O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Luciene Lécia Lucchetti
Tatiane Alves Luccheti
RESUMO
Este artigo apresenta uma pesquisa bibliográfica baseada em vários autores, onde cada um expressa seu modo de pensar sobre o lúdico na Educação Infantil. Com objetivos de conhecer jogos e brincadeiras, para a Educação Infantil, analisando a importância que o lúdico exerce no desenvolvimento da criança, percebendo como a criança através do lúdico desenvolve importantes capacidades como: socialização, criatividade, memorização, imaginação e amadurecimento. As abordagens consideram o lúdico uma atividade muito importante no desenvolvimento da criança elas diferem em sua visão do que seja o significado no contexto do processo da criança. A ludicidade na educação infantil, por ser o brinquedo a essência da infância e seu uso permitirem um trabalho pedagógico, possibilita a produção do conhecimento e da aprendizagem de forma extremamente prazerosa. Para que as crianças possam exercer sua capacidade de criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são oferecidas. Pode observar com a pesquisa realizada que o profissional que atua na Educação Infantil terá subsídios de grande importância que lhe auxiliara utilizando do lúdico para que as crianças tenham uma aprendizagem significativa e prazerosa.
Palavras chave: Lúdico. Educação Infantil. Importância.
Introdução
O presente artigo tem como proposta conhecer por que é importante o papel do lúdico na educação infantil.
A pesquisa realizada é de cunho bibliográfico, abordando análise de alguns autores.
A criança, nas primeiras fases de sua vida, está sempre descobrindo e aprendendo coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio sobre o meio em que vive. Ela não é um ser pronto e acabado nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isso que lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e criativo. Especialistas e estudiosos do assunto consideram que o potencial lúdico tem função muito importante nestas fases da vida.
O lúdico na educação infantil tem por objetivo oportunizar ao educador a compreensão do significado e da importância das atividades lúdicas procurando provocá-lo, para que o brincar seja importante, tendo intencionalidade, objetivos e consciência clara de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem infantil.
Portanto, Trabalhar o lúdico na Educação Infantil, como recurso, é de extrema relevância na busca da valorização do movimento das relações sendo uma necessidade humana que propicia a integração com meio.
A ludicidade segundo alguns teóricos
Os pensadores e filósofos, já sabiam que o lúdico era primordial para o desenvolvimento integral do ser humano. Aristóteles já relaciona o estudo ao prazer e em sua época os professores já utilizavam os jogos didáticos em suas aulas.
Mesmo entre os egípcios, romanos, maias, os jogos serviam de meio para a geração mais jovem aprender com os mais velhos valores e conhecimentos.
Já no cristianismo a ludicidade foi perdendo seu valor, pois, era considerada profana e sem significado.
Em meados do século XVI, os humanistas começaram a perceber o valor educativo dos jogos, assim considerados como bons, foram recomendados novamente.
Froebel, pai da pré-escola estabeleceu que nessa fase a criança, utiliza de todos os seus estímulos, na construção do conhecimento.
Com relação ao jogo, Piaget (1998) acredita que ele é essencial na vida da criança. De início tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos. Em torno dos 2-3 e 5-6 anos nota-se a ocorrência dos jogos simbólicos, que satisfazem a necessidade da criança de não somente relembrar o mentalmente o acontecido, mas de executar a representação. Por exemplo: criança que brinca de casinha, faz comidinha de mentira;
Em período posterior surgem os jogos de regras, que são transmitidos socialmente de criança para criança e por consequência vão aumentando de importância de acordo com o progresso de seu desenvolvimento social. Para Piaget, o jogo constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade.
Já Vygotsky, diferentemente de Piaget, considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget e para ele o sujeito não é ativo nem passivo: é interativo.
Segundo ele, a criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem a regra do jogo, por exemplo, através dos outros e não como o resultado de um engajamento individual na solução de problemas. Desta maneira, aprende a regular seu comportamento pelas reações, quer elas pareçam agradáveis ou não.
Winnicott revela que é no brincar que o indivíduo criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral, ou seja, qualquer que seja a atividade lúdica conduz ao encontro com criatividade.
No processo evolutivo que caracteriza o desenvolvimento humano, especialistas e estudiosos do assunto, consideram que o potencial lúdico tem função muito importante nesta fase da vida.
A ludicidade é a comunicação da vida, do sentir, do fazer brotar e reviver o velho no novo. A prática lúdica é presença na ação e direção pedagógica em que se vai modelando e ressignificando o real, na arte-mania de ser, pensar, de sentir. “Quando se trabalha com a ludicidade enquanto comunicação, estado do humano sente-se que se está trabalhando em uma ecologia da ação”. (ROJAS, 2004, p. 2006)
Por isso, ao abordar este tema não podemos deixar de nos referir também à criança. Ao retornar a história e a evolução do homem na sociedade, vamos perceber que a criança nem sempre foi considerada como é hoje. Antigamente, ela não tinha existência social, era considerada miniatura do adulto, ou quase adulto, ou adulto em miniatura. Seu valor era relativo, nas classes altas era educada para o futuro e nas classes baixas o valor da criança iniciava quando ela podia ser útil ao trabalho, colaborando na geração da renda familiar.
A criança não é um adulto que ainda não cresceu, ela precisa passar pelas fases de desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e emocional, em primeiro lugar vem à família e depois o convívio com os demais.
A importância dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil
Entende-se que no início da vida da criança, sua ação sobre o mundo é determinada pelo contexto social em que vive e pelos objetos nele contidos. As crianças aprendem a jogar e/ou brincar dentro de um processo histórico construído, onde aprendem com os outros membros de sua cultura, e suas brincadeiras são determinadas pelos hábitos, valores e conhecimento de seu grupo social.
Pode-se inferir como jogos, uma variedade conhecidos, como: faz-de-conta, simbólicos, motores, sensórios-motores, intelectuais ou cognitivos, individuais ou coletivos, verbais, de palavras, políticos, de adultos, de crianças, de animais, de salão e uma infinidade de outros mostrando a multiplicidade de fenômenos incluídos na categoria jogo e cada um joga à sua maneira, pois tais jogos, embora recebam a mesma denominação, cada um têm suas especificidades, dentro do contexto social, cultural em que estão inseridos. (KISHIMOTO, 2003)
Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação intima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. (KISHIMOTO, 1994)
Sager e Sperb(1998), ao pesquisarem sobre o brincar e os brinquedos nos conflitos entre crianças, realizaram um levantamento bibliográfico interessante que compilou estudos que perseguiram a seguinte questão: Os brinquedos e material utilizados pelas crianças, em suas brincadeiras, influenciam a maneira como interagem e como brincam entre si?
Para a criança, a brincadeira gira em torno da espontaneidade e da imaginação. Não depende de regras, de formas rigidamente estruturadas. Para surgir basta uma bola, um espaço para correr ou um risco no chão. (VELASCO, 1996)
Segundo Vygotsky, a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Elas estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas de faz-de-conta, como ainda nas que exigem regras.
O jogo pode ser visto como: resultado de um sistema linguístico que funciona dentro de um contexto social; um sistema de regras e um objeto.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação infantil:
A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa.
Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição infantil. Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. Por exemplo, para assumir um determinado papel numa brincadeira, a criança deve conhecer alguma de suas características.
Seus conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas em livros, etc. A fonte de seus conhecimentos é múltipla, mas estes se encontram, ainda, fragmentados. (BRASIL, 1998, p. 27)
As atividades que envolvem jogos e brincadeiras não devem ser desfragmentadas do universo infantil são elementos privilegiados do desenvolvimento do aluno.
Vygotsky (1994) destaca o papel do meio social e cultural na formação do indivíduo. Entende o autor que a brincadeira serve para o desenvolvimento de inúmeras habilidades cognitivas e afetivas.
A criança se relaciona com o significado, com a ideia que fantasia, e não com o objeto concreto real que tem em suas mãos, observamos isso quando; uma das crianças ao montar um brinquedo com cubos pedagógicos deu o nome de casinha de passarinho, quando uma outra criança olhou para o mesmo brinquedo dizendo que era um abajur.
Para Vygotsky (1994), a brincadeira tem um papel fundamental no desenvolvimento do próprio pensamento da criança. É por meio dela que a criança aprende a operar com o significado das coisas e dá um passo importante em direção ao pensamento conceitual que se baseia nos significados das coisas e não dos objetos. A criança não realiza a transformação de significados de uma hora para outra. Vygotsky vê, então, a brincadeira como a principal atividade infantil porque possibilita a passagem de uma operação baseada na relação entre significado e objeto concreto para outro, onde a criança passa a operar com significados separados dos objetos.
Na brincadeira, a criança toma consciência de si mesma, aprende a atuar subordinando suas ações a um determinado modelo, a uma norma de comportamento. Assim no lúdico a submissão à necessidade não é imposta de fora, pois responde à própria iniciativa da criança como algo desejado. O lúdico, por sua estrutura psicológica, é o protótipo da futura atividade séria. Da necessidade que a brincadeira se faz desejada à necessidade que se torna plena consciência: este é o caminho que vai do lúdico às formas superiores da atividade humana. Por meio do jogo, a criança aprende, verbaliza, comunica-se com pessoas mais experientes, internaliza novo comportamento e, consequentemente, se desenvolve.
Considerações Finais
O presente trabalho bibliográfico baseado em vários autores foi de grande importância, enriquecendo o profissional da Educação Infantil. De acordo com a pesquisa realizada foi constatada que o lúdico exerce um papel importante na aprendizagem das crianças.
Tendo em vista que nesta fase acontece o desenvolvimento cognitivo, emocional afetivo, social, valores morais e culturais. Sendo assim as atividades lúdicas devem visar à autoimagem, autoestima, autoconhecimento e cooperação porque estes conduzem à imaginação, à fantasia, à criatividade, à criticidade e a uma porção de vantagens que ajudam a moldar suas vidas como crianças e como adultos.
É competência de a Educação Infantil proporcionar aos seus educandos um ambiente rico em atividades lúdicas, já que a maioria das crianças de hoje passam grande parte do seu tempo em instituições que atendem a crianças de 0 a 6 anos de idade, permitindo assim que elas vivam, sonhem, criem e aprendam a serem crianças.
É buscando novas maneiras de ensinar por meio do lúdico que haverá uma educação de qualidade e que realmente consiga ir ao encontro dos interesses e necessidades da criança.
Referências
Aprender brincando. Disponível em: www.profala.com/arteducesp140.htmacesso dia 13 de julho de 2010.
ALMEIDA, Anne. Ludicidade como instrumento pedagógico. www.profala.com/arteducesp140.htm.acessodia 13 de julho de 2010.
ANDRADE, Daniela Barros da Silva Freire. Jogos brinquedos e brincadeira: O lúdico e o processo de desenvolvimento infantil. Cuiabá: Edufmt, 2007, p.43.
BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, MEC/SEF, 1998.
KISHIMOTO, Tizuco Morchida. jogos infantis:o jogo, a criança e a educação.Ed.Petrópolis:Vozes,2003.
KISHIMOTO. Jogos e brincadeiras na Educação Infantil. Campinas: Papirus, 2004.
PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
ROJAS, Jucimara. CD-ROM. Livro de pano: momentos de ludicidade construtiva nas práticas pedagógicas portuguesas. Aveiro: Universidade, 2004.
VELASCO, CACILDA GONÇALVES. Brincar o despertar psicomotor. Editora Sprint, Rio de Janeiro.1996.
VYGOTSKY, L. 1989. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.
WINNICOTT, D.W. A criança e o seu mundo. 6.ed. Rio de Janeiro: LTC, 1982.