A DIFERENÇA CULTURAL NA ESCOLA
JANICE CONCEIÇÃO DE FARIA
PATRICIA DA SILVA BATISTA
ANA CLEIDE BARBOSA DE OLIVEIRA
JOSÉ AUGUSTO DE FARIA PEREIRA
RESUMO
Considerando-se o fato de que a comunidade escolar é inescapavelmente multicultural, onde percebemos as diferenças culturais em todos lugares. No artigo que responde a essa situação, tem por meio mostrar de forma crítica as diferenças culturais nela existente. A fim de evitar que uma política da diferença cultural, possa destruir a construção de projetos comuns, onde sugere-se a promoção do diálogo, cujas dificuldades não podem ser minimizadas. Com o apoio de pesquisas realizadas através de leituras de livros, artigos, revistas e sites com temas específicos em diversidades culturais. Os temas pesquisados discutiram-se as visões sobre as diferenças culturais na escola, mostrando assim meios para terem sempre estratégias pedagógicas decorrentes dessas visões, argumentando se que essas diferenças precisam ser aceitas sem preconceitos.
Palavras chave: Diferença. Cultura. Escola.
INTRODUÇÃO
O texto teve como objetivo analisar os conceitos com relação às diferentes culturas, verificando para que as diferenças não sejam tratadas com preconceito, mas sim com igualdade no ambiente escolar, fazendo da escola um espaço sagrado para a vida de todos, onde as pessoas possam ter a escola como a sua segunda casa, onde a mesma precisa estar preparada, para não florescer preconceitos, discriminação e ódio. Observando assim as diferenças culturais, como parte de todo ser humano, respeitando suas particularidades, sem perder a perspectiva da igualdade, no sentido da salvaguarda da dignidade humana. O texto mostra de como se trata a diferença cultural na escola e como lidar com essas diferenças, quando o individuo determina suas escolhas, seja ela sexuais, religiosas, amorosas ou politicas.
A importância desse trabalho é reafirmar e perceber o outro como legitimo outro, o qual possui uma historia uma cultura, uma etnia e que perceba os alunos como heterogênea, visto que cada uma possui um diferencial, pois provem de lugares, culturas e famílias distintas, apresentando ritmos diferentes para aprender, o que caracteriza a pluralidade no espaço escolar.
Vale ressaltar que nesse trabalho não esta tornando a questão cultural de modo isolado, mas sim no contexto de suas interpretações com outras dimensões ideológicas, politica, social, econômica, educacional, sem deixar de reconhecer, contudo, que a valorização das contribuições das diversas identidades culturais é significativa e necessária para construção de sociedades mais justas e solidarias.
Portanto fica evidente a necessidade de reconhecimento da dimensão cultural como um dos estruturantes da educação escolar, portanto, a importância de compreender, cada vez mais, como essa relação acontece no cotidiano, ou seja, como se expressam as diferentes dimensões desta problemática no dia a dia da escola.
- DIFERENÇA CULTURAL NA ESCOLA - UM GRANDE DESAFIO NA EDUCAÇÃO ATUAL.
A escola é, um espaço no qual se deposita direito e dever de todas as crianças e jovens em nossa sociedade. É na escola que devemos socializar as novas gerações e construir lugar de conhecimentos científicos e culturais e sociais, e de cidadania. A escola necessita não somente de pedagogos, mas historiadores, sociólogos, psicólogos, entre outros pensadores, que de uma forma toda especial se preocupem em trocarem experiências sobre as diferenças culturais, para assim alcançarem soluções, para ter uma educação mais preparada para receberem várias camadas populares. Vivemos em um país onde a cultura é das mais variadas, não temos apenas um tipo de cultura, mas sim várias, mas é necessário que a escola se levante e erga a bandeira da liberdade, e seja uma escola que viva não somente de discurso, mais de fato e de verdade, não apenas simbolicamente mais que seja uma prática no seu dia a dia. Segundo (Pierucci, In Maia 1999).
Em relação ao entendimento da diferença, e também Geertz (1989) que explica que esta é uma noção, uma preocupação antiga entre os homens, o que já justificaria o seu uso tão comum entre nos, principalmente da segunda metade dos anos 70, são responsáveis não só por reafirmar seu uso, como por estabelecer uma nova relação com o termo diferença. Nessa nova relação também, mantem-se o direito a igualdade, que passamos a desejar menos, e ocupam-se, de forma imperativa com o direito de sermos particular e coletivamente diferentes. Ou seja, passamos a pensar e a agir orientados pelo lema conhecido como o direito à diferença.
Pois somente identificar as diferenças não é suficiente para a escola e o professor que, apesar de se declarar despreparado e de reconhecer os limites de sua tarefa docente, mas é preciso que procure sempre a mobilizar alguns dispositivos pedagógicos para trabalhar a questão da diferença na escola. De acordo com DAMATA (1986):
Desse ponto de vista, a escola precisa estar sempre buscando orientação para assim centralizarmos nossos conceitos de cultura, de diferença e do cotidiano, sem desconhecer a densidade e a complexidade, as tensões, e as várias polêmicas, que cercam estes conceitos, pois culturas é um mapa um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo social pensam, classificam, estudam modificam o mundo e a si mesma.
E ainda TOSTA (2008);
A cultura é a lente humana por excelência, e ser antropocêntrico é enxergar o mundo através dela. (...), por conseguinte, o próprio dessa lente antropocêntrico e ser muito focal. Não existe rigorosamente a cultura que é apenas um conceito totalizado um artifício de raciocínio; mais miríades de cultura, correspondente a multiplicidades dos grupos humanos, e os seus momentos históricos. A cultura é uma abstração, um dos grupos humanos e os seus momentos históricos. A cultura é uma abstração, um artefato de pensamento por meio do qual se faz economia da extraordinária diversidade que s homens tem de semelhantes. A cultura é também o que os distingue das demais formas vivas; a capacidade de diferir de seus coespecíficos.
Também ao pensar na cultura conforme ensina Geertz (1989), que apoiado em Weber, afirma que "o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, ou seja, é através da cultura que nos adentramos nos chamado sistemas de significados criados historicamente em termos dos quais se dá a forma, ordem, objetivo e direção as nossas vidas".
Por isso a escola precisa estar atenta quando se diz respeito às diferenças culturais, pois é preciso trabalhar de forma que essas diferenças não sejam tratadas como diferente, mas sim com direitos e deveres todos.
De acordo com Pierucci (1999), "as cores diferentes, os narizes são diferentes, as raças são diferentes, os sangues são diferentes, as famílias são diferentes, os gêneros são diferentes, as idades são diferentes, as ordens são diferentes as culturas são diferentes".
É um grande desafio para a escola e os educadores, mas precisam estar atentas às diferenças sejam elas econômicas sociais e raciais e de buscar o domínio de saber que tem um olhar critico que permita interpreta-la.
Mas para que esta proposta educacional seja executada é preciso rever o saber escolar, e investir cada dia mais na formação do educador, para que assim ele possa ter uma formação teórica diferenciada e compreenda melhor como lidar com as diferenças.
O currículo monocultural precisa ser de certa forma revisada e a escola precisa conscientizar aos alunos que existem outras culturas, ou seja, a escola tem o dever de dialogar sobre tais culturas e reconhecer que somos um país que existe o pluralismo cultural, e que o mesmo está presente em nosso meio, que todos unidos precisam combater o preconceito e a descriminação ligada seja à raça, ao gênero, as deficiências, à idade e a cultura, construindo assim uma ideologia para uma sociedade como a nossa que é composta por diversas etnias, onde as características, como cor da pele, modo de falar, diversidade religiosa, fazem a diferença em nossa sociedade. E essas marcas são definidoras de mobilidade, e da posição social na sociedade.
La Taille (1992) fala que o homem é um ser essencialmente social, impossível, portanto, de ser pensado fora do contexto da sociedade em que nasce e vive. Sendo assim, o aluno traz para a escola uma grande quantidade de informações da sua sociedade e realidade e com elas, a cultura a qual absorveu com o convívio na sociedade. A escola recebe uma infinidade de culturas de seus alunos, assim ela cria um ambiente de tantas diferenças culturais que precisam ser valorizadas principalmente pela educação escolar.
A escola deve olhar o ser humano como ele é singular em todos os sentidos, seja na maneira de interagir com os outros e a aprendizagem além de depender da estrutura biológica precisa de estímulos que devem ser recebidos desde a infância. Sendo assim cada pessoa é única e possui uma historia assim como um conjunto estrutural que o forma que são biológicos sociais e cultural.
A escola precisa sempre introduzir conhecimentos novos no seu currículo, que o mesmo não se limita, mas que seja dinâmico e que de certa forma contribua para a formação humana de sujeitos para ser um caminho a trabalhar a todas as questões sobre preconceito, discriminação, racismo e diversidade cultural e assim poderá estar a serviço da formação humana e estará incluindo a todos no acesso aos meios culturais e ao conhecimento.
Mas como escola, como num todo, tem se a obrigação não só de conhecer o mecanismo da dominação cultural, econômica, social e politica, ampliando assim nossos conhecimentos antropológicos, mas também de perceber as diferenças que existem ético-culturais sobre essa realidade cruel desumana. Torres Gonsales, (2002) afirma que:
A escola para todos traz em seu bojo o entendimento de uma escola inclusiva, ou seja, uma escola que respeita as diferenças individuais, que encontra respostas educativas às suas necessidades especiais sem deixar de atender aos demais. Portanto, é uma escola que supera a exclusão.
Olhar a especialidade da diferença é instiga-la no plano da coletividade. A escola tem sido desafiada a promover processos de ensino aprendizagem que atendam a todos os alunos, indiscriminadamente. E o professor, diante desse desafio, tem se deparado com a necessidade de redimensionar sua prática pedagógica, com vistas a atender as diferentes necessidades educativas.
Pensar numa escola de qualidade e pensar na perspectiva de uma educação que abrace a todos e uma educação inclusiva, que compreenda e respeite o jeito de ser de cada sujeito individualmente.
Para lidar com problemas das diferenças na escola, é preciso que a educação esteja focada na dominação cultural, seja ela qual for, o multiculturalismo pode ser uma estratégia de orientação educacional, para os problemas das diferenças culturais no contexto escolar, reconhecendo assim a alteridade e o direito à diferença dos grupos que são menores em nosso meio, como por exemplo, negros, índios, homossexuais, deficientes físicos e outros que se sentem excluídos do processo social. A luta da educação pelos direitos pelo reconhecimento das diferenças não pode se dar de forma separada isolada. É preciso que políticas governamentais apoiem os programas educacionais. O educador não deve pensar que a inclusão tem exclusividades somente para pessoas com necessidades especiais, mas, é preciso saber que o diferente são todos que são tratados com indiferença. Pois uma escola voltada para a inclusão social, jamais ira pensar somente na pessoa com necessidade especial, mas sim em todo tipo de diferença que existe e que surge a cada dia. É necessário que a escola prepare as novas gerações para essa educação voltada para a adversidade, pois através desta perspectiva acredita-se que irá se romper as barreiras negativas construídas ao longo do processo histórico.
De acordo com Perrenoud (2001, p.69)
No inicio do ano, um professor de ensino fundamental depara-se com 20 a 25 crianças diferentes em tamanho, desenvolvimento físico, fisiologia, resistência ao cansaço, capacidades de atenção e de trabalho; em capacidade perceptiva, manual e gestual; em gostos e capacidades criativas; em personalidades, caráter, atitudes, opiniões, interesses, imagens de si, identidade pessoal, confiança em si; em desenvolvimento intelectual, em modos e capacidades de relação e comunicação; em linguagem e cultura; em saberes e experiências aquisições escolares; em hábitos e modo de vida fora da escola; em experiências e aquisições escolares anteriores; em aparência física, postura, higiene corporal, vestimenta, corpulência, forma de se mover; em sexo, origem social, origem religiosa, nacional ou étnica; em sentimentos, projetos, vontades, energias do momento...
Segundo o autor, parece que nunca terminaríamos de citar as inúmeras diferenças que permeiam o espaço escolar e a sociedade no geral e, devido a isto, acreditamos que não se deve esquecer a particularidades do sujeito, pois cada vez mais o “diferente” aparece, seja na forma de aprender, de se comunicar, ou na de refletir, etc. Para tanto, é importante, valorizar o espaço social, ampliar ações e principalmente, reconhecer que as crianças, adolescentes e jovens precisam sonhar, ter oportunidades, não importando qual a sua diferença.
Mas para isso a escola precisa propagar essa teoria, fazendo com que a mesma contagie a todos que fazem parte da mesma, brotando assim no interior de todos que são diferentes, mas que vivemos em uma sociedade de direitos iguais. De acordo com a Lei Direito A Diversidade Brasília (2006).
Para que a igualdade seja real, ela tem que ser relativa. Isto é significa que as pessoas são diferentes, têm necessidades diversas e o cumprimento da lei exige que elas sejam garantidas as condições apropriadas de atendimento às peculiaridades individuais, de forma que todos possam usufruir as oportunidades existentes. Há que se enfatizar aqui, que tratamento diferenciado não se refere a instituição de privilégios, e sim, a disponibilização das condições exigidas, na garantia da igualdade.
A escola que conhecemos herança da sociedade ocidental moderna, além de entender e perceber as diferenças, distinções e desigualdades, também é produtora de tais concepções. Essas relações de poder produzidas no meio pedagógico foram se constituindo sócio historicamente, afinal é sabido que a instituição de que falamos iniciou-se em sua raiz e assim perpetuou durante muitos séculos a partir de segregações raciais, sociais, religiosas e, até mesmo de gênero, ou seja, uma instituição destinada apenas a alguns e não a todos como ela deveria ser na essência. De acordo com MEC/SEESP (2001);
A consciência do direito de construir uma identidade do outro se traduz no direito a igualdade e no respeito às diferenças, assegurando oportunidades diferenciadas equidade, tantas quantas forem necessárias, com vistas a busca da igualdade.
E ainda (CF-BRASIL, 188);
A constituição Federal do Brasil assume o principio da igualdade como pilar fundamental de uma sociedade democrática e justo quando reza no cap do seu art.5 que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros, existentes no país, a inviolabilidade, à igualdade, a segurança e a propriedade.
A escola Precisa estar preparada para falar, ou melhor, ate mesmo, debater sobre o conceito da cultura da diferença. Mas um importante antropólogo, ao escrever sobre o tema afirma o seguinte. Para GEERTZ (2008, Pg.33);
Não dirigido por padrões culturais sistemas organizados de símbolos significantes. O comportamento do homem seria virtualmente ingovernável, um simples caos de atos sem sentido e de explosões emocionais, e sua experiência não teria praticamente qualquer forma. A cultura, a totalidade acumulada de tais padrões, não é apenas um ornamento da existência humana, mas uma condição essencial para ela- a principal base de sua especificidade.
O sentido que a escola dá a vida à forma como se trata os relacionamentos está ligada a cultura que vive, servindo como uma espécie de lente através da qual se olharmos o mundo a nossa volta perceberemos que está bem no meio de nós, e não somente a nossa volta.
Não é necessário buscar mundos distantes para vivermos e experiência de conviver com o “outro” a escola, a sala de aula pode ser, um espaço privilegiado de aprender com pessoas de culturas diferentes.
Portanto ao invés de querer padronizar as diferenças, porque não aprendermos com as diferentes respostas que as pessoas nos dão as mesmas perguntas que fazemos? Pois podemos aprender muito mais quando conseguimos ouvir o que outro quer dizer.
Ser portador de uma cultura diferente não torna ninguém mais ou menos importante. O respeito à diversidade deve ser a condição de igualdade, ou seja, uma igualdade que se orienta pelo direito de ser diferente. Porém, é fundamental que não se confunda diversidade com desigualdade, já que a primeira diz respeito à qualidade de organizarem-se de forma particular, e a segunda, as mazelas produzidas por uma sociedade desigual.
Na escola só é possível falar em cultura quando consideramos que no mundo em que vivemos, no qual partilhamos nossa unidade biológica como espécie é vivida e pensada de múltiplas maneiras em todo lugar, a cada dia que se inicia e se finda nessa incessante criação humana que é a cultura. Para Brandão (2002, Pg. 23).
Pois somos a única espécie que, munida de um mesmo aparato biopsicológico, ao invés de produzir um único modo de vida, ou maneiras de ser muito semelhantes, geramos quase incontáveis formas de ser e de viver no interior de inúmeras variedades de culturas humana.
Essas culturas com suas diferenças estão presentes também na escola, por isso os educadores e educadoras precisam estar sempre atentos às situações vivenciadas nos espaços (educacionais), sejam eles formais ou informais, na pratica diária como profissionais e, principalmente, tomar cuidado com a missão. Às vezes, por medo, desconhecimento ou comodismo acabamos convivendo com a intolerância mesmo sem concordar, com essa atitude.
Mas precisamos como escola levantar bem alto a bandeira da igualdade e não ficarmos presos somente à cultura no qual fazemos parte, mas conviver com a mesma aprender a lidar com a diversidade que bate a nossa porta e trata-la com a mesma dignidade com que queremos ser tratado. É por isso que Leanplantine (1998, pg.21) afirma que:
Quando ficamos presos a única cultura, somos não apenas cegos à dos outros, mas míopes quando se trata da nossa. A expectativa da atividade (e a elaboração dessa experiência) leva-nos a ver aquilo que meu sempre teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade em fixar nossa atenção no que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que consideramos “evidente”. Aos poucos notamos que o menor dos nossos comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de “natural”. Começamos então a nos surpreender com aquilo que diz respeito a nós mesmos, a nos espiar. O conhecimento (antropológico de nossa cultura, passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não única.
Percebemos aqui a importância de exercitarmos nossa alteridade diariamente, em todos os ambientes sociais, principalmente se acreditamos em uma educação voltada para a paz e respeito.
Pois a escola e, consequentemente, a educação, como espaço em que as contradições sociais e manifestam diariamente, convertendo-se em um dos cenários de multiculturalismo. A presença das múltiplas culturas não é uma invenção escolar, mas a convivência entre as mais diversas culturas existente em um ambiente escolar é fator importante no contexto que estamos tratando. Essa convivência é resultado das interações humanas seja por processo de colonização, migração etc.
Precisamos de escola ou educação que consiga realizar o dialogo entre as nossas diferentes formas de ser brasileiro e brasileiro que aprenda a partir dos próprios desafios que essas diversidades nos colocam. De acordo com DL115- A/98, DE 4 DE MAIO);
A escola, enquanto centro das politicas educativas, tem, assim, de construir a sua autonomia a partir da comunidade em que insere, dos seus problemas e potencialidades, contando com uma nova atitude da administração central, regional e local, que possibilite uma melhor resposta aos desafios da mudança.
Dizer que uma escola é para todos, significa que temos de ter em conta a diferença que existe na mesma, e ter em atenção às diferenças de língua, religião costumes, etc.
A escola competitiva a organização de um ambiente cultural que permita a maturação de cada individuo no respeito pelos aspectos éticos, cívicos e técnicos, harmoniosamente interligados, humanizando ensino de modo a que faça evoluir o processo cognitivo e relacional, que possibilite o desenvolvimento de atitudes responsáveis nos jovens, que lhes permitam assumir a responsabilidade pelos seus atos e a capacidade em que vivem, aprendendo a participar com alteridade na construção do bem comum (pg 13).
Também segundo este mesmo autor (2001), a escola, tal como a sociedade deve ser desafiada a repensar estratégias para acolher todos os alunos, até sobre todos aqueles de outros países, que tem como origem a sua própria língua e sua própria cultura. Geertz (1989) define cultura como;
Um padrão historicamente transmitido de significados encarnados em símbolos, um sistema de concepções herdadas, expressas em forma simbólica, por meio dos quais, os homens comunicam, perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e atitude em relação à vida. O autor defende que os grupos sociais criam uma variedade de códigos e símbolos e as diferenças existentes entre seres humanos e as culturas está condicionada aos diversos sistemas simbólicos constituídos.
Para o mesmo autor, pg. 56;
[...] a cultura é melhor vista não como complexos de padrões concretos de comportamento, costumes, usos, tradições, feixes de hábitos como tem sido o caso até agora, mas como um conjunto de mecanismos de controle, planos, receitas, regras instruções (o que os engenheiros de computação chamam “programas”) – para governar o comportamento.
Assim como escola precisam aprender a conviver em sociedade e, simultaneamente, terem a capacidade de decifrar os diversos códigos e símbolos instituídos por um determinado grupo, a noção de individualidade que está condicionada a determinados padrões culturais criados historicamente que servem como referencia para os indivíduos estabelecerem adjetivos e direções para suas vidas.
Pois pensar em um ambiente educacional é sempre antes de tudo saber decifrar o real e as representações sociais, que fazem parte os grupos que nele vivem, é preciso conhecer a realidade de cada sociedade e a sua maneira de pensar, mas para tanto é preciso conhecer quem são esses grupos, o que fazem, como vivem e como se relacionam entre si, para assim ter uma escola aberta a todos. Freire (1997) afirma:
[...] não me parece possível, nem aceitável a posição ingênua, ou pior, astutamente neutra de quem estuda, seja o físico, o biólogo, sociólogo, matemático, ou pensador da educação. Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra. Não posso estar no mundo de luvas nas mãos, constatando apenas. A acomodação em mim é apenas caminho para inserção que implica decisão, escolha, intervenção na realidade.
Na verdade os que fazem parte da escola, assim como qualquer outra instituição não são neutros e nem alheios a grupo sociais que compõem a mesma. De acordo com Dayrell (1996);
Embora a escola tenha função de garantir o acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente acumulados pela sociedade, os quais são materializados nos programas e nos livros didáticos por ela produzidos, o seu compromisso social acaba por reafirmar se, como os de reproduzir as desigualdades sociais e os princípios ideológicos que sustentam a estrutura social da qual faz parte.
Mas a escola precisa considerar a singularidade e a individualidade de cada ator social, pois o papel da escola não é desconsiderar que cada aluno é portador de características sócio cultural próprio, mas estar atentos às diferenças como resultado de suas vivencias, de modo que a diversidade não seja reduzida, mas sim compreendidas e aceitas.
Considerando assim que o processo educativo compreende o oferecimento de instrumentos e de alternativas para que os indivíduos tomem consciência sobre si sobre o outro e sobre a sociedade. Conforme MICHALISZYN (2008);
É aceitar como pessoa e saber aceitar os outros. É oferecer varias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstancias diversas que todos irão encontrar.... Nesta abordagem crê-se que afetividade ganha destaque, pois a interação afetiva ajuda mais a compreender e a modificar as pessoas do que um raciocínio brilhante, repassado mecanicamente.
Embora sabe-se que seja impossível uma escola igual para todos, acreditamos que seja possível a construção de uma escola que reconheça que os alunos são diferentes, que possuem uma cultura diversa e que repense o currículo, a partir da realidade existente dentro de uma lógica de igualdade e direitos sociais. A proposta de uma educação voltada para as diferenças coloca a todos os educadores, o grande desafio de estar atentos a essas diferenças sejam elas econômica, sociais, e raciais e buscam assim o domínio de um saber crítico que permita interpreta-las. Assim, podemos deduzir que a exclusão escolar não está relacionada somente com o fator econômico, ou seja, por ser um aluno de origem pobre, mais também pela sua origem étnica racial.
Mesmo vivendo em uma sociedade, onde as diferenças culturais estão sempre presente, principalmente na escola, é por isso que a mesma precisa estar sempre atenta quanto às diferenças nela existente, para que assim seja uma escola onde o espaço é aberto a todos, sendo criador de valores humanos, e o aprendizado alcance a todos sem nenhuma restrição ou preconceito.
- METODOLOGIA
A metodologia da pesquisa em foco é qualitativa. Essa pesquisa tem como principal característica, buscar interpretar fenômenos e atribuir significados a eles. Esse tipo de pesquisa contribui para um desenvolvimento científico, em relação do que foi pesquisado, tornando o pesquisador criador de uma teoria aceitável e responsável pelos resultados obtidos. Para TRIVIÑOS (1987, P.133)
(...) o pesquisador, orientado pelo enfoque qualitativo, tem ampla liberdade teórico-metodológica para realizar seu estudo. Os limites de sua iniciativa particular estarão exclusivamente fixados pelas condições da exigência de um trabalho científico. Este repetimos, deve ter uma estrutura coerente, consistente, originalidade e nível de objetivação capazes de merecer a aprovação dos cientistas num processo intersubjetivo de apreciação.
Essa pesquisa então é qualitativa de natureza bibliográfica. Qualquer pesquisa exige coleta de dados de fontes variadas que se processa através de documentação direta ou indireta.
A pesquisa que foi realizada é uma pesquisa bibliográfica. Esta tem a finalidade de levantar as contribuições culturais e científicas já existentes sobre o determinado tema.
Estas são algumas das indagações desta pesquisa de caráter qualitativo (LUDKE;ANDRÉ) :
A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal. (...) supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que esta sendo investigada (...). Os dados coletados são predominantemente descritivos. O material obtido nessas pesquisas é rico em descrições de pessoas, situações, acontecimentos (...) A análise tende a seguir um processo indutivo. (p.13-15)
Os métodos qualitativos são apropriados quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e não tende a quantificação. Geralmente, são usados quando o entendimento do contexto social e cultural é um elemento importante para pesquisa.
Manzo, citado por Lakatos (2001, p. 44), assim se refere à contribuição de uma pesquisa bibliográfica: “oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas, onde os problemas ainda não se cristalizaram suficientemente".
Galliano (1986, p. 109) fortalece esta posição quando diz:
Pesquisa bibliográfica é a que se efetua tentando resolver um problema ou adquirir novos conhecimentos a partir de informações publicadas em livros ou documentos similares (catálogos, folhetos, artigos etc.). Seu objetivo é desvendar, recolher e analisar as principais contribuições teóricas sobre um determinado fato, assunto ou ideia.
Sendo assim esta se realizou através da leitura de livros, publicações periódicas tais como revistas, artigos e através de sites da internet.
- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise efetuada demonstrou que todos os autores dos textos analisados utilizam os conceitos de cultura, diferença e identidade não essencialista, ou seja, argumentam que as mesmas sirvam para construções culturais, fruto dos contextos nos quais os sujeitos desenvolvem suas experiências.
Por fim vale salientar que este estudo não teve como pretensão esgotar o debate sobre a diferença cultural na escola, mas pretendeu trazer ao debate alguns aspectos sobre a temática no tocante, especialmente, as variadas definições que são utilizadas para o estudo da diferença cultural no ambiente escolar e possíveis razões que originariam este fenômeno, procurando assim lançar desafios para a continuidade dos estudos acerca das diferenças na escola, afim de buscar alternativas para superar este problema.
Considerando os elementos indicados nesse texto conclui-se, desse modo que o controle das diferenças pelo currículo também apontam discussões em termos educacionais que considerem as escolas como espaços públicos capazes de produzir novos significados e que lidam com a inevitável presença da diferença cultural em nossa sociedade. O que mais foi trabalhado nesse texto é que a escola ou a educação é direito de todos, mesmo com tantas contradições socais, mas as mesmas se manifestam e se convertem em multiculturalismo, pois que foi mostrada que a presença de múltiplas culturas não é uma invenção escolar, mas a convivência entre as mais diversas culturas existente em um ambiente escolar, sendo um fator importante no contexto no qual o texto discorreu.
Foi enfatizado também que a escola deve ter por objetivo a formação de cidadãos críticos que respeitem a diversidade em todas as suas formas, proporcionando a valorização da diversidade cultural.
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