A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO E DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Elisângela Serencovick Fernandes
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como tema “A importância do lúdico e da aprendizagem na Educação Infantil” tendo como foco maior buscar amparo teórico através de referências bibliográficas que venha contribuir e nos auxiliar no desenvolvimento deste TG.
Considerando o brincar como algo natural na vida e no aprendizado das crianças na educação infantil onde o lúdico é algo que faz parte do cotidiano da criança no qual pode-se definir como, prazeroso, espontâneo, e sem comprometimento. Sendo as brincadeiras universais, fazendo parte da história da humanidade, da cultura de um povo e até mesmo de um país, ao longo dos tempos.
Tem-se como objetivo geral, analisar as contribuições que o lúdico pode oferecer na aprendizagem e ao desenvolvimento da criança na educação infantil, e como objetivos específicos, verificar a contribuição das professoras de Educação Infantil referente ao lúdico (jogos, brinquedos e as brincadeiras) no desenvolvimento integral das crianças observando se esses recursos são aplicados adequadamente, voltada para a aprendizagem e para a construção do conhecimento, da criatividade e do raciocínio lógico ou se são aplicado apenas por brincar.
Justificando assim a escolha do tema devido às observações através dos projetos de Estágio Supervisionado e das observações em sala de aula na educação infantil com foco de observar como o professor trabalha a ludicidade em sala com a criança pequena, onde se falam tanto da importância do lúdico na educação infantil, no qual a criança aprende brincando.
Apresentando como problemática maior que algumas professores (acadêmicas) ainda vê o lúdico apenas como brincar e não como um aprendizado na construção, e no desenvolvimento da criança.
Sendo este tema muito importante para a aprendizagem e desenvolvimento das crianças, apresentando uma troca de experiências, teorias e práticas, no cotidiano entre professores e acadêmicos, sendo possível através dos estagio compreender melhor o universo da criança através da ludicidade, onde a criança se comunica consigo mesma e com os outros através do mundo que o cerca, estabelecendo relações sociais, construindo o conhecimentos, e desenvolvendo integralmente, através dos lúdico, jogos, brinquedos e brincadeiras proporciona uma aprendizagem, influenciando assim na socialização das crianças na educação infantil.
Portanto, para analise desta temática fez–se necessário, a utilização de um acervo de material para a pesquisa bibliográfica, sendo estes, livros, artigos, revistas, biblioteca local e virtual, material disponibilizados pelo curso, materiais acessados na internet, de autores e pesquisadores desde os mais antigos aos mais atuais, analisando assim as partes relevantes e resumindo as importantes, construindo assim o texto no intuito de embasamento e observação percebida através dos grandes pensadores e teóricos, da educação, como Piaget, Vygotsky, Kishimoto, Santos, Freires e outros como o RCNEI no qual deram grandes contribuições para a realização do mesmo, ao considerar o lúdico com um significado, proporcionando a criança, uma aprendizagem multidisciplinar, nas formas de ser e de pensar na sociedade em que está inserida.
Pois ao analisarmos o lúdico, através os jogos, brinquedos e brincadeiras infantis, observando que não é apenas como um simples entretenimento para, mas sim como atividades lúdicas que possibilitam a aprendizagem e o desenvolvimento em várias habilidades na vida da criança do nascimento aos seis anos de idade.
2 O CONCEITO DE LÚDICO, JOGO, BRINCADEIRA E BRINQUEDO.
Ao ingressar na vida escolar, a criança se depara com um considerável impacto físico e mental, onde até então, sua vida era exclusivamente dedicada ao ambiente familiar e de repente acontece uma mudança onde tudo se faz novo e diferente, novas pessoas, novas regras, novo ambiente chamado da escola, onde a criança permanecera durante muitas horas muitas vezes se sentindo pouco confortáveis. Pela necessidade de submeter-se à disciplina e regras escolar, apresentado muitas vezes a certa resistência em ir para a escola. O fato não está apenas no ambiente ou pela nova forma de vida e, sim, por não encontrar canalização para as suas atividades preferidas. Onde o brincar é uma atividade predominante na infância e vem sendo explorado no campo científico, com o intuito de caracterizar as suas peculiaridades, e identificar as suas relações com o desenvolvimento e com a saúde e, entre outros objetivos, intervir nos processos de educação e de aprendizagem das crianças.
Segundo pesquisadores apontam que para a criança o lúdico não é apenas um mero passatempo ou perda de tempo como julgam muitos adultos, as brincadeiras e os jogos estão relacionados a um aprendizado fundamental, seja por meio dos jogos ou das brincadeiras, cada criança cria uma serie de indagações a respeito da vida. Pois conforme as crianças vão crescendo suas brincadeiras se tornam mais ricas, com diversos elementos, conteúdos e valores que receberam em seus primeiros anos de vida. Para muitos a ideia de infância se caracteriza como o período que antecede a idade adulta.
O conceito de lúdico, tem com o intuito de detectar através dos jogos, brinquedos e das brincadeira a realidade da criança analisando o que é importante cada um deles em seu cotidiano.
Para Santos (2000), o lúdico pode, ser interpretado como um momento de liberdade onde a criança se sente livre, e descontraída. O momento em que ela busca estabelecer contato com o mundo da fantasia no qual está inserido, desenvolvendo sua autonomia dentro de um contexto geral. Neste contexto Santos ressalta que “A palavra lúdico significar brincar. Nesse brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e brincadeiras, e é relativo também à conduta daquele que joga, que brinca e que se diverte” (SANTOS, 2000, p.57).
O brincar possui vários significados dentre os quais: divertir-se infantilmente; entreter-se; folgar e foliar. Brincar vem antes do jogo que supõe regras. É uma atividade lúdica, livre e prazerosa. Em comparação ao brincar da criança, acredita-se que a criança brinque apenas por prazer, pois muitas vezes as crianças ficam muito envolvidas sendo difícil tirá-la de determinada brincadeira mesmo que ela esteja cansada ou então não esteja obtendo sucesso.
Em Brasil (1998), o jogo além de aperfeiçoar as habilidades das crianças, busca oferecer novos desafios a elas, e é através destes desafios que elas aprendem a lidar com os seus problemas e a, se socializarem com o seu meio. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil
As brincadeiras e jogos envolvem a descoberta e a exploração de capacidades físicas e a exposição de emoções, afeto e sentimentos. Além de alegria e prazer, algumas vezes a exposição de seu corpo e de seus movimentos podem gerar vergonha, medo ou raiva. Isso também precisa ser considerado pelo professor para que ele possa ajudar as crianças a lidar de forma positiva com limites e possibilidades do próprio corpo.
Segundo Nunes (2000), o lúdico faz parte da vida das crianças no cotidiano através das brincadeiras e dos brinquedos, pois é deste momento que a criança tem a oportunidade de demonstrar suas vivências e experiências, sendo verdadeiras nos momentos de alegria ou de frustrações. O brincar se torna o momento de criar de reinventar e o brinquedo vem para dar ênfase a fantasia e a criatividade da criança.
Nunes (2000) afirma ainda que:
O brinquedo caracteriza-se ainda, pela presença do outro. Brincar é estar junto com o outro. É sentir o gesto, o olhar, o calor do companheiro. O brinquedo aproxima as pessoas, torna-as amigas, porque brincar significa sentir-se feliz, é descobrir o mundo que as cerca, socializar-se. (NUNES, 2000, p.5)
Para Kishimoto (2003), os jogos tradicionais podem ser classificados como aqueles que despertam o prazer na criança, sua criatividade, que buscam trabalhar com a cultura de seus povos, e naturalmente fazer as apropriações desses jogos e brincadeiras ao seu modo de vida. “O jogo tradicional infantil é um tipo de jogo livre, espontâneo, no qual a criança brinca pelo prazer de fazer” (KISHIMOTO, 2003, p.25).
As brincadeiras oferecem uma “situação de aprendizagem delicada”, isto é, o educador precisa ser capaz de respeitar e nutrir o interesse da criança, dando-lhe possibilidades para que envolva em seu processo, ou do contrário perde-se a riqueza que o lúdico representa, (CUNHA 2005 p. 96)
Para Moyles (2006), a criança quando brinca de faz de conta, utiliza o meio em que vive, seja em casa, na rua ou na escola. Nesse momento, com o material que estiver nas mãos à criança desenvolverá suas habilidades de escrita, seja em suas brincadeiras, por exemplo, de lanchonete ao anotar o pedido do cliente, ou ao fazer de conta que está dirigindo um ônibus ou cobrando a passagem de alguém. Dessa forma, os primeiros passos rumo ao letramento são dados pela criança no momento das atividades lúdica, é por meio do brincar de ler e escrever, que o letramento vai ganhando sentindo para a criança, pois é nesse momento de brincar de ler com ela e ela própria brincar de desenhar e escrever que passa a ser um momento fundamental para o sucesso com a escrita.
Afirma Moyles (2006 p.137):
Em ambientes lúdicos realistas, o letramento não é fragmentado por processos didáticos artificiais. O letramento é utilizado para tudo o que for apropriado no brincar: fazer compras, almoçar ou jantar em um restaurante, viajar de trem, visitar um hospital e assim por diante. O letramento ocorre por ser necessário no contexto do brincar, não porque o ensino exige (MOYLES 2006 p.137).
Do ponto de vista dos RCNEI (1998, p.21), a aprendizagem da criança se dá por meio da interação dela com o meio em que vive, é na troca de saberes que a criança passa a aprender e a compreender o mundo a sua volta. É nessa relação que a criança busca utilizar os recursos que estão ao seu alcance. “Dentre os recursos que as crianças utilizam, destacam-se a imitação, o faz-de-conta, a oposição, a linguagem e a apropriação de imagem corporal”.
Para Moyles (2006), o brincar se tornou algo do qual já faz parte do cotidiano infantil, pois é por meio deste que a criança se desenvolve social e pessoalmente. É o momento o qual ela faz as interpretações de acordo com as suas vivências e experiências, sendo que o uso do brincar se tornou fonte principal para os primeiros passos do desenvolvimento da criança inserida na educação infantil.
2.1O LÚDICO E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA
Segundo Wajskop (2007), a brincadeira, desde a antiguidade, era utilizada como um instrumento para o ensino, contudo, somente depois que se rompeu o pensamento românico passou-se a valorizar a importância do brincar, pois antes, a sociedade via a brincadeira como uma negação ao trabalho e como sinônimo de irreverência e até desinteresse pelo que é sério. Mas mesmo com o passar do tempo o termo brincar ainda não está tão definido, pois ele varia de acordo com cada contexto, os termos brincar, jogar e atividade lúdica serão usados como sinônimos.
O ato de brincar faz parte da vida do ser humano desde o ventre de sua mãe. Seu primeiro brinquedo é o cordão umbilical, onde, a partir da 17ª semana, através de toques, puxões e apertos, o bebê, em desenvolvimento, começa a criar relação com algo.
O lúdico se tornou um momento importante dentro da escola, buscando trabalhar com o que a criança traz consigo, faz com que a criança trabalhe cada vez mais a sua cognição, e desenvolver a dimensão expressiva da corporeidade.
Para Moyles (2006), o lúdico é algo indispensável para a criança em fase de aprendizagem, pois é por meio deste que ela irá desenvolver o seu cognitivo e outras funções que ajudam na saúde emocional e intelectual da criança.
De acordo com Cunha (2005, p.159), sem as percepções tátil, visual e auditiva, a inteligência fica a mercê da capacidade do desenvolvimento, pois “Desenvolver a capacidade de perceber é também ampliar o potencial de maneira geral, pois sem a percepção, a inteligência não tem elementos para funcionar”
É através desta que a criança busca compreender o mundo que está a sua volta, por meio da manipulação da visão e da audição, que está inserida em seu cotidiano
Para Moyles (2006 p.216), para que ocorra uma interação por parte da criança com o professor é preciso estabelecer um convívio de respeito e confiança. O professor precisa conhecer a criança, para fazer intervenção na hora certa, seja quando a criança estiver brincando ou não. Desse modo, até os pais devem participar dessa interação, e estabelecer o respeito e a confiança de seus filhos. Complementa ainda que “o brincar pode fazer com que as crianças se sintam em casa, suficientemente confiantes e relaxadas para falar, pensar, organizar, negociar, adaptar e criar em seus níveis mais ousados”. Lembrando que ao brincar, os pais podem compartilhar aquelas experiências com seus filhos e compreender o tremendo potencial de aprendizagem de cada atividade. Sendo assim, os pais podem intervir e procurar mostrar as brincadeiras e os jogos de sua época, suas diferenças e as semelhanças de quando era criança.
De acordo com o RCNEI (1998), a aprendizagem da criança se dá por meio da interação com o outro, na busca de estar próximo das pessoas, com o intuito de compreender o mundo a sua volta.
De acordo com este documento. Para se desenvolver, portanto, as crianças precisam aprender com os outros, por meio dos vínculos que estabelece. Se as aprendizagens acontecem na interação com as outras pessoas, sejam elas adultas ou crianças, elas também dependem dos recursos de cada criança. Dentre os recursos que as crianças utilizam, destacam-se a imitação, o faz-de-conta, a oposição, a linguagem e a apropriação da linguagem corporal. (BRASIL, 1998, p.21).
Quando uma criança não alcança o objeto que quer pegar ou se cansa antes de atingir o objetivo da brincadeira, esses fatos são exemplos de que a criança não brinca por prazer e sim por necessidade, assim como faz o adulto.
Segundo Lebovici (1988) brincar é tão importante para a criança durante sua infância como é o trabalho para o adulto. Os adultos passam a maior parte de sua vida trabalhando, mas não o fazem por simples prazer. Mesmo que o trabalho dê alegria, compensação e um sentido a vida ele também causa estresse e cansaço. A maior razão para o fato dos adultos trabalharem é a necessidade. Os adultos trabalham para obter dinheiro para seu sustento.
A importância do brincar para a criança é uma construção histórica, quando brinca a criança experimenta sensações antes desconhecidas, entra no mundo do adulto, reproduz as relações sociais e de trabalho de forma lúdica e se apropria do mundo em seu processo de construção como sujeito histórico-social.
Segundo Vygotsky (1999) o brincar cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança, seja pela criação, pela imitação ou ainda pela definição de regras específicas. Salienta ainda que no brinquedo a criança comporta-se de maneira mais avançada do que é normalmente é. Com o brinquedo a criança ultrapassa limites que lhe são preestabelecidos, interpreta situações e incorpora e altera significados, apropriando-se assim em larga escala a sua cultura.
A criança desde seu nascimento está inserida em um contexto social, pois desde cedo elas aprendem com as experiências que tem com o mundo dos adultos e das pessoas ao seu redor. “Dessa forma, a brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são introduzidas constituindo-se em um modo de assimilar e recriar a experiência sócio-cultural dos adultos” (WAJSKOP, 2001, p.25).
A brincadeira é uma atividade que a criança desenvolve em suas relações sociais, na idade escolar com seus familiares, com outras crianças da mesma idade sem objetivos educacionais ou de aprendizagem. Atividade essa que a criança faz para recrear-se ou por diversão, com seus pais, professores, amiguinhos, com o espaço e com a cultura na qual está inserida.
Neste contexto a brincadeira da criança encontra papel fundamental na educação infantil, pois as crianças se desenvolvem e conhecem o mundo a partir das interações estabelecidas com a história e cultura de outras crianças, de seus pais, de seus professores e das pessoas envolvidas na instituição escolar. Reiterando as ideias de Brougère (apud Wajskop, 2001, p.31):
[...] é o lugar da socialização, da administração da relação com outro, da apropriação da cultura, do exercício da decisão e da invenção. Mas tudo isso se faz segundo o ritmo da criança e possui um aspecto aleatório e incerto. Não se pode organizar, apartir da brincadeira, um programa pedagógico preciso. Aquele que brinca pode sempre evitar aquilo que não gosta. Se a liberdade caracteriza as aprendizagens efetuadas na brincadeira, ela produz também a incertitude quanto aos resultados. De onde a impossibilidade de assentar de forma precisa às aprendizagens na brincadeira. Este paradoxo da brincadeira, espaço de aprendizagem fabuloso e incerto (BROUGÈRE, APUD WAJSKOP, 2001, p.31).
Segundo Bettelheim (1988, p.56) as brincadeiras mudam à medida que as crianças crescem, daí muda-se a compreensão em relação aos problemas diversos que começam a ocuparem suas mentes. Três são os momentos que alicerçam o interdisciplinar dos sujeitos envolvidos: no primeiro é estabelecida a situação de faz-de-conta, momento em que se dá ênfase à imaginação, dramatizando, contando, vivendo e elaborando histórias, criando seu espaço-lúdico.
Negrine (1994, p. 20), em estudos realizados sobre aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma que “quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma pré-história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas através da atividade lúdica”.
Segundo esse autor, é fundamental que os professores tenham conhecimento do saber que a criança construiu na interação com o ambiente familiar e sócio-cultural, para formular sua proposta pedagógica.
As representações no faz-de-conta podem ser experimentadas não só no passado, mas também projetando o futuro como reitera Kishimoto (2002).
[...] o brincar da criança não está somente ancorado no presente, mas também tenta resolver problemas do passado, ao mesmo tempo que se projeta para o futuro. Amenina que brinca com bonecas antecipa sua possível maternidade e tenta enfrentar as pressões emocionais do presente. Brincar de boneca permite-lhe representar seus sentimentos ambivalentes, como o amor pela mãe e os ciúmes do irmãozinho que recebe os cuidados maternos. Brincar com bonecas numa infinidade de formas está intimamente ligado à relação da menina com a mãe. (BETTELHEIM apud KISHIMOTO, 2002, p.69).
Dallabona e Mendes (2004) apontam que o lúdico serve como um meio pedagógico que envolve o aluno nas tarefas da sala de aula, bem como colocam que o educador deve ter claro em mente os objetivos em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem. Ressaltam ainda que a ludicidade aplicada e compreendida em sua totalidade agrega resultados positivos no ensino quanto à qualificação, à formação crítica, à definição de valores e aos relacionamentos interpessoais.
Moratori (2003) coloca que o professor deve propor as regras, mas permitir que os alunos criem os limites a fim de motivá-los quanto à agilidade, iniciativa e autonomia. As atividades lúdicas resgatam o gosto pelo aprender, pois ocasionam momentos de afetividade entre o indivíduo e o aprender, tornando a aprendizagem formal mais prazerosa.
O Brincar é experiência fundamental para qualquer idade, especialmente para as crianças com idade entre três e seis anos, que brincam para viver, interagem com o real, descobrem o mundo que as envolve, organizam-se e se socializam. Dessa forma, o brincar e o brinquedo já não são aquelas “atividades utilizadas pelo professor para recrear as crianças, como uma atividade em si mesma”. Quanto mais rica for a experiência vivida pela criança, maior é o material disponível e acessível à sua imaginação. (ROJAS, 2007, p.59).
Conforme Freire (2002) as crianças, quando vão às escolas pela primeira vez, geralmente se traumatizam e acabam chorando por dias seguidos, devido à separação das coisas e pessoas. Acham que por estarem na escola, em um ambiente fechado, perdem toda liberdade que tinham em sua casa. Com o passar dos dias, acabam por se acostumar com o ambiente, arrumam amigos e se dedicam no que melhor sabem fazer: brincar, quando lhes é permitido.
O brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo, o brinquedo educativo conquistou espaço na educação infantil. Quando a criança está desenvolvendo uma habilidade na separação de cores comuns no quebra-cabeça à função educativa e os lúdicos estão presentes, a criança com sua criatividade consegue montar um castelo até mesmo com o quebra-cabeça, através disto utiliza o lúdico com a ajuda do professor (KISHIMOTO, 2002).
3 A INFLUÊNCIA DA LUDICIDADE NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL ATRAVÉS DO ESPAÇO FÍSICO
A ludicidade é a atividade principal da infância. Essa afirmativa se dá não apenas pela frequência de uso que as crianças fazem do brincar, mas principalmente pela influência que esta exerce no desenvolvimento infantil.
Vygotsky (1991) ressalta que a brincadeira cria as zonas de desenvolvimento proximal e que estas proporcionam saltos qualitativos no desenvolvimento e na aprendizagem infantil. Devemos levar em conta o brincar como uma atividade natural, espontânea e necessária para a criança, sendo assim, uma peça importantíssima na sua formação. Se assim for visto pelos educadores torna-se muito mais fácil levar a brincadeira e os jogos para a sala de aula, não deixando apenas para os momentos da educação física e o recreio.
Segundo Piaget (1967), “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”.
O jogo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os alunos, ao contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar. O jogo é essencial para que a criança manifeste sua criatividade, utilizando suas potencialidades de maneira integral.
Falar em aprendizagem significativa é assumir que aprender possui um caráter dinâmico, exigindo que as ações de ensino se direcionem para que os alunos aprofundem e ampliem os significados que elaboram mediante suas participações nas atividades de ensino e aprendizagem. (SMOLE et al, 2000).
Para Aguiar (1998), o jogo é uma atividade que aumenta todo o repertório comportamental de uma criança, influencia seus mecanismos motivacionais, além de fornecer oportunidades inestimáveis para o aumento de seu ajustamento.
Melo e Valle (2005) afirmam que o brinquedo possibilita o desenvolvimento infantil em todas as dimensões, o que inclui a atividade física, a estimulação intelectual e a socialização. As autoras continuam indagando que a brincadeira promove a educação para hábitos da vida diária, enriquece a percepção, desperta interesses, satisfaz a necessidade afetiva e permite o domínio das ansiedades e angústias.
Nesse sentido esta pesquisa tem por objetivo conhecer o lúdico, o jogo, a brincadeira e o brinquedo, para trabalhar com criança da educação infantil, tendo em vista a necessidade de um ensino concreto e significativo.
A Educação Infantil, no Brasil, é reconhecida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional como a primeira etapa da Educação Básica. A legislação expressa à necessidade das crianças terem tempo e espaço físico que propiciem condições educativas, estimuladoras de suas capacidades e potencialidades.
Segundo Frison (2008), os pilares da Educação Infantil, buscam acompanhar as crianças e propiciar estratégias para seu desenvolvimento integral, considerando três aspectos fundamentais; cuidar, educar e brincar.
A escola é um espaço de trocas e de construções coletivas através do lúdico. É importante que a sala de aula seja um lugar motivador, em que se acolham as diferentes formas de ser e de agir, nos quais as crianças vivenciam suas experiências e descobertas. A sala é também o lugar do jogo, do faz-de-conta, de liberdade e do desenvolvimento da imaginação. Lugar em que crianças sentem-se seguras, estimuladas, motivadas.
Segundo Horn (2004) destaca que o espaço físico “não é algo dado, natural, mas sim construído e que as aquisições sensoriais e cognitivas das crianças têm estreita relação com o meio físico e social pois ele ajuda a estruturar as funções motoras, sensoriais, simbólicas, lúdica e relacionais.
Segundo Arribas (2004) a organização dos “cantinhos” na sala de aula influencia a qualidade pedagógica do trabalho, facilita encontros, estimula trocas entre as crianças, garante-lhe a possibilidade de pensar e demonstrar suas próprias convicções. Afirma ainda que os cantos servem ainda para potencializar a autonomia intelectual, pois a criança, ao escolher determinado espaço, faz uma opção, toma decisão, organiza e realiza atividades, encontra alternativas de solução.
Para Kramer, (2003) afirma que no lúdico a criança tem o direito de brincar, criar, enfrentar desafios como instâncias de formação cultural e social. Na escola, “nao basta ensinar coisas, ao contrário, à prática pedagógica envolve conhecimentos e afetos, saberes e valores, cuidados e educação, seriedade e riso. E que para isso o professor precise estabelecer metas, estratégias de ação e (re) avaliar o processo reflexivamente. E para isso é importante que o professor tenha apoio da coordenação pedagógica, da direção da escola, dos pais e dos colegas, para que o trabalho conjunto atenda as demandas da construção das práticas educativas.
Segundo Santos e Pannuti (2008) a Educação Infantil é um período extremamente fértil em relação à construção de novos conhecimentos, sejam eles sociais afetivos ou cognitivos, sendo a criança dessa faixa etária capaz de estabelecer relações complexas entre os elementos da realidade que se apresenta. Assim, frequentar uma classe de Educação Infantil significa, além da convivência entre pares, ter acesso a muitas oportunidades para a construção de novos conhecimentos, graças às ações que a criança exerce sobre o mundo real.
Dentre os conhecimentos que serão construídos nessa etapa da escolaridade, o brincar ocupa um lugar de destaque. Numerosas pesquisas têm apontado a relevância do trabalho com essa disciplina para as crianças pequenas, especialmente no que diz respeito à construção da autonomia e desenvolvimento da criança.
Segundo Rojas, Souza, e Cintra (2008) ao citar Horn (2004), afirmam que um trabalho de qualidade para as crianças pequenas exige ambientes aconchegantes, seguros, estimulantes, desafiadores, criativos, alegres, e divertidos, nos quais as atividades elevem sua auto-estima, valorizem e ampliem sua leitura de mundo. E que ainda agucem a sua curiosidade, capacidade de pensar, de decidir, de atuar, de criar, de imaginar, de expressar, esperando que nesses jogos estejam presentes brincadeiras, artes, expressão corporal, músicas e histórias.
Na Educação Infantil, a sala de aula deve ser um lugar de exploração dos elementos da realidade que cerca os alunos. O educador deve estar constantemente preocupado em desenvolver nas crianças a curiosidade e o interesse pela interpretação dos fenômenos que ocorrem no meio em que estão. Assim, “experimentar e descobrir” podem ser uma maneira muito rica e interessante de aprender. Para que isso ocorra, a criança deve ter a oportunidade de agir sobre sua realidade.
Proporcionar à criança dessa faixa etária situações ricas e desafiadoras, as quais possam gerar a necessidade de resolver um problema efetivo, parece ser fundamental. O papel do professor é de grande importância nesse processo, uma vez que, além de deixar a criança livre para manipular e experimentar os materiais, como também observar as reações decorrentes, deve, em seguida, propor à criança problemas reais a serem resolvidos, criando, assim, uma situação de aprendizagem significativa.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL, 1999, p 146), o espaço físico na Educação Infantil deve ser arranjado de acordo com as necessidades e características de cada faixa etária, levando-se em conta os diversos projetos e atividades que estão sendo desenvolvidos. A qualidade e a quantidade de objetos, brinquedos e móveis presentes no ambiente são poderosos instrumentos de aprendizagem e um dos indicadores importante para a definição de práticas educativas de qualidade em instituição de Educação Infantil.
Nas Diretrizes Curricular Nacionais para Educação Infantil (BRASIL, 1999), o uso do espaço físico aparece associado às proposta pedagógicas como um dos elementos que possibilitam a implantação e aperfeiçoamento das diretrizes (art. 3,VII).
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