EDUCAÇÃO INFANTIL: O BRINCAR, O EDUCAR E O CUIDAR
Taís Regina Scheid
Kelly Lunardi da Silva
Ligiane Ferreira Cunha
Sandra Tavares de Assis
RESUMO:
O presente estudo tem por objetivo identificar como o brincar, o educar e o cuidar estão relacionado na vida de uma criança, e como os educadores os estabelecem e na vivencia escolar de alunos. O processo de aprendizagem faz parte do ser humano num todo, a criatividade amor pelo que se faz, auxilia neste processo e permite que o aluno se desenvolva a partir de novos experimentos. Tem-se, então, no lúdico, o comprometimento, a rotina e o amor com forma de estimular e transformar a assimilação do conhecimento em um processo prazeroso, divertido e eficaz. O processo educativo é um trabalho que deve ser muito bem pensado e analisado. A responsabilidade é do educador e das instituições no quesito organização do trabalho pedagógico, trazendo propostas que promovam o desenvolvimento das habilidades dos alunos pequenos e bem pequenos com práticas de cuidados e integração entre os aspectos emocionais, físicos, cognitivo/linguístico, afetivos e sociais na criança. Ao tratar dos resultados, percebe-se que, alguns estudos apontam um distanciamento entre o cuidar, o educar e o brincar, porém, é possível exercer práticas na educação infantil que contemplem esses três aspectos em uma rotina organizada e planejada a fim de promover o desenvolvimento, autonomia e construção da identidade das crianças. Por fim, para que a haja a consolidação entre o cuidar e o educar em todos os espaços de uma instituição de ensino, é importante um pensar e repensar das práticas na Educação Infantil.
Palavras-chave: Educação Infantil. Educar. Cuidar. Brincar.
- Introdução
O presente artigo tem por objetivo transparecer a interface do brincar, educar e o cuidar na perspectiva da educação infantil enquanto vida escolar, uma vez que estão em sintonia na construção da identidade de um ser humano capaz e sem frustrações simplificadas da vida. A educação da criança pequena e bem pequena, envolve respectivamente dois processos complementares e indissociáveis: educar e cuidar. Todavia, embora haja consenso na sociedade civil, poder público e pesquisadores da área de educação infantil, que as creches e pré-escolas se constituem ambientes de cuidados e educação, é fácil verificar um descompasso nas formas de atender essas crianças.
O que nos traz a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96), a Educação infantil é direito da criança e dever do estado, ela é a primeira etapa da educação básica e tem o objetivo de desenvolver integralmente a criança até seus 5 (cinco) anos de idade, em seus aspectos, físico, psicológico, intelectual e social, com o apoio da família e comunidade escolar. Reafirmando que toda criança tem direito à educação de qualidade, respeitando seus limites e fases de vida. Na educação infantil, mais que educar, é preciso amar, é preciso entender que uma criança pequena e bem pequena, não tem noção, ainda, do que é segurar um lápis e sair escrevendo e grafando. É necessário primeiro aprender a amar, socializar, estar em grupo, saber se expressar.
As conexões entre cuidar e educar merece demasiada atenção no trabalho pedagógico dentro das instituições de educação infantil, o cuidar deve visar a autonomia da criança e as atividades pedagógicas devem ser pensadas e planejadas a partir das diferentes áreas do conhecimento, sempre valorizando o potencial preexistente da criança. É preciso pensar na educação das crianças pequenas, não somente nos cuidados e no atendimento ás necessidades básicas delas, se no passado, as instituições existiam para garantir o direito de trabalho às mães e somente o cuidado aos pequenos, hoje há o desafio de também educar essas crianças para uma sociedade tecnológica e avassaladora, que impõe o saber a cada novo dia.
A natureza humana traz consigo a busca do conhecimento, esta ação encontra-se presente em todas as fases da vida do ser humano. O homem vive a constante busca pelo saber, pelo aprender, e, de certo modo, parece que tal jornada é prazerosa, configurando-se como uma grande fonte de prazer e importante forma de comunicação, em especial, na infância.
A criança aprende a brincar desde os primórdios anos de vida, porém necessita de alguém disponível para brincar em conjunto, alguém que à ensine a brincar. Neste sentido, tem-se uma relação estreita entre o brincar e o aprender, o brincar pode fazer parte da aprendizagem não sendo somente lazer. Entende-se que o brincar, no contexto educacional, proporciona não somente um meio real de aprendizagem, como também permite que os educadores possam aprender sobre as crianças e suas necessidades, dando-lhes a oportunidade de vivenciar novas experiências. Proporcionar e criar condições para a brincadeira é uma ação que que toda a escola de educação infantil juntamente com seus educadores devem realizar, o brincar não é um fato que se deve acontecer somente fora da escola, deve estar integrado ao cotidiano escolar.
A ludicidade faz parte e está inserida na vida do ser humano na primeira infância, saber lidar com esta metodologia dentro a educação infantil, transforma o cuidado e educar mais fácil e prazeroso, ser um profissional capacitado para trabalhar de forma lúdica, traz benefícios para o aprender, além do que se pode calcular.
Todas as atividades devem ser tratadas com muito comprometimento pelos profissionais que atuam na educação infantil, pois, conhecer a função do lúdico no desenvolvimento infantil é de extrema importância, já que não se tem aí, somente meras brincadeiras, que educam e formam o sujeito, acompanhando a evolução física e mental deste e acarretando seu amadurecimento, mas sim, a utilização, de metodologia mais adequada, à idade, de tudo aquilo que torna o lúdico, segundo Santos (2010), em algo prazeroso e complexo, e que não pode ser definido como simplesmente o ato de “brincar”.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, DCNEI (1999), nos orienta que as instituições de educação infantil devem promover em suas Propostas Pedagógicas, práticas e cuidados que promovam a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivo/linguísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser completo, total e indivisível. Pensando desta forma, a rotina é fator importante para o desenvolvimento da criança em todos os seus aspectos, pois, se planejada e realizada corretamente, tem a probabilidade de organizar o dia-a-dia da instituição, de modo que o cuidar, o brincar e o educar sejam promovidos ás crianças.
Com base em tudo o que nos é mostrado, apresentado e solicitado, mediante a educação infantil, trago uma pesquisa sobre o cuidar e o educar, na educação infantil, com o principal fator da ludicidade, além, de somente brincar por brincar, mas sim o brincar para a aprender e cuidar. Ninguém, pode ser rustico o bastante que não possa, aprender com o faz de conta, jogos e brincadeiras. Ainda não nos foi apresentado uma forma mais prazerosa e fácil de ensinar, se não pelo carinho e empatia pelo próximo. Ser profissional de educação infantil requer habilidades de humanidade e sentimos, assim como habilidades de teoria.
- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
- A EDUCAÇÃO INFANTIL
Os experimentos vivenciados de zero a seis anos de idade são fundamentais na formação do ser humano. O que se aprende na referida fase pode deixar marcas para o resto da vida. A educação infantil é o momento de interação da criança com o mundo, com todos os que a cercam e consigo mesma. Os estudos de Sousa (1998) configuram a educação infantil
como importante fase no desenvolvimento da criança, porque, segundo aquela autora, é durante esta fase que as bases do ser humano começam a ser estruturadas, visto que são estimulados e iniciados os processos de formação e integração das várias áreas do desenvolvimento na fase da educação infantil.
A LDB de 1996 inseriu a educação infantil na educação básica como sua primeira etapa de formação – uma forma de reconhecer que a educação tem início nos primeiros anos de vida e é essencial para o cumprimento de sua finalidade, conforme o art. 22 do referido ditame, in verbis:
Art. 22 – A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar – lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer – lhes meios para progredir no trabalho e nos estudos posteriores.
Na atual LDB, o destaque dado à educação infantil era inexistente nas legislações anteriores, como se esta etapa de vida da criança não fosse tão importante como as posteriores.
Segundo Paniagua e Palácios (2007) apresentam em seus estudos o fato que quando o indivíduo nasce seu cérebro, apresenta 25% do peso de um cérebro adulto. Na faixa dos três e quatro anos de idade, o cérebro da criança já alcançou 80% do tamanho do cérebro do adulto, e aos seis anos de idade, já tem 90% do peso de um cérebro adulto.
Os autores ainda completam com a informação de que, dentro do cérebro, o córtex cerebral é a parte mais importante dos seres humanos, pois representa 85% do peso total do cérebro adulto. O córtex cerebral corresponde à camada mais externa do cérebro do adulto e é responsável por processos psicológicos superiores, como, por exemplo, a percepção, a linguagem, a representação, a tomada de decisões, o planejamento e a execução de ações. Desta maneira, tal fato evidencia que o grande crescimento cerebral, que ocorre até os seis anos de idade, consiste na parte mais evoluída do encéfalo, onde se dão os processos mais finos e elaborados, mostrando o quão importante é a fase da criança até esta idade, aprendizados não forçados serão amplamente adquiridos de forma espontânea e com sucesso, bastando apenas o incentivo e motivação. Na medida em que recebem estímulos externos do mundo, a criança pode transformá-los e assim produzir novos significados aos objetos e ao mundo que a cerca, atribuindo-lhe um novo conceito que expressa seu caráter no curso de seu próprio desenvolvimento pessoal e social. Além disso, a maior parte de seu desenvolvimento se produz sobre influência de processos educativos, o que implica na importância da ação do meio e na configuração de um órgão tão importante como o cérebro (PANIAGUA; PALÁCIOS, 2007).
Não somente na educação infantil, mas após tal fase, é de extrema importância que a criança continue tendo uma educação de forma integral que a considere de forma incondicional e incapaz, cada nova descoberta à uma criança nesta fase, faz com que ela se descubra no meio social em que está inserida, não rotulá-la em um ser pequeno e que não tem habilidades, faz com que a criança na educação infantil cresça como ser humano e como ser pensante, adquirindo autoestima e sendo auto confiável. Em todos os momentos da vida escolar de um ser humano é preciso proporcionar o desenvolvimento do educando, considerando-o em aspectos sociais, emocionais, cognitivos e comunicativos, e na fase da educação infantil é primordial elencar tais habilidades e aspectos. Entretanto, Paniagua e Palácios (2007) afirmam que nem sempre os referidos aspectos significam que os mesmos são trabalhados de maneira igualitária. Em geral, algumas áreas tendem a ser mais valorizadas e priorizadas do que outras.
Quando se tem falta de equilíbrio entre as áreas à serem trabalhadas, acaba que acarretando o privilégio de um aspecto do desenvolvimento infantil em detrimento de outros, a criança necessita de todos os seus diversos aspectos do desenvolvimento presentes no trabalho escolar da educação infantil para que se desenvolva com satisfação e igualdade perante os demais de seu círculo de convívio. Desta maneira, as instituições escolares que atendem a educação infantil, tanto em seus projetos pedagógicos como na ação pedagógica em sala de aula, devem estar sempre em busca do equilíbrio. Paniagua e Palácios (2007) ainda destacam que as crianças na fase da educação infantil, ao contrário do que se expunha antigamente, não são simples receptoras apáticas do conhecimento, mas sim, formadoras e transformadoras de conhecimento. Estão em uma fase de crescimento, descobertas e transformações. Cada ensinamento que um professor passar à uma criança nesta etapa de vivencia escolar, será carregado para uma vida toda, o cuidar e educar na educação infantil caminham juntos em constância, pois, uma criança que é cuidada e ensinada com carinho e devoção, se torna um ser humano, mais humano e mais capaz de transformar o meio social em que vive.
2.2. AS IMPLICAÇÕES DO ATO DE BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 A 6 ANOS.
O significado de brincar é muito mais complexo do que as definições encontradas nos diversos dicionários existentes. Aurélio (2003, p. 12) define o brincar como “divertir-se, recrear-se, entreter-se, distrair-se, folgar”. Tal gesto também pode ser, segundo o dicionário Michaelis (2012, p. 17), “entreter-se com jogos infantis e divertir-se fingindo exercer atividades cotidianas do dia a dia adulto”. Ou seja, brincar é algo muito presente na vida do ser humano, ou pelo menos deveria ser.
Segundo Oliveira (2000), o brincar não significa apenas divertir-se sem fundamento e razão, caracterizando-se como uma das formas mais complexas da criança em comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento dá-se por meio de trocas experimentais mútuas estabelecidas durante toda sua vida. Assim, através do brincar, a criança pode desenvolver capacidades importantes, como, por exemplo, a atenção, a memória, a imitação, a imaginação, entre outros, que propiciam à criança o desenvolvimento de determinadas áreas da personalidade, a saber: afetividade, motricidade e inteligência, sociabilidade e criatividade.
Em sua teoria, Vygotsky (1998) partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com os outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, mediadas por ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a brincadeira infantil assume uma posição privilegiada para a análise do processo de constituição do sujeito, rompendo com a visão tradicional de que esta é uma atividade natural de satisfação de instintos infantis. Aquele autor ainda se refere à brincadeira como uma maneira de expressão e apropriação do mundo das relações, das atividades e dos papéis dos adultos. A capacidade para imaginar, fazer planos, apropriar-se de novos conhecimentos, surge, nas crianças, através do brincar. A criança, por intermédio da brincadeira, das atividades lúdicas, atua, mesmo que simbolicamente, nas diferentes situações vividas pelo ser humano, reelaborando sentimentos, conhecimentos, significados e atitudes, podendo, assim, preparar-se para a vida e seus diversos desafios, sem ter diretamente vivenciado as situações em si.
Diante das referidas situações, Kishimoto (1998) afirma que ao brincar, a criança não está preocupada com os resultados da brincadeira – fato possível de ser observado durante e depois da brincadeira. O que a impulsiona a explorar e descobrir o mundo é o prazer e a motivação que surgem da necessidade de aprender através dos exemplos dos pais, amigos ou pessoas próximas, desde que seja está uma de seus atuais referenciais de comportamento de mundo. Segundo o Referencial Curricular Nacional (RCN) da Educação Infantil:
Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos (BRASIL,1998, p. 27).
Ou seja quando a criança se coloca no lugar de um adulto, por exemplo, ela está dramatizando a sua própria realidade, realidade está que muitas vezes vem carregada de violência assim como de muito amor. A criança vai adquirindo e desenvolvendo sua identidade baseada na vivencia do seu cotidiano. Ser criança também é uma fase de grandes conflitos internos, muitas crianças não em seu emocional trabalhado de acordo com o que prega a BNCC e tantos outros estudiosos e pesquisadores. É aí que a escola entra com a função de mediadora do entendimento de sentimentos e emoções. Nesta etapa da vida do ser humano, a escola assim como, a professora diretamente, faz um papel extraordinário na formação da criança, com atividades de cuidados e zelo, mediante brincadeiras e o lúdico, a escola/professor consegue ampliar a demonstração dos sentimento da criança.
Como a escola organiza seu espaço, pode interferir diretamente nas
aprendizagens infantis, para Oliveira (2010 p. 197-198):
A criança, desde cedo, reconhece o espaço físico ou atribui-lhe significações, avaliando intenções e valores que pensam ser-lhes próprios. Daí a importância de organizar os múltiplos espaços de modo que estimulem a exploração de interesses, rompendo com a mesmice e o imobilismo de certas propostas de trabalho de muitas instituições de educação infantil. O que importa verificar não são as qualidades ou aspectos do ambiente, mas como eles são retratados pelo prisma da experiência emocional da criança e atuam como recurso que ela emprega par agir, explorar, significar e desenvolver-se.
O ambiente proposto pela escola à uma criança pode ser aliados a uma boa e eficaz rotina de aprendizados e conquistas, como traz Oliveira (2006, p. 135) onde nos diz que os ambientes disponíveis criam variações nas rotinas, e estas também marcam momentos de deslocamentos especiais, isto é, da passagem de um ambiente para outro, da adaptação ao novo ambiente e a sua organização após o uso. O que ela quer dizer é que existi a necessidade de em uma escola haver diferentes espaços, destinados à encontros de diferentes faixas etárias, ação individual ou coletiva, lugares espaçosos, locais para atividades em grupo, lugares para dormir ou descansar, para trocar-se ou limpar-se, local arejado e adequado para a alimentação. Ter rotina também implica do cuidar e brincar na vida de uma criança que está em fase de descobertas e formação de identidade.
O ato de amor e o carinho que um ser humano adulto transmite à uma criança, seja ela em qual idade for, mas principalmente de 0 a 6 anos, faz com que essa criança entenda que mesmo que o universo conspire ódio e desunião, o amor, o cuidado e o carinho sempre será mais valioso e mais eficaz do que qualquer tipo de violência. A criança aprende que não pode viver a violência, saberá distinguir o está acontecendo consigo diante de uma situação de vulnerabilidade ou ações indevidas para com ela.
Este é o papel de nós educadores comprometidos com a formação de um ser humano crítico e mais humano, na índole da palavra. Transmitir um ato de amor, é algo que transborda afeição e confiança, e quanto mais confiante em si uma criança for, maior será o seu sucesso no meio em que vive.
Quando falamos em cuidar, não estamos somente relacionando ao ato de manter a higiene ou alimentação de uma criança, mas também de dar afeto e zelar por suas emoções. Não basta somente coloca-la para dormir na hora em que tem sono, mas também verificar se este sono está tranquilo ou há algo que lhe aflige. Cuidar é amar com doçura e veracidade, não tem como um profissional simplesmente dizer que cuida, se nem um elo com a criança promoveu. A profissão de educador, na atualidade, requer que sejamos mais sensíveis ao que acontece ao nosso redor, com nossas crianças.
- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
As pesquisas realizadas, para a formulação deste artigo, partiram de estudos em livros, sites, artigos científicos de autores e pesquisadores reconhecidos e renomados no âmbito da educação, que tem comprometimento com o cuidar e o educar do indivíduo enquanto educando, com a inovação e com a transformação e interação social, abrangendo a ética e a responsabilidade com as informações obtidas. É sabido que a pesquisa qualitativa baseia-se na observação de vários relatos de pesquisas de rigor científicos.
Ao falarmos em pesquisa qualitativa, ressaltamos que a mesma nos leva a pensar que apesar da compreensão e do conhecimento absoluto estar fora de nosso alcance, a compreensão e o conhecimento não estão.
A pesquisa qualitativa é então definida, como aquela que privilegia a análise de micro processos através do estudo das ações sociais individuais e grupais, caracterizada pela heterodoxia no momento da análise. Destaca-se a necessidade do exercício da intuição e da imaginação pelo profissional num tipo de trabalho artesanal visto não só como condição para o aprofundamento da análise, para a liberdade do intelectual.
Tendo determinado o método a ser utilizado, foi-se escolhido o tema e o objetivo e, assim deu-se início às pesquisas. Para que o trabalho tivesse coerência e credibilidade, os assuntos que mais interessavam foram inseridos e divididos de forma organizada, contínua e lógica.
É importante salientar que no decorrer de todas as etapas que sucederam esse estudo, sempre houve a preocupação de se priorizar a ética e o respeito a todos os autores estudados e devidamente inseridos e tidos nas e como referências.
- ANÁLISE
4.1. O PAPEL DO PROFESSOR NO ATO DE CUIDAR, EDUCAR E BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFATIL.
A todo momento falou-se no cuidar e o brincar na educação infantil, o que quis se dizer com todo à esta pesquisa, é que o cuidar de uma criança é um ato materno primitivo, zelar pelo bem estar de uma criança que depende de um ser adulto para conseguir sobreviver e dar seus frutos, vai além de dar banho, alimentação, manter a criança limpa e fazê-la dormir, quando se trata de cuidar na educação infantil, enquanto escola, queremos dizer que um professor e/ou profissional da educação, vai ensinar muito mais do que higiene, este professor/profissional vai mediar esta criança para o convívio promissor em sociedade, irá inseri-la no meio em que vive, para que possa ser um cidadão atuante desta sociedade crítica e sagaz.
Quando falamos em brincar na educação infantil, não estamos dizendo que simplesmente iremos colocar a criança em um determinado local e entregar à ela brinquedos estruturados e deixa-la ali sem um proposito, o brincar da educação infantil vai além, disso, ele é um ato de construção do seu imaginário, um momento em que a criança se torna um ser imitante do seu mundo real, este momento de brincar é sempre conduzido e mediado por seu professor com todo o planejamento prévio.
Nunca será simplesmente cuidar por cuidar e, brincar por brincar, sempre teremos um objetivo a será alcançado e avaliado o que deu certo e o que precisamos melhorar, em nós enquanto adulto e mediador de um ser humano dependente de muitas de nossas ações para alcançar o sucesso.
Ao designar-me esta pesquisa, estava em busca de entender como as instituições de creche e educação infantil estão tratando as crianças pequenas e bem pequenas, compreendendo seus 0 a 6 anos, como está sendo todo esse processo de atuação e adequação do que nos traz a BNCC atualmente, a princípio, verifica-se que ainda tem muito a ser alcançado e melhorado, porém, em tão pouco tempo a adequação está sendo relevante, as instituições estão empenhadas em dar o devido valor emocional, estrutural e de transmissão de conhecimentos às essas crianças nesta faixa etária.
Atualmente, as instituições não estão vendo essas crianças simplesmente como clientela, mas sim como serem pensantes, capazes de compreender desde seus primórdios meses de vida, o que lhe é proposto, quando um bebe é cuidado e zelado com amor, carinho e transmissão de conhecimento, ele cresce com mais autonomia e capacidade de se expressar.
Muito tem se falado sobre a repreensão de sentimentos e moções, nós que não fomos trabalhados para expressar o que estamos sentindo em nosso interior, acabamos por desenvolver ansiedade e depressão, enquanto quem consegue soltar suas emoções e dizer o eu aflige está vivendo uma vida saudável, desta forma a criança que está sendo trabalhada suas emoções também se encontra mais saudável e sem frustrações levianas.
Uma criança que é alimentada, tem sua higiene asseada e sua educação garantida, consegue se expressar por meios de gestos e atitudes, quando esta criança está sendo trabalhada e educada com amor e dedicação, consegue se expressar com seus sentimentos aflorados e sem se frustrar por sentir raiva ou ciúmes.
Um item importante verificado nesta pesquisa, foi a questão da rotina estabelecida nas instituições de ensino voltadas a educação infantil e creche, uma vez estabelecida sua rotina a criança adquiri hábitos e costumes, respeitando as regras sem complicações ou negação. Quando é todas as regras e combinados são trabalhados de forma lúdica e rotineira, as crianças adquirem o habito de cumprir sem necessidade de haver repreensão por parte de um adulto. Esses hábitos, fazem com que o aluno leve e transmite isso para seus lares, famílias, meio em que vive e para toda uma vida. Toda criança aprende muito mais rápido e com eficácia quando é ensinada com amor e carinho, uma atividade lúdica transmitida com respeito e acarinho, faz com que o aprender venha por prazer e não por obrigação.
Não é de hoje que tantas estudiosos e pensadores da educação infantil, nos fala sobre o educar com paixão e amor, quando nos relatam isso, querem nos dizer que nossa profissão vai além de explicar o ABC, esta interligada ao amor, zelo e companheirismo entre professor/adulto ao aluno/criança.
É sabido que nosso dia a dia é feito de esperas e regras, onde devemos saber respeitar e cumpri-las, quando isso é trabalhado desde os primórdios anos de vida, é mais simples e menos sacrificante um ser humano adquiri os bons hábitos de convívio social.
Por fim, cada professor tem um papel importantíssimo na vida de seu aluno, e quando esse professor está desenvolvendo seu trabalho na creche ou educação infantil, deve saber que é um espelho para a formação de vida dos alunos que ali estão. Esta é a fase em que o ser humano inicia sua identidade, todos os exemplos que tiver de humanidade será gravado em seu subconsciente, e levará para todo o sempre, quando cuidamos, brincamos e nos importamos com uma criança, enquanto professor, nós criamos um vínculo extraordinário, que dificilmente será quebrado, seremos bons ou maus exemplos, na vida deste aluno, sendo assim, tudo o que de melhor for lhe transmito, melhor formaremos este cidadão.
Somos também um item importante na base de vida de nossos alunos, devemos saber aproveitar esta oportunidade e fazer o melhor para nós e para nossos alunos, levar em consideração todo o valor que temos para garantir a construção do saber.
- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve a finalidade de apresentar reflexões a respeito dos abordados. Todavia, é facilmente possível encontrar várias pesquisas relacionadas aos assuntos aqui mencionados, entretanto, mesmo com estes esforços, ainda podemos verificar que existe uma divisão entre cuidar e educar, e principalmente existe uma desvalorização do brincar, a não organização dos momentos e espaços, entre outros aspectos primordiais na educação infantil.
Um olhar carinhoso de ver ser dado ao ambiente escolar, o mesmo também deve ser organizado de forma estimuladora, possibilitando aos pequenos envolver-se efetivamente, participar e sentirem-se pertencidos aquela espaço. É fabuloso permitir que as crianças brinquem e reaprendam a brincar, criando e imaginando livremente.
O professor deve ser mediador de todo o processo, tendo respeito e diálogo, planejar e conhecer as especificidades e necessidades de seus alunos, proporcionando assim um aprendizado de diferentes situações, deixando o aluno ser o protagonista de toda a ação, e assim os alunos terão a confiança de assumir a resolução de conflitos e problemas, cumprir e aceitar a regras e auxiliar na construção das mesmas, promovendo assim a troca de experiência permitindo as crianças uma integral formação e desenvolvimento de suas capacidades.
O ato de cuidar e educar caminham juntos para uma formação ampla e idônea de um ser humano, quando levamos estas duas linhas de pensamentos e propósitos, conseguimos fazer com que nosso aluno seja um ser amável e se torne capaz de conquistar seus objetivos, e o aprendizado escolar vem como consequência e naturalmente, pois ele adquire o amor pela escola e por aprender.
Um professor de educação infantil, não é apenas um profissional da educação, ele se torna pai, mãe e um anjo da guarda na vida de muitas crianças, principalmente as que estão em situação de vulnerabilidade. Ser mais humano do que técnico traz consequências extremamente positivas na vida de uma criança que está em formação de seu psíquico. A educação infantil é o alicerce para a alfabetização, quando tratada com a importância que tem, esse alicerce se tornará tão firme que seu progresso acadêmico será um prazer e não uma obrigação.
Hoje uma escola não é apenas uma escola, para muitos alunos é um lar, onde encontra além do cuidado físico, o cuidado emocional, o afeto que tanto almeja em sua formação de identidade.
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