A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DE PROFESSORES
Adriane Wilhelm[1]
Resumo
Visto que a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) tem sido um tema bastante discutido nos últimos anos, e que a Qualidade de Vida dos trabalhadores de forma geral esta cada vez mais prejudicada, e tendo em vista a minha profissão em especial, escolhi como tema do meu artigo a Qualidade de Vida no Trabalho de Professores, a partir de fundamentos teóricos e de entrevistas com professores se deu inicio a pesquisa. O objetivo principal dessa pesquisa é verificar como esta a Qualidade de Vida no Trabalho de professores, fazendo uma analise de sua saúde física e emocional, de sua motivação e satisfação com o trabalho desenvolvido, e como essa Qualidade de Vida influencia em suas aulas e em sua família, para que isso fosse possível utilizei-me de alguns autores que foram fundamentais para a elaboração e conclusão da pesquisa, entre eles: Chiavenato, Gooch, McDowell, Bergamini, Walton, Werther, Hackman e Búrigo, entre outros que também contribuíram. Para a Metodologia me baseei na pesquisa bibliográfica de autores citados acima, e também para coleta de dados utilizei a entrevista semi-estruturada, onde entrevistei alguns professores, da educação infantil e do ensino fundamental.
Palavras-chave: Qualidade de Vida no trabalho. Professores. Motivação. Saúde.
Resumen
Dado que la calidad de la vida de trabajo (CVL) ha sido un tema ampliamente discutido en los últimos años, y la calidad de vida de los trabajadores en general se deteriora cada vez más, y en vista de mi profesión en particular, eligió como tema de mi artículo de la Calidad de vida Laboral de Maestros, de teórico y entrevistas con profesores ha iniciado la investigación. El objetivo principal de esta investigación es ver cómo esta calidad de vida laboral de los docentes, haciendo un análisis de su salud física y emocional, la motivación y la satisfacción con el trabajo, y cómo esto influye en la calidad de vida en sus clases y su familia, para que esto sea posible he utilizado unos pocos autores que contribuyeron en la elaboración y conclusión de la investigación, incluyendo: Chiavenato, Gooch, McDowell, Bergamini, Walton, Werther, Hackman y Burigo, entre otros que también contribuyeron. Metodología para la I basada en la literatura de los autores citados anteriormente, y también para la recolección de datos utilizado la entrevista semi-estructurada, donde entrevisté a algunos maestros, educación de la primera infancia y la educación primaria.
Palabras clave: Calidad de vida en el trabajo. Profesores. Motivación. Salud.
1. Introdução
A qualidade de vida no trabalho não abrange somente a prática de exercícios físicos e problemas de saúde, a sua área de abrangência é muito maior, tudo que está relacionado ao bem-estar do funcionário faz referência à qualidade de vida no trabalho, como: relações humanas, motivação, saúde física e emocional, costumes, culturas, segurança, renda, habitação, educação, ambiente de trabalho entre outros. Para WALCKER & AVANTE (1993), qualidade de vida integra um estado aceitável da saúde física, emocional, mental e social.
Percebendo que o tema Qualidade de Vida no Trabalho, esta sendo cada vez mais discutido em todos os âmbitos, resolvi investigar como anda a qualidade de vida no trabalho dos professores da cidade de Sinop/MT, tendo como objetivo principal avaliar a qualidade de vida dos professores, bem como os problemas causados a saúde e a vida desses profissionais.
Para tanto, foi utilizada a pesquisa bibliográfica, onde, segundo Pádua (2004, p.55) “[...] a finalidade da Pesquisa Bibliográfica é colocar o pesquisador em contato com o que já se produziu a respeito do seu tema de pesquisa”.
Tendo como fonte de coleta de dados a entrevista semi-estruturada, com professores da rede de ensino de Sinop/MT, onde, através dessas perguntas obtive respostas quanto à qualidade de vida no trabalho, saúde emocional e física, satisfação, motivação, entre outros. Como nos cita Neto (2002, p. 57): A entrevista é o procedimento mais usual no trabalho de campo. Através dela, o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos atores sociais. Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos atores, enquanto objeto de pesquisa que vivenciam uma determinada realidade que esta sendo focalizada [...].
Pádua nos explica que na:
“Entrevista semi-estruturada, o pesquisador organiza um conjunto de questões sobre o tema que esta sendo estudado, mas permite que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vão surgindo como desdobramento do tema principal”. (Pádua, 2004, p. 70)
Esse artigo esta organizado em Introdução, onde faço um breve relato sobre a Qualidade de Vida no trabalho, objetivos e sobre as metodologias utilizadas. Desenvolvimento, onde constam as pesquisas que fiz, bem como as respostas encontradas, onde descrevo como se encontra a vida e a qualidade de vida dos professores entrevistados. Conclusão, onde faço um relato do que encontrei durante a pesquisa, e o que conclui com essa pesquisa.
2. QUALIDADE DE VIDA DOS PROFESSORES
Como podemos perceber no passar dos anos, as empresas estão buscando investir, cada vez mais, em seus colaboradores, pois acreditam que assim fazendo, terão menos prejuízos e desgastes, pois o colaborador que trabalha bem e que se sente bem em seu local de trabalho rende mais, presta mais atenção em seu serviço e com isso reduz-se muito os acidentes e incidentes de trabalho, favorecendo a empregado e empregador.
Para que o colaborador se sinta bem e produza mais, é necessário que o seu local de trabalho esteja bem estruturado para recebê-lo, com iluminação e temperatura adequadas, com suas pausas e descansos merecidos, com alimentação necessária, bom relacionamento com colegas de trabalho e com seus chefes, esses são fatores que influenciam e muito a qualidade de vida dos colaboradores.
Para que haja uma satisfação plena, o empregado e o empregador precisam estar sempre se relacionando, o empregador deve mostrar aos seus empregados o que ele espera, qual a visão e missão da empresa, e também mostrar ao colaborador seu valor dentro da mesma, para que ele se sinta motivado, e bem em seu local de trabalho.
De acordo com Hackman e Sutei (apud BÚRIGO, 1997, p. 19):
“a qualidade de vida no trabalho refere-se à satisfação das necessidades da pessoa. Ela afeta atitudes pessoais e comportamentais, tais como criatividade, vontade de inovar ou aceitar mudanças, capacidade de adaptar-se a mudanças no ambiente de trabalho e o grau de motivação interna para o trabalho, que são fatores importantes para a produtividade do indivíduo”.
Não há produtos e serviços com qualidade se as pessoas que trabalham na organização não têm qualidade de vida, assim como não adianta a aplicação de ferramentas, métodos e programas de qualidade se não há atenção para com a gestão de pessoas.
Conforme as pesquisas e questionários que apliquei a 10 professores, pude perceber que a Qualidade de Vida na Educação não é das melhores. O quadro abaixo descrevo o nível da qualidade de vida dos professores entrevistados.
Seguindo a pergunta, e analisando as respostas dos professores entrevistados, foi formulado o quadro abaixo:
Conforme relato dos professores entrevistados, podemos perceber que, o nível de conforto bem como de satisfação, motivação, realização e segurança, em seu ambiente de trabalho esta bom, pois segundo eles as salas de aula são bem confortáveis, algumas possuem ar condicionado, televisores, cadeiras e mesas adequadas para seus alunos. O nível de satisfação e motivação, segundo os entrevistados, se dá pelo seu próprio esforço, pela paixão que têm pela profissão, pois segundo relatos, a instituição não lhes da motivação alguma para continuarem na profissão escolhida.
Para Chiavenato (1992):
[...] a motivação é algo que está contido dentro das próprias pessoas, mas pode ser amplamente influenciada por fatores externos ao indivíduo ou pelo seu próprio trabalho na empresa. A motivação intrínseca e a motivação extrínseca devem se complementar através do trabalho gerencial.
Para Goch e MCdOWELL:
[...] “a motivação é uma força que se encontra no interior de cada pessoa e que pode estar ligada a um desejo. Uma pessoa não consegue jamais motivar alguém; o que ela pode fazer é estimular a outra pessoa. (Gooch e McDowell, apud BERGAMINI, 1997, p. 82)
Quando a pergunta foi quanto ao nível de cansaço e estresse físico e emocional, podemos perceber que poucos ao final de um dia de trabalho se declaram cansados ou estressados, físico e emocionalmente.
Com esse quadro de perguntas, podemos observar que os professores se sentem bem perante o serviço prestado, mas um pouco desgostosos quando se fala em motivação para o trabalho.
São vários os teóricos que contribuíram para um melhor entendimento da Qualidade de Vida no Trabalho, dentre eles podemos destacar alguns modelos de competências para que possamos entender e ter uma visão mais ampla do trabalho de professores.
Walton (1973) prioriza a humanização e a responsabilidade social utilizando-se de oito critérios básicos: compensação justa e adequada; condições de trabalho seguras e saudáveis; oportunidades para desenvolver e usar capacidades humanas; oportunidades futuras para o crescimento e garantia de emprego; integração social na organização; constitucionalismo na organização; o trabalho e o espaço total na vida do individuo e a relevância social no trabalho.
Hackmam & Oldham (1975), sustentam a positividade pessoal e o resultado do trabalho: motivação, satisfação e qualidade. Utilizam três estados psicológicos: significação percebida, responsabilidade percebida e conhecimento dos resultados dos trabalhos. Na área do trabalho têm-se cinco dimensões básicas: variedade de habilidades, identidade de tarefas, significado das tarefas, autonomia e opinião.
Werther & Davis (1983), sustentam a valorização dos cargos, para eles o cargo deve incluir as competências de cada trabalhador, com o aumento das competências, ocorre a mudança de cargo.
Belanger (1983) considera o trabalho em si, o crescimento pessoal e profissional, as tarefas com significados, funções e estruturas organizacionais.
Huse & Cummings (1985), relaciona a Qualidade de Vida no Trabalho com a produtividade, onde envolve a participação do trabalhador, projetos de cargos, inovação no sistema de recompensas e melhoria no ambiente de trabalho.
Não são apenas as condições físicas de trabalho que importam. É preciso algo mais, as condições sociais e psicológicas também fazem parte do ambiente de trabalho. Para alcançar qualidade e produtividade, é necessário ter pessoas motivadas nos trabalhos e recompensadas adequadamente.
Quando perguntamos aos professores entrevistados se “estão satisfeitos com a sua remuneração salarial?” obtivemos as seguintes respostas:
1. Não, hoje nossa profissão esta muito desvalorizada, a falta de respeito e consideração prevalece, o que faz com que, hoje, nós professores sejamos muitas vezes tratados pelos próprios pais como babás de seus filhos, e não educadores.
2. Não, a educação de uma forma geral esta cada vez mais desvalorizada, e isso acaba cada vez mais desmotivando os professores.
3. Não, embora quando cursamos uma faculdade sabemos o valor que se é dado aquela profissão, não entramos na área da educação de olhos vedados, sabemos exatamente o que encontraremos, apesar da desvalorização é uma profissão que nos dá cada dia mais incentivo para continuar.
Dentro das instituições de ensino, assim como em uma empresa, têm-se os clientes, na escola os clientes são os alunos, e pensando neles que os professores devem exercer sua profissão da melhor forma, com muito amor e dedicação. Para conseguir satisfazer o cliente (aluno), a empresa (escola) precisa antes satisfazer seus funcionários que são responsáveis pelo serviço oferecido.
Para Chiavenato (2008), “a qualidade de vida no trabalho envolve uma constelação de fatores como: a satisfação com o trabalho executado, possibilidades de futuro na organização, reconhecimento pelos resultados alcançados, o salario percebido, benefícios auferidos, relacionamento humano dentro do grupo e da organização, ambiente psicológico e físico de trabalho, liberdade de decidir, possibilidade de participar, entre outras”.
Para que se tenha um ambiente de trabalho agradável é necessário expor também alguns fatores que contribuem para uma melhor qualidade de vida no trabalho, conforme nos diz Chiavenato (2008) “um ambiente de trabalho agradável facilita o relacionamento interpessoal e melhora a produtividade, bem como reduz acidentes, doenças e rotatividade de pessoal. Fazer do ambiente um local agradável para se trabalhar tornou-se uma verdadeira obsessão para as empresas bem sucedidas”.
Entre esses fatores podemos citar alguns relacionados ao ambiente físico de trabalho como: iluminação, ventilação, temperatura, ruídos, conforto, e ao ambiente psicológico de trabalho como: saúde ocupacional, materiais adequados para as necessidades do trabalhador, atividades de ergonomia, entre outros.
Um dos fatores para uma boa qualidade de vida no trabalho é a saúde do funcionário, toda empresa deve ter o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que exige exame médico admissional, periódico, exame de retorno ao trabalho (em caso de afastamento por mais de 30 dias), exame de mudança de função e exame demissional, esses exames asseguram a saúde do funcionário durante o seu período de prestação de serviço na empresa.
Além de exames médicos esse programa exige ainda, palestras de medicina preventiva, relatório de riscos ambientais, bem como exames complementares coma avaliações clinicas, se necessário. Com a elaboração e execução desse programa pode-se evitar vários prejuízos a empresa, como: pagamento de indenizações por acidente de trabalho e doenças, afastamento de pessoas, baixa produtividade e baixa qualidade dos produtos.
Os principais problemas de saúde em empresas e instituições são: Estresse no trabalho, ansiedade, angustia, vida sedentária, (que estão muito presentes nas escolas e na vida de professores), hábitos alimentares irregulares, ausência de cuidados médicos, exposição excessiva a ambientes.
Segundo os professores entrevistados, as instituições de ensino não possuem um programa para melhorar a qualidade de vida no trabalho, bem como programas de ergonomia, e de aperfeiçoamento para professores.
Outro fator importante a ser mencionado, é o estresse emocional e físico. Esse provoca serias consequências, tanto para o colaborador como para a instituição, as principais consequências causadas pelo estresse são: angustia, depressão, ansiedade, e também as consequências físicas como: distúrbios gástricos e cardiovasculares, dores de cabeça, nervosismo e acidentes de trabalho.
O quadro abaixo nos mostra os fatores que causam estresse na vida pessoal e profissional de cada individuo. (Quadro retirado do livro, Recursos humanos – O capital humano das organizações. 2009. Chiavenato).
Outro fator determinante quando se fala em qualidade de vida no trabalho, é a higiene do trabalho. Conforme Chiavenato (2009), higiene no trabalho refere-se ao conjunto de normas e procedimentos que visa à proteção da integridade física e mental do trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executados.
Temos como objetivo da higiene no trabalho, seguindo esse conceito de Chiavenato, a eliminação das causas das doenças profissionais, redução dos efeitos prejudiciais provocados pelo trabalho em pessoas doentes ou portadoras de deficiência física, prevenção de agravamento de doenças e de lesões, manutenção da saúde dos trabalhadores e aumento da produtividade por meio de controle do ambiente de trabalho.
Para Baptista, esses objetivos poderão ser alcançados através de: educação dos operários, chefes, gerentes, indicando os perigos existentes e ensinando como evita-los, constante estado de alerta contra riscos existentes na empresa e observações dos novos processos ou materiais a serem utilizados.
Muitas organizações estão cada vez mais empenhadas e preocupadas quando o assunto é segurança no trabalho, e qualidade de vida dos profissionais.
“Segurança no trabalho é o conjunto de medidas de ordem técnica, educacional, médica e psicológica utilizada para prevenir acidentes, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou convencendo as pessoas da implantação de praticas preventivas”. Thelan e Walters (1985, p. 85).
Os acidentes de trabalho estão cada vez mais frequentes em empresas de diversos setores. Anualmente são divulgadas estatísticas sobre acidentes de trabalho que ocorrem como os números de mortes, feridos, aleijados, incapacitados para o trabalho e incapacitados para a vida normal. No Brasil ocorrem cerca de 1000 acidentes por dia em média.
Os acidentes de trabalho são classificados em: acidente com afastamento, sem afastamento, incapacidade temporária, incapacidade parcial permanente, incapacidade permanente total e morte.
Entre as principais causas de acidente de trabalho estão:
Equipamentos sem proteção ou defeituoso, procedimentos arriscados em máquinas ou equipamentos, armazenamento inseguro, congestionado ou sobrecarregado, iluminação deficiente ou imprópria, ventilação imprópria ou fonte de ar impuro, temperatura muito elevada ou muito baixa no local de trabalho, condições físicas ou mecânicas inseguras que são zonas de perigo.
Carregar materiais pesados de maneira inadequada, trabalhar em velocidades inseguras, utilizar esquemas de segurança que não funcionam, usar equipamento inseguro ou usa-lo inadequadamente, não usar procedimentos seguros, assumir posições inseguras, subir escadas ou degraus depressa, distrair, negligenciar, brincar, arriscar, correr, pular, saltar, abusar de suas condições e de seus limites.
Podemos citar aqui ainda, os riscos de acidentes químicos, como: intoxicações; os riscos físicos como: ruídos, temperatura e radiações; e, os riscos biológicos, como: microrganismos patogênicos ou agentes biológicos.
O índice de acidentes geralmente aumenta após cinco ou seis horas de trabalho, onde o estresse, o cansaço e a fadiga são responsáveis por esses acidentes.
Para se prevenir acidentes de trabalho devemos fazer um programa de prevenção de acidente, onde se deve eliminar as condições inseguras, como mapeamento de áreas de risco, analise de acidentes, manutenção de equipamentos e maquinas, e também trabalhar para que haja diminuição de atos inseguros, através de treinamentos, conversas, diminuição de carga horaria, programas de ergonomia, cartazes sobre prevenção de acidentes, palestras entre outros.
Dentro das empresas são criadas a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), onde metade dos componentes são indicados pela empresa e a outra metade é escolhida pelos funcionários. A essa comissão cabe fiscalizar as condições de trabalho, e as condições de segurança dos funcionários, tem o dever de apontar e repassar para a empresa problemas que aconteçam no ambiente de trabalho.
Os fatores que mais prejudicam a saúde física e emocional de professores são: cansaço físico e emocional, fadiga, estresse, carga horaria, ambiente de trabalho inadequado, iluminação e ventilação precárias, falta de matérias adequados para realização de suas tarefas diárias, entre outros.
Todo individuo quando começa sua vida profissional, espera muito da empresa, e com isso muitas vezes acaba se decepcionando com o que se depara.
Para que se tenha uma vida saudável e prazerosa no ambiente de trabalho, precisamos observar alguns fatores, como: a satisfação com o trabalho executado, a possibilidade de futuro na empresa, o reconhecimento pelos resultados alcançados, o salario percebido, os benefícios, o relacionamento com demais colegas, o ambiente de trabalho e a liberdade de tomar decisões.
Milkovich e Boudreau, salientam que a Qualidade de Vida no Trabalho parte do reconhecimento de que uma pessoa bem treinada e bem posicionada na empresa está em melhor condição para identificar problemas dificilmente localizáveis com relação à qualidade do produto ou como o trabalho deve ser feito.
Para Chiavenato, a qualidade de vida no trabalho assimila duas posições antagônicas: de um lado, a reivindicação dos empregados quanto ao bem-estar e satisfação no trabalho, e, de outro, o interesse das organizações quanto a seus efeitos potenciadores sobre a produtividade e qualidade.
As empresas muitas vezes deixam de lado o bem-estar de seus funcionários, pois só pensam nos lucros que irão obter, e esquecem que se cuidarem de seus colaboradores, eles irão tem mais e melhores resultados e com isso uma melhor qualidade nos serviços e produtos.
Conforme Hackman e Suttle, nos falam [...] Se a qualidade de vida no trabalho for pobre, conduzira a alienação do empregado e a insatisfação, a má vontade e ao declínio da produtividade. Se a qualidade for boa, conduzirá a um clima de confiança e respeito mutuo, no qual o individuo tenderá a aumentar suas contribuições e a elevar suas oportunidades de êxito psicológico, e a administração tenderá a reduzir mecanismos rígidos de controle social.
Em uma recente pesquisa, Fernandes identificou os principais fatores determinantes da qualidade de vida no trabalho, conforme o quadro abaixo.
ORDEM |
DENOMINAÇÃO DO FATOR |
VARIÁVEIS DETERMINANTES |
1º |
Competência gerencial |
Apoio psicoemocional Igualdade de tratamento Orientação técnica Gerenciamento pelo exemplo |
2º |
Identificação com a empresa |
Identidade com a tarefa Identificação com a empresa Imagem da empresa |
3º |
Preocupação assistencial com os funcionários |
Assistência aos funcionários Assistência familiar |
4º |
Oportunidade Efetiva de participação |
Criatividade Expressão pessoal Repercussão de ideias dadas |
5º |
Visão humanista da empresa |
Educação/conscientização Orientação para as pessoas Responsabilidade comunitária |
6º |
Equidade salarial |
Salários com equidade interna Salários com equidade externa |
.
Nesse quadro podemos perceber que funcionários se preocupam mais com assistência familiar, orientação do que com salários.
Quando perguntei aos professores entrevistados sobre como sua família avalia seu emprego e se esse emprego influência em sua vida familiar e social, obtive as seguintes respostas.
1. Sim, meu emprego influencia, pois todos os dias querendo ou não acabo levando serviço para casa, porem minha família me apoia na profissão escolhida.
2. Sim, não tem como separar a vida familiar e social da vida profissional, uma necessita da outra e ou traz consequências à outra. Minha família considera meu trabalho importante e necessário (renda familiar).
3. Sim, sem querer acabamos nos envolvendo no trabalho e acabamos levando sempre algo para casa, minha família sente orgulho de minha profissão, me apoiando em todas as minhas decisões, até porque meu orçamento mensal depende também do meu trabalho.
Analisando esses relatos, podemos perceber que esses professores, acabam, de uma forma ou de outra misturando a vida familiar, social e profissional, levando serviço e ate mesmo alguns problemas para casa. Sempre se envolvem mais ate mesmo do que gostariam.
Nessa profissão, além de educar precisa-se também cuidar e amar os alunos, muitas vezes se envolvendo mais do que poderíamos, todos os dias são situações novas a serem resolvidas e absorvidas, e os alunos se espelham em seus professores, mesmo quando falam que não gostam, na verdade eles amam seus professores.
“A qualidade de vida no trabalho tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência com outros títulos em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem estar ao trabalhador na execução de sua tarefa”. Rodrigues (1994, p.76].
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esse trabalho, pude perceber como é abordado o tema Qualidade de vida no trabalho de professores, através de conversas formais e entrevistas, e também da vivencia em sala de aula.
Pude perceber que esse tema é deixado de lado pela instituição, e que professores pensam sobre esse assunto e gostariam que fosse feito algum projeto na instituição para cuidar melhor da saúde emocional e física desses profissionais.
Podemos observar que uma das preocupações maiores desses colaboradores é quanto ao estresse e motivação para o trabalho. O estresse é um elemento que esta presente em todas as áreas trabalhistas, podendo, como vimos, prejudicar e muito a saúde dos colaboradores, causando, ate mesmo, doenças mais graves.
Com essa pesquisa, também observei que a maioria dos profissionais estão desmotivados, e que o motivo, além do salario, é também a falta de apoio, falta de preparação, de material necessário, de estrutura adequada, e de reconhecimento, seja por parte da instituição, seja por parte da sociedade.
Nos dias de hoje, ser professor é uma tarefa muito árdua, sabemos que o fardo é muito pesado, e que a sociedade esta deixando de educar seus filhos e levando essa responsabilidade também para os professores, com a criminalidade e o descaso cada vez mais aflorado, pais e alunos dão, cada vez mais, menos valor a esses profissionais.
Ser educador, não é ser, somente, professor, mas também orientador, pai, mãe e família. Educando para a vida familiar, para a vida social e para a vida profissional.
A tarefa do professor, a cada dia que passa, esta se tornando de uma responsabilidade maior, e para isso professores estão clamando por valorização de seu trabalho, melhores condições de trabalho, mais segurança e melhores salários.
4. Referências bibliográficas
BERGAMINI, Cecilia Whitaker. Motivação nas organizações. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1997.
BÚRIGO, Carla Cristina Dutra. Qualidade de vida no trabalho: dilemas e perspectivas. Florianópolis: Insular, 1997.
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos na empresa: pessoas, organizações e sistemas. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1994.
______. Gerenciando pessoas: O passo decisivo para administração participativa. São Paulo: Makron Books, 1992.
______. Gestão de pessoas. 3ª ed. Campus: Elsevier, 2008.
______. Recursos humanos – O capital humano das organizações. 9ª ed. Campus: Elsevier, 2009.
PÁDUA, Elisabeth M. M. de. Metodologia da Pesquisa. Abordagem Técnica. Campinas - SP: Papirus, 2004.
RODRIGUES, M.V.C. Qualidade de vida no trabalho – Evolução e analise em nível gerencial. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.
WALCKER J. e AVANTE B. Quality of life. Harvard: American University, 1993.
WALTON, Richard E. Quality of working life: what is it? Slow Management Review. USA: v.15, n.1, p.11-21, 1973.
WERTHER, William B. & DAVIS, Keith. Administração de pessoal e recursos
humanos. São Paulo: McGraw-Hill, 1983.
[1] Adriane Wilhelm, formada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade de Mato Grosso (UNEMAT), pós-graduada em MBA em Gestão de Recursos Humanos pela UNINTER, pós-graduada em Alfabetização e Letramento pela UNINTER.