PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EJA
Creuza Pereira da Silva
RESUMO – Atualmente em nosso país, percebe-se um grande número de jovens e adultos sem escolarização formal, destaca-se também que, apesar dos projetos oferecendo educação formal a este público, a procura não é tão expressiva como deveria e a evasão é muito alta. Assim, este trabalho busca conhecimento sobre esta modalidade de educação e sobre práticas capazes de reduzir a evasão por parte destes alunos. Para o cumprimento dos objetivos, foi utilizada a metodologia de revisão bibliográfica, com base nos autores: DI PIERRO (s.d.), SILVA e SOUZA (2015), entre outros.
PALAVRAS-CHAVE: EJA. Práticas docentes. Evasão escolar.
1.INTRODUÇÃO
Frente ao grande número de jovens e adultos sem escolarização em nosso país, a EJA (Educação de Jovens e Adultos) mostra-se como a esperança de amenizar tal quadro. No entanto, percebe-se também que a procura por esta modalidade de ensino não é tão grande como deveria ser e, mais que isso, nota-se ainda que parte significativa dos indivíduos matriculados acaba por abandonar novamente os estudos.
Esse grande índice de evasão pode indicar que a metodologia empregada na EJA não esteja atingindo seu publico de forma satisfatória e/ou que esteja sendo inadequada para atrair-lhes a atenção e mantê-los motivados a continuarem seus estudos.
Assim, este trabalho busca conhecimento sobre metodologia empregada pelo docente da EJA no sentido de definir a permanência ou não destes alunos na escola, busca ainda o entendimento acerca das práticas mais eficazes, bem como aponta práticas que podem ser utilizadas por professores com seus alunos.
Para cumprir tais objetivos, valeu-se da metodologia de revisão bibliográfica.
Primeiramente são apresentadas características dos alunos da EJA, destacam-se suas particularidades, na sequência são apontamos a necessidades de práticas diferenciadas capazes de sanar suas necessidades para assim cativar sua atenção e mantê-los motivados a continuar frequentando a escola.
Neste sentido, o professor é profissional que possui maior relevância, haja vista ser quem tem o contato direto com o aluno.
2.DESENVOLVIMENTO
Primeiramente é preciso perceber que o estudante da EJA encontra-se fora da idade escolar e geralmente já possui responsabilidades com trabalho e o sustento da família. Para Silva e Sousa (2015), os alunos da EJA são, na maior parte, pais e mães de família.
Essas pessoas, na maior parte vezes enfrentam uma longa jornada de trabalho durante o dia, além de dispensarem atenção à família. Com isso, chegam cansados à escola e aulas convencionais onde os professores apenas apresentam mecanicamente o conteúdo no quadro desestimulam a permanência destes alunos em sala de aula.
Assim, a educação mostra-se como ponto fundamental para que o indivíduo consiga interagir conscientemente na sociedade na qual está inserido. Mostra-se, portanto, como ponto fundamental para que se exerça com plenitude sua cidadania. Ressalta-se também que a educação é um ponto determinante para que se assuma um papel no mercado de trabalho e deste modo possa conquistar renda para a satisfação de suas necessidades e ainda acumular sobras para melhorar a qualidade de ida. (Di Pierro. s.d.)
O autor acima destaca também os dados levantados no senso demográfico de 2010, naquela época nosso país tinha quase 14 milhões de jovens e adultos maiores de 15 anos que não sabiam ler nem escrever, e quase 55 milhões de pessoas maiores de 25 anos possuíam grau de instrução inferior ao Ensino Fundamental.
Vieira (s.d.) discorre sobre a necessidade de disponibilizar acesso à educação, mas que além disso, essa educação deve ser adequada e de qualidade. Conforme destacado a seguir:
Sendo o homem um ser social, acesso a educação sem a abordagem adequada pode não ser suficiente. O tempo perdido longe da escola é de fato, a grande problemática que fará o aluno da EJA a retornar as salas de aula, mas essa característica não o resume e por isso é necessário reconhecer que para mantê-lo interessado e participativo até o final, depende também do professor, e da equipe pedagógica de uma maneira geral. Segundo dados da pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do ano de 2007, 42,7 % dos alunos de um total de 8 milhões abandonaram seus cursos na EJA. As razões para a relevância desse índice variaram, mas os principais fatores contribuintes foram: horários de aula incompatíveis com os de trabalho e metodologia contrária a realidade do aluno.
Assim, fica bem claro que apenas o fato de disponibilizar a este pública a oportunidade de estudar não surte os resultados esperados sem que, na prática, se valha de métodos pedagógicos capazes de cativá-los. Com isso, percebe-se no docente e em suas práticas pedagógicas o grande diferencial entre fracasso e sucesso nesta modalidade de ensino.
Vieira (s.d.) acrescenta o seguinte, com relação ao papel do professor neste processo:
O professor-educador é quem guia os caminhos dos processos educativos, mas isso não o torna dono da verdade absoluta, por isso, ser perceptivo é uma característica importante que poderá permitir enxergar o potencial intelectual e cultural já presente na vida do aluno que de forma alguma merece sentir-se constrangido ou ridicularizado ao retomar os estudos. Através da troca pode-se aprender e ensinar de forma simultânea, e essa prática, através da educação, além de política poderá ser edificadora para o homem.
Contudo, é preciso destacar que os métodos de ensino empregados devem condizer com a expectativa e as necessidades do público a que se destina.
Neste caso, tendo em vista a EJA, tratam-se de alunos que requerem uma atenção diferenciada nesse sentido, haja vista suas particularidades no quesito educacional, conforme o que acrescenta Vieira (s.d.):
Ser mediador da educação é um ato sublime e precisa ser feito com louvor, para exaltar a importância e o reconhecimento da ação. Se um aluno torna-se ainda mais pensante, reflexivo e cheio no que se diz ao conhecimento, provavelmente foi feito um bom trabalho em sala de aula, e isso dignifica um profissional da educação, uma instituição de ensino e o esforço do aluno. Dessa forma, é necessário destacar que nenhum seguimento da educação, deve ser diminuído, pois dessa maneira o aluno também o estará sendo, e o próprio educador estará praticando o ato com ele mesmo.
Corroborando, Silva e Souza (2015) acrescentam que:
O educador da EJA precisa por obrigação ser um ser investigador, que saiba explorar o lado crítico do aluno, ser humilde para entender as necessidades de cada um, afinal o sujeito da EJA traz um diferencial consigo, um deles é sua vasta experiência de vida. Transmitir um conteúdo pronto é um ato simples que muitos poderiam fazer, mas ensinar vai muito além de transmissão de conteúdo, é ensinar o sujeito educando a pensar criticamente, a buscar.
Deste modo, o professor da EJA mostra-se como o profissional que deve estar capacitado para o entendimento da realidade de seus alunos e, a partir dela, buscar práticas pedagógicas capazes de atingir com eficiência os anseios dos estudantes.
Para Silva e Souza (2015) é preciso valorizar a bagagem que o aluno traz ao reingressar na escola, conforme destacado abaixo:
Todo e qualquer conhecimento que o aluno traz consigo de forma alguma deve ser desconsiderado ou desvalorizado, um simples gesto do professor pode despertar quase que de forma mágica o interesse no aluno.
Por fim, o destaque neste processo enriquecido de ensino/aprendizagem fica por conto do professor e das práticas pedagógicas por ele escolhidas. Entende-se, portanto, o docente como o principal profissional responsável pelo sucesso do processo de ensino/aprendizagem na EJA.
3.RELATO DE ESTUDO
Este trabalho apresentou as principais características dos alunos da EJA, bem como as principais causas do grande índice de evasão deste estudantes.
A partir deste conhecimento é possível perceber a grande importância do trabalho interdisciplinar e diferenciado nesta modalidade de ensino.
Abaixo, seguem algumas atividades sugeridas para a EJA:
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Auto biografia:
Com esta atividade pode-se trabalhar produção textual, História, Geografia e Sociologia.
Os alunos serão orientados ao longo de projeto para recordarem suas vidas, ou seja, suas histórias pessoais. Será pedido que ambientem o local (ou locais) de sua infância, apresentando as características principais da região, bem como a condições que o atrapalharam de estudar na idade pertinente.
Deste modo, cada aluno deve ir aos poucos redigindo sua auto biografia, sempre contando com o apoio do professor.
Os estudantes ainda podem adicionar fotos aos trabalhos caso tenham vontade.
Após o professor revisar os trabalhos, serão agendadas datas para que cada aluno apresente sua biografia ao resto da turma.
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Gincana de conhecimento:
Nesta atividade o professor deve buscar ajuda de professores de outras disciplinas. Deste modo, a atividade abrangerá todas as disciplinas das quais o professor organizador conseguir parceria o docente da mesma.
Na presença de todos os professores participantes, os alunos devem ser divididos em dois grupos que serão adversários na gincana.
Sorteia-se então um dos grupos, que será o primeiro a propor um desafio. Eles devem encontrar um conteúdo já trabalhado em uma das disciplinas estudadas no anos letivo e apresentar para o grupo rival a fim de que este consiga apresentar um tema de outra disciplina que tenha ligação com o tema proposto pelo primeiro grupo.
Se o grupo desafiado conseguir apresentar o conteúdo relativo ao desafio e os professores atestarem que realmente existe a relação, esse segundo grupo ganha um ponto. Caso eles não consigam, o primeiro grupo, que propôs o desafio deve apresentar um conteúdo relacionado. Conseguindo a aprovação dos professores, este grupo ganha um ponto. Caso não consigam também, nenhum grupo ganha pontos nesta rodada.
A próxima rodada acontece de forma análoga, com a diferença de que o grupo dois (que havia sido desafiado) é quem propõem o desafio.
As rodadas se sucedem durante o tempo estipulado.
Ao final da gincana, ganha o grupo que tiver mais pontos.
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Faça você mesmo:
Nessa atividade cada aluno, munido de suas vivências até agora, deve escolher alguma coisa que saiba fazer bem e produzir um texto explicativo que pode servir de base para os colegas, como uma recita de bolo (ou outro prato), um reparo simples em um eletrodoméstico, o cultivo de uma planta, cuidados com animais, entre outros.
O estudante deve fazer sua escola e, se necessário, contar com o auxílio do professor para redigir o texto de forma que fique claro e objeto, facilitando o entendimento do leitor e a replicação da atividade explicada pelo aluno.
Os textos devem ser debatidos em sala de aula e ficarem disponíveis de forma digital ou impressa para que todos possam ler os trabalhos dos colegas e interagir.
4.CONCLUSÃO
A partir do presente trabalho foi possível perceber as particularidades da EJA enquanto modalidade de ensino, sobretudo com relação às especificidades apresentadas pelos alunos que constituem o público-alvo.
Assim, partindo-se destas questões diferenciadas, entende-se que o docente atuante na EJA e suas práticas pedagógicas também devem apresentar diferenciais capazes de atender as necessidades destes alunos.
Contudo, o trabalho interdisciplinar mostra-se como um importante aliado do professor frente a esta tarefa.
REFERÊNCIAS
DI PIERRO, Maria Clara. Como as políticas públicas e os gestores escolares podem combater a diminuição de matrículas e os elevados índices de abandono observados na EJA. Nova Escola. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/7898/os-desafios-para-garantir-a-educacao-de-jovens-e-adultos?gclid=CjwKCAjwpKCDBhBPEiwAFgBzj6msjfuGbiziKqyer-1aRq8KRBVpirkr_X4clT87ecQVLpiPTcFrVxoCCp4QAvD_BwE. Acesso: mar. 2021.
SILVA, Gleiciane Vieira da; SOUZA, Kelen Santos Conrado de. As Práticas Educativas na Educação de Jovens e Adultos. Pedagogia.com.br. 2015. Disponível em: https://www.pedagogia.com.br/artigos/as_praticas_educativas/?pagina=0. Acesso: mar. 2021.
VIEIRA, Letícia Augusto. A IMPORTÂNCIA DA ADEQUAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL. Brasil Escola. S.d. Disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/adequacao-material-didatico-para-educacao-jovens-adultos-brasil.htm. Acesso: mar. 2021.