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EVASÃO ESCOLAR: DESAFIO NO CONTEXTO DA EJA

 

Nalimy Reis de Sousa Pereira[1]

 

Resumo

O presente estudo teve como propósito investigar os motivos da evasão escolar no Centro de Educação de Jovens e Adultos Benedito Sant’Ana da Silva Freire (CEJA) de Sinop – MT. Este artigo propõe uma reflexão sobre um problema antigo e recorrente na escola brasileira, independente da faixa etária, buscou-se aqui entender como se dá a abordagem desse problema e quais os conceitos aplicados pelo corpo docente para atender tal público diferenciado e heterogêneo. Dentro desse contexto, analisaremos o papel da escola, qual a sua postura ideal e como ela pode contribuir para uma sociedade mais humanizada e permissora de autoconfiança. Ciente que são muitos os problemas enfrentados procurou-se fazer uma análise das relações nesse meio, onde, o saber ouvir, o aprender com o aluno, muitas vezes é mais importante do que algumas formalidades práticas da educação. Entre alguns dos desafios na atualidade estão: a compreensão das necessidades educativas especiais e o trabalhar com a diversidade juntamente com a questão cultural no combate a evasão. É importante a conexão entre o conhecimento cientifico e a relação humana, estabelecer relações afetivas com o estudante, que a escola seja um local de crescimento, na busca de reparar a dívida social com essa pessoa que não concluiu os estudos na idade correta.

Palavras-chave: Evasão. Educação. Desafio. Jovens e Adultos.

 

Abstrat

This study aimed to investigate the reasons for truancy in the Youth Education Center and Adult Anne Benedito da Silva Freire (CEJA) of Sinop - MT. This article proposes a reflection on an old and recurring problem in Brazilian school, regardless of age, we sought to understand here how does the approach to this problem and what concepts applied by the faculty to meet such a differentiated and heterogeneous public. In this context, we will examine the role of schools, what is your ideal posture and how it can contribute to a more humane society and permissora of confidence. Aware that there are many problems faced sought to make an analysis of the relations in that environment, where the listening, learning with the student, it is often more important than some practical formalities of education. They are among some of the challenges today: the understanding of special educational needs and work with diversity together with the cultural issue in combating evasion. It is important the connection between scientific knowledge and human relationship, establishing relationships with the student, the school is a place of growth, seeking to repair the social debt with that person who did not complete his studies at the correct age.

Keywords: Evasion. Education. Challenge. Youth and Adult.

 

1. Introdução

            É importante ressaltar que a EJA não trata apenas da educação escolarizada, ela acontece em espaços que não são formais, nos espaços sociais, historicamente no Brasil, o ensino para adultos teve diferentes objetivos, como por exemplo, na fase da colonização do país, época em que, os adultos eram catequizados pelos Jesuítas com a finalidade de estabelecer entre os nativos a língua e a religião do colonizador. 

            A educação no sentido de ampliar o conhecimento tem início a partir de 1930 com ascensão de Getúlio Vargas ao governo federal, pois, a economia que era agrária, centrada nas ações dos coronéis, a partir de então se choca com um novo grupo político que tem intenção de industrializar para atingir a modernização, fazendo surgir à demanda de pessoas no mínimo alfabetizadas, paralelamente surgiu também o movimento da escola novista que ocorreu sobre liderança de Anísio Teixeira, o qual tinha intenção de ampliar a educação cientifica maiscentrada no aluno e não somente no professor, o estudante devia participar do processo educativo não mais como uma tábula rasa. É nesse cenário que foi pensada a primeira campanha de alfabetização (1947), após a redemocratização o país sofreu influencias externas e o Brasil até pela dependência econômica sofria diretamente esse impacto da crise de 1929.

            Em 1953desvinculou-se o ministério da educação, que até então era ministério da educação e saúde, surgindo o MEC, primeiramente focado no ensino infantil e de adolescentes, porém, sem aumentar a escolarização da população brasileira era impossível o país se modernizar, era necessário que houvesse um investimento maior na educação. O país que tinha um dos maiores índices de analfabetismo no mundo teria que reduzir drasticamente esse índice como forma de propulsionar o crescimento econômico, pois, acreditava-se que, o baixo desenvolvimento do país era em virtude do analfabetismo.

            No decorrer desse período, a preocupação com a educação voltada para a emancipação cidadã foi almejada por estudiosos como Paulo Freire, para quem, “ensinar exige rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes dos educandos, criatividade, estética, ética, risco, aceitação do novo, rejeição a qualquer forma de descriminação” (2001, p. 31). Conceitos norteadores especialmente para a EJA, visto que, o estudante traz consigo notório conhecimento de mundo.

            Para Freire todo ato pedagógico é um ato político, a educação não é neutra na medida em que se trabalha de forma emancipatória, o questionamento afronta o poder, justamente por ter essa visão da educação, o estudioso, após ter sido preso por volta de 1964 ficando exilado no Chile, escreveu o livro “A educação como prática de liberdade” (1967) ele sistematizou o que vivenciou em Rio Grande do Norte na Educação de Jovens e Adultos e em 1968 lançou o livro “Pedagogia do oprimido” uma crítica profunda a educação bancária centrada no professor.

            A criação do MOBRAL, em 1968, foi, segundo Sampaio, (2009, p.09) “mais uma tentativa do Estado brasileiro, primeiro em forma de campanha e depois com estrutura de fundação, de lidar com a tensão social promovida pela negação histórica da educação para as classes populares.” Com expressiva insatisfação foiextinto em 1985, o MOBRAL foi substituído pela Fundação Educar, também extinta em 1990.

            De acordo com Sampaio (2009, p.09) em “1988, a pressão popular por educação e escolas melhores e em maior quantidade levou a Constituição Federal a estender o direito à educação básica aos jovens e adultos como um dever do Estado, afirmando sua obrigatoriedade e gratuidade”.

            Todas essas considerações a respeito da EJA coadunam com o pensamento de Miguel Arroyo (2001), para ele, a EJA não está situada num terreno de ‘consenso’, ensinar para jovens e adultos implica uma concepção de educação que está em permanente mudança, é necessário a priori a compreensão de educação enquanto direito, um direito que foi negado, sobretudo quando “os jovens e adultos são trabalhadores, pobres, negros, subempregados, oprimidos, excluídos” (ARROYO 2001, p. 10). E enquanto dever do Estado que deve ordenar planos políticos pedagógicos.

 

A herança legada pelas experiências de educação de jovens e adultos inspiradas no movimento de educação popular não é apenas digna de ser lembrada e incorporada, quando pensamos em políticas e projetos de EJA, mas continua tão atual quanto nas origens de sua história, nas décadas de 50 e 60, porque a condição social e humana dos jovens e adultos que inspiraram essas experiências e concepções também continua atual [...] em tempos de exclusão, miséria, desemprego, luta pela terra, pelo teto, pelo trabalho, pela vida. Tão atuais que não perderam sua radicalidade, porque a realidade vivida pelos jovens e adultos populares continua radicalmente excludente. (ARROYO, 2001, p. 11)

 

Atualmente o Brasil assumiu o compromisso reduzir as taxas de analfabetismo e entre os programas desenvolvidos está o projeto Brasil Alfabetizado que ajuda a diminuir os índices, porém muito se questiona sobre o crescimento do analfabetismo funcional no país.

O que se percebe nos estudantes na atualidade é a falta de questionamento, seja por que tiveram alguma experiência ruim com algum educador, seja pela acessibilidade à informação através da tecnologia, Paulo Freire evidencia a importância da palavra autêntica, ‘verdadeira’, enquanto diálogo:

 

A existência, porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tão pouco pode nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que os homens transformam o mundo [...] não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho na ação e reflexão. (FREIRE 2009, p. 90)

 

Frequentemente em sala de aula o diálogo, ferramenta importante na construção de cidadãos conscientes é deixada de lado. Esse silenciamento não permite a transformação social enquanto conquista da liberdade pela educação.

            Algumas teorias educacionais contextualizadas por Demerval Saviani, entre as quais estão a escola tradicional, a pedagogia nova e a escola tecnicista, grupo classificado como teoria não crítica, aponta como se deu a construção equivocada de educação que continua a nortear os procedimentos escolares atualmente. Para a teoria da pedagogia nova, universalizar a educação já garantiria a resolução dos problemas da marginalização, garantir o acesso à educação garantiria ascensão social.

            Para a pedagogia tradicional o professor era um conteudista e deveria reproduzir seu conhecimento para os alunos através de exercícios de fixação, a repetição sem relação com o mundo lá fora era o conhecimento escolarizado, a pedagogia nova não faz uma reflexão crítica sobre o sujeito, há sim uma preocupação com o método assim como na pedagogia tecnicista que trata da metodologia de ensino e traz à necessidade de implementar técnicas e ferramentas que garantam a eficácia de ensino, essas teorias preocupam-se mais com o que o aluno vai reter de conhecimento do que com o conhecimento que o sujeito já possui ou com a possibilidade de alterar a realidade pela qual o sujeito está cercado.

Para as teorias crítico produtivistas a educação nada mais é do que um elemento que reproduz a sociedade como ela é uma sociedade que marginaliza que não dá acesso a todos as condições básicas de sobrevivência e bem estar.

A presente pesquisa está fundamentada nas ideias e concepções de autores como: Freire (2009), Arroyo (2001), Sampaio (2009) entre outros.

 

2. Os sujeitos da EJA no Centro de Educação de Jovens e Adultos Benedito Sant’Ana da Silva Freire

 

            Para analisar o problema da evasão na EJA, foi imprescindível ouvir os sujeitos inseridos no referido contexto, para tal, elaboramos questionários dirigidos a cada componente dessa comunidade escolar (Estudantes, Professores, Direção e Coordenação escolar). Pois, acreditamos que, com essa metodologia é possível entender como e o que pensam as pessoas envolvidas no processo educacional da EJA. Dessa forma, apresentamos algumas informações a respeito do Centro de Educação de Jovens e Adultos Benedito Sant’Ana da Silva Freire (CEJA).

            A escola está localizada na Avenida Tarumãs esquina com a Rua das Avencas, nº 800 - Centro - Sinop, MT Enquanto estrutura a escola disponibiliza de 12 (doze) salas de aula, cantina, laboratório de informática, biblioteca, sala de professores, diretoria, 2 (dois) banheiros e pátio. As salas de aula são bem espaçosas; é um ambiente agradável. Porém, além da escola no centro da cidade, que funciona nos três períodos (matutino, vespertino e noturno), o CEJA funciona ainda, somente no período noturno, em salas anexas, em outras quatro escolas de diferentes bairros da cidade atendendo, portanto, cerca de 2000 (dois mil) estudantes.

            As matrículas são realizadas por área de conhecimento sendo elas: Linguagem, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, cada área tem duração de três meses (trimestral), durante esse período o estudante participa das aulas das respectivas disciplinas da área em que está matriculado, de forma sucessiva até completar as três áreas.

            O funcionamento da escola, à noite, nas turmas anexas do CEJA é um pouco limitado no sentido de qualidade do ambiente de trabalho e estudo, pois, como as salas são emprestadas, (durante o dia funcionam outras escolas nesse mesmo ambiente) os estudantes não tem acesso à biblioteca, laboratório de informática entre outros espaços que a escola no centro da cidade proporciona tornando precárias as condições nesses locais. De forma que, o acesso à pesquisa e a leitura da literatura básica ficam comprometidas.

            Para conhecer melhor a realidade da EJA na escola acima citada, Aplicaram-se questionários a 146 (cento e quarenta e seis) pessoas; sendo 43 (quarenta e três) estudantes 1ª e 2ª etapa do Ensino Fundamental 69 (sessenta e nove) estudantes da 1ª e 2ª etapa do Ensino Médio; 31 (trinta e um) professores 02 (duas) coordenadoras Pedagógicas e a diretora da escola. O instrumento aplicado visa conhecer os motivos que levam os alunos a evadirem do ambiente acadêmico e as estratégias pensadas pela unidade escolar pesquisada para reverter tal situação.

 

2.1 A Direção Escolar e a Problemática da Evasão Escolar

            Questionada sobre quais ações têm sido promovidas pela escola, na tentativa de diminuir o número de alunos que evadem trimestralmente e anualmente, a diretora afirmou que, a preocupação por parte da direção escolar e professores é muito grande, que os mesmos têm buscado promover uma educação inclusiva e humanizadora, e que ações como oficinas, feiras de ciências, palestras, projetos nas mais diferentes áreas como: teatro, pintura em tela, música aulas de reforço ocorrem na escola semanalmente durante todo o ano, a escola desenvolve ainda voltado especificamente à evasão um projeto em que professores ligam para os alunos que deixaram de frequentar as aulas recentemente para conversar e tentar resolver o problema do estudante.

            Na gestão atual a escola promove ainda, a formatura dos alunos que encerram seus estudos no ensino médio todos os trimestres como meio de incentivo para aqueles que estão na caminhada em busca do seu diploma para que não desistam.

 

2.2 A Fala dos Professores sobre Evasão Escolar

            O questionário apresentado aos professores buscou compreender basicamente. Entre as respostas um dos principais motivos apontados pelos professores foi quanto à metodologia utilizada em sala de aula que muitas vezes não condiz com o que o aluno espera. Outro motivo relevante diz respeito ao cansaço depois de uma jornada longa de trabalho além desses fatores há ainda em alguns casos a falta de apoio familiar, pois é muito comum que estudantes do sexo feminino desistirem porque não tem com quem deixar os filhos pequenos percebe-se então que existem fatores internos e externos que contribuem para a evasão escolar.

            Ao responder sobre qual a metodologia de ensino que utilizam em sala de aula, os professores afirmaram que procuram sempre adequar o material didático de forma a contemplar a capacidade cognitiva da maioria dos estudantes por turma, porém afirmaram também não ser esta uma tarefa simples, pois, a composição das turmas no CEJA Silva Freire é bastante diversificada, visto que na mesma turma se tem estudantes com necessidades especiais diferenciadas somados a colegas das diferentes faixas etárias.

            Quando questionados sobre os recursos didáticos e as condições de trabalho, se os mesmos atendem as expectativas e as necessidades dos estudantes, os educadores em sua maioria afirmaram que para atender a demanda pela educação de jovens e adultos em Sinop a gestão escolar buscou parcerias com outras escolas, para dessa maneira ofertar o ensino mais próximo da residência do estudante e possibilitar o direito de estudar dessas pessoas visto que somente a escola no centro da cidade não atendia sequer trinta por cento das pessoas que buscavam matricular-se.

            O que surgiu como uma solução tornou-se também um problema, pois, nas salas anexas que funcionam nas escolas parceiras e que estão concentrados cerca de setenta por cento dos estudantes no período noturno, não se tem acesso à biblioteca, laboratório de informática e em uma das escolas não tem nem local apropriado para as aulas práticas de Educação Física.

            Ainda em relação às dificuldades encontradas na EJA os educadores apontaram que a falta de interesse do aluno ainda é o maior problema. Já quanto ao que se tem feito pelos professores para evitar a evasão, os mesmos responderam que constantemente promovem debates e palestras juntamente com a coordenação pedagógica no sentido de motivar os estudantes.

            Os professores relataram ainda, que existe na escola um projeto interdisciplinar, que procura entrar em contato com o estudante que deixou de frequentar as aulas, o projeto tem a finalidade de tomar conhecimento dos motivos que levaram aquele a desistir também verificar junto ao estudante se não há possibilidade de serem feitas adequações para que o mesmo não seja prejudicado, estabelecendo sempre um diálogo de conscientização a respeito da conclusão dos estudos para a vida do estudante.

            É necessário trazer alguns questionamentos para perceber o quanto é importante à concepção teórica para o dia a dia na sala de aula, quais as concepções do que é educação no mundo atual? É senso comum que a educação é capaz de transformar o mundo, capaz de elevar socialmente a pessoa, que a educação proporciona ascensão econômica, que possibilita a inserção das pessoas na sociedade.

            Seria a função da educação, fazer apenas que o sujeito aprenda, e a partir daí já sejam garantidos a ele todos os elementos para sua ascensão social. A escola deve considerar e entender o contexto no qual está inserida, considerar o conhecimento e o universo do sujeito buscar compreender até onde é possível haver alteração para seu bem estar e melhorar a democratização na sociedade atual.

            Sendo assim, cumpre ressaltar que, enquanto educadores a teoria educacional que adotamos enquanto orientadora da nossa práxis está sempre presente no dia a dia de nossas atividades, aquilo que acreditamos que a educação é capaz de fazer. Qual a preocupação mais importante a princípio, qual o planejamento, a preparação, qual o conteúdo, o que se considera como prática, como elemento importante para que esse sujeito aprenda e possa intervir no mundo seja qual o impacto que for a nossa prática está permeada por essas questões.

 

2.3 A fala do estudante de EJA

            Entre os principais fatores indicados pelas respostas dos estudantes para justificar a evasão escolar estão: à jornada de trabalho, às questões familiares e a própria falta de interesse, quanto ao último fator, geralmente os estudantes justificaram estar relacionado aos conteúdos trabalhados em sala, às dificuldades pessoais com cada disciplina e ainda a falta de recursos didáticos atrativos.

            Quando questionados sobre o porquê de ter retomado os estudos, a maioria dos estudantes revelou que buscou a escola com a expectativa de melhorar a condição financeira, pois, veem nos estudos uma forma de qualificarem-se na busca de um emprego melhor, para alguns a conclusão dos estudos abre o caminho para cursar o Ensino Superior.

            Ao responder se o ensino escolar contribui com o conhecimento necessário para o mundo do trabalho, os estudantes afirmaram que sim e que são conscientes da importância da qualificação oferecida na escola.

            Alguns autores influenciados pela teoria marxista começam a questionar qual a concepção da escola a respeito da possibilidade de ascensão social, importante lembrar que a escola está inserida na sociedade e dentro da própria escola não se considera quem é o sujeito, o que ele já sabe qual o tipo de mudança que ele pode projetar na sociedade atual, importante salientar que os teóricos identificam essas falhas na escola, mas não propõe nenhum tipo de mudança.

            Esses elementos não condizem com a concepção que o professor educador tem ao entrar em sala de aula, essa concepção é falha, pois, não aborda aspectos relevantes que acontecem hoje na sociedade capitalista, no mundo atual existe uma demanda de conhecimento por parte do individuo. O questionamento a respeito da possibilidade de todos que entram na escola ter garantido seu bem estar social, deve estar presente constantemente no fazer educacional, enquanto filosofia é necessário garantir estratégias didáticas pedagógicas para EJA, avaliar a concepção de educação que o professor tem ao iniciar a sua prática.

 

3. Aspectos gerais sobre a evasão escolar

A escola na atualidade por muitas vezes faz pouco sentido para a vida dos jovens, sendo esse um dos principais fatores da evasão, alguns desafios como, o trabalho, as tecnologias e a falta do incentivo familiar que se apresentam frente à forma tradicional de educar afastam ainda mais os estudantes.

A necessidade move as pessoas para o aprender, o conhecimento é produzido, não está pronto e acabado, A incompletude da nossa realidade humana multidimensional se apresenta frente à escola e seus métodos.Segundo Paulo Freire ‘a educação deve nortear-se pela pesquisa, pelo respeito aos saberes do educando, pela criticidade’, entre outros aspectos importantes. Todos esses conceitos visam negar a neutralidade na posição do professor, o ensino deve basear-se na pesquisa, no fazer pedagógico, nos questionamentos, os saberes socialmente construídos fazem parte desse processo e devem ser valorizados, o que o estudante entende sobre os saberes que a escola propõe qual o sentido prático desses saberes enquanto currículo.

A evasão escolar apesar de, amplamente discutida, é um problema frequente em todos os âmbitos da escola brasileira especialmente na EJA, pois, diante da sua trajetória histórica, é possível observar que, essa modalidade muitas vezes tem importância secundária e como consequência surge à inadequação do currículo e dos materiais didáticos.

Frente a todos esses obstáculos enfrentados, é possível observar ainda no estudante da EJA, uma autoimagem de rebaixamento, de desvalia, sentimentos de vergonha e inadequação que se fazem presente no contexto educacional, contexto no qual surge o professor que pode ser exemplo de vida para seus alunos, através do incentivo e da valorização dos saberes que cada educando traz consigo.

É visível também, que a escola precisa se re-encaixar socialmente, que esta tenha um papel importante para a vida do homem, que os conhecimentos ali adquiridos sejam significativos, na atualidade não cabe mais a educação tradicionalista que se praticou por décadas no Brasil, muitas vezes o que temos é mesma sala de aula, tudo mudou nos últimos anos e a escola precisa voltar a seduzir o jovem, ao invés de trabalhar por disciplina trabalhar com projetos, flexibilizar a entrada do aluno no mercado de trabalho em busca de uma formação plena, o Enem é o exemplo maior de que o que se busca avaliar atualmente são as habilidades e competências.

 

Conclusão

            No presente estudo foi possível observar que a escola não consegue resolver o problema da marginalização, as pessoas não entram e saem formados com facilidade e quando formam nem todos tema ascensão social e econômica esperada, não tema devida inserção na sociedade ‘democrática’.

            Esses elementos ajudam a entender a pedagogia de Paulo Freire, a respeito do que se espera do sujeito que entra na escola, suas colocações a respeito de que a escola não resolverá os problemas da sociedade, uma vez que ela está inserida e perpetua os vícios que a mesma sociedade carrega, mas, que enquanto educadores há que se considerar quem é o sujeito aprendiz, qual a história que ele tem de vida, o que ele poderá fazer com o conhecimento escolarizado, de forma que possa alterar sua condição social ou econômica, a sua posição frente ao mundo, independente se de forma restrita, ao seu redor, ou de forma mais ampla, por meio do coletivo, para que posteriormente atuando possa tornar essa sociedade mais democrática conforme os preceitos igualitários.

 

Referências

ARROYO, Miguel G.Escola coerente à Escola possível. São Paulo: Loyola, 1997.

 

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 32ª Reimpressão. Rio de Janeiro- RJ: Paz e Terra, 2009.

 

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 41a edição, Coleção: Questões de Nossa Época, Cortez Editora: São Paulo - SP, 2001.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 48ª Reimpressão. Rio de Janeiro- RJ: Paz e Terra, 2009.

 

SAMPAIO, Marisa Narcizo. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UMA HISTÓRIA DE COMPLEXIDADE E TENSÕES. Disponível em:http://periodicos.uesb.br/index.php/praxis/article/viewFile/241/253. Acesso em: 05/07/2015.



[1]Professora da Escola Estadual Djalma Guilherme da Silva, Sinop-MT.  Licenciada em História pela Faculdade de Estudos Sociais de Barra do Garças. Pós-graduada em Educação de Jovens e Adultos pela Universidade Cândido Mendes.