Buscar artigo ou registro:


A IMPORTÂNCIA DO CUIDAR E EDUCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Kerlis Barbiero

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Rede Futura de Ensino como requisito parcial à obtenção do título especialista em Educação Infantil e Anos Iniciais.



RESUMO

O presente trabalho tem como tema “A importância do cuidar e educar na Educação Infantil”. Foi realizado com o objetivo de identificar a concepção de vários autores, sobre o cuidar e educar como práticas indissociáveis para promover o desenvolvimento integral das crianças. Para fundamentar esse estudo, utilizou-se a análise e a reflexão de estudiosos sobre o referido tema, assim como documentos que regem as estruturas e procedimentos adequados ao funcionamento das instituições de Educação Infantil. Nesse estudo foi abordado sobre o surgimento e também o inicio da Educação Infantil no Brasil, além de tratar a respeito da importância do cuidar e educar na Educação Infantil.


Palavras-chave: Cuidar e Educar. Educação Infantil. Prática Pedagógica.


ABSTRACT

The present work has as its theme "the importance of the care for and educate the child education". Was conducted with the objective of identifying the design of various authors, about the care for and educate as inseparable practices to promote the integral development of children. In support of this study, we used the analysis and reflection of scholars on this subject, as well as documents governing structures and adequate procedures for the functioning of the institutions of early childhood education. In this study was approached about the emergence and also the beginning of early childhood education in Brazil, besides about the importance of caring and educating on early childhood education.

Keywords: take care and educate. Early Childhood Education. Pedagogical Practice.



  1. INTRODUÇÃO

A infância é o período onde a criança se desenvolve é a fase de descobertas do mundo, ou seja, de ver, ouvir, sentir e tocar. Mas nem sempre foi assim, pois antigamente, não existia a valorização da criança como individuo, isto é, havia criança, mas não existia o conceito de infância.

O vocábulo infância, etimologicamente, vem do latim, infantia, referindo-se ao indivíduo que ainda não é capaz de falar (SCHRAMM et al., 2011.- p.97). A respeito disso, Schramm, et al. (2011) ainda apontam que “o conceito de infância, na atualidade, é associado à ideia de que a criança é sujeito social”. Quando se torna reconhecida e valorizada, a primeira infância sai do anonimato e ocupa o papel de interação no meio e na cultura em que a criança vive. (SCHRAMM et al., 2011)

Antigamente, a Educação Infantil tinha uma visão assistencialista, em que as crianças ficavam nas creches para somente serem cuidadas. De acordo com o RCNEI “a concepção educacional era marcada por características assistencialistas, sem considerar as questões de cidadania ligadas aos ideais de liberdade e igualdade” (BRASIL, 1998, - p. 17).

Nas últimas décadas, debates apontam para a necessidade de que as instituições de Educação Infantil incorporem, de maneira integrada, as funções de cuidar e educar, não diferenciando os profissionais e instituições que atuam com crianças pequenas ou com crianças maiores (BRASIL, 1998).

Para a LBD (1996), a Educação Infantil constitui-se a primeira etapa da educação básica, a qual deve ser desenvolvida, articulando-se o cuidar e educar, de modo a propiciar o desenvolvimento integral da criança. Envolvendo a criatividade, a aprendizagem com atividades diversas que favoreçam seu desenvolvimento afetivo, cognitivo, ético, cultural e social.

Deste modo, é função da instituição de Educação Infantil oferecer às crianças as condições para desenvolver suas aprendizagens, por meio de atividades que envolvam o brincar, a linguagem, os movimentos, a arte, a identidade e a autonomia, que são, segundo o RCNEI, atividades fundamentais para o processo do desenvolvimento da criança e devem fazer parte do cotidiano escolar.

Diante disso esse estudo foi realizado por meio de pesquisas bibliográficas e visa abordar A importância do cuidar e educar na Educação Infantil, e o percurso histórico da educação infantil.


  1. MATERIAL E MÉTODOS

Para o desenvolvimento desse trabalho optou-se por desenvolver uma pesquisa bibliográfica. Dessa forma, para fundamentar esse estudo, foram utilizadas as análises e reflexões de vários estudiosos sobre o referido tema. Segundo GIL (2008) “A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. (GIL, 2008 - Pág. 50)


  1. DESENVOLVIMENTO

Entende-se que a fase chamada de primeira infância é muito importante para o desenvolvimento das crianças, pois é um período em que ela esta se desenvolvendo nos aspectos cognitivos, físicos e sociais. Dessa maneira, acredita-se que o cuidar e o educar devem caminhar juntos, para promover o desenvolvimento integral da criança. Assim o RCNEI (1998), destaca que antigamente as creches e pré-escolas tinham características assistencialistas e não consideravam as questões de cidadania, ligadas aos ideais de liberdade e igualdade. Esse documento destaca também que as crianças possuem uma natureza singular, pois elas pensam e sentem o mundo de um jeito muito próprio.

No Brasil e no mundo, o atendimento institucional à criança pequena vem mudando ao longo da história. De acordo com o RCNEI (1998), as instituições de Educação Infantil surgiram com o objetivo de atender crianças pobres, como estratégia para combater a pobreza e solucionar problemas ligados à sobrevivência das mesmas. Esta foi por muitos anos à justificativa usada pelo poder público para a existência do mau atendimento, falta de recursos, instalações inadequadas e profissionais com formação insuficiente.

Essa forma de educação assistencialista era destinada a famílias de baixa renda como um favor prestado, com o objetivo de tirar as crianças de um cotidiano adverso, que muitas vezes levavam as crianças ao trabalho infantil. Desta forma a preocupação era de que as crianças fossem à creche apenas para serem cuidadas (BRASIL, 1998).


As necessidades educativas da infância começaram a ser reconhecidas a partir do século XX, após a Constituição de 1988. Até esse período o atendimento de crianças de até seis anos de idade não era considerado como atividade educativa.

A Educação Infantil é muito nova, sendo aplicada realmente no Brasil a partir dos anos 30, quando surge a necessidade de formar mão de obra qualificada para a industrialização do país. E a educação infantil pública é muito ineficiente devido à politicagem existente no governo brasileiro, que está favorecendo a privatização da educação, como a de outros setores também (SILVA, 2010).


De acordo com especialistas na área infantil, as transformações só foram possíveis com a contribuição de estudos de várias áreas de conhecimento como a psicologia, a sociologia, a antropologia e a medicina, pois através das pesquisas realizadas nessas áreas, a criança passou a ser vista como um ser pensante, capaz de se desenvolver em todos os sentidos afetivo, cognitivo, social e cultural, independente de sua classe social.

Com a Lei nº 9394 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), de 20 de dezembro de 1996, a Educação Infantil passou a ser considerada a primeira etapa da educação básica, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento integral da criança em todos os aspectos, pois conforme exposto nesta lei “a Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.


3.1 O cuidar e o educar

O desenvolvimento da criança deve ser valorizado desde os seus primeiros instantes de vida. A partir dos primeiros meses de vida, a criança demonstra sinais de interação com o espaço em que vive. Assim, a Educação Infantil tem a função não somente de cuidar, mas também de educar no sentido pedagógico, contribuindo para o desenvolvimento integral da criança.

A instituição de educação infantil cumpre um papel socializador e propicia o desenvolvimento da identidade das crianças através de aprendizagens diversificadas realizadas em situações de interação. Deve ainda tornar acessível a todas as crianças elementos da cultura que enriqueçam o seu desenvolvimento e inserção social (RCNEI, 1998).

O RCNEI (1998) explica que o exercício do cuidar e educar na Educação Infantil significa conhecer os direitos da criança. Para que essa concepção aconteça é necessário organizar espaços que permitam diversas experiências educativas.

Desde os primeiros meses de vida a criança demonstra sinais de interação com o ambiente em que vive. Dessa forma, os estímulos oferecidos à criança é que vão determinar o seu desenvolvimento. É preciso oferecer a ela um ambiente onde ela possa ter liberdade de expressão, ou seja, um lugar acolhedor. A educação tem o objetivo não só de cuidar, mas educar no sentido pedagógico, educar para a vida de maneira que contribua com o desenvolvimento integral da criança. O ato de educar deve contemplar práticas sociais, contextos culturais, ambientais entre outras, para que através dessas atividades diversificadas a criança possa desenvolver sua identidade autônoma e exercer sua cidadania (BRASIL, 1998).


Para o RCNEI (1998), educar significa:

[...] propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998 – p. 23)


Observa-se que o ato de educar está incluído em situações de cuidado, e nessas ações existe inúmeras possibilidades educativas. A educação auxilia a criança no processo de apropriação e conhecimento das potencialidades afetivas, corporais, emocionais entre outras (BRASIL, 2013).

O ato de cuidar é concebido como parte integrante da educação, e para desenvolvê-lo é preciso existir uma harmonia entre a criança e o educador, o qual deverá promover momentos que possibilitem a mesma desenvolver suas capacidades em um ambiente acolhedor, agradável e seguro. Para isso, é necessário realizar a junção das práticas que envolvem o cuidar e o educar.

Dessa maneira, o RCNEI (1998 – p. 25) afirma que para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com sua singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em suas capacidades. Disso depende a construção do vinculo entre quem cuida e quem é cuidado.

Para que o ato de cuidar funcione de modo adequado, é necessário estar empenhado com o outro, levando em conta os cuidados relacionados com os aspectos afetivos, biológicos, cuidados com a saúde, alimentação e a forma como esses cuidados são oferecidos. É preciso observar, ouvir e respeitar a criança. De acordo com RCNEI (1998), “cuidar da criança significa [...], sobretudo, dar atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades”. (BRASIL, 1998 – p. 25).

Nota-se que embora a criança desenvolva suas capacidades de formas diferentes, a educação tem a função de criar condições para o desenvolvimento das crianças, levando em conta as possibilidades de aprendizagens que apresentam nas diferentes faixas etárias.

Na teoria, não há distinção entre quem cuida e quem educa, mas na prática é possível ver que isso ainda não está presente em algumas instituições de Educação Infantil porque as ações de cuidar são exercidas por profissionais com denominação diversas (técnico de desenvolvimento infantil, monitores, cuidador infantil) dos quais se espera disposição para limpar, cuidar e alimentar. Enquanto que o professor, com formação em Nível Superior é responsável pela prática de educar as crianças.

Diante disso, Lopes, et al. (2005 - p. 30) destaca que “com base nessa visão, muitas instituições assumem a postura de que os auxiliares cuidem das crianças, e os professores as eduquem”. Desse modo, esclarecem esses autores, essas instituições “fortalecem a imagem da separação e não da integração corpo/mente, educar/cuidar”.

Enfim, o que se percebe é que as práticas de cuidar e de educar são indissociáveis e devem caminhar juntas. Para que o desenvolvimento dos aspectos físicos, emocionais, sociais e cognitivos da criança aconteça, é preciso superar a distância que ainda há entre essas práticas. Amorim (2005) alerta para a importância dos momentos vividos pela criança, pois “são educativos, na medida em que ela está constantemente aprendendo, através da sua interação com o meio que a rodeia”.


  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por muito tempo a educação teve um caráter assistencialista, mas graças aos movimentos em favor da criança e à criação de leis que amparam seus direitos e as especificidades da infância, essa visão foi superada. A visão de que a creche era um lugar para deixar as crianças enquanto os pais trabalhavam ficou no passado. Hoje se percebe que o cuidar é sinônimo de educar e um é complemento do outro.

Observou-se que o cotidiano nas instituições de Educação Infantil foi modificado após o surgimento dessas leis, pois houve mudanças nas concepções sobre infância. Atualmente, a maioria das escolas tem um espaço pensado para receber as crianças, propiciando o seu desenvolvimento, e, na instituição existe o cuidado com a proteção, a higiene e as necessidades das crianças.

Através desse estudo percebe-se que toda ação de educar envolve também o cuidado, porque uma ação complementa a outra de forma integrada. Através das leituras realizadas durante esse período, houve a oportunidade de ampliar os referidos conhecimentos sobre o tema. Portanto, considera-se que a Educação Infantil deve buscar a integração das funções de cuidar e educar, e, não há como separar essas ações, porque uma completa a outra.







 


  1. REFERÊNCIAS

 

AMORIM, Elizabeth. Educar versus Cuidar: O Cotidiano no Centro de Educação Infantil. - Brasília, UNESCO, Vol. 04, janeiro de 2005.

Disponível em:<unesdoc.unesco.org/images/0013/001384/138428por.pdf>. Acesso em 04/02/2019.

 

 

BRASIL. Constituição da República Federativa Do Brasil de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm. Acesso em 04/02/2019.

 

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica / Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.

 

______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular nacional para a Educação Infantil /Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.

 

______. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394. Acesso em 04/02/2019

 

______. UNESCO, Banco Mundial, Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho. - O Cotidiano no Centro de Educação Infantil. – Brasília: 2005. 94 p. – (Série: Fundo do Milênio para a Primeira Infância: Cadernos Pedagógicos). Disponível em:

< unesdoc.unesco.org/images/0013/001384/138428por.pdf> Acesso em 04/02/2019.

 

______. Resolução CNE/CEB n.°1, de 07 de abril de 1999. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/>. Acesso 04/02/2019.

 

______. Resolução nº 05 do CEE., de 17 de Dezembro de 2009. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/>. Acesso em 04/02/2019.

 

Gil, Antonio Carlos Métodos e técnicas de pesquisa social / Antonio Carlos Gil. - 6. ed. - São Paulo : Atlas, 2008. Disponivel em: https://ayanrafael.files.wordpress.com/2011/08/gil-a-c-mc3a9todos-e-tc3a9cnicas-de-pesquisa-social.pdf acesso em: 24/02/2019

 

Livro de estudo: Módulo III / Karina Rizek Lopes, Roseana Pereira Mendes, Vitória

Líbia Barreto de Faria, organizadoras. – Brasília: MEC. Secretaria de Educação

Básica. Secretaria de Educação a Distância, 2006. Disponível em:

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012768.pdf > Acesso em 16/02/2019.

 

 

REVISTA CRIANÇA. - (FNDE. MEC. Dezembro de 2008, Edição 46). Disponível em:<unesdoc.unesco.org/images/0013/001384/138428por.pdf>. Acesso em 04/02/2019.

 

SCHRAMM, Sandra Maria de Oliveira; MACEDO, Sheyla Maria Fontenele; COSTA, Expedito Wellington Chaves. Fundamentos da Educação Infantil. Secretaria de Educação a Distância (SEAD/UECE) – 2011.

 

SILVA, Thiago Rosa. Novos caminhos para a Educação Infantil. Disponível em:

< https://www.itpac.br/arquivos/Revista/32/6.pdf>. Acesso em 04/03/2019.