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O Desempenho dos Alunos do 9° Ano nas Operações Básicas com o Ensino da Matemática Através do Ciclo de Formação Humana

Isis Mendes Corrêa de Moraes[1]

 

Resumo

Este artigo tem como objetivo básico demonstrar qual o grau de conhecimento dos educandos que concluem seus estudos no Ensino Fundamental através do Ciclo de Formação Humana no que tange o conhecimento das operações básicas na disciplina de Matemática. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica e de campo e considerou a contribuição dos seguintes autores: Sadovsky, Moll, entre outros. Procurando verificar a aprendizagem desses conceitos e correlacioná-los as capacidades necessárias para que esse educando prossiga sua vida acadêmica será de suma importância. Conclui-se a necessidade do domínio dessas operações e as possíveis dificuldades que enfrentarão caso sua aprendizagem não seja satisfatória.

Palavras-chave: Ciclo de Formação Humana. Aprendizagem. Educando/educador.

 

Abstract

This article has as its basic objective to demonstrate the degree of knowledge of students who complete their studies in elementary education through the Human Formation Cycle regarding knowledge of basic operations in Mathematics. We conducted a literature and field research and considered the contribution of the following authors: Sadovsky, Moll, among others. Looking verify learning these concepts and correlate them the necessary skills for this student continue his academic life will be paramount. The conclusion is the need for mastery of these operations and the potential difficulties they will face if their learning is not satisfactory.

Keywords: Human Training Cycle. Learning. Student / educator.

 

Introdução

 

O Ciclo de Formação Humana iniciou em 1998 no estado de Mato Grosso e assim começou uma nova fase no processo de ensino aprendizagem nesse estado.

Nessa nova fase muito se contribuiu para que o estado alcança-se as crianças e adolescentes para uma nova escola mais humana, buscando assim o completo acesso e permanência dos mesmos na escola. Mas o Ciclo de Formação Humana não se restringiu apenas a isso, foi além, introduzindo uma nova metodologia de ensino em todas as áreas do conhecimento no Ensino Fundamental, mudando assim também todo o currículo da área de Matemática.

Vamos então, neste presente artigo, analisar qual o nível de aprendizado das quatro operações básicas: soma, subtração, multiplicação e divisão de alunos do último ano do Ensino Fundamental, observando qual o grau de conhecimento desse aluno, tendo como orientação o fato de todos cursarem o Ciclo de Formação Humana desde o início até o fim e suas designações.

Desenvolvimento

 

Propondo analisar o grau de conhecimento de alunos do último ano do Ensino Fundamental nas operações básicas e sabendo que o cursaram utilizando para isso o ciclo de Formação Humana, vamos antes nos respaldar a respeito dessa metodologia de ensino e verificar como é aplicada para o ensino da Matemática e consecutivamente se enquadra o aprendizado dessas capacidades e consecutivamente o aprendizado desse conteúdo.

Os Ciclos de Formação Humana ultrapassam as barreiras de serem consideradas metodologias de ensino, vão além de estruturas ou organização do ensino, exigem uma nova maneira de pensar, um novo conceito frente ao conhecimento, à sociedade e ao sujeito aprendiz.

Quando ela, a educação, é simplesmente transmitida como repetição perde seu significado, inibe a criatividade e seu potencial humanizador como ação cultural, transformando-se educação bancária (Freire, 1994). Portanto deve-se pensar no Ciclo de Formação Humana como uma metodologia que além de inclusiva, remete ao sentido do conhecimento, tendo o ser humano, o mundo e a sociedade e suas relações o seu pilar.

Bachelard, (1996, p.51), assim declara:

 

O conhecimento pretendido é aquele que contribui para que educadores e educandos possam desvelar os segredos do mundo, no nosso mundo, da realidade que nos cerca e na qual intervimos.

 

Entendendo essa nova metodologia aplicada no ciclo de formação humana e abrangendo o ensino da matemática, como está pautado nas orientações curriculares e como é norteada no estado de Mato Grosso para o ensino das operações básicas como a soma, subtração, multiplicação e divisão, vamos analisar a extensão dessa inclusão e aprendizado para vida, correlacionando a sua necessidade e assim afirmarmos a aprendizagem de suas capacidades no ensino fundamental completo.

No Ciclo de Formação Humana, considerando sua fase final o 3° Ciclo, com primeira, segunda e terceira fase inclui a faixa etária dos 12 aos 14 anos obrigatoriamente, dito isto, apresentaremos a seguir o motivo da obrigatoriedade.

Assim como já citado o Ciclo de Formação Humana se empenha em formar um cidadão crítico, voltado para os desafios do seu contexto social onde o sujeito está inserido. Para que isso ocorra segundo as Orientações Curriculares para Educação Básica do Estado de Mato Grosso encontra-se (2012, p.56):

“Diferente da seriação na qual o educando tem que se adaptar a uma estrutura pré-existente, a estruturação em ciclos de formação procura adaptar-se aos ciclos da vida, as fases do desenvolvimento humano.”

 

Alunos com diferentes graus de conhecimento ficam juntos na mesma fase, sendo ela classificada conforme a idade, ficando cada um com os seus pares, pois enturmando os educandos por idade cria oportunidade para que interajam através da zona de desenvolvimento proximal.

Especificamente no ensino da matemática, o educando que está na 3ª fase do 3° ciclo, ou seja, no último ano do ensino fundamental, deve já ter em seus processos mentais formar esquemas abstratos vindos das suas interações sociais e com as capacidades e descritores fornecidos pela escola serem capazes de ressignificar esses processos em conhecimento para tecer críticas, atribuir significados, participar de debates e discussões, propor sugestões e assim transformar realidades.

Dentro das capacidades necessárias para término do ciclo de formação humana, na área de matemática é valido citar alguns pela sua importância em reafirmar a necessidade do educando em entender e realiza as operações básicas como a soma, subtração, multiplicação e divisão. São essas as capacidades:

·         Resolver situações problemas envolvendo números Reais ampliando e consolidando os significados das operações matemáticas;

·         Selecionar e utilizar procedimentos de cálculo (exato ou aproximado, mental ou escrito) em função da situação problema proposta;

·         Utilizar os conhecimentos sobre as operações numéricas e suas propriedades para construir estratégias de cálculo algébrico;

Orientações Curriculares de Mato Grosso, 2012, p. 27 e 28.

            Permeando os eixos articuladores, dentro das capacidades citadas, o descritor que nos dá total fundamento para se pressupor que os educandos em questão, ao estar cursando a última fase do 3° ciclo, portanto finalizando o Ensino Fundamental, devem ter, se não total ao menos parcial, domínio destes. São eles:

·         Resolver e representar situações-problemas envolvendo números Reais e as operações de adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação, radiciação e suas propriedades;

Vamos nos ater somente nas operações básicas, excluindo potencias, raízes e suas propriedades, reforçando que números Reais compreende todos os números existentes, inteiros ou decimais, positivos ou negativos, frações ou dízimas periódicas para se ter total dimensão do conceito proposto.

Verificando então o grau de conhecimento vamos usar quatro turmas da 3ª fase do 3° ciclo do ensino fundamental, período matutino de uma escola estadual de Sinop - Mato Grosso. As turmas serão classificas como 9° ano A, 9° ano B, 9° ano C e 9° ano D, uma vez que essa nomenclatura acompanha as escolas pra organização do espaço e classificá-las com letras para distinção entre as mesmas. Realizado uma avaliação diagnóstica dessas turmas com operações aritméticas de somar, subtrair, multiplicar e dividir com números naturais e decimais, contendo onze questões, segue em formato de gráficos o desempenho dessas turmas da avaliação aplicada.

Portanto os gráficos 01, 02, 03 e 04 aos resultados obtidos nas turmas A, B, C e D respectivamente.

Gráfico 01 – Número de acertos da turma 9° ano A.

O gráfico mostra que o número de acertos se concentra entre 7 e 6 acertos, o que nos sugere que os alunos compreendem as operações básicas mas parcialmente, tendo ainda muitas dificuldades.

Gráfico 02 – Número de acertos da turma 9° ano B.

O gráfico mostra que há poucas variações quanto o número de acertos, o que sugere uma turma mista, com educandos que compreendem parcialmente e educandos que não dominam as operações básicas.

Gráfico 03 – Número de acertos da turma 9° ano C.

O gráfico mostra que há poucas variações, sugerindo também que a turma possui educandos que parcialmente compreendem as operações básicas e que muitos não dominam os conceitos, ficando também evidente que não houve educandos que tivessem acertado todas as questões.

Gráfico 04 – Número de acertos da turma 9° ano D.

O gráfico mostra que o número de acertos se concentra em 9, 5 e 0 acertos, o que nos sugere muitas variações do grau de conhecimento e domínio das operações básicas nessa turma.

 

Conclusão

 

Diante do exposto, conclui-se que a orientação para o ensino da matemática no ensino fundamental dentro do estado de Mato Grosso está embasada na capacidade que o aluno tem de resolver problemas do seu cotidiano, utilizando a matemática como ferramenta nessa situação.

Observa-se, porém, nos gráficos apresentados que os resultados obtidos estão parcialmente satisfatórios. Muitos acertos estão vinculados aos exercícios com números inteiros, com muita dificuldade para a operação de divisão.

Outro ponto a ser observado é a inclusão de um exercício de lógica, utilizando a sequencia numérica simples para observação da construção da lógica matemática. Considerando todo o exposto podemos verificar que mais da metade dos alunos avaliados não obtiveram aproveitamento de 50 % da prova, sendo apenas 31,39% dos alunos que conseguiram responder e acertar metade dos exercícios.

No Ciclo de Formação Humana, tendo o seu objetivo de humanizar o ensino e democratizá-lo, levando seu acesso a todos e exercendo sua cidadania, conseguiu, efetivamente cumprir o seu papel, porém tem sido negligenciado a qualidade de toda essa dimensão. Focando somente no aluno e sua realidade e não levando em consideração os conteúdos ministrados, principalmente na disciplina de Matemática, para que alcancem as capacidades necessárias para sua vida extraescolar é um grande erro de interpretação que vem ocorrendo na formação dos ciclos, pois conforme Patrícia Sadovsky em seu livro “O ensino da matemática hoje: enfoques, sentidos e desafios” sugere que a cultura matemática pode vir de outras zonas de conhecimento mas que sua prática se inscreve num certo ambiente teórico no qual ele reconhece, sendo necessário então que a produção de conhecimento matemático esteja no âmbito de certo domínio matemático.

 

REFERÊNCIAS

 

MATO GROSSO, Secretaria de Estado de Educação. Orientações Curriculares: Área de Ciências da Natureza e Matemática: Educação Básica. Cuiabá: Gráfica Print, 2012.

 

SADOVSKY, Patrícia. O ensino da matemática: enfoques, sentidos e desafios. São Paulo: Ática, 2010.

 

MOLL, Jaqueline e colaboradores. Ciclos na escola, tempos na vida: criando possibilidades. Porto Alegre: Artmed, 2004.

 

MATO GROSSO, Secretaria de Estado de Educação.  Orientações Curriculares para a Educação Básica do Estado de Mato Grosso: Cuiabá: Gráfica Print, 2008/2009.

BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto 1996.


[1] Graduada em Licenciatura Plena em Matemática pela UNEMAT - Sinop-MT, 2006. Pós-graduada em Ensino de Matemática e Física pela Universidade Cândido Mendes. Atuo há 05 anos na Educação Básica, concursada no Estado do Mato Grosso, com posse em 2012.  Atuando na Educação Básica. No momento trabalho na Escola Estadual Nossa Senhora de Lourdes em Sinop-MT, com turmas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental.