CONTANDO HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Zilda Florêncio dos Santos de Oliveira
RESUMO
A arte de contar história é uma arte milenar teve seu inicio desde os primórdios da humanidade por meio da tradição oral. É muito comum essa prática na educação infantil, Essa arte amplia o universo literário, desperta o interesse pela leitura e estimula a imaginação e a criatividade. O ato de contar história em uma sociedade tecnicista é de suma importância na construção do conhecimento. Através das histórias o educador na educação infantil pode estimular as crianças a despertarem o gosto pela leitura. Qual a importância da literatura infantil e o que devemos ler para as crianças? A Literatura Infantil é importante, principalmente por inserir a criança no mundo simbólico, onde muitas vezes ela se coloca no lugar das personagens. A escolha dos livros deve ter alguns princípios básicos que possam garantir a eficiência do trabalho pedagógico, além de oportunizar o contato da criança com o uso real da escrita. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica, considerando a contribuição de autores como ABRAMOVICH, (1995) CHALITA (2003) e outros. O ouvir histórias pode levar a criança a ter vários estímulos, com o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, e o querer ouvir de novo.
Palavras-chave: contar história. Literatura infantil. Criança
Introdução
O presente trabalho tem como tema, contando historias na educação infantil, buscando estratégias em relação às metodologias que utilizam a ludicidade para a promoção da aprendizagem.
Nesta perspectiva, construíram questões que nortearam este trabalho.
· Como acontece a arte de contar historias na educação infantil?
· Quais os recursos utilizados para desenvolver a aprendizagem dos alunos e a forma com que a historia chega ao interlocutor?
A falta de expressividade do professor garante-lhe muitas vezes o fracasso na comunicação com os alunos, no estabelecimento da relação afetiva propícia à aprendizagem e outros fatores relevantes para o processo educativo. Diante dessa realidade educativa, que se mostra fragmentada e que pouco favorece a aprendizagem. Faz-se necessário buscar novas alternativas metodológicas que possibilitem ao professor o desenvolvimento de habilidades e competências para trabalhar com a linguagem oral e, através dela, garantir o acesso dos seus alunos à cultura, como um bem universal a ser usufruído e desencadeador da produção de novos conhecimentos.
O problema é que é que no Brasil, poucas crianças vivem essa realidade.
O peso da escola é muito maior aqui do que nos países mais desenvolvidos, onde as pessoas lêem mais. Como ainda não somos uma sociedade leitora, não podemos esperar que o exemplo venha de casa. Ou acabaremos condenando as futuras gerações a também não ler. A escola tem de entrar para quebrar esse ciclo vicioso, criando em seu espaço um ambiente leitor. O mestre tem de dar o exemplo e despertar a curiosidade das crianças.
Em uma sociedade tecnicista como a sociedade atual, aonde os livros vão perdendo espaço para novas tecnologias, o ato de contar e ouvir historia surge como uma possibilidade libertaria de aprendizagem. A contação de historia representa um vasto campo de aprendizagem, desenvolve a linguagem, criatividade e estimula a concentração do aluno. Toda historia por mais simples que pareça, transmite algo a mais no desenvolvimento da criança, além disso, contar bem uma história pode entrar na comunicação oral, ser convincente e saber argumentar.
As crianças, em geral, têm muito interesse por histórias. Proporcionar oportunidades para que os alunos desenvolvam o gosto pela leitura e formar crianças leitoras e produtoras de textos. Criar condição de aprendizagem para que a leitura e a escrita sejam prazerosas, melhorando significativamente a qualidade da aprendizagem. Com este enfoque construtivista os alunos aprendem através da interação, da troca de experiências, sendo o professor um mediador do processo.
Conforme Abramovich,
É através de uma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... “É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula...”. (ABRAMOVICH, 1995, p. 17).
A leitura é uma forma exemplar de aprendizagem, é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade. As crianças que vivem num ambiente letrado desenvolvem um interesse lúdico com respeito às atividades de leitura e escrita, praticadas pelos adultos que a rodeiam. Muitos não vêem o porquê de ler um livro, se há possibilidade de ouvir a mesma história em um áudio-livro, ou assisti-la em filme em um tempo bem reduzido. Muitos só leem quando há necessidade escolar e mesmo assim, inúmeras vezes substituem a leitura da obra na íntegra, por uma resenha on-line. ABRAMOVICH (1997, p16) ressalta "(…) Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... escutá-las é o início da aprendizagem para
ser leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo...” Podemos, assim, começar a compreender a importância da Literatura Infantil no desenvolvimento cognitivo das crianças.
Desenvolvimento
A prática de contar histórias é uma das tantas formas empregadas pelo professor em seu trabalho com a leitura em sala de aula. É muito comum essa pratica na educação infantil, onde os alunos ainda não dominam a escrita, apenas são capazes de ler a linguagem oral, imagens, gestos e o que esta em seu contorno. Porem no decorrer da escolarização essa pratica raramente ocorre e deixa a desejar. Para CHALITA (2003), nessa perspectiva, a contação de histórias, se torna um aliado instrumento no processo do ensino aprendizagem para a formação do indivíduo, no intuito de disseminar valores essenciais aos tempos de hoje como: respeito, afetividade, humanização, ética e moral.
É importante que os professores, de todos os anos escolares, (re) conheçam a pratica de narrar historias como uma pratica de leitura fundamental para a formação dos alunos enquanto leitores. Todavia é indispensável que essa importância não fique só no discurso. Ela deve ser tecida no dia a dia escolar, ano após ano.
Contar histórias é brincar com as palavras, sonhos, imaginação, expressões, sentimentos... É deixar, por alguns instantes, de ser você mesmo para assumir um pouco da vida dos personagens. Contar histórias é se entregar aos ouvintes: imaginar como conquistá-los, tentar adivinhar como cada palavra, gesto, expressão repercutirá no interior de cada um.
Segundo Dohme (2000) as histórias são excelentes ferramentas de trabalho na tarefa de educar, pois as crianças gostam muito e se envolvem com a narração. Além disso, existe uma variedade de temas que, para aplicá-las não requer recursos materiais inacessíveis. Uma história bem contada surpreende as pessoas, tem o poder de quebrar a rotina e trazer a magia à tona; rompe barreiras, desvenda mistérios, abre portas e pode ser tão especial e marcante para o ouvinte que chega a influenciar na sua maneira de pensar e agir. As histórias nos convidam a entrarmos num mundo que só a leitura nos proporciona, um mundo de conhecimento, de informação, de curiosidades.
O RCNEI afirma que “a aprendizagem da língua oral e escrita é um dos elementos importante para as crianças ampliarem suas possibilidades de inserção nas diversas práticas sociais” (BRASIL, 1998c, p.117). A linguagem contribui para o processo de desenvolvimento da criança e a ajuda na busca da sua autonomia. De acordo com o documento:
A educação infantil, ao promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças (BRASIL, 1998c, p.117).
Nas instituições de educação infantil a preocupação deve residir não no fato de ensinar as letras e sílabas de maneira mecânica e repetitiva, mas principalmente promover momentos em que as crianças percebam a importância da linguagem como fonte de comunicação. As crianças precisam ter acesso a livros, mas especialmente, perceber em seu professor o prazer da leitura e o desejo de manuseá-los. .
A literatura infantil passou, a ser vista como um importante instrumento de propagação dos objetivos e valores dessa nova classe social emergente. Os contos tornaram-se instrumentos didáticos, comprometendo o seu reconhecimento como forma de expressão artística e o gosto pela leitura. A Literatura Infantil é importante, principalmente por inserir a criança no mundo simbólico, onde muitas vezes ela se coloca no lugar das personagens e com elas vivencia as diversas situações e sentimentos como medo, perda, sucesso e alegria. É uma forma de viajar a outros mundos e conhecê-los pelos olhos de outras pessoas, levando-a a construção mental, mais complexa e marcante, cada vez que lê mais e mais livros. Mas o que queremos mesmo é conduzir o ouvinte a conhecer o seu próprio mundo, o mundo interno.
Para que a criança exercite sua imaginação e criatividade é necessário que ela seja estimulada a isso e a linguagem é que cria situações de estímulo. Quando uma história é contada à criança em um diálogo simples onde ela seja estimulada a contar coisas da sua rotina, por exemplo, ela está sendo estimulada a usar sua imaginação e é capaz de criar histórias próprias através da linguagem oral.
O contador deve produzir um discurso narrativo, ou seja, é a voz que propõe, inventa e instiga quem o ouve. É alguém que narra pelas palavras, gestos e pelo contexto que cria exercendo assim poder de sedução, transportando o ouvinte a um mundo, por vezes desconhecidos. Um bom contador de história deve instigar, em seus ouvintes, a atenção e a curiosidade.
O espaço de exploração da leitura para ser eficaz deve ter outras atividades que estimulem o prazer de seus alunos, tais como pintura, desenho, recontagem de histórias de forma teatral, construção de personagens com massinha, papel cartão, tecido entre outras atividades prazerosas.
O que devemos ler para as crianças? A escolha dos livros deve ter alguns princípios básicos que possam garantir a eficiência do trabalho pedagógico, ou seja: a) qualidade de criação; b) estrutura da narrativa; c) adequação às convenções do português escrito; d) despertar o interesse da criança; e) simplicidade do texto; Isso nos garantirá, além de oportunizar o contato da criança com o uso real da escrita, levar a mesma a conhecer novas palavras, discutir valores como o amor e levá-los a usar a imaginação, tornando-os criativos e capazes de pensar.
"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história."
(Bill Gates)
Segundo Oliveira (2009), sugere-se que comece a resgatar os contos e histórias conhecidas pelas crianças, tanto eles quanto o professor poderão contar oralmente os contos e suas histórias para os demais. Assim, o hábito da leitura torna-se a maneira de construção do conhecimento mesmo antes de saber ler, pois, é de ouvi-las que se treina a relação com o mundo, fazendo do momento de contar, recontar, inventar e ouvir o estímulo para manter viva a importância da leitura. Oliveira (2009) acrescenta que a criança que, desde muito cedo, entrar em contato com a obra literária, terá uma compreensão muito maior de si e do outro, tendo a oportunidade de desenvolver o seu potencial criativo e ampliar seus horizontes da cultura e do conhecimento.
Cada criança possui o seu desenvolvimento, suas etapas e processos, é ela quem desempenha o papel essencial da aprendizagem, com estímulos ela realiza
essa tarefa com mais facilidade. É importante despertar a curiosidade na criança para que ela possa folhear os livros, ver figuras. Desde cedo à criança já percebe que o livro é uma coisa boa e que lhe da muito prazer. Porem muitos pais acham que por não saberem ler, não precisam ter contato com livros.
A educação escolar precisa proporcionar momentos prazerosos de leitura, que abarcam todo o contexto familiar e social em que o aluno esta envolvido. Vale ressaltar que é na escola que precisa acontecer à sistematização dos saberes, que os alunos trazem como ferramenta pedagógica do professor. Nos dias atuais, a literatura infantil tornou-se mais abrangente ao influir em vários aspectos na vida das crianças. Hoje encontramos em nossos livros para crianças e jovens variadas abordagens. Os autores passeiam por diversos gêneros, escrevendo suas histórias de varias formas; fábulas, lendas, poesias, contos, etc.
A mala encantada é um ótimo exemplo de recurso pedagógico.
Conclusão
Diante do exposto, conclui-se que na educação infantil é importante que a criança tenha contato com diferentes gêneros, de modo a proporcionar o desenvolvimento de habilidades e competências à alfabetização, a qual se inicia com a compreensão da forma como a escrita representa a linguagem.
O acesso a literatura é visto pelos educadores em geral uma forma de criar nas crianças o habito de leitura, sendo também uma forma de enriquecimento cultural e intelectual. Há certa unanimidade de defender que por meio da leitura a criança desenvolve a capacidade de reflexão e o espírito critico; ela fornece elementos que ajudam a compreender a si e ao mundo, propiciando o crescimento interior.
Em certos casos a escola é a única chance de o aluno entrar em contato com a literatura. Nem toda criança tem acesso à leitura em casa. Assim, acaba ficando a cargo do professor iniciar o individuo no, “mundo das letras”, como diz popularmente é importante que o professor indique os alunos, mas com preocupação de oferecer um repertorio diversificado, permitindo ao aluno fazer escolhas segundo suas preferências e interesses.
A literatura infantil, não necessita ser utilizada apenas como um pretexto para o ensino da leitura e para um incentivo a criação do hábito de ler uma obra literária, também pode ser utilizada como um objeto mediador do conhecimento, estabelecendo relações entre teoria e pratica.
Entende-se que o professor deva proporcionar momentos em que os alunos sintam prazer ao estar em contato com a literatura. Por isso, ele deve planejar organizar, construir e se necessário reconstruir suas práticas para que os resultados sejam significativos, deste modo o aluno, terá uma bagagem maior de conhecimento.
Referências
ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
CHALITA, Gabriel. Pedagogia do Amor: A contribuição das histórias universais para a formação de valores das novas gerações. 20. ed. São Paulo: Gente, 2003.
DOHME, V. Técnicas de contar histórias. 3 ed. São Paulo: informa, 2000.
OLIVEIRA, Maria Alexandre de. Dinâmicas em Literatura Infantil. São Paulo: Paulinas, 2009. Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ referencial curricular nacional para educação infantil, acesso em 08 de janeiro de 2017.
Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/10217/a-importancia-de-contar-historia-em-sala-de-aula-instrumento-de-trabalho.