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AS PARTICULARIDADES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO TACANTE ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Dileide Emdia da Silva

 

RESUMO

Frente ao grande número de jovens e adultos sem a adequada escolarização e mesmo analfabetos, esse trabalho volta sua atenção à EJA (Educação de Jovens e Adultos) buscando entendimento acerca das práticas pedagógicas adequadas a esta modalidades de ensino. Percebe-se, no entanto, que a metodologia empregada no trabalho docente com esse público pode ser determinante para a continuidade dos estudos ou a evasão escolar de muitos alunos. Visando cumprir os objetivos aqui propostos, adotou-se a metodologia de revisão bibliográfica, fundamentando-se em autores como DI PIERRO (s.d.), SILVA e SOUZA (2015), entre outros.

 

PALAVRAS-CHAVE: EJA. Práticas docentes. Evasão escolar.

 

INTRODUÇÃO

 

Nota-se o grande número de jovens e adultos com escolaridade baixa ou mesmo analfabetos em nosso país. Neste sentido a EJA aparece como uma solução, ou pelo menos uma forma de amenizar o problema. No entanto, percebe-se grande evasão nesta modalidade de estudos. Diversas são as causas, mas uma mostrou-se em destaque, sendo esta a forma como o conteúdo é trabalhado, em grande parte das vezes, com estes alunos.

Assim, percebeu-se que a metodologia empregada no trabalho pedagógico com este publico não pode ser morosa e arcaica, valendo-se de métodos como simples exposição mecânica do conteúdo.

Neste sentido, o presente trabalho busca conhecimento acerca da relevância da metodologia empregada pelo docente da EJA no sentido de definir a permanência ou não destes alunos na escola, busca ainda o entendimento acerca das práticas mais eficazes, bem como aponta práticas que podem ser utilizadas por professores com seus alunos.

Para o cumprimento dos objetivos aqui propostos, valeu-se da metodologia de revisão bibliográfica.

Em primeiro lugar apresentam-se características gerais do aluno da EJA, destacando suas especificidades, em seguida apontamos a necessidades de práticas diferenciadas capazes de sanar suas necessidades e atrair-lhes a atenção, por fim apresentam-se práticas pedagógicas indicadas a esta modalidade de ensino e que podem ser reproduzidas em salas de aula.

Contudo, evidencia-se a grande responsabilidade do professor atuante na EJA frente a escolha de práticas pedagógicas capazes de sanar as dificuldades de seus alunos.

 

DESENVOLVIMENTO

 

Destaca-se, em um primeiro momento, que o estudante que procura a EJA (Educação de Jovens e Adultos), está fora da idade escolar e, por algum motivo em sua infância, não pode frequentar a escola.

Silva e Sousa (2015) destacam que os alunos da EJA são em sua maioria pais e mães de família. Que, na maioria das vezes enfrentam uma longa jornada de trabalho durante o dia, além da atenção dispensada à família. Deste modo, costumam chegar cansados à escola e aulas convencionais e simplistas onde os professores apenas apresentam mecanicamente o conteúdo no quadro acabam por desestimulando ainda mais a permanência destes alunos na escola.

Di Pierro (s.d.) destaca a educação como ponto fundamental para que o indivíduo seja capaz de interagir de forma consciente na sociedade em que vive. É ponto fundamental para que se exerça com plenitude sua cidadania. A autora ressalta ainda ser a educação um ponto determinando para se assuma um papel no mercado de trabalho e deste modo possa conquistar renda para a satisfação de suas necessidades, bem como, se possível, acumular sobras e melhorar a qualidade de vida.

Di Pierro ainda chama a atenção para os dados levantados no senso demográfico de 2010, na época o país tinha quase 14 milhões de jovens e adultos maiores de 15 anos que não sabiam ler e escrever, e que quase 55 milhões de pessoas maiores de 25 anos tinham grau de instrução inferior ao Ensino Fundamental.

Corroborando, Vieira (s.d.) destaca o seguinte:

 

Sendo o homem um ser social, acesso a educação sem a abordagem adequada pode não ser suficiente. O tempo perdido longe da escola é de fato, a grande problemática que fará o aluno da EJA a retornar as salas de aula, mas essa característica não o resume e por isso é necessário reconhecer que para mantê-lo interessado e participativo até o final, depende também do professor, e da equipe pedagógica de uma maneira geral. Segundo dados da pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do ano de 2007, 42,7 % dos alunos de um total de 8 milhões abandonaram seus cursos na EJA. As razões para a relevância desse índice variaram, mas os principais fatores contribuintes foram: horários de aula incompatíveis com os de trabalho e metodologia contrária a realidade do aluno.

 

Deste modo, evidencia-se que não basta disponibilizar a este pública a oportunidade de estudar sem que na prática se valha de metodologias capazes de cativá-los, de fazer com eles a conexão necessária para que o processo de ensino/aprendizagem aconteça.

Neste sentido, o docente e as metodologias por ele utilizadas fazem o grande diferencial no processo.

Com relação ao papel docente, Vieira (s.d.) destaca que:

 

O professor-educador é quem guia os caminhos dos processos educativos, mas isso não o torna dono da verdade absoluta, por isso, ser perceptivo é uma característica importante que poderá permitir enxergar o potencial intelectual e cultural já presente na vida do aluno que de forma alguma merece sentir-se constrangido ou ridicularizado ao retomar os estudos. Através da troca pode-se aprender e ensinar de forma simultânea, e essa prática, através da educação, além de política poderá ser edificadora para o homem.

 

Assim, percebe-se na postura e nas atitudes do professor um importante diferencial no processo educativo.

Neste cenário os métodos de ensino empregados devem condizer com a expectativa e as necessidades do público a que se destina. São alunos que requerem uma atenção diferenciada nesse sentido, haja vista suas particularidades no quesito educacional. Vieira (s.d.) acrescenta que:

 

Ser mediador da educação é um ato sublime e precisa ser feito com louvor, para exaltar a importância e o reconhecimento da ação. Se um aluno torna-se ainda mais pensante, reflexivo e cheio no que se diz ao conhecimento, provavelmente foi feito um bom trabalho em sala de aula, e isso dignifica um profissional da educação, uma instituição de ensino e o esforço do aluno. Dessa forma, é necessário destacar que nenhum seguimento da educação, deve ser diminuído, pois dessa maneira o aluno também o estará sendo, e o próprio educador estará praticando o ato com ele mesmo.

 

Silva e Souza (2015) acrescentam o seguinte:

 

O educador da EJA precisa por obrigação ser um ser investigador, que saiba explorar o lado crítico do aluno, ser humilde para entender as necessidades de cada um, afinal o sujeito da EJA traz um diferencial consigo, um deles é sua vasta experiência de vida. Transmitir um conteúdo pronto é um ato simples que muitos poderiam fazer, mas ensinar vai muito além de transmissão de conteúdo, é ensinar o sujeito educando a pensar criticamente, a buscar.

 

Com isso, percebe-se no professor da EJA o profissional que deve estar capacitado para entender a realidade de seu aluno e partir dela buscar métodos educativos capazes de atingir com eficiência os estudantes.

Silva e Souza (2015) ainda ressaltam que:

 

Todo e qualquer conhecimento que o aluno traz consigo de forma alguma deve ser desconsiderado ou desvalorizado, um simples gesto do professor pode despertar quase que de forma mágica o interesse no aluno.

 

Contudo fica evidente a importância das práticas pedagógicas escolhidas pelo docente do EJA para levar o conteúdo de forma accessível a seu aluno.

 

RELATO DE ESTUDO

 

O presente estudo demonstra a grande importância da educação de jovens e adultos como uma forma de oferecer estudo formal às pessoas que não tiveram oportunidade de estudar na idade adequada.

Seguem-se, abaixo, algumas atividades sugeridas que podem ser utilizadas nesta modalidade de ensino:

 

  1. Portfólio pessoal:

Nesta atividade o objetivo é trabalhar produção textual, História, Geografia e Sociologia.

Cada alunos será orientado a montar um pequeno portfólio sobre sua viada até agora. Eles devem começar dizendo quem são, no que trabalham e descrevendo sua família (caso queiram).

Em seguida deve apresentar a região onde morava quando tinha a idade escolar e os motivos pelo qual não precisou abandonar os estudos.

Para finalizar deve descrever como se sente agora com a nova oportunidade de estudo e o quais suas ambições futuras a ele relacionadas.

Por fim, cada aluno deve apresentar seu portfólio à turma.

 

  1. Faça você mesmo:

Nessa atividade cada aluno, munido de suas vivências até agora, deve escolher alguma coisa que saiba fazer bem e produzir um texto explicativo que pode servir de base para os colegas, como uma recita de bolo (ou outro prato), um reparo simples em um eletrodoméstico, o cultivo de uma planta, cuidados com animais, entre outros.

O estudante deve fazer sua escola e, se necessário, contar com o auxílio do professor para redigir o texto de forma que fique claro e objeto, facilitando o entendimento do leitor e a replicação da atividade explicada pelo aluno.

Os textos devem ser debatidos em sala de aula e ficarem disponíveis de forma digital ou impressa para que todos possam ler os trabalhos dos colegas e interegir.

 

  1. Horta na escola:

Para esta atividade é preciso de ao menos um pequeno espaço de terra que possa ser cultivado na escola. As verduras cultivadas podem ser utilizadas pela cantina da própria escola.

Envolve-se Biologia, Meio Ambiente, uso racional dos recursos naturais (água, por exemplo), entre outras áreas.

Nesse caso, os alunos podem ser divididos em grupos e escalados para os cuidados das plantas de acordo com a afinidade e disponibilidade de cada um e, os próprios estudantes ficam encarregados de escolher o que plantar de acordo com suas experiências anteriores e suas vivências. O auxílio do docente de Biologia também é importante, além de pesquisas relacionadas ao cultivo de pequenas hortas.

Pesquisas sobre a origem das hortaliças cultivadas, das especificidades para o cultivo adequado das mesmas, bem como do valor nutricional de cada uma, também mostram-se como atividades interessantes a serem propostas.

Faz-se importante destacar que os alunos a participarem desta atividade devem apresentar-se espontaneamente como voluntários e, em hipótese alguma deve-se colocar um estudante para realizar um trabalho como esse sem que ele queira e esteja ciente de que não será remunerado financeiramente por isso.

 

 CONCLUSÃO

 

Percebe-se, com esse trabalho, que os alunos da EJA são pessoas que enfrentam grandes dificuldades para dar sequência aos seus estudos. Deste modo, mesmo quando buscam a escola, sua permanência ali mostra-se bastante inserta, haja vista suas responsabilidades com a própria subsistência e geralmente a da família também.

Deste modo, percebeu-se que não basta oferecer a vaga escolar a esses alunos, é preciso oferecer também a eles uma metodologia capaz de prender-lhes a atenção, valorizar o conhecimento e a bagagem de mundo que já possuem e partir dela traçar as estratégias mais eficazes para o processo de ensino-aprendizagem.

Destacou-se ainda que a metodologia empregada no trabalho pedagógico na EJA pode determinar a continuidade dos estudos destes alunos ou até mesmo a evasão escolar destes.

Contudo, salienta-se a importância do docente como o profissional responsável pelo trabalho pedagógica adequado com o aluno da EJA, já que tais metodologias faram toda a diferença para o sucesso dessa modalidade de ensino.

 

REFERÊNCIAS

 

DI PIERRO, Maria Clara. Como as políticas públicas e os gestores escolares podem combater a diminuição de matrículas e os elevados índices de abandono observados na EJA. Nova Escola. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/7898/os-desafios-para-garantir-a-educacao-de-jovens-e-adultos?gclid=CjwKCAjwpKCDBhBPEiwAFgBzj6msjfuGbiziKqyer-1aRq8KRBVpirkr_X4clT87ecQVLpiPTcFrVxoCCp4QAvD_BwE. Acesso: mar. 2021.

 

SILVA, Gleiciane Vieira da; SOUZA, Kelen Santos Conrado de. As Práticas Educativas na Educação de Jovens e Adultos. Pedagogia.com.br. 2015. Disponível em: https://www.pedagogia.com.br/artigos/as_praticas_educativas/?pagina=0. Acesso: mar. 2021.

 

VIEIRA, Letícia Augusto. A IMPORTÂNCIA DA ADEQUAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL. Brasil Escola. S.d. Disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/adequacao-material-didatico-para-educacao-jovens-adultos-brasil.htm. Acesso: mar. 2021.