ALFABETIZAR LETRANDO
Laylla Benicio Baez1
Luciana Mendonça Rossi²
RESUMO
A educação sempre enfrentou diversos desafios, essa batalha vem ficando cada fez mais ferrenha e penosa acerca que a crise econômica e social em que o país se encontra cresce. Os muitos desafios acerca da alfabetização ficam cada vez mais nítidos e excludentes e um dos obstáculos é o analfabetismo que ainda se encontra em um índice muito elevado no país. Por meio do estudo das teorias de Ferreiro, Piaget e Vygotsky e suas contribuições à alfabetização e as pesquisas e estudos feitos, pode-se refletir os aspectos que intervêm no processo de aquisição da leitura e da escrita de forma plena e efetiva e redefinir a atitude da escola neste novo panorama de mudanças aceleradas e desordenadas da sociedade contemporânea. O letramento vem como uma possibilidade de ultrapassar vários desafios na aprendizagem, empregando o uso de termos como alfabetizar – letrando, apontados como o norte para superação dos desafios que e se confronta nesta etapa crucial de escolarização, levando sempre em consideração os aspectos sociais, culturais e cognitivos de cada aluno. Para contemplar de forma assertiva as especificidades dos alunos.
Palavras-chave: Letramento. Alfabetização. Alfabetizar letrando
- Professor Articulador na Rede Estadual de Educação do Estado de Mato Grosso (SEDUC MT)
Artigo apresentado como requisito parcial para aprovação do Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Letramento.
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INTRODUÇÃO
Ao observar grandes desafios confrontados pela alfabetização este artigo tem a pretensão de abordar um aspecto que vem sendo vastamente questionado: o alfabetizar letrando. Atentar os docentes e educadores para o desígnio de um texto vai além de um sistema de códigos a ser decodificado. Tornando inadiável propagar os ideais da leitura e da escrita como uma pratica social, que só possui significado e coesão quando construídas e compreendida em sua totalidade, com uma determinada finalidade e especificidade de organização.
Mostra-se como objetivo sugerir uma metodologia de alfabetização e letramento alicerçada no pensamento construtivista, almejando uma analise da alfabetização por meio dos pensamentos de autores como Ferreiro, Vygotsky e Piaget, e ponderando fatores interferem negativamente no processo de alfabetização.
Neste artigo pretende-se destacar a fundamentação que sustenta as praticas na possiblidade da alfabetização indissociável do letramento.
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A alfabetização é terra fértil, aberta para dialogo, onde o debate entre teorias é adubo para o processo de construção e apropriação do conhecimento. No em tanto é de extrema relevância levar em consideração a concepção a respeito das visões de mundo, de homem e de sociedade que as amparam para que o educador tenha a possibilidade de optar de maneira mais crítica, responsável e consciente, a respeito das quais, os auxiliarão a
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consolidar as conclusões de uma educação constituída da cidadania de nossos estudantes.
Presentemente novamente estamos vivenciando uma situação inédita, ao se referir á alfabetização, o questionário de se prenuncia vem sendo subjugados os quadros conceituais e suas pratica ao decorrer desse seu processo na história. Encontramo-nos frente ao um quadro que aponta problemas de alfabetização na conjuntura escolar, despontamento e incertezas entre alfabetizadores os que assistem uma perplexidade na perseverança do fracasso escolar em alfabetizar. Em meio a essa totalidade, nasce nos discursos teóricos à palavra letramento como uma possibilidade para ir além de tais desafios, fazendo uso de termos como alfabetizar ou alfabetizar letrando, tenta nortear o percurso para a superação dos desafios enfrentados nesta etapa de escolarização.
Há estudos que revelam que, até os anos 80, a finalidade maior era a alfabetização, ou seja, destaca-se fundamentalmente a internalização do sistema convencional da escrita. Ao redor desse objetivo principal, metodologias de alfabetização oscilam-se em um movimento pendular: em momento a opção pelo principio das unidades maiores_ a palavra a frase, o texto (método fônico, Método silábico); por momento a opção pelo inicio da analise segundo o qual a palavra, a frase, o texto_ em sentido as unidades maiores (metodologia da palavração, da sentenciação, global). Em todas as possibilidades, no em tanto o objetivo sempre foi a consolidação do sistema alfabético e ortográfico da escrita; mesmo que se possa identificar na segunda possibilidade um cuidado também com o sentido conduzido pelo código.
Seja qual for nível do texto, todos foram criados com o intuído de contribuir com a aprendizagem do sistema de escrita. Tento em vista que, palavras são propositalmente selecionadas para a sua decomposição em sílabas e fonemas.
Deste modo, podemos proferir que até os anos 80, a metodologia brasileira de alfabetização caracterizou-se por um movimento de alternância entre métodos analíticos, método sintético, no em tanto sempre
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com o mesmo pressuposto – o de o aluno para se apropriar do sistema de escrita, precisaria de estímulos externos atenciosamente selecionados ou artificialmente construídos – porem sucessivamente com mesmo intuito a apropriação desse sistema, considerado pré-requisito para que o aluno desenvolvesse capacidade de apropriação da escrita e leitura, ou seja, primeiramente aprender a ler e a escrever, para posteriormente, ler textos, livros, produzir texto.
Porém nos anos 80, Emília Ferreiro propaga uma linha de aprendizagem inovadora, sobre tudo pela sua atuação formativa, denominada construtivismo que trouxe consigo uma transformação significativa no que se norteava a alfabetização e seu objetivos transformou fundamentalmente a convicção de leitura e escrita adquirida por meio de repetição. Essa transformação permitiu compreender e identificar o processo pelo qual o aluno torna-se alfabético; no entanto, como exigência disso surge condições mais adequadas para aplicar essa metodologia, mostrando ser crucial o uso de uma interação diversificada e intensa do aluno com métodos e materiais concretos e mais reais de leitura e escrita com a finalidade de contextualizar o uso e manipulação da língua.
Em resultado de o construtivismo ter demostrado processos espontâneos de compreensão da escrita pelo aluno, ter criticado as metodologias que ressaltam o ensino direto do sistema de escrita e, sendo crucial uma teoria psicológica, não ter sugerido um método de ensino, os docente foram levados a supor que, embora sua origem convencional e frequentemente ditatorial, as relações entre a oralidade a escrita seriam construídas pelo aluno de maneira eventual e desorganizada, como consequência natural de sua exposição com diversas variedades de métodos de escrita e de leitura, ou seja, por meio de praticas de letramento, prevalecendo, já que, estas a respeito as atividades de alfabetização.
É, acima de tudo essa falta de atividades diretas, tradicionais e sistematizadas que atribuem valor sonoro a forma gráfica da escrita que originam as criticas atribuída ao construtivismo. É por esse motivo que vem
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surgindo sugestões para a volta a um método fônico como possibilidade para os desafios que os anos iniciais da alfabetização vêm tentando transpor.
Porém, cabe ressaltar que não é regredindo voltando ao passado e ignorando os progressos inegáveis que esses desafios serão superados.
Porém, não aceitar ou ignorar a crítica aos atuais pressupostos teóricos e a carência dos métodos que deles tem originado resultará inevitavelmente em, falta de possibilidades e engessamento do sistema de educação que será difícil de ser superados.
Nesse ponto de vista, nasce o letramento, que, de acordo com Kleiman ainda não está dicionarizado, assim conceitua letramento como um contraponto ao sistema de alfabetização, de acordo com ela os dois conceitos se completam.
No momento atual até onde se conhece do sistema de ensino e aprendizagem, a alfabetização e o letramento são indissociáveis, simultâneos e interdependentes.
REFLEXÃO DO PERCURSO DA ALFABETIZAÇÃO EM BASADO EM PIAGET, VYGOTSKY, FERREIRO.
Piaget
A epistemologia genética de Piaget é uma hipótese construtivista de postura interativa, compreendendo o raciocínio e a inteligência como uma construção cognitiva alicerçada de forma orgânica? Biológica. A herança genética é a ponte de partida para que o individuo construa seu próprio percurso da evolução da intelectualidade, maturidade e evolução
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biológica, a partir da interação e influência mutua do meio potencializa também suas capacidades básicas para subsidiar sua adaptação e organização.
Vygotsky
Vygotsky vê a aprendizagem como consequência da interação do aluno com o meio e resultado de suas experiências, compartilhada com um período histórico e com bases culturais individuais. Essa forma de construção de conhecimento é individual e participar a cada individual, não se transmitindo de forma mecânica, mas sim resultando de processos metais que se constrói na interação do individuo com o meio social e material. Para Vygotsky o processo de aprendizagem consiste em acreditar que o individuo é resultado do meio que o cerca, assim o sujeito é considerado fruto de processos históricos, culturais e sociais onde a linguagem exerce um papel primordial.
Ferreiro
As pesquisas de Ferreiro apontam que o subsidio principal da alfabetização é a base conceitual e não perceptual. Ela alterou radicalmente as compreensões sobre a aquisição da leitura e da escrita. Ferreiro introduziu um novo olhar em relação ao ensino aprendizado da língua e suas metodologias, mudando as orientações e salientando que a alfabetização é um processo de construção do conhecimento não apenas acúmulos de informações que não despertam o interesse do aluno ou que não faça sentido para o mesmo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nota-se que ao discutir qual o melhor método de alfabetização, busca-se uma metodologia pratica e eficaz que preencha as lacunas existentes nesse processo. Há varias metodologias pertinentes que contribuem no processo de alfabetização. Percebe-se que quando o docente abre mão de um método de alfabetização, concentra-se somente na atitude de codificar e decodificar as letras e os sons, muitas vezes deixando passar despercebido as necessidades dos alunos em relação a alfabetização, Paulo Freire diz que:
Deve levar o aluno a refletir sua vida no mundo, não deixando se levar pela a educação bancária que aplica o conhecimento, a educação deve se esforçar para desmascarar a realidade para que o aluno possa interferir de forma critica na sua realidade, a “educação é uma forma de intervenção no mundo’’ (Freire, 2000)”.
Hoje a educação ruma para o alfabetizar e letrando. No entanto para que essa possibilidade seja concreta o alfabetizador precisa ter claros tais conceitos, pois alfabetizar é um processo próprio e indispensável de apropriação e internalização da escrita e da leitura, a construção e internalização dos princípios alfabéticos e ortográfico da ao alunos a potencialidade de ler e escrever com autonomia, isso se torna explicito quando a criança inicia a convivência com diversos modos de manifestações da língua na sociedade, se estendendo por toda vida, com o aprimoramento de suas potencialidades na participação na social por meio da linguagem escrita.
Este artigo pondera que a alfabetização e o letramento são processo inseparável, simultâneo e interdependente, que atende as especificidades das crianças. Nesta vertente não se trata de alfabetizar ou letrar, mas sim de uma simbiose desses dois processos para garantir aos educando a internalização eficaz do processo de alfabetização e assim possibilidades do uso da linguagem escrita e oral no âmbito social, nota-se que
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as intervenções pedagógicas mais eficazes é bem sucedidas são aquelas que consideram, de maneira flexível e simultânea, a alfabetização e letramento.
Há a necessidade de mudança no processo de ensino e aprendizagem, isto demanda esforço multo de vários segmentos, muitas vezes alheios a educação, essas mudanças também demandam tempo. Sabe-se que mudanças não ocorrem repentinamente. Porém sabemos que a escola atual tem como objetivo à reestruturação de valores, saberes que contribuam para novos processos de construção de novos panoramas para a educação, que eduque o individuo critico, pronto para um mundo multicultural e dinâmico.
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REFERÊNCIAS
PIAGET, Jean. O aprendizado do mundo. Revista Viver Mente e Cérebro.
Coleção memória da Pedagogia, Edição Especial, Nº1.
FERREIRO, Emília. A Construção do Conhecimento. Revista Viver Mente e Cérebro. Coleção memória da Pedagogia, Edição Especial, Nº5.
VYGOTSKY, Lev. Semenovich. Uma Educação Dialética. Revista Viver Mente e Cérebro. Educação memória da Pedagogia. ___________ Pensamento e Linguagem 2ªed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
KLEIMAM, Ângela. Os significados do letramento: Uma nova perspectiva
sobre a prática social da escrita. Campinas: mercado das letras, 1995.
FERREIRO, Emília. Uma reflexão sobre a língua oral e a língua escrita. São Paulo: p.8- 11, fev./abr.2004