Buscar artigo ou registro:

 

COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Gessyca Laborão Ferreira[1]

Poliana de Carvalho Evangelista[2]

 

RESUMO

A presente ideia de trabalho desenvolvido sobre as Competências socioemocionais destaca a importância do ensino socioemocional no processo de ensino e aprendizagem, para que o desenvolvimento integral do sujeito aconteça em todas as esferas, tanto pessoal, social e trabalhista, ou seja, preparar o aluno para a vida social, com capacidades emocionais para lidar com as diferenças, para torná-los cidadãos que sejam capazes de argumentar, expor suas ideias, ter responsabilidade social, empatia, respeito, criatividade, autonomia entre outras habilidades que fazem parte da inteligência emocional. Enfatizando ainda, que quando a criança coloca em prática as competências socioemocionais, melhora a sua aprendizagem, tornando o processo de ensino e aprendizagem mais significativo. Para a fundamentação teórica recorremos sobre os conceitos de Competências Socioemocionais e sua importância no desenvolvimento global da criança, na visão de diversos estudiosos como: Alzina et al, Fonte, Almeida, Bastistella,  Vygotsky e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A metodologia utilizada para pesquisa foi através de livros, revistas eletrônicas, sites de pesquisa e experiências compartilhadas, dando-nos o suporte para a elaboração deste artigo.

 

Palavras-chave: Competências Socioemocionais. Desenvolvimento Integral. Processo de Ensino e Aprendizagem.

 

ABSTRACT:

The present idea of ​​work developed on socio-emotional competences highlights the importance of socio-emotional teaching in the teaching and learning process, so that the integral development of the subject happens in all spheres, both personal, social and labor, that is, preparing the student for social life, with emotional capacities to deal with differences, to make them citizens who are capable of arguing, exposing their ideas, having social responsibility, empathy, respect, creativity, autonomy, among other skills that are part of emotional intelligence. Emphasizing also, that when the child puts into practice the socio-emotional competences, it improves their learning, making the teaching and learning process more significant. For the theoretical basis we resorted to the concepts of Socioemotional Competences and their importance in the global development of the child, in the view of several scholars such as: Alzina et al, Fonte, Almeida, Bastistella, Vygotsky and the National Common Curricular Base (BNCC). The methodology used for research was through books, electronic journals, research sites and shared experiences, giving us support for the preparation of this article.

 

Keywords: Socioemotional skills. Integral Development. Teaching and Learning Process.

 

1 INTRODUÇÃO

 

Muito se questiona sobre o real objetivo da escola, quando se fala sobre qual o papel da escola no desenvolvimento do sujeito, logo, atribuímos a ela o papel de ensinar habilidades que priorizam-se a intelectualidade e o desenvolvimento cognitivo. No mercado de trabalho esse entendimento não é diferente, um bom profissional é considerado aquele com aptidões e habilidades inerentes a profissão. Porém, essa interpretação não é mais aceitável nos dias de hoje.

Sabe-se que além de habilidades cognitivas e procedimentais é necessário preparar as crianças, jovens e adultos para os desafios da sociedade contemporânea, que com inúmeras transformações, exige do ser humano a capacidade de agir com maturidade, responsabilidade social, empatia, criatividade entre outras habilidades para uma boa convivência em sociedade. Essa relação do sujeito com o mundo vai muito além do domínio dessas habilidades, requer do indivíduo competências socioemocionais capazes de assegurar a sua formação integral, para exercer um papel ativo na sociedade, para conviver em grupo, respeitar as diversidades, com capacidade de liderança e aptos a lidar com os desafios da vida profissional.

Nesse sentido, o objetivo deste artigo é mostrar que a combinação de competências cognitivas juntamente com competências socioemocionais no processo de ensino e aprendizagem se configura como formação integral do aluno. 

 

2 COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS E SUA IMPORTÂNCIA NA ATUALIDADE

 

            Vivemos atualmente em uma sociedade cada vez mais competitiva, em que é atribuída ao indivíduo imperiosa necessidade de conhecimentos e de habilidades para lidar com todos os sistemas sociais, que compartilha de uma cultura e costumes de vidas diferentes. Com ritmo acelerado e inúmeras transformações organizacionais e sociais, o estresse, a insegurança, ansiedade, depressão e dificuldade de atenção, são consequências desse mundo globalizado e cada vez mais tecnológico, no entanto estão presente na maioria das pessoas.

Diante das características da sociedade atual, o ser humano é visto em sua totalidade, com um conjunto diverso de valores e não somente competências cognitivas, relacionadas à aquisição de conceitos e procedimentos. Portanto, faz-se necessário instruir e preparar os jovens para os desafios da vida adulta, incluindo os âmbitos, pessoal, social e trabalhista, e isso se dá através da inteligência emocional.

A inteligência emocional é dos pontos importantes de uma pessoa, ter inteligência emocional promove as relações pessoais e de si para si, bem como desenvolve a aprendizagem e contribui para a resolução de problemas propiciando o próprio bem-estar pessoal e social. Segundo Alzina et al. (2019, p. 7):

 

A inteligência emocional é formada por um conjunto de competências relacionadas à capacidade de administrar de forma adequada as próprias emoções e, também, as alheias. Possuir inteligência emocional significa colocar em prática esse conjunto de competências (uma competência é uma série de conhecimentos, capacidades, habilidades e atitudes, necessária para fazer as coisas de maneira efetiva.

 

Os aspectos emocionais e sociais requer do sujeito a capacidade de conduzir e aprender a conviver em grupo, com habilidade de compreensão e de relacionar-se com os outros e com o mundo de forma positiva, considerado essencial para seu bem-estar emocional. Neste sentido:

 

Falar de bem-estar é falar de se sentir bem consigo mesmo e com os demais. Geralmente uma pessoa se sente bem quando está saudável, quando desfruta com outras pessoas (amigos, família) e quando é aceita socialmente. O bem-estar é algo diferente para cada pessoa, depende em grande parte da forma de ver e valorizar o que nos rodeia (pessoas, objetos, acontecimentos). No próprio bem-estar emocional, cada um tem um papel importante; existem alguns recursos, habilidades e pequenos truques que cada um pode colocar em prática para assim se sentir melhor. (ALZINA et al. 2019 p. 154).

 

Dessa maneira, educar as emoções é fundamental, para que crianças, jovens e adultos coloquem em prática melhores atitudes para resolver as questões da vida cotidiana, do mundo do trabalho, participar conscientemente na sociedade, exercendo a sua cidadania e o seu desenvolvimento pessoal. Por isso, as Competências Socioemocionais têm um papel importante na formação intelectual de uma pessoa, para que ela possa lidar com as próprias emoções, administrar suas ações, definir metas e atingir objetivos, tanto nas dimensões atitudinal e relacional. “As competências socioemocionais incluem a capacidade de cada um lidar com suas próprias emoções, desenvolver autoconhecimento, se relacionar com o outro, de ser capaz de colaborar, mediar conflitos e solucionar problemas.” (CASARIN, 2020).

            Essas habilidades são usadas no nosso cotidiano de forma constante e fazem parte do processo de desenvolvimento de uma pessoa como um ser integral, tanto no aspecto subjetivo, profissional e como cidadão. As aptidões enfatizadas nas competências socioemocionais são habilidades que uma pessoa pode aprendera exercitar, ensinar e ajuda a cultivar novas competências cognitivas.

As competências socioemocionais são diversas e essenciais para formação integral do indivíduo no século 21 dentre elas estão: a criatividade, empatia, pensamento crítico, curiosidade, coragem, colaboração, ética, liderança, resiliência, tolerância dentre muitas outras. “As competências emocionais são atitudes, capacidades, habilidades e conhecimentos necessários para compreender, expressar e adequar de forma apropriada nossas emoções.” (ALZINA et al. 2019 p. 7).

A temática sobre as funções e a importância das competências socioemocionais ganhou destaque no mundo a partir da década de 1990. Com a origem do Paradigma do Desenvolvimento Humano, recomendada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e através da publicação do Relatório Jacques Delors, organizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO), que apontou as aprendizagens essenciais para o desenvolvimento do indivíduo, conhecido como os quatro pilares da educação para o século XXI, a teoria propõe um sistema de ensino fundamentado em: (I) aprender a conhecer, (II) aprender a fazer, (III) aprender a ser e (IV) aprender a conviver.

Esses estudos representaram um passo significativo para a discussão sobre a importância de uma educação completa, que considere o ser humano em sua plenitude, tornando-se inseparável a relação entre desenvolvimento socioemocional e desenvolvimento cognitivo.

 

Promover uma educação voltada para o desenvolvimento das competências socioemocionais é formarmos seres humanos que consigam compreender o todo em vez das partes, saibam resolver conflitos, tenha criatividades para se reinventar diante das crises e conseguir superá-las. (FONTE, 2019, p. 87).

 

No Brasil, embora tenha algumas iniciativas mais isoladas, o tema adquiriu proporções atuais somente na última década. No entanto, o ensino e a aprendizagem socioemocional, tornaram-se um elemento importante com sua inclusão na BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

 

3 O ENSINO SOCIEMOCIONAL NA BNCC

 

A BNCC é um documento normativo da Educação que direciona os currículos escolares da Educação Básica com orientações pedagógicas e inclusivas, que visa garantir aprendizagens fundamentais para o desenvolvimento integral do aluno, é importante destacar que o guia não sugere um currículo unificado, atribuindo autonomia dos Estados e Municípios na elaboração de suas propostas pedagógicas

Em todas as etapas da educação básica ( Educação infantil, fundamental e médio), o documento tem como objetivo assegurar dez competências gerais que deverão ser trabalhadas e adquiridas ao longo dos anos escolares, articulando conhecimentos e habilidades cognitivas juntamente com o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, abrindo espaço para o “ensinar a pensar” e não somente adquirir conhecimentos puramente de caráter cognitivo, mas também socioemocional.

 

Na BNCCcompetência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BNCC, 2018, p.8).

 

            As Competências socioemocionais estão destacadas nas dez competências gerais, entre os objetivos de aprendizagem estão incluídas o desenvolvimento de competências para formação de atitudes e valores, para que o aluno construa sua independência e autonomia, enfim, aprenda a administrar as próprias emoções para agir com responsabilidade, discernimento nos diversos contextos sociais, formando sujeitos socialmente competente criativo, crítico e reflexivo.

As dez competências gerais empregada pela BNCC devem ser asseguradas em todas as etapas e modalidades da Educação Básica, garantindo ao aluno de forma progressiva aprendizagens essenciais, dessa forma conclui-se que o ensino socioemocional deve estar em todas as instituições de ensino brasileiras.  Essas competências vão transpassar todos os eixos do processo ensino-aprendizado, e podem ser organizado em três grandes grupos (Competências ligadas ao conhecimento; Competências ligadas às habilidades e Competências ligadas a atitudes e ao caráter), esta última refere-se claramente ao caráter, atitudes e comportamentos do sujeito. Confira as 10 competências gerais da Educação Básica.

Competências ligadas ao conhecimento:

 

  1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
  2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
  3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. (BNCC, 2018, p, 9):

 

            Competências ligadas às habilidades:

 

  1. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras,e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
  2. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
  3. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-sede conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. (BNCC, 2018, p, 9):

 

Competências ligadas a atitudes e ao caráter:

 

  1. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
  2. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
  3. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, cultura se potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
  4. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. (BNCC, 2018, p, 9):

 

As competências ligadas ao conhecimento e as habilidades socioemocionais da BNCC, devem ser trabalhadas de forma articulada e transversal com o compromisso da educação integral do aluno. Nesse contexto, visando tanto à formação cognitiva e afetiva. Neste sentido, ter um olhar diversificado, singular e total da criança, do jovem e do adulto, de modo a respeitar o contexto em que aluno está inserido, reconhecendo-os como sujeitos de aprendizagem, proporcionando uma educação direcionada para o acolhimento, para o desenvolvimento integral, respeitando e valorizando suas especificidades e diversidades, pois, a escola é um ambiente democrático, inclusivo e socializador, que deve fortalecer a construção de atitudes de valores e respeito às diferenças.

Um dos maiores desafios do ensino socioemocional é preparar professores capazes para formar alunos/cidadãos emocionalmente inteligentes. Pois, é comum no ambiente escolar depara-se com educadores desmotivados, e que não dão importância as habilidades socioemocionais, sendo esse um dos fatores que configuram um grande desafio, pois competências socioemocionais, não se ensinam como disciplina pedagógica é necessários professores emocionalmente inteligentes. Para Fonte (2019, p.14):

 

É necessário abrir espaço em aula para que os alunos falem de medos, angustias, projetos e pesadelos. Devem-se ouvir crianças e jovens, valorizar suas falas e incentivá-los a sonhar e lutar pelos seus sonhos. Nesse instante, aprendemos com os demais, fortificamo-nos nas histórias de cada um, nas trocas de experiências, geramos cumplicidade, criamos vínculos.

 

            Ainda segundo a autora, todos nós possuímos limitações e temos momentos falhos enquanto pessoa e educador, o que não deve ser motivo de vergonha, ao contrário, muitas vezes diante dessas circunstâncias é que afloramos a sensibilidades ou nos tornamos indiferentes, e cabe a nós escolher.

 

3.1 COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

 

            A aprendizagem é o ato ou processo pelo qual tem uma mudança no comportamento. Conhecimentos, habilidades e atitudes são adquiridas. Segundo Coelho (2020), o termo “aprendizagem” destaca a pessoa na qual a mudança acontece ou espera-se acontecer.

            As competências socioemocionais estão presentes na aprendizagem de cada criança, auxiliando na sua formação como cidadão e aprimorando o seu desenvolvimento social. Tais habilidades se processam na interação do ser humano e de seu meio. Estas competências são desenvolvidas ao longo da vida, da infância à idade adulta. “Para alguns, serão habilidades construídas naturalmente, para outros será necessário um esforço contínuo”. (JONES et al, 2013).

            Segundo Almeida (2019), “as competências socioemocionais tem se tornado, de fato, o coração da proposta de educação contemporânea, sobretudo em tempo de BNCC” (Base Nacional Comum Curricular)”.  

            Segundo a BNCC, as crianças que aprendem essas competências socioemocionais vão crescer tendo consciência de quem são, dos pontos fortes que tem para colaborar com a sociedade e de como podem trabalhar para desenvolver essas áreas. Por isso, deve ser trabalhada transversalmente em conjunto com a escola.

            Desta forma, ambientes escolares ricos em significados e interativos estimulam áreas específicas, o que facilitará a sua aprendizagem. É um processo na qual a criança se apropria ativamente do conteúdo de experiência humana, daquilo que o seu grupo social conhece. Segundo Oliveira, 2014:

 

A aprendizagem faz referência á aquisição cognitiva, física, emocional e ao processo de habilidades e conhecimentos em várias profundidades, ou seja, o quanto uma pessoa é capaz de compreender, manipular, ampliar ou comunicar esse conhecimento e essas habilidades.

 

             Através de suas relações interpessoais, irá se apropriando de conhecimento sobre o mundo em que vive, desta forma, serão sujeitos do próprio mundo, tendo transformações e modificações, possibilitando uma aprendizagem significativa, o que acarreta uma construção de conhecimento e sociabilização com responsabilidades.

            As competências socioemocionais ganharam destaque na aprendizagem das crianças em uma sociedade cada vez mais dinâmica e desafiadora. O professor como mediador da aprendizagem orienta ações práticas, no sentido de favorecer a relação com os mediadores, potencializando sua capacidade de investigação, observação e experimentação, além da curiosidade, o que permite às crianças realizar novas descobertas.

            Para Morgana Bastistella, “quando ensinadas ainda na etapa escolar e bem trabalhadas, essas habilidades permitem que o aluno consiga entender e agir de forma mais preparadas diante das mudanças, incerteza e complexidade da sociedade moderna.” Neste contexto, com o desenvolvimento dessas habilidades, as crianças estarão mais preparadas para conflitos e descobertas que estimularão sua aprendizagem.

O ensino socioemocional quando trabalhado na escola, apresentam reflexos positivos em diferentes esferas: o escolar, social e trabalhista.

 

Na esfera escolar: Alunos mais respeitosos e protagonistas de sua própria aprendizagem. A diminuição da indisciplina em sala de aula e bullying, além da melhoria no desempenho escolar, representam as vantagens da formação focada nas habilidades socioemocionais. Na esfera social: Cidadãos que sabem conviver e respeitar as diferenças e as diversidades. Por meio do socioemocional, o indivíduo aprende a agir com prudência e responsabilidade e a lidar de forma correta com a interação promovida pela cultura digital. No trabalho: Profissionais proativos e dispostos a solucionar situações aflitivas. Com o desenvolvimento as habilidades socioemocionais, há a formação de pessoas aptas à liderança e a lidar com os desafios da vida profissional. (SISTEMA MAXI DE ENSINO, 2020 p.5).

 

            A família é considerada a primeira instituição social responsável pela efetivação dos direitos básicos das crianças. É a família quem primeiro proporciona experiências educacionais à criança, no sentido de orientá-la em suas ações. Segundo Schimtz (1994, p.41), “a família é o primeiro ambiente humano natural em que o homem nasce se cria se educa e se realiza”.

            O professor tem a capacidade de estimular no aluno o conceito de habilidade que irá usar o conteúdo e com isso irá ter uma atitude.

 

Escolher e modular as atividades de aprendizagem é uma competência profissional essencial, que supõe não apenas um bom conhecimento dos mecanismos gerais de desenvolvimento e de aprendizagem, mas também um domínio das didáticas das disciplinas. (PERRENOUD 2000, p.48).

 

            Para Vygotsky, o papel do professor consiste em guiar a criança enquanto fornece as ferramentas adequadas para que seu desenvolvimento cognitivo ocorra de forma mais apropriada, tendo assim a função de transmitir o conhecimento para o indivíduo.

            Vale ressaltar que o profissional precisa ter informações bem construídas em sua área de atuação, além de se manter em constante atualização, buscar informações e aprender a selecioná-las são novas habilidades que o educador não pode deixar de desenvolver.

Na condição de educadores, estes precisam estar atentos ao fator afetivo na relação entre professor e aluno, pois correm o risco de trabalhar em sala de aula apenas os aspectos cognitivos, deixando de lado, a incumbência de trabalhar a constituição intrínseca do sujeito, que abrange valores, caráter, essenciais para seu desenvolvimento integral. Neste sentido o ideal é que no processo de ensino e aprendizagem, se estabeleça uma interação entre educador e educando, compartilhando ideias, sentimentos, o cultivo do diálogo respeitando a diversidade de pensamentos.

            Os aspectos socioemocionais são relevantes por capacitarem as pessoas a buscarem pelo seu ideal, para que possam ter tomadas de decisões, estabelecendo e persistindo nos seus objetivos e sua autonomia. Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) reforçam que quando a autoestima é estimulada, esta desenvolve o sentimento de segurança em relação as suas próprias capacidades, interagindo com o modo orgânico, sendo assim capaz de atuar em níveis de interlocuções mais complexos e diferenciados.

            Valorizar e desenvolver essas habilidades não significa rejeitar a importância dos conteúdos curriculares tradicionais, mas ampliar um leque de apoio para os profissionais do âmbito escolar, podendo exercer e planejar ações mais eficientes.

            Pesquisas realizadas com estudiosos da psicologia, educação, entre outros comprovam que pessoas mais confiantes, organizadas e focadas tendem aprender cada vez mais, pois se comprometem com os objetivos de aprender e desenvolver-se sem conflitos e frustrações.

            Por isso, a escola busca constantemente realizar diálogos permanentes nos projetos de maneira interdisciplinar, na busca de um ensino de qualidade e uma melhora na aprendizagem de cada aluno. Os profissionais no ambiente da sala de aula ampliam essa aprendizagem, promovendo o respeito com o outro e valorizando suas diversidades. Ademais, o contato direto com o aluno desenvolve habilidades e atitudes que serão conhecimentos aplicados em ambos.

 

Há evidências de que o ambiente da sala de aula tem maior impacto na aprendizagem do aluno que o ambiente escolar, o que aumenta a importância da aplicação de programas ou intervenções para ampliar as habilidades socioemocionais do professor como uma maneira de se melhorar a qualidade do ensino (KARIMZADEH, 2014).

 

            Os professores também precisam ter essas habilidades, pois eles são mediadores no processo de ensino-aprendizagem, em que o aluno se espelha no professor vendo suas atitudes e reconhecendo suas habilidades. “Professores com mais habilidades socioemocionais mostram-se mais eficientes no ensino, assim como a melhora destas habilidades está relacionada ao aumento da competência em ensinar” (KARIMZADEH, 2014).

            Portanto, a atuação do professor em sala de aula deve levar em conta fatores sociais e culturais, bem como a história educativa de cada um, visando sua aprendizagem. As instituições podem apoiar o desenvolvimento dessas competências com um grande auxilio nas práticas de ensino e oferecer mais oportunidade para o desenvolvimento dessas competências. Vale ressaltar, que o convívio social é desde sempre uma forma de socialização entre os alunos, família e sociedade, por isso, as crianças irão apresentar concepções sobre o que necessitam para viver no meio em que são inseridos.

            Na sala de aula, o professor deve oferece possibilidades e oportunidades para que cada um identifique e desenvolva habilidades, tanto cognitiva, quanto afetiva e social. As competências socioemocionais serão trabalhadas em conjunto, sendo importante destacar que as experiências vivenciadas pelas crianças ou jovens é relevante para sua aprendizagem, desde atividades que eles se expressam.

            Segundo Fonte, (2019, p. 19), “Nas escolas devem valorizar mais os sentimentos, aprendendo a lidar com eles, respeitando as diferenças, olhando o outro com carinho e não com impaciência ou desprezo, dia após dia em pequenas ações, em exemplos reais e concretos”.

            Para o Sistema Maxi de Ensino, (2020) é preciso ter em mente que a dimensão socioemocional está intimamente ligada ás experiências do indivíduo em um ambiente coletivo (casa, escola, grupos de amigos e família). Por isso, espaços acolhedores no ambiente escolar garantem uma melhor interação, convivência e diálogo entre os alunos. E ainda destaca algumas sugestões que estimulam o aprendizado, organizado por etapa escolar:

            Na Educação Infantil: as atividades devem ser contação de histórias, música e atividades físicas. Piqueniques também podem fazer parte do planejamento, isso é bom para uma boa socialização.

            Aos anos iniciais no Ensino Fundamental: investir em produções coletivas de conhecimento, como leituras escolhidas pelos os alunos;

            Anos finais do Ensino Fundamental: Envolvendo a família e os professores, promover o hábito da leitura vinculada ao uso de tecnologia e ouvir sugestões dos estudantes ampliando o repertório de conhecimento.

            Ensino Médio: Instigar reflexões sobre políticas sociais e ambientais, carreira e profissão estimulando a interação dos estudantes com a comunidade a partir dos problemas sociais ou ambientais.

 

Alunos e professores podem se tornar seres humanos sem fronteiras. As aulas podem ser variadas, com atividades diferenciadas que valorizam a peculiaridade de cada ser, afinal de contas, cada um tem a sua maneira de aprender e o seu próprio ritmo. (FONTE, 2019, p.15).

 

Portanto, promover atividades relacionadas com uma aprendizagem mais produtiva é relevante para a formação do indivíduo. Pensar no outro é essencial para compreender as situações que cada um convive. A escola estabelece convivência, processo essencial de socialização para desenvolvimento psicossocial.

 

3 CONCLUSÃO

 

De modo geral, o cenário educacional foi visto meramente conteúdista e com metodologias tradicionais. Uma educação em uma sociedade avançada é extremamente importante para a formação do indivíduo. As novas competências e habilidades atribuídas ao desenvolvimento humano têm como influência nos resultados educacionais e profissionais elevando a possibilidade de sucesso no mundo do trabalho e dos estudos.  O foco nessas habilidades acarreta para a vida uma totalidade que inclui essa esfera trabalhista e social.

            As competências socioemocionais são relevantes por auxiliar as pessoas a buscarem o que desejam: adotarem decisões, estabelecerem objetivos e persistirem no seu alcance mesmo em casos adversos de modo a serem protagonistas do seu próprio desenvolvimento.

Sem sombra de dúvida somos rodeados por informações de todos os lados, e isso, de certa forma, deixa as pessoas mais ansiosas, estressadas ou até mesmo sem ânimo. Por isso, no ambiente escolar, em casa ou no trabalho haverá cidadãos que consigam viver e respeitar as diferenças e as diversidades por meio do socioemocional. Onde há diversidades em um mesmo conjunto, pessoas com diversas culturas e hábitos serão profissionais dispostos a solucionar situações para ajudar ao próximo.

            Quando desenvolvido na escola, esse preparo emocional, além de edificar o pensamento autônomo, formam alunos capazes de resolver conflitos de forma ética, se colocando no lugar do próximo. Na aprendizagem, essas habilidades e competências são visíveis, pois elas estimulam o desenvolvimento e o raciocínio do indivíduo tornando o sociável e afetivo.

            Portanto, buscar no ambiente escolar criar experiências agradáveis para que esta possa garantir mais relevância nos conteúdos facilitando sua aprendizagem é desenvolver essas competências e habilidades no auxílio da aprendizagem, afetividade, criticidade etc. A criança, jovem ou adulto saberá lidar com frustrações, anseios e medos, por isso um ambiente acolhedor vai instigar um bom desenvolvimento seja ele global ou afetivo.

 

REFERÊNCIAS

 

ALZINA, Rafael Bisquerra. Atividades para o desenvolvimento da inteligência emocional nas crianças. 1. ed. Barcelona: Ciranda Cultural, 2009.

 

________ A didática por trás do ensino socioemocional: pedagogia afetiva. Disponível em: <https://www.sistemamaxi.com.br/wp-content/uploads/2019/09/A-didatica-por-tras-do-ensino-socioemocional-Maxi.pdf?utm_campaign=resposta_automatica_ da_landing_page_lp_ e-book_-_a_didatica_por_tras_do_ensino_socioemocional_pedagogia_ afetiva&utm_medium=email&utm_source=RD+Station>. Acesso em 29 julho 2020.

 

______. Educação para o Século 21. Disponível em: <https://socioemocionais.porvir.org/>.  Acesso DIA 30 abril 2020.

_______O que são as competências socioemocionais? Disponível em: https:// sae.digital /competencias-socioemocionais/>. Acesso em 17 maio 2020.

 

ALMEIDA, G. P. (19 de Novembro de 2019). 1 Vídeo (10:00). As Competências Socioemocionais. Disponível em: <https://www.facebook.com/geraldopecanhadealmeida/ vídeos/803592306766189/?t=0>. Acesso em 21 maio de 2020.

 

BASTISTELLA, Morgana. A hora e a vez das competências socioemocionais. O papel da escola e do professor na formação integral do aluno. Disponível em:<http://conteudos.sistemamaxi.com.br/lp-e-book-a-hora-e-a-vez-das-competencias-socioemocionais>. Acesso em 09 maio 2020.

 

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC): Educação é a Base. Brasília. MEC/CONSED/UNDIME, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br /images/BNCC_EI_EF_110518_ versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 25 março 2020.

 

CASARIN, Tonia. Educação mais humana: o que são competências socioemocionais?

 

COELHO, Maria José. Princípios da Andragogia como ferramenta para a criação de um ambiente transformador nas organizações. Disponível em: <https://silo.tips/download/principios-da-andragogia-como-ferramenta-para-a-criaao-de-um-ambiente-transforma>. Acesso em 23 de maio de 2020.

 

Disponível em: <https://www.caiodib.com.br/blog/o-que-sao-competencias-socioemocionais>. Acesso em 21 maio 2020).

 

 

FONTE, Paty. Competências socioemocionais na escola. Rio de Janeiro. Wak editora, 2019.

 

JONES, S, M. Bouffard,S. M., & Weissbourd, R. (2013). Educators’ social and emotional skills vital to leraning. Phi Delta Kappan, 94 (8_, 62-65. Disponível em: <https://doi.org/10.1177/003172171309400815>. Acesso em 18 de Maio de 2020.

 

KARIMZADEH, M., Salehi, H., Embi, M. A., Nasiri, M.,& Shojae, M.(2014). Teaching efficacy in the classroom: Skill based training for techers’ empowerment. English Language Teaching, 7 (8), 106-115. Disponível em: <https://doi.org/10.5539/elt.v7n8p106

 

OLIVEIRA, Fernanda Germani de. Psicologia de educação e da aprendizagem/ Indaial: Uniasselvi, 2014.

 

Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais/ Ministério da Educação. Secretario da Educação Fundamental.-3 ed.- Brasília: A Secretaria, 2001.

PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar/ Philippe Perrenoud; trad. Patrícia Chittoni Ramos- Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

PINTO, Diego de Oliveira. Competências socioemocionais na BNCC: conheça cada uma delas para educação infantil. Disponível em: <https://educacaoinfantil.aix.com.br/ competencias-socioemocionais-na-bncc/>. Acesso em 08 maio 2020.

 

RIBEIRO, Betina. O que a BNCC diz sobre o ensino socioemocional? Disponível em : <https://www.sistemamaxi.com.br/o-que-a-bncc-diz-sobre-o-ensino-socioemocional/>. Acesso em 17 maio 2020.

Vygotsky, Teorias de Aprendizagem. Disponível em: <https://educacaoinfantil.aix.com.br/teoria-de-vygotsky/>. Acesso em 11 maio 2020.

 

 

 

[1] Autora: Graduada em Pedagogia, pela UNIFMA – União das Faculdades  de Mato grosso. Professora na rede Municipal de Ensino de Terra Nova do Norte – MT. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..

[2] Autora: Graduada em Pedagogia, com Especialização em Educação Infantil e Anos Iniciais pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI. Professora na rede Municipal de Ensino de Terra Nova do Norte - MT. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo..