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A CAPOEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Francisca da Conceição Pereira

 

RESUMO

A possibilidades de intervenção da ‘Capoeira’, enquanto alternativa pedagógica para auxiliar no trabalho com a cultura corporal de crianças na faixa etária da Educação Infantil”. Com base neste eixo temático, demarcar, também os aspectos legais que imbricam no processo formador, aspectos relacionais, que demandam por espaços e educadores preparados para ensinar Capoeira, na condição de modalidade pedagógica. Em síntese, demarca-se os aspectos populares e de cultura popular que ensejam no processo da aprendizagem da cultura corporal e, acima de tudo, do ensino da “Cultura Afro-brasileira”, enquanto demanda pedagógica de um processo que vem regulamentado na Lei 10.639/03, que insere na formação pedagógica brasileira a discussão da cultura Afro-brasileira. A Capoeira na Educação Infantil, apresenta-se como um elemento importantíssimo para formação integral do aluno, desenvolvendo o físico, o caráter, a personalidade e influenciando nas mudanças de comportamento, além de apresentar-lhe os aspectos culturais da cultura africana, conforma preceituado pela Lei acima referida.

 

PALAVRAS-CHAVE: Capoeira. Educação Infantil. Escola

 

INTRODUÇÃO

 

Para dar maior justificativa à nossa proposta de Estágio Prático, destacamos que a Capoeira foi citada e demarcada nos referenciais curriculares para a educação infantil, nos quais ressaltam-se a música, a dança. Além do mais, a música está presente em todas as manifestações, quando dela se destaca o ritmo, o som e a dança como consequência; a dança vem no sopé da musicalidade em destaque na dança as aulas sempre ritmadas, podem ser dirigidas no sentido de aproveitar os movimentos, desenvolvendo flexibilidade, agilidade, destreza, equilíbrio e coordenação motora.

Porém, a Capoeira, enquanto arte, ou até mesmo dança, evidencia que ela ficou num grau de desconsideração, quando ainda se mostra muito forte um certo preconceito que vincula a Capoeira à expressão de negros e, ou confinada à modalidade de dança ou esportividade de quem está ocioso ou nada tem a oferecer.

Assim, destaca-la na Educação Infantil mostra-se como uma a oportunidade para desmistificá-la na condição de dança e, inseri-la no espaço da escola, a partir da educação dada às crianças pré-escolares. Logo, isso vem representar o grande motivo pelo qual se oferece este trabalho de Estágio Prático, levando em consideração as expressões afro-brasileiras, presentes na Capoeira, sem desconsiderar sua linguística textual (apropriado às crianças), para o desenvolvimento de alunos entre 2 à 3 anos, firmando-se a Capoeira como significativa forma de trabalho com a cultura corporal.

A iniciação da Capoeira com as Crianças da Instituição de ensino e que visa levar a praticante concomitantemente a explicitar as suas virtudes e a encontrar-se com a realidade, para nela atuar de maneira consciente, eficiente e responsável, com vistas a atenção das aspirações pessoais, Psíquicas e Sociais do praticante, independentemente de sua faixa etária.

Devemos lembrar que: a prática da capoeira desenvolve na criança uma habilidade única, trabalhando o corpo e a mente, deixando a criança mais ativa e mais atenta.

A criança que prática capoeira aprende não apenas a jogar como também a cantar e a tocar, entre os instrumentos mais tradicionais destacam-se o berimbau, o pandeiro, o agogô, o atabaque e o caxixi – um chocalho feito de sementes. Com o intuito de um melhor aproveitamento dos objetivos previstos utilizaremos as seguintes estratégias: escolha do local apropriado e seguro para a prática da Capoeira; conversa informal sobre a prática da capoeira; forma rodas de Capoeira.

 

DESENVOLVIMENTO

 

Neste referencial destacamos que, o estágio supervisionado na formação inicial de professores é de muita importância, visto que em todas as licenciaturas precisa haver estágio prático onde o aluno possa dar vasão à sua teoria até aquele momento.

Destacamos que ele está presente em todos os cursos de licenciatura no Brasil desde a reforma de 1932.

Destacamos aquilo que aponta Pimenta (2010) quando este autor “delineia a configuração desta prática na legislação das Unidades Federativas do país a partir da década, quando enfatiza a terminologia utilizada para os estágios, enquanto prática estruturada”.

Ainda está autora destaca que:

 

A legislação dos Estados comentada pela autora aponta, entre outras coisas, para a falta de sistematização do estágio no país, demonstrada por uma variação entre a duração, a terminologia e o período em que deveria ocorrer. Entre os Estados, como exemplo, escolhemos o Piauí, sobre o qual afirma A formação era em 5 anos, dos quais 3 preparatórios e 2 profissionais, onde se realizava “a prática profissional sob forma de regência, aulas-modelo, preparação e crítica de planos de aula, trabalhos de administração escolar”. Na condição de disciplina havia a didática e Metodologia Geral e Especial. (PIMENTA, op. cit., 2010, p. 24).

 

No período do tecnicismo, o estágio era visto como um espaço de treinamento para a atuação profissional dos educadores que deveriam voltar-se à formação técnica. Desde aquele tempo (tecnicista) evidenciam algumas recordações como herança de um tempo que vem destacado por Mendes (2006, p. 194), como sendo:

 

[...] de caráter fragmentado e burocrático das atividades de estágio, cujo formato investe numa formação técnica, possibilitando apenas o domínio de limitado conhecimento instrumental sobre o fazer docente.

 

Desde aquele período tecnicista a forma de admitir o estágio que não valorizava a formação intelectual do professor e do aluno, também o transformava em mero coadjuvante das linhas de produção capitalistas.

Assim, comenta Ghedin (2008, p.34):

 

[...] o resultado do estágio, nos moldes tradicionalmente assumidos nos cursos de formação de professores, não tem permitido contribuir para a análise crítica da prática docente em sala de aula e não tem conseguido formar uma cultura ou atitude docente que consiga superar a cultura escolar que ainda carrega vícios de uma perspectiva tecnicista e conservadora da educação.

 

Com base neste contexto histórico, o sentido prático do estágio, nos dias de hoje, vem demarcar a necessária de se propor uma articulação da formação inicial onde há robusta teoria, com a prática profissional e professoral, quando o estágio deve ser visto como um momento de experiências do formando, que deve ser posto como importantes momento em que o futuro professor possa construir seu relatório e repertório teórico/prático, com base em novo e mais críticos saberes, para almejar a qualidade no ensino.

Se consideradas as falas de Pimenta (op. cit., 2010, p.15) podemos concluir que esse tipo de atividade chamada de “atividade prática”, quando a ação do professor passa a ser a condições pela qual o futuro professor possa valer-se pela docência enquanto profissão que ele possa realizar, sem ter que apelar constantemente à outros pares de sua escola.

Veiga (2002, p. 18), vem apontar para duas condições imprescindíveis do Estágio:

 

[...] – a de tecnólogo do ensino e a do professor como agente social. Esta última abordagem corrobora com a ideia de um professor 4 preparado para os desafios que as transformações no mundo contemporâneo impõem à docência.

 

Ainda destacando alguns aspectos de ordem legitimadora na formação dos professores, com base na formação crítica e emancipadora, esta autora ainda destaca:

 

a) Construção e domínio sólidos dos saberes da docência identificados por Tardif (et al., 1991) quais sejam: “saberes disciplinares e curriculares, saber da formação pedagógica, saber da experiência profissional e dos saberes da cultura e do mundo vivido na prática social”. [...]

b) Unicidade entre teoria e prática. [...]

c) Ação coletiva, integrando todo o pessoal que atua na escola bem como todos os processos que contribuem para a melhoria do trabalho pedagógico. [...]

d) A autonomia [...] entendida como processo coletivo e solidário de busca e construção permanentes.

e) A explicitação da dimensão sociopolítica da educação e da escola [...]. (VEIGA, op. cit., p.83-85).

 

Podemos afirmar então que, o ‘estágio prático’ vem configurar-se num elemento essencial para a formação dos docentes da educação, na medida em que abre a possibilidade da concretização da relação da ‘teoria e prática’, quando também consolida a teoria em ato de ensinar. “Além disso, o estágio tem uma função social: a de integrar o acadêmico no mercado de trabalho, como profissional e como cidadão consciente e crítico”. (PERELLÓ, 1998).

Neste caso, podemos afirmar que, o estágio vem firmar-se como um espaço/tempo de cristalização dos saberes docentes. Neste caso, saberes que vão além das teiras de sala de aula ou virtuais. Saberes que envolvem o campo da ação (a escola). Em síntese é o espaço tempo em que o aluno se torna professor de fato e, busca dar sentido real e concreto à sua formação de educador.

 

3.3 Relato da Aplicação do Projeto

 

Pretendemos expor às crianças aquilo que a cultura afro-brasileira vem demarcar como uma expressão de dança fornecida pela presença africana ao longo da formação racial brasileira.

Destacamos que a dança “Capoeira”, durante muitos anos ficou relegada aos pátios e festejos de congadas e restrito aos pátios das Senzalas de escravos, Brasil à fora. Porém, a partir do Governo de Getúlio Vargas, a dança da “Capoeira” passou a ser considerada como uma genuína expressão da cultura brasileira, podendo ser usada em festejos esportivos, folclóricos e, em especial, divulgado para o exterior.

Para nosso caso, expor toda essa riqueza afro-brasileira como uma expressão ‘autenticamente brasileira’, fará o verdadeiro sentido se exposta à alunos que se encontram na alfabetização.

Ou seja: entendemos que a dança “Capoeira”, terá melhor aceitação e melhor divulgação se as crianças receberem sua referência desde a idade escolar inicial, quando a criança começa sua jornada na educação a partir do tempo ‘ludo pedagógico’, até os cinco (5) anos etários.

Assim será a través da dança da “Capoeira” que as atividades desenvolvidas pelo pedagogo escolar que trazem assessoramento à todas as atividades que tenham influência no processo ensino/aprendizagem, visam ao seu planejamento, coordenação execução dos detalhes lúdicos da dança em questão, quando mais eficientes sejam atendidas as necessidades e aspirações da criança em formação, bem como, mais plenamente sejam efetivados os objetivos gerais da educação e dos específicos da Escola.

Considerando os aspectos práticos do estágio, consideramos que o tema em questão traz o vínculo com todos os segmentos relacionados a escola, seja no atendimento lúdico das crianças, seja na proposta de dança de forma geral. Surge então para os coordenadores a possibilidade de estender o projeto “dança Capoeira”, para todas as turmas do ensino básico e pré-escolar.

Enquanto estágio, nossa parte prática envolve observação e a docência, onde contribui, particularmente, na formação do educador ao possibilitar contato direto com a realidade de sala de aula e com o ambiente escolar, na companhia de outros profissionais (observação) e dos alunos (docência). Sem dúvida a observação e à docência são experiências de aprendizagem insubstituíveis, sem as quais a formação do professor seria deficitária e incompleta.

Relativa à avaliação do ensino-aprendizagem, a abordagem da escola é sua utilização, principalmente, como diagnóstica. A avaliação ocorre como uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do docente quanto das crianças. Todos os recursos didáticos e pedagógicos disponíveis são utilizados pelo corpo docente para a realização de suas atividades.

Mesmo sendo uma estrutura construída adequada, percebe-se que ainda pode ser melhorada. Um exemplo disso é a ausência de uma biblioteca, tão importante para o estímulo e desenvolvimento de atividades relacionadas à leitura (e sua iniciação).

Outro item diz respeito ao conforto o prédio da escola não dispõe de sala de informática, por falta de espaço, equipamentos e profissionais da área. Percebe-se a falta de TV em algumas salas.

Pela quantidade de crianças matriculadas em cada turma, percebe-se a ausência de espaço para colocação de berços, sendo necessário espalhar colchonetes pelo chão. Também percebeu-se a carência de brinquedos adequados para utilização na areia.

Como teórica a capoeira é denominada como uma “luta dançada” ou uma “dança de luta”, pelas expressões citadas é fácil perceber a intimidade da capoeira e a dança, junto com o maculelê e o samba de roda, ritmos dos folguedos do folclore brasileiro, incorporados pela capoeira. Esta união se transforma em uma opção para a melhora das habilidades ritmo, flexibilidade, simetria corporal, além de ser uma ótima atividade de lazer!

Fora da sala de aula, é possível fazer muitas coisas que reforçam a solidariedade, sentindo que toda criança tem na sua bagagem afetiva. A escola prioriza as ações que os alunos realizaram para participar de forma solidária dos problemas existentes.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

No contexto do ensino infantil, procurou-se preparar aulas diferenciadas que despertassem a curiosidade e atenção dos alunos; a cada dia, percebia-se o interesse cada vez maior e a interação com os assuntos abordados.

As atividades dadas em sala de aula, as dinâmicas e exercícios foram realizadas com êxito por parte dos discentes, quando nos dias atuais, a prática da ‘Capoeira’ tem se mostrado um ótimo instrumento de complementação educacional, permite aos seus praticantes bem estar, uma atividade física abrangente criada e aperfeiçoada em sintonia com a evolução da sociedade brasileira.

Sobre o fenômeno da dança nacional da ‘capoeira’, nos esforçamos para, em primeiro lugar, considerar suas sensações, representações, enfim sua singularidade, tentando caracterizar esse que é o objeto principal do nosso estudo. Nosso esforço partiu do pressuposto de que a capoeira é um bem cultural produzido, acumulado, transmitido e praticado pela humanidade, em determinados momentos históricos, motivado pelo contexto societal e alicerçado pela produção da vida.

 

REFERÊNCIAS

 

ALVES Ramiro. O valor simbólico. Revista Isto é. n.1789.21 de janeiro de 2004.

 

GHEDIN, E. (et al). Formação de professores: caminhos e descaminhos da prática. Brasília: Líber Livro Editora, 2008.

 

MENDES, B. M .M. Novo olhar sobre a prática de ensino e o estágio curricular supervisionado de ensino. (In): MENDES SOBRINHO, J.A.C.; CARVALHO, M. A. (Org.). Formação de Professores e Práticas Docentes: olhares contemporâneos. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

 

PERELLÓ, J. S. Pedagogia do estágio. Belo Horizonte, PUC-Minas: Ed. CIEE/MG, 1998.

 

PIMENTA, S.G. O estágio na formação de Professores: Unidade teoria e prática? 9ª ed. São Paulo: Cortez, 2010.

 

VEIGA, I. P. A. Professor: Tecnólogo do ensino ou agente social? (In): VEIGA, I.P.A.; AMARAL, A.L. (Org.). Formação de Professores: políticas e debates. Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico. Campinas, SP: Papirus, 2002. P.65-93.

 

BRASIL. Casa Civil. Lei n. 11.274, 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 fev. 2006.

 

_____. Casa Civil. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o Estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996; revoga as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6o da Medida Provisória no 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Brasília: Congresso Nacional, 2008.

 

_____. Lei nº 10.639, no artigo 26- A ANALISE DE ESTUDO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) do Regimento Escolar Regulamento Interno Plano de Ação do Pedagogo da Escola.