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A IMPORTÂNCIA DE CONTAR HISTÓRIAS COMO FERRAMENTA DE AUXÍLIO PARA O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO 

 

Adriel Cardozo de Abreu

Camila Hentges

Maristela Pimentel




RESUMO

 

O presente estudo investiga qual a importância do contar histórias nas séries iniciais onde visa compreender a influência da contação de histórias no desenvolvimento do processo de alfabetização e letramento nas séries iniciais do Ensino Fundamental I, além de verificar a importância de tal ato no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e social das crianças. Para realização de tal estudo foram utilizados procedimentos metodológicos próprios da pesquisa bibliográfica. Os principais autores que orientaram o estudo foram: Abramovich (2001); Coelho (2002); Coelho Novaes (2000); Lajolo (1991). De acordo com a pesquisa percebeu-se que a contação de histórias traz um retorno significativo na aprendizagem nos seguintes aspectos: No desenvolvimento da criatividade, da imaginação, na leitura, na produção de textos. Ademais se verificou que a contação de histórias é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da leitura visual, da reflexão, da formação do senso crítico e interpretativo e por fim da alfabetização.

 

Palavras-chave: Aluno. Contação. Histórias. Professor. Aprendizagem. Alfabetização. 

 

Introdução 

 

Este trabalho de pesquisa objetivou estudar a influência da contação de histórias no que se refere à alfabetização das crianças, se há resultados positivos quando tal metodologia de ensino é inserida para alcançar tal propósito. Ouvir histórias é um momento de gostosura, de prazer de divertimento dos melhores... É encantamento, maravilhamento, sedução... O livro da criança que ainda não lê é a história contada”. (ABRAMOVICH,1998. p.24).  

Percebe-se na fala da autora que a história contada para crianças que ainda não conseguem ler é o momento em que esses pequenos ouvintes estão entrando no mundo do letramento, e é na escola que muitas crianças têm o primeiro contato com os livros.

 Magda Soares (1998) neste sentido lembra que o letramento é muito mais abrangente que a alfabetização, não devendo ser comparado, tendo em vista que o individuo não necessita de prerrogativa de tempo de leitura e escrita para se tornar um cidadão letrado”.

Quando a criança é inserida no mundo da contação de histórias acaba despertando seus sentimentos, sua imaginação e não menos importante a insere no mundo da leitura, podemos dizer que esse momento é onde o contador pode perceber até que nível pode-se chegar a imaginação da criança e a capacidade do desenvolvimento cognitivo através de tal método.

O papel do professor é fundamental na valorização das histórias que conta às crianças. É ainda dentro da escola que criança tem a melhor interação com livros.  Os professores contadores de histórias ao contar os contos têm por objetivo o desenvolvimento da criança, com intuito de inserir esses alunos em uma escolarização de qualidade onde seja primordial o desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional, da leitura da imaginação, da fantasia, da criatividade e da alfabetização.

Ao contar histórias o professor proporciona a criança um dos primeiros contatos com o texto que possui personagens e acontecimentos, fazendo com que o livro se torne significativo, muitas vezes desenvolvendo a fala da criança, pois é esse momento que a criança será apresentada ao livro impresso, é nesse instante que ela perceberá que tudo que ouvia, está bem ali na sua frente, ilustrada e escrito e que poderá manusear e levar para diversos ambientes para encontrar sempre aquele momento especial vivido pelos personagens..

O presente trabalho está dividido em três capítulos, sendo: o capítulo I traz o contexto histórico e pressupostos teóricos. O capítulo II o desenvolvimento da pesquisa. No capítulo III, o trabalho é finalizado arrolando as considerações finais.

 

Desenvolvimento

 

Salem (1997) lembra que não há informações exatas de quando a Literatura Infantil teve início, quando realmente iniciou-se as histórias destinadas as crianças.

Os primeiros livros de Literatura Infantil publicados eram direcionados aos adultos, somente com a revolução industrial é que surgem mudanças e a criança passa a ter seu espaço de criança e não é mais vista como um adulto. Somente na segunda metade do século XIX, que se inicia a Literatura Infantil.

A Literatura Infantil tem um papel extremamente importante na fase de desenvolvimento das crianças de 1º a 4º Ano do Ensino Fundamental.

Lajolo diz que “a literatura é a porta de um mundo autônomo que nascendo com a criança não se faz a última página do livro, no último verso do poema, na literatura folha de apresentação”. (LAJOLO, 1989, p.31).

Entretanto muitas professoras desconhecem esse fato. Na realidade em sala de aula o que vemos é um modelo de atividade literária, no qual predomina a leitura do livro didático.

Ademais quando falamos em literatura, logo vem na mente algo escrito, interessante que prende a atenção de quem lê. Mas a literatura não se limita apenas a escrita, ela é também contada e para as crianças que estão ouvindo essas histórias é maravilhoso, pois ajuda a construir e criar sua própria história.

Regina Zilbermam diz que “o crescimento da criança se faz por imersão no universo da escrita, pode ser através de habilidade de verbalização dos conteúdos assimilados durante sua educação formal”. (ZILBERMAM, 2003, P.170).

O professor não deve somente narrar as histórias, contá-las é muito mais que simplesmente ler, e sim devem vivenciar juntamente com as crianças cada momento, acreditar no que está contando, literalmente entrar dentro da história, ser um personagem ativo de tudo que está vivenciando, assim passará verdade a seus alunos, eles também, na sua imaginação começarão a se transformar nos monstros, nas princesas ou nos príncipes, entrarão naquele mundo imaginário e os tornarão reais naquele momento. É dessa forma que a contação de histórias auxiliará no aprendizado das crianças e seu desenvolvimento e na sua imaginação, despertando assim todos os sentidos e mais que isso a vontade de ser um leitor. 

O importante para se começar uma história é que o professor saiba a maneira que os pequenos mais gostam, pois é a partir desse conhecimento que saberá despertar o interesse e conseguirá chamar a atenção fazendo com que o aluno não se desperte para outros fatos. Chorar, rir, gritar, se jogar no chão, cantar, não importa o método escolhido, o fundamental é que ele seja o adequado, fazendo com que o aluno se torne personagem da história.

Para Abramovich:

 

...é bom que quem esteja contando crie todo um clima de envolvimento, de encantamento... Que saiba dar pausas, criar os intervalos, respeitar o tempo para o imaginário de cada criança construir seu cenário, visualizar seus monstros, criar seus dragões, adentrar pela casa, vestir a princesa, pensar na cara do padre, sentir o galope do cavalo, imaginar o tamanho do bandido e outras coisas mais... (1998, p.21).

 

Elizagaray diz:

 

O narrador tem que transmitir confiança, motivar a atenção e despertar admiração.   Tem que conduzir a situação como se um virtuose que sabe seu texto, que o tem memorizado, que pode permiti-se o luxo   de fazer variações sobre o tema.(ELIZAGARAY APUD ABRAMOVICH 1997,p.20) 

 

Outra situação que deve ser priorizada por cada professor, é saber escolher as histórias de acordo com a faixa etária de cada aluno.

As histórias interferem significativamente no desenvolvimento do ser humano desde a primeira infância até sua idade adulta, as histórias auxiliam em todo o processo de desenvolvimento seja ele sensório motor, cognitivo, afetivo ou social. 

Podemos assim dizer que respeitar as fases são de fundamental importância na formação das crianças, não apenas no que diz respeito ao aprendizado, mas também a sua formação como cidadão, tendo em vista que cada faixa etária tem sua categoria de leitura e conseqüentemente cada modelo de história tem seus significados e deve ser empregado de maneira e na hora correta. Sendo assim o professor precisa ter noções dessas fases para que as histórias contadas em sala de aula sejam compatíveis a idade da criança, trazendo assim um momento de prazer, de fantasias, de divertimento sem prejudicar a sua capacidade de entendimento, de criatividade e imaginação.

A arte e o prazer conquistam as crianças leitoras garantindo-lhes o lúdico. 

A leitura acontece de diversas formas e, respeitar as fases de desenvolvimento da criança é primordial , tendo em vista que a criança começa a leitura utilizando os sentidos do corpo humano, onde vê, sente, ouve, as histórias que lhe são apresentadas. As ilustrações é a estratégia utilizada pelos contadores/professores para chamar a atenção dos alunos.

Ademais é muito importante para a formação de qualquer criança ouvir histórias. Escutá-la é o inicio da aprendizagem para ser um leitor, é a partir da leitura que abre-se o caminho para as descobertas e compreensão de tudo a sua volta.

Elizagaray citada por Abramovich (1997, p.23), afirma que o destino da narração dos contos é o ensinar a criança a escutar, a pensar, a ver com a imaginação, não podendo tecnificá-la de forma alguma.

As histórias influenciam diretamente na educação de quem lê ou escuta, devem estar presentes na vida das crianças desde muito cedo, para que ela possa desenvolver o gosto pela literatura.

Toda a relação com o saber é uma forma de apropriação do mundo, numa dimensão epistêmica, mas qualquer relação com o saber tem uma dimensão de identidade: o aprender faz sentido na referência de história do sujeito. A criança e o adolescente aprendem para ser alguém independente. 



Conclusão

 

Diante dos estudos realizados para analisar a importância de contar histórias na aprendizagem das crianças, percebeu-se uma grande evolução ao longo do tempo no que diz respeito a finalidade das historias.

Verificou-se que quando o professor se envolve com a literatura infantil, ele leva seu aluno para um mundo imaginário, cheio de sonhos, fantasias e diversão, trazendo resultados positivos para formação da criança em todos os seguimentos  seja eles cognitivos ou afetivos, interferindo de forma muito significativa na caminha para a alfabetização de cada aluno/criança.

Podemos dizer que quando o professor investe na literatura infantil contada, há uma possibilidade evidente que seus alunos se interessem e se apaixonem pela leitura, tornando o aprender ler e escrever muito mais prazeroso, independente do aluno saber ou não ler palavras escritas, quando são incentivados e despertados  fazem uso das imagens vistas para criarem verdadeiras aventuras em sua imaginação, despertando momentos de prazer e divertimento, momentos esses cheios de significados.

Então podemos afirmar que diante da pesquisa, as histórias trazem sim grandes benefícios na aprendizagem das crianças, quanto a criatividade, imaginação, fazendo com que os alunos tenham uma grande melhora nas atividades que as levam a tornar-se alfabetizadas.

Podemos afirmar também que a literatura infantil e a contação de histórias estimulam o desenhar, o ler, o escrever, o pensar e a curiosidade das crianças, incentivando os mesmo para se tornarem grandes apreciadores da literatura.

REFERÊNCIAS

 

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil, Gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.

 

COELHO, Betty. Contar Histórias Uma Arte Sem Idades. São Paulo: Ática, 2002.

 

COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil, Teoria, Análise Didática. São Paulo: Moderna, 2000.

 

LAJOLO, Marisa. O que é Literatura?. São Paulo: Brasiliense, 1985.

 

LAJOLO,Marisa. ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil, Histórias e Histórias. São Paulo: Ática, 1991.

 

SALEM, Nazira. Histórias da Literatura Infantil. 2ª ed. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

 

SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.

 

ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na escola. Ed. 11ª. São Paulo: global, 2003.