A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA PORTADORA DE SÍNDROME DE DOWN
Simone Oczinski[1]
Franciele Aparecida Oczinski[2]
Graziele de Fatima Oczinski[3]
Resumo
O presente trabalho versa sobre o desenvolvimento da aprendizagem da criança portadora de Síndrome de Down situando a importância da família e da escola nesse processo. Objetivamos conhecer e compreender os processos e estímulos que a família e a escola podem facilitar a aprendizagem dessas crianças. Visamos também, conhecer como a aprendizagem no contexto escolar, pode focar métodos que possibilitam o desenvolvimento de suas capacidades e habilidades como forma de superar as limitações e desafios do aprender. Para o desenvolvimento do trabalho optamos pela abordagem qualitativa e de acordo com os objetivos, a seleção de material e análise foram realizada com base na pesquisa bibliográfica e documental. Pela natureza do objeto em questão, a saber, a aprendizagem, a escola e a família, optamos pela fundamentação teórica baseada nos autores Buscaglia (1988), Schwartzan (1999) e Vygotsky (1991) que discutem essas temáticas. Percebeu-se que a família é o primeiro ambiente proporcionador de um desenvolvimento adequado que supra as necessidades fundamentais da criança com Síndrome de Down, levando em consideração que o ambiente escolar é determinante no processo de estimulação inicial e cabe ao professor trabalhar suas crianças desenvolvendo nestas, capacidades da aprendizagem. Percebemos também a necessidade de se esclarecer e sensibilizar familiares e professores da importância de estimular as crianças portadoras de Síndrome de Down adequadamente na sua formação e desenvolvimento. A integração do aluno não acontece como um passe de mágica. É uma conquista que deve ser feita com muito estudo, trabalho e dedicação de todas as pessoas envolvidas no processo.
Palavras-chave: Aprendizagem. Síndrome de Down. Escola.
Abstract
This paper deals with the development of learning of the child with Down Syndrome placing the importance of family and school in this process. We aim to know and understand the processes and stimuli that the family and the school can facilitate the learning of these children. We aim also to know how learning in the school context, can focus on methods that enable the development of their skills and abilities in order to overcome the limitations and challenges of learning. To develop the work we chose the qualitative approach and in line with the objectives, material selection and analysis were carried out based on bibliographical and documentary research. The nature of the object in question, namely, learning, school and family, we chose the theoretical basis based on authors Buscaglia (1988), Schwartzan (1999) and Vygotsky (1991) discussing these issues. It was noticed that the family is the first proportioning setting an appropriate development that meets the basic needs of the child with Down Syndrome, taking into account that the school environment is crucial in the initial stimulation process and it is up to the teacher to work their children developing these , learning capabilities. We also see the need to clarify and sensitize families and teachers of the importance of encouraging children with Down Syndrome properly in their training and development. The integration of the student does not happen as if by magic. It is an achievement that should be done with a lot of study, hard work and dedication of everyone involved.
Keywords: Learning. Down's syndrome. School.
Introdução
Este estudo visa mostrar quais os processos e estímulos que facilitam a aprendizagem da criança portadora de Síndrome de Down. De acordo com a legislação vigente toda criança, independente de sua condição tem direito a aprendizagem de qualidade. Esse direito é fundamental para a inclusão e cidadania. Entretanto, o simples fato da existência da lei não é suficiente para garantir a efetivação prática do direito, pois garantir a aprendizagem requer outros processos, dentre eles os que estimulam e facilitam a aprendizagem juntamente com a família e a escola. A preocupação, neste trabalho, é conhecer quais os processos e estímulos que melhor possibilitam a aprendizagem dessas crianças.
A motivação de estudar essa temática tem a ver com muitas experiências vivenciadas no cotidiano escolar, onde também se reflete a participação e influências da família. Não se trata de fazer um estudo de caso e sim dos muitos casos observados em que o fator aprendizagem chamou a atenção. Conhecer os processos e estímulos que facilitam a aprendizagem da criança portadora de Síndrome de Down possibilita contribuir com professores e familiares nas relações de ensinar e aprender.
Sob essa perspectiva, o desenvolvimento do estudo parte da abordagem qualitativa com base nas técnicas da pesquisa bibliográfica e documental, composta por leituras, análise, interpretação dos dados a fim de perceber qual é o papel da família no processo de desenvolvimento e aprendizagem, responder a questões sobre quais as dificuldades de aprendizagem dessas crianças, e se existem diferentes processos que facilitam a aprendizagem dos mesmos, possibilitando apresentar ao leitor um conhecimento sobre as crianças com Síndrome de Down, suas habilidades e limitações. Este conhecimento é de extrema importância para familiares e professores que poderão estimular adequadamente a criança proporcionando-lhe um grande desenvolvimento.
O portador de Síndrome de Down possui certa dificuldade de aprendizagem que na grande maioria dos casos são dificuldades generalizadas, que afetam todas as capacidades, linguagem, autonomia, motricidade e integração social. Estas podem se manifestar em maior ou menor grau.
Somos sabedores que a inclusão social e escolar mesmo ocorrendo de maneira morosa, está conquistando espaço na sociedade. Apesar de haver esta inclusão, as pessoas carregam dentro de si um hábito de julgar pela aparência física e estética. Isso é preocupante porque, na maioria das vezes, atrás dessa aparência que não corresponde a um padrão de beleza perfeito tem uma pessoa amorosa, dedicada, humilde e inteligente que está sufocada por não ter a chance social que merece.
A Síndrome de Down é uma modalidade que atrai pouco a atenção política, social e educacional, talvez por exigir uma atenção maior. As estratégias exata ainda não sabemos, mas o nosso objetivo é lutar pelos direitos que nos pertencem e emanciparmos a inclusão sociocultural educacional de forma responsável e gradativa, beneficiando a todos que dela necessitam.
Desenvolvimento
A história oficial da Síndrome de Down no mundo começa no século XIX. Até então, os deficientes mentais eram vistos como único grupo homogêneo. Assim eram tratados e medicados identicamente, sem levar em consideração as causas da eficiência, que são inúmeras e podem ocorrer durante a gestação, no momento do parto ou depois do nascimento. A medicina da época, entretanto, não tinha conhecimento de que uma redução de inteligência poderia representar um sinal comum a dezenas de situações bastante variadas, decorrentes de uma série muito grande de alterações no sistema nervoso, particularmente no cérebro (WERNECK, 1993).
Segundo Werneck:
Assim foi até 1866, quando o cientista inglês John Langdon Down fez uma observação importante, contrariando as crenças da época. Ele questionou porque algumas crianças mesmo filhas de pais Europeus, eram tão parecidas entre si e tinham traços que lembravam a população da raça mongólica, principalmente pela inclinação das pálpebras, similares dos asiáticos. A descrição precisa que o pesquisador fez, na época sobre a população estudada, foi esta:'' o cabelo não é preto, como acontece com o povo mongol, mas sim de uma cor amarronzada, além de serem ralos e lisos”. Estas crianças têm uma considerável capacidade de imitar (WERNECK 1993, p. 58).
John Langdon Down não foi o único a perceber que pessoas com Síndrome de Down faziam parte de um grupo distinto entre portadores de deficiência mental. No final do século XIX, médicos de outros países europeus diagnosticaram a situação descrita por Langdon Down em alguns de seus pacientes, acrescentando novas informações como a grande incidência de problemas cardíacos, além da ligeira curvatura do dedo mínimo. Na França, o primeiro relato de Síndrome de Down foi publicado no ano de 1903.
Obviamente, não basta trocar a denominação. É preciso reverter o quadro de falta de informação sobre o assunto em todos os segmentos da sociedade e do meio médico, a mídia do pai ao leigo, divulgando incessantemente dados sobre a verdadeira potencialidade dos portadores de Síndrome de Down com muito amor e carinho.
Segundo a Organização Mundial da saúde 2002 todas as pessoas estão sujeitas, independentemente da raça ou condição socioeconômica a terem filhos com Síndrome de Down. No Brasil, acredita-se que ocorra um caso em cada 600 nascimentos. Isso quer dizer que nascem cerca de 8 mil bebês com Síndrome de Down por ano. Diferente do que muitas pessoas pensam a Síndrome de Down não é uma doença, mas sim uma alteração genética que ocorre por ocasião da formação do bebê, no início da gravidez. O diagnóstico preciso é feito através do cariótipo, que é a apresentação do conjunto de cromossomos de uma célula. A causa da Síndrome de Down é o excesso de material genético proveniente do cromossomo 21. Seus portadores apresentam três cromossomos 21, ao invés de dois, por isto a Síndrome de Down é denominada também de Trissomiado 21.
Resumindo, Síndrome de Down são pessoas que tem um conjunto de características especiais semelhantes entre si. A Síndrome de Down não é um problema na vida de ninguém, porque seus portadores são tão especiais como todo mundo e todos são merecedores de tê-los na família.
O crescimento e desenvolvimento normal contínuo dependerão da constante exposição da criança ao mundo e quanto mais interagir com a sociedade maior será o seu desenvolvimento global.
Quando a criança é saudável, bonita e receptiva, tendemos a reagir com ela de uma forma positiva, queremos ficar em sua companhia e mostrá-la às outras pessoas. Por outro lado, se a criança é irritável, sem atrativos físicos ou, como é o caso de muitos deficientes, se exigem muitos cuidados, nossa reação frequentemente é negativa e evitamos um contato extensivo com essa criança. (BELLl,1968; SCHAFFER 1971; EMERSON 1965 apud BUSCAGLIA 2002 p.40).
Diante da citação acima fica claro que as pessoas sentem medo do diferente, demonstrado pela própria família, quando se depara com um filho deficiente. Os pais, em primeiro lugar, devem aceitar seu filho, amar, respeitar e valorizar suas habilidades.
Os pais da criança com Síndrome de Down não podem tratá-la como uma criança diferente das outras, porque ela só vai necessitar de um atendimento persistente e de dedicação como qualquer outra criança sem Síndrome de Down. A estimulação precoce do bebê com Síndrome de Down não deve ocorrer só com o apoio de profissionais especializados nas áreas de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, mas principalmente com o apoio da família. Os trabalhos destas especialidades são fundamentais para o desenvolvimento da criança. A estimulação precoce é uma série de exercícios que acelera o desenvolvimento da criança com Síndrome de Down. E nela incluímos ações naturais e outras específicas que qualquer adulto pode aprender a fazer.
Como diz Werneck:
Toda criança com ou sem retardo mental precisa de estímulos para se movimentar, engatinhar, andar, só que os adultos, apesar de trabalharem nesse sentido, não se dão conta do que fazem. A cada brincadeira nova, a cada ida ao circo, ao parque de diversões, a cada música que cantamos, a cada passeio, a cada refeição, estamos estimulando-as. Essa estimulação tem efeito excelente, tanto que não damos conta da influência desse processo. Não adianta nada estimular uma criança sem prazer. Irmãos, babás, tias, pais, avós, todos são partes integrantes desse desafio. (WERNECK, 1993, p.145).
Werneck menciona que se a criança com Síndrome de Down deve receber desde bebê os atendimentos especializados como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional terá um desenvolvimento gradativo de um modo geral. Segundo a mesma geralmente o desenvolvimento da criança com Síndrome de Down é semelhante ao de qualquer outra criança. Todas as etapas são atingidas, embora em um ritmo mais lento. E esta demora que as crianças com Síndrome de Down apresentam para adquirirem determinadas habilidades pode prejudicar as expectativas que a família e a sociedade têm com relação à pessoa com Síndrome de Down. Assim a melhor forma de propiciar uma reabilitação positiva é o trabalho em equipe, os apoios especializados e a família. Não adianta os profissionais trabalharem isolados porque os resultados serão incompletos, como também os pais se isolarem em casa achando que vão conseguir atingir algum objetivo, pois será complicado esse trabalho desintegrado. A melhor maneira é se unirem porque essa junção é necessária e essencial.
O preconceito e o senso de justiça com relação à Síndrome de Down no passado, fez com que essas crianças não tivessem nenhuma chance de se desenvolverem cognitivamente, pais e professores não acreditavam na possibilidade da alfabetização, eram rotuladas como pessoas doentes e, portanto, excluídas do convívio social. Hoje já se sabe que o aluno de Síndrome de Down apresenta dificuldades em decompor tarefas, juntar habilidades e ideias, reter e transferir o que sabem se adaptar a situações novas, e, portanto todo aprendizado deve sempre ser estimulado a partir do concreto necessitando de instruções visuais para consolidar o conhecimento. Uma maneira de incentivar a aprendizagem é o uso do brinquedo, e de jogos educativos tornando a aprendizagem prazerosa e interessante. O ensino deve ser divertido e fazer parte da vida cotidiana, despertando assim o interesse pelo aprender. No processo de ensino aprendizagem a criança com Síndrome de Down deve ser reconhecida como ela é, e não como gostaríamos que fosse. As diferenças devem ser vistas como ponto de partida e não de chegada à educação, para desenvolver estratégias e processos cognitivos adequados.
A criança com síndrome de Down tem idade cronológica diferente da idade funcional, desta forma, não devemos esperar uma resposta idêntica à resposta de uma criança “normal", que não apresentam alterações de aprendizagem. Esta deficiência decorre de lesões cerebrais e desajustes funcionais do sistema nervoso:
O fato de a criança não ter desenvolvido uma habilidade ou demonstrar conduta imatura em determinada idade, comparativamente a outras com idêntica condição genética, não significa impedimento para adquiri-la mais tarde, pois é possível que madure lentamente. (SCHWARTZMAN, 1999, p. 246).
A alfabetização de crianças e jovens com SD tem sido cada vez mais observada e concretizada, como resultado de uma expectativa mais elevada e consequentemente maior investimento nesta aprendizagem, e também pelo efeito positivo da inclusão, que está despertando nos educadores a visão da diversidade e o respeito às especificidades de cada aluno, trazendo consigo a busca do caminho de acesso aos diferentes aprendizes.
Uma das maiores preocupações em relação à educação da criança, de forma geral, se dá na fase que se estende do nascimento ao sexto ano de idade. Neste período a educação infantil tem por objetivo promover à criança maior autonomia, experiências de interação social e adequação. Permitindo que esta se desenvolva em relação a aspectos afetivos, volitivos e cognitivos, que sejam espontâneas e antes de tudo sejam "crianças". É importante que o profissional promova o desenvolvimento da aprendizagem nas situações diárias da criança, e a evolução gradativa da aprendizagem deve ser respeitada. Não é adequado pularmos etapas ou exigirmos da criança atividades que ela não possa realizar, pois estas atitudes não trazem benefícios a criança e ainda podem causar-lhe estresse.
Em crianças com síndrome de Down é comum observarmos evolução desarmônica e movimentos estereotipados. Esta defasagem pode ser compensada através do planejamento psicomotor bem direcionado, que lhe proporcionam experiências fundamentais para sua adaptação. Antes de adquirir qualquer conhecimento a criança precisa descobrir seu corpo e construir uma imagem corporal e uma representação mental, perceptiva e sensorial de si mesmo e um esquema corporal que compreende uma representação organizada dos movimentos necessários a execução de uma ação, e a organização das suas funções corporais. Estes vão sendo construídos e reformulados ao longo da vida. Todas as atividades proporcionadas à criança devem ter por objetivo a aprendizagem ativa que possibilite a criança desenvolver suas habilidades. Para tanto, o professor deve conhecer as diferenças de aprendizagem de cada criança de forma a organizar seu trabalho e programação didática. A nossa sociedade é composta por diversidades culturais, onde precisam reconhecer e valorizar as diferenças seja elas culturais étnicas ou religiosas, para que continue a existir uma cultura de coexistência harmoniosa. Grande parte da discriminação da sociedade com essas pessoas é basicamente produzida pela falta de informação.
Segundo o Ministério a Saúde, a linguagem representa um dos aspectos mais importantes a ser desenvolvido por qualquer criança, para que ela possa se relacionar com as demais pessoas e integrar no seu meio social.
A linguagem é o veículo de comunicação das pessoas, pois é através dela que expressam sentimentos, desejos e pensamentos. No caso da Síndrome de Down tanto as crianças quanto os jovens e adultos possuem dificuldades variadas no desenvolvimento da linguagem. É importante estar atento a este fato desde os primeiros contatos com a família do bebê com Síndrome de Down. Os pais devem criar um ambiente próprio para favorecerem evolução da linguagem de uma maneira prazerosa para ambos.
Segundo Werneck:
Como consequência da anomalia genética, as crianças com Síndrome de Down têm algumas características que predispõem defasagem no seu desenvolvimento global e atuam negativamente no aprendizado da linguagem, já que é resultado da interação de vários fatores, uns agindo sobre o outro desde os primeiros dias de vida: orgânicos, ambientais e psicológicos. O atraso na aquisição da fala é um dos maiores problemas dessas crianças. A hipotonia muscular (espécie de flacidez) provoca um desequilíbrio de forças entre os músculos orais e faciais, alterando a arcada dentária, parecendo projetar o maxilar (arcada inferior), contribuindo para que assuma uma posição inadequada (para fora). A respiração incorreta pela boca, além de deixar a criança mais suscetível a infecções respiratórias, altera seu palato e dificulta a alteração dos sons. O retardo mental, por sua vez, dificulta a memorização das sequências de sons e a linguagem (organização do pensamento, elaboração e abstração). (WERNECK, 1993, p.147).
Diante desta perceptiva, se faz necessário que a família da criança com Síndrome de Down busque apoio e orientação de um fonoaudiólogo para auxiliar e verificar as dificuldades da criança e também buscar informações quanto à melhor forma de estimulá-la em casa.
A língua é o instrumento e o suporte indispensável aos progressos do pensamento. É muito grande o impacto da linguagem sobre o desenvolvimento do pensamento e da atividade global da criança. A aquisição da linguagem também representa uma mudança radical na forma da criança se relacionar com o mundo.
Dessa forma a criança com Síndrome de Down, para desenvolver sua linguagem, precisa se sentir segura no seu ambiente familiar, recebendo de todos da família, amor, carinho e compreensão. Se ela se sentir rejeitada, e mal amada, não terá vontade de se comunicar. Se não tiver afetividade não adianta os pais simplesmente fingirem que aceitaram o filho com Síndrome de Down, pois estarão enganando a si próprios e a criança irá sentir rejeição pela carência de afeto.
Segundo Werneck (1993) a insegurança presente nos momentos de transição dos ciclos da vida pode gerar crises. A aproximação da idade escolar coloca a família num confronto consigo mesma. É uma fase em que a criança já é mais independente e deve frequentar outros grupos a escola é o principal deles.
Segundo a autora, a escola é importante para qualquer criança, e especialmente para a criança com Síndrome de Down, uma vez que estimulada, favorece o desenvolvimento de suas habilidades gerais. É importante que a criança com Síndrome de Dowm seja encaminhada para escola assim que adquirir certa independência. A escola tem um papel fundamental na formação e socialização da mesma. Ela propicia tanto a aprendizagem da leitura da escrita, da matemática como também prepara a criança para uma vida independente.
Algumas crianças podem ter dificuldades para se adaptarem à escola. Nesse caso é fundamental que a adaptação seja feita aos poucos. Se a criança com Síndrome de Down for frequentar o ensino regular é necessário que ela tenha acompanhamento de profissionais especializados para esclarecerem dúvidas que possam surgir e auxiliarem no seu desenvolvimento. Estes profissionais devem ter conhecimento sobre o ritmo de desenvolvimento da criança com Síndrome de Down e de suas potencialidades e dificuldades, para ajudar tanto o professor quando o educando.
A maior contribuição da escola regular para a criança com Síndrome de Down tem sido a socialização, pois este ambiente é sempre rico neste sentido.
Enfim, a escola deve conceber a criança como um todo juntamente com a equipe multidisciplinar: fonoaudiólogos, pedagogos, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros que devem atuar de maneira integrada no trabalho diário com a criança. Em qualquer uma dessas escolas, a criança deve ser valorizada em suas conquistas para sentir-se estimulada a novas tentativas.
Conclusão
Ao desenvolver os objetivos neste estudo partia do pressuposto do direito da aprendizagem das crianças com SD e da possibilidade da efetivação desse pressuposto em situações concreta. Uma forma de pensar o concreto sob a luz teórica a fim de que essas teorias pudesse se tornar concretas. Em outras palavras, conhecer os processos e estímulos que melhor propiciam a aprendizagem supõe tornar possível enquanto prática cotidiana de familiares e professores.
A partir dos dados obtidos conclui-se que a família é o primeiro ambiente proporcionador de um desenvolvimento adequado que supra as necessidades fundamentais da criança com Síndrome de Down como de todas, sendo, portanto, o lugar iniciador de muitos estímulos que precisam estar em permanente sincronismo entre suas ações internas e o convívio com o mundo externo, visando uma inclusão social de qualidade. O ambiente escolar é determinante no processo de estimulação inicial e cabe ao professor trabalhar suas crianças desenvolvendo nestas capacidades de praticarem atividades diárias, participar das atividades familiares, desenvolver seu direito de cidadania e até mesmo desenvolver uma atividade profissional. Para isso profissional especializado e cuidados especiais devem ser tomados, a fim de facilitar e possibilitar um maior rendimento e desenvolvimento educacional dos portadores de tal síndrome. Fica claro que a integração do aluno é um desafio que deve ser enfrentado com coragem, determinação e segurança. Garantir ao aluno com Síndrome de Down um processo de escolarização de qualidade é fator fundamental para sua integração plena. É uma conquista que tem que ser feita com muito estudo, trabalho e dedicação de todas as pessoas envolvidas no processo: aluno, família, professores, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, demais elementos da escola.
Referências
BUSCAGLIA, Leo Ph. D. Os deficientes e seus pais. Rio de Janeiro: editora Record LTDA, 1988 4ª ed. 407 p.
MINISTÈRIO DA SAÙDE. Apostila sobre as séries de orientações sobre a Síndrome De Down, destinada a PAES. São Paulo.
SCHWARTZAN, J. S. Síndrome De Down. São Paulo: Mackenzie, 1999.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
WERNECK, Claudia. Muito Prazer, eu existo: Um livro sobre as pessoas com Síndrome De Down, 3ª edição. Rio de Janeiro, editora WVA, 1993. 280p.
[1] Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT. Pós-graduada em Psicopedagogia Institucional Universidade Cidade de São Paulo – UNICID.
[2] Graduada em Pedagogia pela Universidade do Tocantins - UNITINS. Pós-graduada em Psicopedagogia e Educação Especial pela Universidade Candido Mendes – UCAMPROMINAS.
[3] Graduada em Pedagogia pela Universidade do Tocantins - UNITINS. Pós-graduada em Psicopedagogia e Educação Especial pela Universidade Candido Mendes – UCAMPROMINAS.