ao de aula ter aulas de reforços com os professores de acordo com a disponibilidade de cada um.

Conseguimos notar que 30% dos professores alegam não fazer o diagnóstico, mas percebemos pela fala deles, que eles realizam sim! Só que de forma parcial e até mesmo imperceptível, analisando no decorrer das aulas para ajudá-los com suas dúvidas, e apenas 10% dos professores entrevistados demonstraram não realizar o teste diagnostico com seus alunos.

Percebemos, portanto, que se somados a quantidade dos professores que realizam o diagnóstico, com os que realizam de forma involuntária ou parcial nós chegamos a um montante de 90% dos professores que demonstram preocupação com o conhecimento de seus alunos, buscando formas para os auxiliarem desde o primeiro dia de aula em seu déficit de aprendizagem. Segundo Smith e Strick (2001), o termo dificuldades de aprendizagem não faz referência apenas a um problema de aprendizagem, mas um grupo variado de dificuldades que podem surgir afetando qualquer área do desempenho acadêmico. Elas também podem variar em gravidade, causa, frequência e consequência, além da característica de passar despercebida diante os professores e alunos. O que pode ser evidenciado como uma característica comum das dificuldades de aprendizagem é seu caráter de baixo desempenho.

A alguns anos anteriores o reforço escolar era visto como sendo algo negativo, que só era necessário para alunos que não conseguiam acompanhar a turma, mas sabemos que com os anos o reforço está tendo um novo olhar, além de continuar sendo indicado para alunos que apresentam dificuldade em acompanhar a turma o reforço também é indicado para todas as crianças, como uma forma de auxiliar os professores do horário regular de aula, visto que todos os alunos apresentam uma certa dificuldade em alguma matéria e isso é normal já que todos são seres humanos e cada ser humano tem sua especificidade, tendo assim facilidades em aprender em algumas matérias e dificuldades em outras e a aula de reforço é fundamental para que não seja agravado dificuldade inicias em determinados conteúdo.

Observando os alunos através desse olhar, podemos dizer que é de fundamental importância que os professores façam um diagnóstico inicial, no começo do ano letivo para que os mesmos possam identificar e indicar aos alunos novos meios de estudos, já que os alunos não devem ver essa aula de reforço ou atividades extras como uma forma de punição e sim como um auxílio para o melhor desenvolvimento no decorrer de todo o ano letivo.

Dessa forma, além do diagnóstico inicial, os professores podem falar com os pais desses alunos com maiores dificuldades, solicitando apoio e incentivo para que os alunos se esforcem e não tenham vergonha de ir em busca do conhecimento necessário, buscando dessa forma o melhor método para aprender, e os professor em nivelar suas turmas para que as aulas possam ser o mais produtiva possível, com todos os alunos conseguindo se desenvolver de forma igualitária.

 

  1. Considerações finais

 

Conseguimos, portanto, identificar diante da pesquisa aqui abordada que um diagnóstico no início do ano letivo, vem como forma de apoio ao professor, sendo de fundamental importância para o desenvolvimento das aulas e dos alunos, voltamos agora nosso olhar para a analise da pergunta aqui relacionada.

Concluímos, portanto, que quando se tratou da pergunta: Como é realizada o diagnóstico com os alunos para saber o nível que eles iniciam o ano? Levando em consideração as respostas de nossos entrevistados, podemos perceber que 60% fazem um diagnóstico com seus alunos no primeiro mês do ano letivo e 30% fazer o diagnóstico parcialmente ou seja no decorrer das aulas de forma mais natural, com isso conseguimos perceber que um montante de 90% dos educadores das cinco matérias analisadas tem a preocupação de saber como está o nível de seus alunos para desenvolver aulas diferenciadas buscando auxiliar alguma lacuna existente de anos anteriores a todo o momento conseguimos perceber na fala dos professores que eles chamam por uma família mais presente, sentem falta do apoio familiar como fator motivacional para que os alunos tenham maior interesse nos estudos. “A integração entre escola e família tem despertado, recentemente, o interesse dos pesquisadores, principalmente no que se refere às implicações deste envolvimento para o desenvolvimento social, cognitivo e o sucesso escolar do aluno”. (DAVIES, MARQUES e SILVA, 1997, p. 45) A escola e a família são instituições indissociáveis que necessitam propor condições de diálogo e interação entre si.

Para que uma verdadeira participação dos pais na vida escolar dos filhos seja um fato real e cotidiano, e não uma situação que se dá eventualmente.

 

  1. Bibliografia

 

DAVIES, D. Os Professores e as Famílias – a colaboração possível. Lisboa: Livros Horizonte, 1993 Senado Federal Online. Disponível em http://www12.senado.gov.br/radio/1/noticia/ce-aprovapunicaoparapaisquenaoacompanharemdesempenhoescolardosfilhos Acesso em 05 de Outubro de 2020

 

Dicionário - https://www.dicio.com.br/pesquisa.php?q=diagnostico Acesso em: 03 de janeiro de 2021.

 

COSTA, Viviane Ferreira. Dificuldades de aprendizagem no processo de alfabetização de crianças do 3º ano do ensino fundamental, Belo Horizonte – MG, 2013.

 

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes, 2003.

 

SCOZ, Beatriz . Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

 

SMITH, Corine, Strick, Lisa. Dificuldades de aprendizagem de A a Z. Porto Alegre: Artmed, 2001.

 

VESENTINI, José William. A questão do livro didático no ensino da Geografia Novos caminhos da Geografia in Caminhos da Geografia. Ana Fani Alessandri Carlos(organizadora). 5.ed.,1ªreimpressão- São Paulo: Contexto,2007.

1Graduada do Curso de Letras Língua Portuguesa /Inglesa e Suas Respectivas Literaturas da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT. Especialista em EAD e Novas Tecnologias pela Faculdade Educacional da Lapa do Estado do Paraná – FAEL, e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

2 Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Mestrado em Educação na área de Concentração & Educação, Cultura e Sociedade (UFMT) Doutora em Educação pela Unesp Rio Claro. Pós Doutora em Educação pelo Programa de Pós Graduação da Unesp Rio Claro- SP. e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.