Buscar artigo ou registro:

A Literatura na Educação Infantil com Ênfase nas Contribuições e Implicações dos Contos de Fadas

Virgínia Caetano do Nascimento [1]

Josiane Fátima Zamignan[2]

 

Resumo

A literatura infantil seleciona e filtra a informação, adquirindo maior importância e intensificando valores, visto que a criança encontra-se em fase de formação de seu quadro referencial. Mostra-se, portanto, como uma maneira de prepará-las para a diversidade de situações e dificuldades que enfrentaram ao longo de suas vidas. É importante reconhecer que a criança, ao ter seu primeiro contato com literatura, encontra-se em idade pré-escolar, deste modo, ainda não foram alfabetizadas. Com isso, a narrativa não verbal transmitida por meio de imagens e cores nela contida podem sobrepor-se ao próprio texto, ou seja a linguagem verbal. Deste modo, justifica-se a necessidade de desprender às imagens ilustrativas a mesma atenção desprendida ao texto escrito. Este trabalho pretende discutir o papel dos contos de fadas na formação do imaginário infantil, questionar as diversificadas representações e mensagens que constituem a visão conservadora do mundo que é apresentada por estas histórias, seus valores e as implicações dos contra valores neles contidos. Os contos infantis têm o seu valor literário, vasto potencial educativo e importante papel na construção do imaginário da criança. Estes integram o mundo da narrativa, onde são criadas as fantasias que alimentarão o imaginário na infancia. Desempenham também notável papel de estimular o gosto pela literatura e a arte.

Palavras Chave: Contos de Fadas. Educação Infantil. Professores.

 

 

Abstract

Children's literature selects and filters the information, acquiring greater importance and increasing amounts as the child is in the process of training your frame of reference. It is shown, therefore, as a way to prepare them for the diversity of situations and difficulties that have faced throughout their lives. It is important to recognize that the child, having their first contact with literature, is in pre-school age, thus not yet literate. Thus, nonverbal narrative conveyed through images and colors contained therein may overlap the text itself, ie verbal language. Thus justifies the need to loosen the illustrative images the same selfless attention to the written text. This paper discusses the role of fairy tales in shaping the child's imagination, questioning the diverse representations and messages that constitute the conservative world view that is presented by these stories, values ​​and the implications of counter values ​​contained therein. Fairy tales have their literary, vast educational potential and important role in the construction of the imaginary value of the child. These comprise the world of the narrative, where the fantasies that feed the imagination in childhood are created. Also play notable role to stimulate the taste for literature and art.

Keywords: Fairy tales. Early Childhood Education. Teachers.

 

Introdução

A maioria das crianças gostam de contos, ilustrações e estórias, e para recordar um pouco a maneira como professoras direcionam esses contos infantis e como os conteúdos são desenvolvidos, inicia-se uma reflexão e relembra-se de alguns deles e da importância desses contos para formar o imaginário da criança. Isso inquieta e incentiva a escolher tal tema para este estudo, pois ao falar-se em contos de fadas faz-se necessário ponderar o fato de que algumas crianças quando ingressam na escola levam consigo problemas de seu cotidiano como desestruturação familiar, exclusão ou brigas presenciadas por elas. No ambiente escolar, as crianças se deparam com essa realidade nas diversas histórias contadas pelos professores e monitores. Esses contos de fadas contribuem para o fortalecimento da criatividade infantil e são de suma importância para a constituição do imaginário da criança.

Este estudo foi organizado com o objetivo de salientar o valor literário dos contos, bem como seu potencial educativo e relevância na constituição do imaginário infantil. Veremos em Cavalcanti (2002), que é praticamente impossível determinar as origens de um conto. Abordaremos contradições e implicações dos contos de fadas, sabendo que eles cumprem o papel de incentivadores do gosto pela leitura e pela a arte em geral. Autores pesquisados como Bettelheim (1980), que faz uma reflexão das interpretações adultas que, independentemente do quão corretas sejam, usurpam da criança a chance de sentir que ela, por si mesma, por meio de repetidas audições e muita reflexão sobre a história trabalhada, enfrenta com êxito uma situação difícil.

Para desenvolver esta pesquisa e fundamentá-la, trazendo maior compreensão do assunto em foco, alguns teóricos foram estudados como Cavalcanti (2002), Ferreira (2001), e Saraiva (2001).

 

Introdução

A maioria das crianças gostam de contos, ilustrações e estórias, e para recordar um pouco a maneira como professoras direcionam esses contos infantis e como os conteúdos são desenvolvidos, inicia-se uma reflexão e relembra-se de alguns deles e da importância desses contos para formar o imaginário da criança. Isso inquieta e incentiva a escolher tal tema para este estudo, pois ao falar-se em contos de fadas faz-se necessário ponderar o fato de que algumas crianças quando ingressam na escola levam consigo problemas de seu cotidiano como desestruturação familiar, exclusão ou brigas presenciadas por elas. No ambiente escolar, as crianças se deparam com essa realidade nas diversas histórias contadas pelos professores e monitores. Esses contos de fadas contribuem para o fortalecimento da criatividade infantil e são de suma importância para a constituição do imaginário da criança.

Este estudo foi organizado com o objetivo de salientar o valor literário dos contos, bem como seu potencial educativo e relevância na constituição do imaginário infantil. Veremos em Cavalcanti (2002), que é praticamente impossível determinar as origens de um conto. Abordaremos contradições e implicações dos contos de fadas, sabendo que eles cumprem o papel de incentivadores do gosto pela leitura e pela a arte em geral. Autores pesquisados como Bettelheim (1980), que faz uma reflexão das interpretações adultas que, independentemente do quão corretas sejam, usurpam da criança a chance de sentir que ela, por si mesma, por meio de repetidas audições e muita reflexão sobre a história trabalhada, enfrenta com êxito uma situação difícil.

Para desenvolver esta pesquisa e fundamentá-la, trazendo maior compreensão do assunto em foco, alguns teóricos foram estudados como Cavalcanti (2002), Ferreira (2001), e Saraiva (2001).

 

Desenvolvimento

Saraiva (2001), vincula a origem da literatura infantil às mudanças estruturais ocorridas nas sociedades do século XVII e XVIII. Momento de alterações da forma de se visualizar a infância e as instituições relacionadas a ela. Com isto explica-se o papel de aliada assumido pela escola com a consecução de valores e objetivos oriundos da burguesia. O vínculo que uniu ideologia e as intenções burguesas acerca do texto dirigido às crianças fortaleceu o caráter pragmático assumido pelo gênero comprometendo seu reconhecimento enquanto forma de expressão da arte.

A literatura infantil chega ao Brasil no fim do século XIX. A princípio, usou-se o texto infantil para difundir preceitos e normas comportamentais, doutrinando-se as crianças. Para Saraiva (2001), o surgimento de tal gênero no Brasil pode evidenciar quatro fases:

A primeira fase mostra-se do fim do século XIX ao princípio do século XX. As práticas pedagógicas da época expõem a opinião de intelectuais que buscavam a modernização do país. Através da escola acreditavam ser possível não apenas atingir tal objetivo, como ainda incentivar a adoção de valores pelo povo à partir crianças.

A segunda fase compreende o período de 1920 a 1945. Época em que as influências sofridas pelas inovações artísticas manifestadas na Semana de Arte Moderna de 1922, marco inicial da revolução das letras brasileiras, marcaram significativamente o meio artístico e cultural.

O percurso da literatura infantil foi marcado pelo momento histórico-cultural e, especialmente pelo ano de 1921, quando nascia oficialmente pelas mãos de Monteiro Lobato. Ela recebeu uma roupagem nova, visível na inovação temática das histórias e na aproximação da linguagem e o tom coloquial que caracterizava a fala brasileira. (SARAIVA, 2001, p.37).

A terceira fase ocorre entre 1950 a 1960. Foi um período em que a literatura infantil mostrou um caráter conservador. Os temas e o ambiente por ela explorado privilegiaram a agricultura e a zona campestre se transformou em local para lazer ou férias, mero plano de fundo para as narrativas.

A quarta fase é vista no decênio 1970 a 1980. Neste período a literatura voltada para as crianças produziu obras de grande diversidade, modernos contos de fadas e de ficção científicas, narrativas de cunho policial e social. Discutiram-se as fontes e contextos dos valores que tradicionalmente caracterizaram as histórias infantis.

O percurso da literatura infantil revela ao estudioso uma série de percalços ao longo da trajetória empreendida. Em alguns momentos constatou-se o predomínio da quantidade; em outros, da qualidade. (SARAIVA, 2001, p.41).

A literatura aborda questões de grande relevância para o desenvolvimento infantil simbólico, tem o papel de ensinar a criança a conviver no mundo onde está inserida trazendo grande riqueza em textos com valor pedagógico no tocante à interpretação de seus conteúdos. Desse modo, leitura é capaz de conduzir a criança na descoberta de um mundo novo. Por isso mostra-se tão importante na infância ao transmitir valores e convidar ao mundo da fantasia. 

A leitura de textos literários na fase da alfabetização oferece às crianças a oportunidade de se apoderarem da linguagem, uma vez que a expressão do imaginário as liberta das angústias próprias do crescimento e lhes proporciona meios a compreender o real e a atuar criativa e criticamente sobre ele (SARAIVA 2001, p.83).

 Desde o princípio da alfabetização o contato das crianças com textos literários mostra-se como um desafio para quem propõe e para quem dispõe. O professor, como protagonista neste processo, deve conhecer os vários tipos de narrativas disponibilizando para seus alunos material diverso tanto em espécie quanto aos assuntos e temas abordados. Essa variada gama de opções para que os alunos escolham o que mais lhes interessa, estimula o gosto pela leitura e a criatividade.

De acordo com Saraiva (2001) as narrativas infantis abrangem várias espécies literárias podendo ser agrupadas didaticamente em folclóricas e artísticas. Sendo as folclóricas narrativas criadas pelo povo como fábulas, contos populares, lendas e contos de fadas tradicionais. Enquanto as artísticas são as obras de autores identificados, sendo denominadas histórias curtas e narrativas. Segundo Bagno apud Carvalho e Mendonça (2006 p. 51):

A fábula é um gênero literário muito antigo que se encontra em praticamente todas as culturas humanas e em todos os períodos históricos. [...] a fábula é uma pequena narrativa que serve para ilustrar algum vício ou alguma virtude, e termina, invariavelmente com uma lição de moral. (Bagno apud Carvalho e Mendonça, 2006 p. 51).

Segundo o autor acima citado, as fábulas podem ser importante ferramenta pedagógica no trabalho com a oralidade, a leitura e a escrita, salientando ainda a possibilidade de abordar perspectivas sociológicas e antropológicas, tendo em vista o vasto material por elas oferecido como embasamento para análise e/ou explicação para uma infinidade de comportamentos e traços da personalidade humana.

Saraiva (2001 p.84), ressalta que a lenda “revela a função mágica das palavras como fundadoras e reveladoras do mundo”. Acrescentando que sua função explicativa e normativa faz estimulam os povos a preservarem seus relatos passando-os às gerações futuras.

De maneira análoga as lendas, os contos populares provem de fontes populares sendo um agente de transmissão de valores, modelo comportamental e concepções de mundo. Mesmo hoje, tais formas rudimentares de expressão literária fascinam jovens e crianças.

 No entanto, as narrativas dos contos de fadas tradicionais iniciam com a situação de equilíbrio, tal equilíbrio interrompe-se pela carência ou conflito vivido pelo herói. Então são apresentadas as peripécias vivenciadas pela personagem, que com ajuda mágica, supera obstáculos tornando-se vitorioso no final.

Atualmente existe uma infinidade de obras literárias disponíveis no mercado. São obras conhecidas e outras desconhecidas, de qualidade comprovada e outras de qualidade duvidosa. Deste modo, torna-se importante que o educador desenvolva habilidades específicas.

É necessário que o professor esteja munido de conhecimentos teóricos sobre a importância e a função da literatura infantil na formação da criança. É preciso, também, que ele tenha estabelecido objetivos claros para o trabalho que irá desenvolver. De posse desses requisitos, pode, então, partir para a análise das obras que pretende selecionar. (SARAIVA 2001, p.74).

A autora citada define que a principal função do livro infantil é despertar o imaginário da criança. Salienta ainda que a boa literatura infantil encanta leitores de todas as idades.

Segundo Ferreira (2001), sempre existiu contos de fadas ou conto maravilhoso tradicional. A autora mostra que o conto o conto era motivo para a reunião de pessoas. Elas contavam parábolas, anedotas, relatos de aventuras, desde o tempo das cavernas, em suas diversas formas. Passando o conto a ser produzido para todo tipo de público e sobretudo ao infantil.

Para Darnton (1986), contos representam documentos históricos, sendo preciso analisar suas origens, bem como significados, em diversos contextos. Ele acredita que a constante presença de órfãs e madrastas em contos do início da França moderna não se restringe à formação do imaginário do público infantil, como sugere a psicologia. De acordo com Bettelheim (1980), ao fantasiar que os não sejam "os pais verdadeiros" a criança se permitiria sentir raiva dos pais sem sentir-se culpada por isso. Ele afirma ainda que tal fantasia seria universal.

O paralelo imposto costumeiramente pelos contos de fadas entre a imagem da mãe carinhosa e geralmente ausente, e a madrasta cruel tem utilidade para a criança. Além de ser uma maneira de preservação de uma mãe interna inteiramente bondosa, enquanto no mundo real a mãe não é completamente boa, permite que a criança tenha raiva da "madrasta" má e ao mesmo tempo preservar a integridade da mãe real, vista como uma pessoa diferente. Deste modo, é sugerido através do conto de fadas, uma maneira para a criança administrar a coexistência de sentimentos tão contraditórios em um estágio em que tal habilidade em lidar com as emoções encontra-se bem no início do desenvolvimento.

Na comparação entre O patinho feio de Hans Christian Andersen, onde o protagonista tardiamente acaba por conquistar um ambiente familiar, bem como a aceitação social, com significativo aumento na sensibilização humanitária no tocante à situação de abandono e solidão vivenciada pelos órfãos.

O textos enfatizando a falta de amor, o medo e a exploração enfrentadas pelas crianças desprovidas de família chamam a atenção dos leitores despertando nestes sentimos fraternais e de comiseração.

Contudo, considera-se mãe quem está criando, como mostrado em narrativas infantis contemporâneas, ou, como dão a entender as histórias infantis clássicas concebidas até o século XIX, mãe seria aquela que gerou?

Neste contexto, histórias infantis criadas por pessoas que vivem a experiência de ter adotado uma criança geralmente defendem a paternidade e ou maternidade de quem está criando, pois estes que dão amor à criança e o recebem de volta. O sentido destes contos está no contexto histórico originado no ideal doméstico onde o ambiente familiar seria, de acordo com Bettelheim (1980), o local de afetos no qual deve-se estabelecer interações sentimentais entre um casal e os filhos onde dá-se atenção e assistência à infância.

Em contrapartida, escritores contemporâneos muitas vezes acabam promovendo a desintegração do “Reino Encantado” do “Era uma vez”. Estes autores desorganizam a fórmula dos contos de fadas embora utilizem padrões tradicionais. Eles invertem papeis de personagens, alteram seus tipos psicológicos e até mesmo a ordem da narrativa acaba modificada.

Como exemplo pode-se citar o lobo, da história dos três porquinhos, adaptada por Suely Mendes Brazão (1992).

Tais inversões de papeis, como o da fada madrinha, pode conduzir o leitor infantil a tal posição de vislumbrar-se no lugar da personagem fraternal que “carrega o mundo nas costas”.

Assim, a descrição do mundo através das riquezas simbólicas que possui transcende a realidade objetiva tornando as narrativas mais verdadeiras por estarem mais distantes dos pensamentos conscientes.

Em oposição à dificuldade do adulto quanto à aceitação de suas incertezas nas aventuras dos contos de fadas, a criança é instantaneamente envolvida pela riqueza das linguagens verbais e não verbais destes que assemelham-se bastante ao seu mundo interior e inconsciente.   

Os contos reproduzem em suas narrativas a história de vida da criança que nascendo protegida, posteriormente vivencia conflitos. Passa pelas angústias e alegrias vividas pelos personagens da narrativa, multiplicando assim suas experiências de vida sem que, com isso, coloque-se em risco como nos mostra Amarilha (1997).

Com isso, a autora procura mostrar que não deve haver por parte dos pais ou professores a interpretação da moral da história ou a exigência de tal interpretação por parte da criança, como em “fichas literárias” e afins. Cabendo-lhes auxiliar instrumentalizando o pensamento bem como a fantasia da criança em relação ao conto escutado ou lido, pedindo-lhe desenhos livres no contexto da história. Deixando a criança brincar livremente de faz de conta com bonecos, fantasias, maquiagem, etc. e contando novamente a história quantas vezes ela pedir.

A criança, ao ouvir o conto repetidas vezes encontra-se empenhada em uma tarefa de fundamental importância para a construção de sua personalidade, segundo os psicanalistas. Esta tarefa que cabe somente a ela, sendo impossível que agentes externos a realizem, trata-se da compreensão do conto com a elaboração do nível simbólico.

 Neste sentido, adaptações das narrativas ou explicações dos adultos enquanto as leem para as crianças, comprometem o significado dos textos para elas como vemos a seguir:

Se o adulto não tiver condições emocionais para contar a história inteira, com todos os seus elementos, suas facetas de crueldade, de angústia, então é melhor dar outro livro para a criança ler, ou esperar o momento em que ela queira ou necessite dele e que o adulto esteja preparado para contá-lo. De qualquer maneira, ou se respeita a integridade, a inteireza, a totalidade da narrativa, ou se muda a história. (ABRAMOVICH, 1995, p.121)

Deste modo, cabe unicamente à criança vivenciar a narrativa extraindo dela a moral que lhe convier e não jamais ao adulto impor-lhe tal entendimento. Segundo Bettelheim, (1980), quando o adulto toma tal atitude ele vai além de destruir a magia da narrativa, como acaba por tirar da criança a satisfação de ter chegado à moral do conto sozinha. Ao pedir que o adulto conte novamente a história por repetidas vezes, a criança busca identificar dentro do simbolismo da narrativa a mensagem principal do conto pois sabe que ao ouvi-lo está, de certo modo, ouvindo a sua história e aprendendo a lidar com seus conflitos. Está é, sem dúvida, a magia dos contos de fadas – o fantástico poder de tornar possível o melhor conhecimento e compreensão de nós mesmos – nesta concepção encontra-se a razão pela qual sobreviveram aos séculos mantendo o fascínio das crianças por sentar-se junto ao adulto buscando ouvir uma história ou conto, ainda que o mundo encontre-se cada vez mais cheio de brinquedos automatizados e maravilhas tecnológicas.

 

CONCLUSÃO

Contudo, acredito que um bom ponto de partida para a formação de leitores seja um mergulho na escuta e leitura das narrativas dos contos de fadas. Seja experimentando-as por meio da voz do contador, seja através das linhas que se desenham correndo livres e soltas sobre o papel.

Os contos de fadas têm exercido influência positiva no tocante à formação da personalidade, por meio dos conteúdos das narrativas, as crianças entendem que é possível transcender os obstáculos saindo vitoriosas. Além disso, identificam-se com as personagens e vivenciando o drama ali apresentado. Os contos tratam de conflitos internos importantes oferecendo desfechos otimistas. Trazendo, com isso, à criança, importante referência na elaboração dos terríveis elementos habitantes de seu imaginário, caracterizados por seus medos, desejos e ódios.

O estímulo da leitura dos contos torna mais fácil para as crianças exteriorizarem suas angústias, medos, dúvidas e ansiedades. O mais importante, contudo, não ensinar a criança a se comportar educadamente, e sim dar-lhe condições para expressar, de forma protegida, as dificuldades em lidar com suas emoções. As histórias dos contos de fadas transmitem a ideia de que as dificuldade da vida são inevitáveis, mas que lutando com perspicácia é possível superar os obstáculos alcançando a vitória.

Os professores, aos poucos, abrem-se para reflexões sobre a importância dos contos de fadas na estruturação do imaginário na infância, embora muitos ainda conservem uma prática docente saturada de atitudes autoritárias retraindo seus alunos, privando-os de possibilidades de interpretação e recriação, tornando-os meros receptores de informações.

Por isso, faz-se necessário preparar professores em permanente formação e instigados ao gosto e ao prazer da leitura. Garantindo ao aluno não somente a capacidade do tornar-se letrado, bem como a de ser capaz de realizar uma leitura produtora de sentidos e transformadora da realidade.

 

REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo, Scipione, 1995.

 

AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? Literatura infantil e prática pedagógica. Rio de Janeiro, Vozes; Natal: EDUFRN, 1997.

 

ANDERSEN, Christian Hans. O patinho feio. Tradução de Maria Cimolino e Grazia Parodi. São Paulo: Rideel, s.a, 1993.

 

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1980.

 

CAVALCANTI, Joana. Caminhos da Literatura Infantil e Juvenil: dinâmicas e vivências na pedagogia.  São Paulo: Paulus, 2002.

 

DARNTON, Robert. O Grande Massacre de Gatos. E outros episódios da história cultural francesa. Rio de Janeiro: Graal, 1986.

FERREIRA, Liliana Soares. Produção de leitura na escola: a interpretação do texto literário nas séries iniciais. Tjuí-RS: Unijuí, 2001.;

SARAIVA, Juracy Assmann (orgs). Literatura e Alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: Artmed, 2001.



[1] Graduada em Pedagogia e Pós Graduanda em Alfabetização e Letramento pela Universidade Candido Mendes.

[2] Graduada em Pedagogia pela UNINTER - Centro Universitário de Curitiba-PR e Pós Graduanda em Alfabetização e Letramento pela Universidade Candido Mendes. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.