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TINTA COM PIGMENTOS NATURAIS COM OS ALUNOS DO 1º ANO DA ESCOLA ESTADUAL 19 DE MAIO

Luzia Aparecida Soares
Daniele Ulrich da Silva

 

Introdução

 

A utilização de imagens e cores para se expressar era utilizada pelo ser humano desde os primórdios da comunicação. As pinturas feitas nas paredes de cavernas (pinturas rupestres) são consideradas os primeiros registros da comunicação feitos pelo homem. Os pigmentos naturais eram os principais elementos utilizados na obtenção das cores, eles são os  responsáveis pelo surgimento da cor no decorrer da história.

 

A utilização pelo homem de corantes naturais, isto é os de origem  animal, vegetal e mineral, é muito antiga, havendo evidências que os antigos  egípcios usavam hena e carmim e outros  corantes na pele e nos cabelos. Os  corantes começaram a ser usados em alimentos na China, Índia e Egito cerca  de 1500 a.C. (ARAUJO, 2005,p.95).

 

Carvalho (2004) descreve que até 1850 toda a cor antes alimentícia provinha de três fontes:  vegetais (cenoura, beterraba,  uva, etc.); extratos de  origem animal ou vegetal  normalmente não consumidos como tais  (acido carmínico e açafrão); e os  resultantes da transformação de substâncias naturais (caramelo = marrom). No Brasil, os corantes naturais têm importante relação com sua história,  a começar pelo nome do país, proveniente da madeira de Pau-brasil .Atualmente os corantes naturais são empregados na indústria alimentícia e de bebidas, por  apresentarem ausência de toxidez, não apresentando danos a saúde e possibilitando uma qualidade de vida melhor para o usuário e interagindo com a conservação do meio ambiente.

A escolha do tema deu-se por acreditar que através da pesquisa sobre os produtos utilizados  para as confecção das tintas  em conjunto com os conhecimentos da história, através e  das ações de habitantes pré-históricos e seus vestígios rupestres (pintura) deixados em paredes e tetos de cavernas através da utilização dos pigmentos naturais estaremos proporcionando aos educandos  conhecimento sobre a historia de seus antepassados.

Este trabalho tem como justificativa promover nas crianças a curiosidade e o desejo pela experimentação através da obtenção de tintas, por meio de pigmentos naturais, além de utilizar a arte como um instrumento para desperta à criatividade e expor os sentimentos das crianças da  primeira fase do primeiro ciclo.

A  ideia surgiu a partir de uma aula no inicio de Maio de 2017 onde se comentava sobre corantes e que  os mesmos eram obtidos a partir de plantas que atualmente muitos são   utilizados na cozinha como tempero. Assim percebeu-se a possibilidade de se trabalhar sobre a produção de tintas através dos pigmentos naturais.

Diante dessa reflexão criou-se a  problemática da pesquisa de os alunos do 1º Ano A da Escola Estadual 19 de Maio conhecem a extração da pigmentação que dão origem as cores, bem como a utilização dos aglutinantes na fixação das cores

O objetivo geral do trabalho é de instigar os alunos da alfabetização do 1º ano A, a pesquisar o processo de obtenção, experimentação dos pigmentos e aglutinante naturais para obtenção de tintas com a intenção de ampliar as possibilidades de acesso à experimentação.

Os objetivos específicos são de experimentar as diferentes possibilidades de obtenção de tintas naturais para atividades pedagógicas e artísticas. Valorizar a diversidade dos conhecimentos empíricos referente à produção de tintas a partir de produtos naturais; apresentar para a comunidade técnicas de utilização dos pigmentos naturais e aglutinantes na fabricação de tintas.

 

Metodologia

 

O trabalho teve início na primeira semana de Maio de 2017 e perdurou até o fim do mesmo mês. Este trabalho foi desenvolvido no município de Alta Floresta MT, pela turma da 1ª fase do 1º ciclo dos alunos da Escola Estadual 19 de Maio.

A metodologia deste trabalho baseou-se em fundamentação teórica através de  levantamento de materiais sobre pigmentação e eventuais aglutinantes na produção de tintas.   

De posse das informações, iniciou-se a busca pela matéria-prima. Após esta etapa houve a  preparação do material (peneiração, filtração, separação com o objetivo de retirar o que não seria utilizado)  e  por fim a produção das tintas com as misturas dos aglutinantes com os pigmentos.

Algumas experiências foram enviadas para casa para serem realizadas junto com os familiares com intuito de envolver os pais ou responsáveis a participarem da vida escolar de seus filhos. As receitas necessitavam de cozimentos onde teriam que ter como acompanhantes um adulto para fazer a mesma. Cada criança levou para casa os ingredientes na proporção certa e modo de preparo descrito no caderno de tarefa de casa. No dia seguinte os alunos teriam que relatar a experiência realizada e trazer a mesma para a sala de aula.

Os materiais utilizados para a confecção das tintas foram utilizados pó de serra da madeira de Ipê, sabão, pó de café, cola, carvão, açafrão, colorau, terra,

Após o termino das produções de tintas naturais, os alunos deram início as produções artísticas com a criação de desenhos de tema livre, através de seus desenhos, os educandos demonstraram serem espontâneos e muito criativos.

Ao termino das confecções das tintas as mesmas foram utilizadas em trabalhos artísticos.

 

Resultados e Discussões

           

Atualmente os corantes estão presente nos alimentos  que  consumimos,  nas  roupas,   nos  produtos  naturais  e  nos  mais   variados   objetos   que   adquirimos. Desse modo ao se trazer essa realidade para sala de aula buscou-se desenvolver  o conhecimento  científico  em  conjunto com a história em relação aos primeiros registros de comunicação realizados através dos pigmentos naturais.

O trabalho de produção de tintas através de pigmentos naturais em sala de é um trabalho gratificante, pois a atividade pode ser trabalhada com todas as faixas etárias de alunos.

Buoro (2003) descreve que uma forma de trabalhar com os alunos nas serie inicial é através da arte, onde esta possibilita a criança desenvolver sua criatividade, sentimentos, personalidades. Através da arte  a criança irá realizar sua leitura de mundo, entendendo o contexto em que vive, sendo de suma importância que sua imaginação flua naturalmente.

Durante as atividades experimentais desenvolvidas houve constante diálogo com os estudantes, no sentido de auxiliá-los na construção e  reconstrução do conhecimento.

Em sala de aula essas atividades buscaram aproximar o aluno de seu cotidiano  promovendo  um ensino através da experimentação utilizamos corantes provenientes de materiais naturais para despertar o interesse e motivação nos alunos a fim de promover um aprendizado significativo.

Para início, promoveu-se uma conversa sobre a história da tinta. As crianças foram questionadas com relação à antigamente, se elas acham que já existia a tinta da forma como existe hoje. Também foram estimulados a pensar sobre os ingredientes e componentes constituintes da tinta.

Optou-se por quatro receitas, sendo cada receita para uma cores diferente. Deste modo, abriu-se também a possibilidade de se fazer misturas de cores e tons.

As crianças participaram ativamente da produção das tintas e se divertiram muito no processo.

Na primeira aula prática confeccionamos  tintas através do  carvão, tijolo e cal. Inicialmente quebramos o carvão e o tijolo, após essa atividades peneiramos   ate ficar bem fininho. Em seguida adicionamos os aglutinantes água e cola ate obter a consistência desejada.

Ao se trabalhar com os alunos tinta com diferentes materiais existentes extraídos de tijolos, e carvão triturados  e peneirados fino; e terra e argila de cores diferentes, bem secos e peneirados com peneira bem fina.

Na segunda aula foi feita as tintas com colorau e açafrão onde o aglutinante foi à cola e água. Para a realização da terceira etapa do trabalho pediu-se aos alunos que trouxessem de casa terra do quintal.

Houve o registro do que tinha sido feito ate então no caderno. A tarefa de casa foi à experiência do repolho roxo e bicarbonato de sódio. Onde cada criança levou a quantidade certa para realizar a mesma.

Os processos foram anotados de forma a facilitar o entendimento das crianças, bem como diferenciação entre cada receita de tinta. Deste modo, as crianças puderam endender de forma mais completa e experienciar com mais plenitude o estudo das tintas e cores em sala de aula. Entendeu-se portanto, que a misturas de determinados elementos em proporções definidas dá orígem à tinta.

Os ingredientes foram colocados todos em cima da mesa, buscando mostrar às crianças que cada um destes ingredientes possuia uma função na composição da tinta.

Para verificarmos as hipóteses  iniciais, preparamos diferentes tipos de tinta, para que os alunos fossem observando e percebendo as mudanças de coloração e consistência à medida em que eram adicionados os ingredientes. Deste modo, durante o processo, as crianças iam comprovando ou refutando suas hipóteses com relação à função de cada ingrediente.

Aós o processo de confecção das tintas estar concluído e das crianças terem entendido alguns conceitos trabalhados, promoveu-se novamente uma conversa com as crianças questionando agora sobre o que elas acharam do processo e que gostariam de fazer com as tintas produzidas. As crianças sugeriram que as tintas fossem utilizadas por eles para produzir arte.

Quando iniciamos este projeto não imaginávamos como seria a reação das crianças ao ver que elas mesmas poderiam produzir tinta, ficamos muito satisfeitas com os resultados obtidos.

 

Considerações Finais

 

Ao termino do projeto notou-se uma grande satisfação de cada um em realizar as atividades. Em relação à aprendizagem pode observar-se a satisfação da transformação da pigmentação em tinta e o uso dos aglutinantes como reagentes químicos.

A cada experimento que as crianças realizavam uma descoberta, pois viam as misturas das tintas e as cores que surgiam como uma transformação mágica, bem como os desenhos feitos a partir das tintas.

Todos os objetivos proposto para as atividades foram alcançando, pois  houve por parte dos alunos da alfabetização do 1º ano A,  pesquisas em torno do processo de obtenção, experimentação dos pigmentos e aglutinante naturais para obtenção de tintas.

 

Referencial 

           

BARBOSA, A.M. Inquietação e mudanças no ensino da arte. 3. ed.São Paulo: Cortes, 2007.

 

BUORO, A. B. O Olhar em Construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

 

ECODESENVOLVIMENTO. EcoD Básico: Tintas Naturais. 2012. Disponível em: <http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2012/agosto/ecod-basico-tintas naturais/popup_impressao> Acesso em: 05 de Maio de 2017.

 

GATTI, T.H.; CASTRO, R.; OLIVEIRA, D. Materiais em arte: manual de manufatura e práticas. Brasília : FAC, 2007.

 

RODRIGUES, V.M.S. Utilização de tintas naturais em sala de aula a partir de pigmentos e aglutinante regionais. Monografia. Uns.  Brasileira, 2011.

 

SILVA, S.S. Recursos naturais renováveis: sementes, pigmentos e argila na pratica pedagógica em arte-educação. Monografia. UnB. Brasília. 2013.