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A Tecnologia como Ferramenta na Escola: utilização na Sala de Aula

Josiane Fátima Zamignan[1]

 

RESUMO

Pretendemos com este trabalho abordar sobre algumas reflexões a respeito da utilização das diferentes tecnologias em sala de aula, de como nós educadores podemos fazer das mesmas nossas aliadas. Proporcionar aos nossos educandos não só o desenvolvimento das capacidades leitora e escritora, como também a riqueza de se gerir o trabalho em equipe, construindo o conhecimento na troca e interação com o outro. Propomos também a compreensão das relações existentes entre alunos, professores, escolas e as múltiplas linguagens, o aproveitamento das linguagens manifestadas nos programas de relacionamento como o Orkut e MSN, numa tentativa de aproximar do mundo real dos nossos alunos através do mundo virtual. De como estas ferramentas podem ser aproveitadas por todos de forma produtiva no âmbito escolar. Abordaremos sobre importância de se planejar as aulas de forma a aproveitar as diferentes áreas do ensino.

Palavras-chave: Tecnologia, sala de aula, linguagem, MSN e Orkut.

 

Abstract

Pretendemos com este trabalho abordar sobre algumas reflexões a respeito da utilização das diferentes tecnologias em sala de aula, de como nós educadores podemos fazer das mesmas nossas aliadas. Proporcionar aos nossos educandos não só o desenvolvimento das capacidades leitora e escritora, como também a riqueza de se gerir o trabalho em equipe, construindo o conhecimento na troca e interação com o outro. Propomos também a compreensão das relações existentes entre alunos, professores, escolas e as múltiplas linguagens, o aproveitamento das linguagens manifestadas nos programas de relacionamento como o Orkut e MSN, numa tentativa de aproximar do mundo real dos nossos alunos através do mundo virtual. De como estas ferramentas podem ser aproveitadas por todos de forma produtiva no âmbito escolar. Abordaremos sobre importância de se planejar as aulas de forma a aproveitar as diferentes áreas do ensino.

Palavras-chave: Tecnologia, sala de aula, linguagem, MSN e Orkut.

 

Introdução

Longe está o tempo em que os alunos sentavam-se em suas carteiras e faziam suas cópias sob a orientação do mestre, ali encolhidinhos, amedrontados como marionetes e robôs esperando o comando, os professores falavam... Falavam e os alunos obedeciam... Obedeciam. Uma escola organizada em filas, com uniformes padronizados, estilo militar, onde imperava a lei do silêncio, alunos sentados em duplas e mesmo na hora das temidas provas não se mexiam, nem olhava para os lados. As disciplinas de OSPB e Educação Moral e Cívica tinham a missão de trabalhar a cidadania, a moral e o respeito.

Os tempos são outros, o mundo mudou, e a escola àquela que era tida como transformadora do mesmo vai mal frente aos desafios do novo milênio. Alunos em grande maioria vistos como indisciplinados, desmotivados e inconsequentes povoam diariamente as sala de aulas deixando professores, gestores e demais profissionais muitas vezes sem saber o que fazer são obrigados a apelarem às APMs, Conselhos Tutelares e em casos extremos até mesmo à polícia.

Assim se apresentam as escolas em sua maioria, num tempo em que as informações chegam aos milhões em tempo recorde. Qual deve ser a posição da escola nesta era da informação entendendo-se que a mesma não transforma o mundo, mas se transforma com o mundo? E quem são os professores e alunos desta era informacional?

Os laboratórios já é uma constante nas escolas públicas do Estado do Mato Grosso, chegaram timidamente e agora são percebidos nitidamente dentro das escolas pelo brilho do olhar dos alunos. No início, como tudo que é novo causa transtornos não foi diferente, permaneciam por alguns períodos fechados, devido à falta de profissionais para atender aos alunos e professores em todos os períodos, visto que em sua maioria fazem trinta horas corridas, mas após muitas discussões e estudos houve um entendimento por parte de todos, que os laboratórios poderiam funcionar normalmente, com a presença do professor e dos alunos desde que houvesse um planejamento prévio das ações a serem desenvolvidas nos mesmos. Quanto ao medo de estragos e possíveis prejuízos foi superado devido ao acompanhamento de empresas especializadas que atuam junto a Seduc (Secretaria de Educação do Estado).

A escola não deve sentir-se imobilizada frente às novas informações, mas aproveitar-se das diferentes ferramentas tecnológicas com suas múltiplas linguagens e criar um ciberespaço de comunicação entre professores e alunos

As novas tecnologias e em especial o computador surgem como recursos para melhoria do processo ensino aprendizagem. Como a escola e professores têm se posicionado frente a este poderoso instrumento tecnológico? O que é permitido e o que é proibido aos navegantes dentro da escola? A utilização destas novas tecnologias tem sido motivo de grandes discussões por parte dos profissionais da educação, uns acreditam que esta utilização valoriza a modernidade, outros que a utilização estimula a violência diminuindo o estímulo da aprendizagem.

 O computador apresenta pontos positivos e negativos no ambiente escolar, quando utilizado de maneira adequada pedagogicamente pode ser alcançados excelentes resultados, mas se não houver um planejamento prévio daquilo que se pretende alcançar ocorrerá apenas uma transcrição de dados. O professor ao planejar uma aula com a utilização desta mídia deve atentar-se para a temática a ser estudada, para quem estão planejando, quais objetivos se pretende alcançar e principalmente se a metodologia proporcionará momentos prazerosos além da construção do conhecimento.

Ao elaborar um recurso, não podemos nem devemos deixar de identificar o contexto no qual ele será utilizado... Pensamos em um menino conectado à Internet em seu quarto, preparando a lição para o dia seguinte? Ou em grupo de alunos auxiliados por um assistente, cada um diante de uma tela no laboratório de informática da escola? Ou nas crianças em classe, com o professor da disciplina e um só equipamento conectado? Ou em grupos de quatro alunos diante de uma única tela, disputando o controle do mouse? (TEDESCO,2004, p. 205)

Dentre as ferramentas disponíveis na internet temos o MSN e o Orkut que se constituem como espaços de programas de bate papo e relacionamentos online, onde as conversas ocorrem em sincronia, fazendo grande sucesso entre a garotada. Como aproveitar-se destas ferramentas dentro da escola sem que haja prejuízos? Sabemos  que na maioria das escolas estas ferramentas encontram-se bloqueadas, ou seja, opções indisponíveis aos usuários, restando aos mesmos apenas a consulta aos sites de pesquisas das temáticas trabalhadas em salas de aula. Eis aqui nosso grande problema como competir com a máquina com sua linguagem recheada de informações, onde a interação ocorre em tempo quase real diante das nossas aulas em sua grande maioria expositivas em que utilizamos como ferramentas quadro e livro didático?

 

 

Desenvolvimento

 

Os conceitos como linguagem, mundo virtual, informação, velocidade, cultura, tecnologia, inclusão digital, ética, tempo e espaço são palavras chave que devem fazer parte do dia a dia da escola. Num mundo em que as diversidades estão em ascensão na escola e diferentes grupos compõem este ambiente, há uma necessidade muito grande da compreensão e utilização destas mídias.

O MSN (Windows Live Messenger) e o Orkut foram criados há mais de dez anos e tornaram-se cada vez mais populares entre as pessoas de todas as idades e até por empresas e instituições como forma de comunicação. Ao utilizar-se destas ferramentas os alunos emitem suas opiniões de diferentes maneiras, fazem uso de imagens e monossílabos para expressarem suas emoções, realizam com isto representações online.

São afirmações como estas que iluminam todo ressentimento do aluno. O mesmo aluno que, diante da figura do professor, representa um determinado papel ao participar de um jogo de cena, mas que encontra no Orkut um meio capaz de romper com o acordo silenciosamente estabelecido com o mestre na sala de aula. Aqui, no espaço virtual, o aluno se sente encorajado a confessar o quanto odeia os professores que se aproveitam da condição de “educador” e

destilam sua soberba intelectual. Aquele professor que parece ser “gente boa”, de acordo com a fala dos alunos, na verdade não é nada disso, pois se Nietzsche estava certo ao observar que no ato mais terno de compaixão humana se encontra a vontade de poder dominar aquele recebe algum tipo de auxílio, não se pode subestimar a capacidade do aluno de identificar em tal professor a soberba intelectual que culmina na sua humilhação (ZUIN, 2006, p.11).

Como deve ser a relação da escola com o MSN e Orkut? Em primeiro momento devemos repensar na nossa formação e preparo para mediar estas tecnologias, nas nossas habilidades diante das TICS – tecnologias de informação e comunicação – no ensino escolar. Como desenvolver nossas práticas pedagógicas integrando-as ao uso do laboratório, inserindo a comunicação utilizada no MSN e Orkut com os conteúdos escolares? Em um segundo momento pensar em uma metodologia que contemple os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. E por último a necessidade do fazer coletivo, trabalho colaborativo tão difícil de realizar, mas não impossível.

Quando os alunos fazem o uso do MSN e Orkut podemos perceber que os mesmos não utilizam apenas destas duas ferramentas, em geral possuem blogs, e-mails onde realizam suas conversas via rede, voz, vídeo, criam pastas, mensagens off-line, conversam em grupos, tiram dúvidas, enviam imagens, salva conversas, áudios e vídeos.

A partir de um bom planejamento e de cuidadosos estudos poderemos realizar muitas atividades envolvendo todas as diferentes áreas e disciplinas, como por exemplo; olimpíada via MSN com diferentes escolas aplicando perguntas e respostas, criação de comunidades, intercâmbio, concurso de poesias e outras mais que surgirão no decorrer dos estudos, leituras, discussões no coletivo da escola. Muitos são os recursos a serem explorados que podem possibilitar aos alunos um ambiente virtual interativo e prazeroso na construção do conhecimento e interação com o outro.

Uma atividade muito proveitosa seria a realização de oficinas nos laboratórios de informática, partindo das temáticas estudadas em salas de aula, criar comunidades no site de relacionamentos, elaborar e postar fóruns, discutir, compartilhar e avaliar. Outra seria a criação de um blog da escola onde toda a comunidade escolar alimentaria o mesmo, postando todas as atividades desenvolvidas.

Diferentes atividades podem ser desenvolvidas com a utilização destas ferramentas, mas muitas vezes por medo ou despreparo realizamos apenas atividades de pesquisas em sites especializados, contendo perguntas e respostas de determinados assuntos nem sempre significativos para os nossos alunos, e muitas vezes quando solicitamos aos mesmos que façam pesquisas imprimem fragmentos de textos que em grande parte não são socializados com os demais, caímos então num discurso vazio, sem significação.  Saímos do ambiente com a sensação do dever cumprido, mas será que conseguimos instigar os nossos alunos para o conhecimento? 

Deve-se proibir o uso ou bloquear o MSN e Orkut no laboratório da escola? Acreditamos que o uso do MSN e Orkut não devem ser proibidos, pois só não são adequados quando utilizados para bater papo com outras pessoas que estão em outro ambiente que não esteja relacionado ao escolar, ou a conversa esteja girando sobre outros assuntos e se dispersando da atividade realizada. Devemos sim estabelecer critérios quanto ao uso destas, orientarmos aos nossos alunos para que não ocorram dispersões durante as ações que serão realizadas.

  É importante ressaltar que a presença destas mídias na sala de aula (computador, internet, MSN, Orkut, blogs e outros) é o desejável de todos nós educadores, mas por si só não são suficientes para realizarmos nossa prática pedagógica com qualidade, não basta apenas à presença desses materiais é necessário a nossa intervenção mediação e pedagógica mediante aos mesmos como afirma Lopes:

Cabe à escola o papel de tornar acessível um conhecimento para que se possa ser transmitido. Contudo, isso não lhe confere a característica de instância meramente reprodutora de conhecimentos, [...] devemos recusar a imagem passiva da escola como receptáculo de subprodutos culturais da sociedade. Ao contrário, devemos resgatar e salientar o papel da escola como socializadora / produtora de conhecimentos (LOPES, 1999, p.216)

As Tecnologias da Informação e Comunicação adentram assustadoramente nas salas de aula, aumentando cada vez mais a necessidade da escola investir na formação continuada dos professores e demais profissionais que atuam na mesma, pois muitos de nós obtivemos o verdadeiro contato com as tecnologias somente agora na era digital. Quantos bons professores, considerados excelentes em suas práticas deixam de inová-las simplesmente pelo desconhecimento do manuseio destas mídias?  A escola tem que ser vista pelo seu papel criador e transformador e não apenas como um instrumento de transmissão de conteúdos.

 Os desafios do novo milênio estão postos e a escola vai mal, as críticas surgem de todas as partes de que a escola não consegue atender as demandas da sociedade e muito menos desenvolver um ensino de qualidade. É comum passarmos em frente às lans house nos horários em que as crianças supostamente deveriam estar na escola ou desfrutando do aconchego dos seus lares e estas estão ali à mercê das máquinas e muitas vezes de companhias nada saudáveis, muitas se perdem enveredando até mesmo pelos caminhos do tráfico e do crime. Por que então não tentarmos fazer parte da história desses meninos?

Conhecemos muito dos conteúdos a serem trabalhados, mas pouco das histórias de vidas destes que na maior parte do tempo querem apenas ser ouvidos. O entendimento que a família tem é de que a única responsável pela educação é a escola e esta se torna cada vez mais ausente da escola, culpando-a por todos os fracassos escolares de seus filhos. Há uma mistura e inversão de papéis a família cobra da escola, a escola cobra da família e, a sociedade espera para punir. Daí nosso grande desafio fazer parte do mundo dos nossos alunos, inserindo as novas tecnologias em nossas aulas.

 

Conclusão

Após muitos estudos e reflexões sobre as práticas desenvolvidas no laboratório de informática (Li) das escolas, compreendemos que nós enquanto professores podemos sim fazer uso de outras ferramentas que não sejam apenas os sites de pesquisas. Utilizando-nos do MSN e Orkut de forma apropriada, com objetivos claros e planejamentos prévios enriqueceremos nossas aulas.

O uso destas ferramentas de forma ‘pedagogicamente correta’ facilitará a aproximação da realidade do aluno às ações escolares, para isto faz-se necessário um bom planejamento traçado com metas que os alunos precisam alcançar uma metodologia envolvente, e uma avaliação criteriosa do processo, não se esquecendo do trabalho colaborativo visando não só a aprendizagem do aluno, mas de todo o processo de ensino. Somente assim poderemos vislumbrar uma escola para todos, onde os diferentes, mas não desiguais aprendem de forma prazerosa, em que meninos e meninas não sentirão mais a necessidade de “matar” aulas para ficar em lan house e outros espaços cibernéticos. Em suma não é a escola que transforma o mundo, mas se transforma com o mundo e para o mundo. 

 

REFERÊNCIAS

BARRETO, Raquel Goulart. Formação de professores, tecnologias e linguagens. São Paulo: Ed. Loyola,2002.

 

LIBÂNEO, José Carlos. A escola com que sonhamos é aquela que assegura a todos a formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã.

In: COSTA, Marisa Vorraber (org). A escola tem futuro? Rio de Janeiro

DP&A, 2003.

 

LOPES, A.R.C. Conhecimento escolar: ciência e cotidiano. Rio de Janeiro: Eduerj, 1999, p. 218

 

TEDESCO, Juan Carlos (Org.). Educação e Novas Tecnologias. Tradução: Cláudia Berliner, Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Cortez, Buenos Aires, Instituto Internacional de Planeamiento de la educacion; Brasília: UNESCO, 2004.

 

ZUIN, Antônio Álvaro Soares. Adoro odiar meu professor: o orkut, os alunos e aimagem dos mestres. GT 16 Educação e Comunicação. 29ª Reunião anual da Associação Nacional de pós-graduação e pesquisa em educação - 2006. Disponível em www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/trabalho/GT16-1670 acesso em 20/03/2011



[1] Graduada em Pedagogia pela UNINTER - Centro Universitário de Curitiba-PR  e Pós Graduanda em Alfabetização e Letramento pela Universidade Candido Mendes – INSTITUTO PROMINAS. josyschweig@hotmail.com