Buscar artigo ou registro:

 

PSICOLOGIA ESCOLAR

Raimunda Josefa Paulino

Vanessa Ramos

 

APRESENTAÇÃO PESSOAL - ÂNDREA PENO SILVA

Aluna 6º semestre de Psicologia, professora de Arte na rede Estadual de Educação, com grandes expectativas no curso de Psicologia. Curso esse que vem tentando concluir desde seu início, em 2014. Grandes dificuldades em termos pessoais têm ocorrido neste percurso árduo em conciliar trabalho e estudos. Nesta faze de estágio escolar foi possível verificar as contribuições da Psicologia nas instituições de ensino, mas também as dificuldades em desenvolvê-la.

 

RESUMO:

O psicólogo escolar na instituição de ensino, tem como objetivo principal, contribuir para melhoria da instituição nos conhecimentos dispostos pelo profissional. Nesse contexto foi realizado o estágio supervisionado, em uma instituição de ensino com grupo operativo de adolescentes, com o objetivo de dialogar sobre assuntos referentes à fase da adolescência, através da técnica de grupos operativos a luz de Pichon Rivierè e Henri Wallon. Intervenção que visou contribuir para a melhora na relação professor aluno, aluno instituição. Queixa identificada no estágio de observação. Cada campo de atuação do profissional dentro da instituição de ensino engloba desafios para o mesmo, tornando necessário o uso de conhecimento técnico do profissional, para que o objetivo da instituição, que é repassar os conhecimentos históricos, sociais e culturais, sejam concluídos podendo todos os envolvidos na relação escolar se beneficiarem deles. Com a atuação do profissional de Psicologia dentro da instituição de ensino, esperou-se contribuir através do uso do conhecimento teórico e prático, para que o objetivo da instituição, que é repassar os conhecimentos históricos, sociais e culturais, seja concluído podendo todos os envolvidos na relação escolar se beneficiarem deles.

Palavras-chave: Estágio. Psicologia Escolar.

 

RELATÓRIO DESENVOLVIDO NA UNIDADE ESCOLAR

 

INTRODUÇÃO

 

Este trabalho busca apresentar uma experiência de estágio com um grupo operativo de adolescentes para dialogar sobre assuntos referentes à fase da adolescência, através da técnica de grupos operativos a luz de Pichon Rivierè e Henri Wallon.

Construiu-se um espaço de reflexão capaz de propiciar rompimento de tabus, enfrentamento de conflitos, bem como proporcionar um ambiente de troca de experiências, promover saúde e facilitar a identificação de obstáculos que fazem parte dessa fase da vida. Neste contexto realizou-se uma pesquisa-ação, com grupo de dez alunos do nono ano do ensino fundamental, com idades entre 14 e 16 anos. Os encontros ocorreram em uma escola estadual da cidade de Tangará da Serra, Mato Grosso.

A intervenção foi realizada, em encontros semanais com dinâmicas de grupo e escuta. Juntamente com as conversas foram realizadas dinâmicas em que apareceram particularidades sobre os sentimentos dos integrantes, onde trouxeram não apenas de maneira verbal o que realmente sentiam, mas expuseram seus sentimentos e desejos, de maneira espontânea e agradável.

A proposta de trabalho/grupos operativos com adolescentes foi a escolha para intervenção, porque é nesta fase que começam a se evidenciar os conflitos em relação a seu corpo, sentimentos e identidade. A importância deste trabalho está em promover o pensamento crítico e a reflexão de alguns assuntos que norteiam o cotidiano dos jovens.

 

CONTEXTUALIZAÇÃO

 

Bee (1997) situa a adolescência como um período que está entre a meninice e a vida adulta, trata-se de uma fase de transição em que ocorrem modificações físicas, mentais e emocionais, para o indivíduo vir a tornar-se adulto. Esse momento difere entre as sociedades e entre os indivíduos em uma cultura.

O presente relato busca apresentar a experiência de estágio com grupo operativo de adolescentes, para dialogar sobre assuntos referentes à fase da adolescência, través da técnica de grupos operativos a luz de Pichon Rivierè e Henri Wallon. Neste sentido buscou-se construir um espaço de reflexão capaz de propiciar rompimento de tabus, enfrentamento de conflitos, bem como proporcionar um ambiente de troca de experiências, promover saúde e facilitar a identificação de obstáculos que fazem parte dessa fase da vida.

Iniciamos o grupo esclarecendo o contrato de trabalho e estabelecendo o rapport. Neste momento salientamos alguns aspectos importantes para o bom funcionamento do grupo, como: o sigilo, a assiduidade, a pontualidade, o comprometimento com as atividades propostas, a liberdade deles em expressar o que pensam e a programação dos dias e horários.

No primeiro encontro iniciaram-se os grupos com a dinâmica “O que é ser adolescente?”, atividade essa que teve como objetivo estimular a sensibilidade em relação aos estados emocionais e físicos do medo, e estimular a criatividade partir da necessidade de imaginar maneiras diferentes de comunicar conceitos abstratos.

Segundo encontro - foi desenvolvido “Meu crachá”, com o objetivo de facilitar o autoconhecimento, promover a integração grupal, onde cada um escreveu seu nome e criou um símbolo que o represente.

Terceiro encontro – trabalhado a imagem e a fantasia que o adolescente cria em relação a família, com a dinâmica “Imagens Familiares”, o objetivo foi compartilhar as percepções sobre a família.

Quarto encontro - discutido os valores a partir das vivências individuais, das trocas interpessoais e da cultura em que se está inserido. Foi proposto para isso a dinâmica “Valores- Concordo/Discordo”, com o objetivo de discutir temas como: trabalho, família, etnia, preconceito, papéis de gênero, sexualidade, religião, expressar crenças e preconceitos ligados a esse tema, exercitar a iniciativa e a tomada de decisão.

Quinto encontro – reflexão sobre o processo de crescimento, suas perdas e ganhos. Crescer significa abrir mão de antigas formas de ser e estar no mundo. Dinâmica “Perdas e Ganhos na Adolescência”, objetivo dessa dinâmica foi refletir a adolescência, seus ganhos e suas perdas, descobrir diferenças e semelhanças, entre as experiências individuais.

Sexto encontro – procurou-se perceber o nível de informação do grupo sobre alguns aspectos da sexualidade, na reconstrução de conceitos e informações distorcidas. Dinâmica “Ouvi Dizer que...”, objetivo levantar as dúvidas, tabus e informações do grupo em relação a sexualidade.

Sétimo encontro - Através dessa atividade, o adolescente pode refletir sobre a sua escolha profissional e sobre suas características, interesse e projetar-se no futuro, revelando expectativas, fantasias e idealizações acerca do exercício profissional. Dinâmica - “Delineando Área de Interesse”, o objetivo foi identificar áreas de interesse, levando expectativas em relação a escolha profissional.

Oitavo encontro – como última atividade foi trabalhado o que causa boa impressão em uma entrevista de emprego. Dinâmica - “Entrevista de Trabalho”, objetivo de identificar comportamentos e atitudes adequados a uma entrevista de solicitação de emprego. Neste mesmo dia foi feito uma roda de conversa sobre as atividades realizadas com os adolescentes, para verificar o grau de relevância da intervenção em grupo. Os que falaram relataram que gostaram, que esses dias de encontro foram muito importantes para suas vidas, porque foram ouvidos.

 

OBJETIVOS

 

Instruir, esclarecer, orientar e sensibilizar alunos adolescentes do ensino fundamental, para que compreendam e saibam lidar com mais clareza com seus conflitos da adolescência e em especial com papel de aluno na instituição de ensino.

 

METODOLOGIA

 

A metodologia de pesquisa que norteou este trabalho foi a pesquisa-ação. A pesquisa-ação, segundo a definição de Thiollent (1985, p. 14, apud Gil, 2008, p. 30):

 

"... é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos do modo cooperativo ou participativo."

 

A presente pesquisa social foi realizada em instituição pública Estadual de Ensino, localizada na zona urbana, que atende cerca de 250 alunos do ensino fundamental, sendo, 95 alunos no matutino (4º, 6º, 7º, 8º e 9º ano) e 155 alunos no período vespertino (1º a 5º ano).

Como método foi utilizado a técnica de grupos operativos a luz de Pichon Rivierè e Henri  Wallon.  Os encontros foram  semanais  com  duração  de  uma  hora,  totalizando  encontros.  Foram  realizados     na  escola  em  sala  apropriada  pra  a  desenvolvimento  das atividades, dinâmicas e debates, priorizando e ética e o sigilo.

 

MARCO TEÓRICO

 

A  técnica  de  grupos  operativos  a  luz  de  Pichon  Rivierè  e  Henri  allon,  foram utilizadas como referencial teórico. Segundo Pichon nas interações grupais, é onde surgem o desenvolvimento de cada ser e também a troca de experiência que ajuda na evolução de cada paciente.

Visando exercer o mesmo tipo de progresso com os alunos, foi adotado também o modelo de trabalho grupal, baseado na obra de Wallon onde são valorizados os meios e as interações sociais, fazendo com que as experiências trocadas auxiliem na sensibilização dos alunos,  para  com  a  realidade  alheia  e  também  com  a  sua  própria  realidade  dentro  da instituição escolar.

  

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Durante a realização do estágio escolar atendendo a principal queixa observada durante o processo de estágio supervisionado de observação. Onde fora observado conflitos gerados entre alunos e escola, refletindo em desmotivação, falta de interesse nos assuntos escolares. Levantando o questionamento, até que ponto a vida pessoal do aluno pode afetar seu rendimento escolar e que medidas tomar. Foram observados vários comportamentos através dos diálogos e das atividades práticas desenvolvidas através da “dinâmica de grupo”, propostas aos participantes.

Em termos de diálogo existe a queixa que tanto em casa quanto na escola, é ausente. Os mesmos relatam que não são respeitados por não cerem ouvidos, consultados, de ter muitos deveres e poucos direitos, nos quais implique responsabilidade. “para isso sou grande, para aquilo sou criança” (sic).

Relativo à potencialidade essa é pouco incentivada, principalmente em casa, sobrando apenas tarefas domésticas, atividade exclusiva na maioria das vezes as meninas. Na escola devido a precariedade do ensino e falta de infraestrutura que fomente esse tipo de ação, resume-se em aulas na maioria das vezes teóricas.

A autonomia em relação às suas ideias, convicções e decisões, estão muito ligadas ainda na fase do desenvolvimento em que se encontram. De modo geral não apresentam dificuldades de convívio social, porém questões étnicas raciais e de género deve ser observada com atenção, incluindo orientação sexual.

Foi extremamente gratificante criar condições a partir do diálogo, para que os adolescentes participantes, tornem suas potencialidades presentes em seu cotidiano. Com responsabilidades sociais, respeitando a diversidade cultura. Agindo assim ativamente na construção do seu próprio ser, no âmbito pessoal e social.

Através de instruções, dos debates e reflexões em grupo, espera-se que os mesmos possam compreender e saber lidar com maior clareza com os conflitos da adolescência, processo esse que faz parte do desenvolvimento humano.

O aprendizado teórico teve grande relevância na aplicação prática do estágio Supervisionado, tonto o referencial teórico quanto o indicado pela supervisão. Dúvidas não deixaram de ocorre, elemento natural no processo de aprendizagem.

A escolha do tipo de pesquisa, “pesquisa-ação” foi de extrema importância para a análise final do trabalho. Pesquisa social com base empírica onde pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos do modo cooperativo ou participativo.

  

CONSIDERAÇÕES FINAIS

  

Através da intervenção “Grupos operativos a luz de Pichon Rivierè e Henri Wallon”. Foram criadas condições a partir do diálogo, para que as potencialidades dos adolescentes participante, tornem-se presentes no seu cotidiano; respeitando a diversidade cultural, as responsabilidades sociais e o tempo histórico na qual fazem parte. Agindo ativamente na construção do seu próprio ser nos âmbitos pessoais e sociais.

Ao atribuir ao adolescente a condição de protagonista, com o enfoque para a iniciativa, liberdade e compromisso, de forma amadurecida e lúcida, de acordo com a fase do desenvolvimento em que estão, estimulam-se características como autonomia em relação às suas ideias, convicções e decisões, realizando escolhas com responsabilidade e compromisso, consigo e para com os outros.

 

REFERÊNCIAS

  

SERRÃO, Margarida. Aprendendo a ser e viver/Margarida Serrão e Maria Clarice Baleeiro; [colaboradores Feizi M. Milani, Gisele Ribeiro e Kátia Quiroz]. - São Paulo: FTD, 1999.

 

PINHEIRO, Ângela Fernanda Santiago. Técnicas e Dinâmicas de Trabalho em Grupo. 1ª edição. Montes Claros: Instituto Federal do Norte de Minas Gerais 2014.

 

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da metodologia cientifica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

 

BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Psicol. inf., São Paulo, v. 14, n. 14, p. 160-169, out. 2010.

 

ARAUJO, Alisson. Da tendência grupal aos grupos operativos com adolescentes: a identificação dos pares facilitando o processo de orientação e educação em saúde. Rev Med Minas Gerais 2008; 18(4 Supl 1): S123-S130.

 

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/psicoterapia-grupal-classificacao-dos-grupos/16799 - Acesso em 03/09/2019.

 

TARADEL, Laura. Nº57 A respiração. IN. 83 jogos psicológicos para dinâmica de grupos: um manual para psicólogos, professores, animadores socioculturais. Lisboa, Portugal: Paulus, 2007.

 

 

ANEXOS

 

 

 

 

AVALIAÇÃO DE APRENDIZADO

 

Durante o estágio supervisionado escolar sob a supervisão da Professora Orientadora/Supervisora, Karine de Souza Santos CRP 18/01698, foram desenvolvidas proposta de trabalho/grupos operativos, onde buscou-se esclarecer, orientar e sensibilizar um grupo de 15 alunos dos 9ºanos com idade entre 13 e 15 anos. Através da intervenção “Grupos operativos a luz de Pichon Rivierè e Henri Wallon”. Foram criadas condições a partir do diálogo, para que as potencialidades dos adolescentes participante, tornem-se presentes no seu cotidiano; respeitando a diversidade cultural, as responsabilidades sociais e o tempo histórico na qual fazem parte. Agindo ativamente na construção do seu próprio ser nos âmbitos pessoais e sociais.

 

Ao atribuir ao adolescente a condição de protagonista, com o enfoque para a iniciativa, liberdade e compromisso, de forma amadurecida e lúcida, de acordo com sua fase do desenvolvimento, pretendeu-se assim, estimular as características como autonomia em relação às suas ideias, convicções e decisões, realizando escolhas com responsabilidade e compromisso, consigo e para com os outros.

 

Foi extremamente gratificante criar condições a partir do diálogo, para que os adolescentes participantes tornem suas potencialidades presentes em seu cotidiano. Neste contexto a Psicologia se fez presente trazendo através da atuação profissional do psicólogo, além de seu objetivo principal que é contribuir para melhoria da instituição com seus conhecimentos, um olhar humanizado.