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SUPERANDO O PRECONCEITO NO AMBIENTE ESCOLAR

Maria Elite de Souza Lima Batistão

 

RESUMO

As diferenças muitas vezes manifestam-se em forma de discriminação, preconceito, mesmo dentro da escola. Pode-se notar a discriminação presente na escola até mesmo em conteúdos e ilustrações de livros. Hoje isso está cada vez mais raro, mas apesar de todo o cuidado ainda acontece. Há relatos de crianças que não querem ter contato com o coleguinha por ele ser negro. Devido a absorção de valores distorcidos, algumas crianças não sabem entender que todos são iguais.

 

PALAVRAS-CHAVE: Preconceito. Práticas Educativas. Convívio no ambiente escolar.

 

INTRODUÇÃO

 

Existem ainda muitas formas de preconceito observados no ambiente escolar, mesmo que de forma velada.

Neste sentido, mesmo com todo o avanço social e a implementação de uma importante legislação sobre o assunto, este problema ainda continua vivo em nosso sociedade e, consequentemente, em nossas escolas.

Contudo, percebe-se a necessidade da conscientização das crianças com relação ao racismo desde o início de sua vida escolar.

 

DESENVOLVIMENTO

O racismo não se perpetua por argumentos racionais, mas por uma percepção deturpada do outro ser humano, embasada em preconceitos sem fundamentação científica ou social.

Assim, mostra-se necessário trabalhar este tema com nossos estudantes com o máximo de dignidade e respeito, mostrando a eles que todos somos iguais e temos os mesmos direitos e capacidades. Deste modo, as crianças devem ser levadas a compreenderem que as pequenas diferenças que notamos entre uma pessoa e outro, nos tornam complementares, sendo que em hipótese alguma um ser humano pode ser considerado superior a outro como pessoa.

Contudo, o respeito às diferenças e a capacidade de conviver com elas, é algo que deve ser trabalhado com os estudantes durante toda a vida escolar. Apenas deste modo será possível a construção de uma sociedade realmente livre de racismos e preconceitos.

Neste sentido, todos os profissionais atuantes no ambiente escolar são responsáveis pelo combate aos comportamentos racistas e segregantes, bem como pelo estímulo à adoção das boas práticas e bons comportamentos.

No entanto, é o professor que mostra-se como o profissional a ocupar uma posição de destaque neste quesito, haja vista sua proximidade com os estudantes e o exemplo de ser humano que ele representa para seus alunos de maneira geral. Assim, suas atitudes, sua forma de se relacionar com os educandos, bem como seu discurso, devem sempre repelir qualquer forma de discriminação, sempre estimulando a boa convivência, a aceitação das diferenças e consciência de que todos são iguais.

Tendo em vista a maneira pela qual o povo brasileiro foi constituído, percebe-se uma nação completamente miscigenada, de modo que somos fruto de uma grande mistura étnica e também cultural que deveria afastar de nós qualquer ideia racista ou preconceituosa.

Neste sentido, Ribeiro (1995) destaca o seguinte:

 

Nós, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi um crime ou pecado. Nela somos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos viveu por séculos sem consciência de si...Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico nacional, a de brasileiros... (RIBEIRO, 1995. p. 89)

 

Esta responsabilidade com relação à educação com visão de sociedade mista deveria originar-se no núcleo familiar, esse pensamento precisa ser instituído como normal na criança desde os primeiros anos de vida. Deste modo, caberia ao professor a continuidade de um trabalho que teria sido iniciado. No entanto, a realidade vivenciada em boa parte dos casos não é esta. Não são raras as ocasiões em que a própria família adota atitudes racistas de forma velada, em piadas, brincadeiras e histórias que acabam por transmitir ideias preconceituosas para as crianças. Tais ideias, se não forem combatidas adequadamente no ambiente escolar, tendem a acompanhar o indivíduo até sua vida adulta, propagando o racismo como um “verme” incrustado em nossa sociedade. (SILVA; HIPÓLITO, 2009).

O preconceito presente no Brasil decorre muitas e muitas gerações, e todas essas seguem a mesma visão de menosprezo sobre o negro. Durante muitas décadas foram desenvolvidos estudos que tinham por objetivo comprovar a superioridade da raça branca. Conforme a teoria da evolução, o fator branco teria sido o mais evoluído da espécie humana

Paula (2005) acrescenta que os preconceito ainda perceptível na sociedade brasileira teve origem no processo de colonização de nosso país e persiste, embora perdendo forças, há várias gerações.

Com isso, recai sobre a escola a responsabilidade de quebrar esta corrente cultural que vem prestando desserviço à nossa sociedade. É preciso que a escola enfrente ativamente este problema, o arraste de “baixo do tapete” e promova a educação das novas gerações para a aceitação das diferenças e o entendimento da igualdade entre os seres humanos.

 

CONCLUSÃO

 

A partir da presente pesquisa, percebe-se que nosso sociedade ainda está contaminada por ideologias e atitudes racistas.

Nota-se também que, em muitos casos, o racismo não é explicito, mas fica subtendido em brincadeiras, histórias ou insinuações. Essa característica torna mais difícil seu combate, ainda mais que muitos acabam por desconsiderar tais práticas como sendo racistas.

Deste modo, ficou claro o papel da escola, como instituição que participa ativamente na formação do cidadão, na inibição do racismo e no trabalho que leve os educandos à aceitação das diferenças, bem como ao entendimento de que todos somos iguais enquanto seres humanos.

 

REFERÊNCIAS

 

PAULA, Adilton de. Educar o Brasil com raça: das raças ao racismo que ninguém vê”, In: Santos, Gevanilda, SILVA, Maria Palmira da. Racismo no Brasil; Percepções da discriminação e do preconceito no século XXI. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005, p.89-93.

 

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. Ed. 2ª. São Paulo. Companhia das Letras, 1995.

 

SILVA, Marcia Ramos da; HIPÓLITO, Paulo. “Segregação identidades”: como a imagem das crianças negra é construída em sala de aula. Perspectivas em Educação. Nº. 6, Ano 2, p.1-11, mai/jun/jul/ago. 2009. Disponível em: htt://www.unicaieiras.com.br/revista/artigos.html. Acessado em 29/6/2020.