A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA PARA ENTENDER A IMPORTÂNCIA DOS BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Luzia de Campos Rodrigues[1]

Marilei Barcé[2]

Soliane Madruga da Silva[3]

                                                                                             

Resumo

Esta pesquisa veio ao encontro da necessidade de levar a família conhecer a importância do brincar, que tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento da criança, não deixando essa responsabilidade apenas para a escola. O brincar é tão importante à criança quanto se alimentar e descansar, por meio do brincar a criança estabelece relações de conhecimento com seu interior e com o mundo externo. Portanto, para realizar este trabalho, utilizamos a pesquisa bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos, revistas e sites, bem como pesquisa de grandes autores referente a este tema. Organizamos um encontro com os pais dos alunos da Creche Municipal Camping Clube para que pudessem ver de perto a real importância dos brinquedos e brincadeiras regidas pela proposta pedagógica da Educação Infantil do município de Sinop –MT. Desta forma, este trabalho versa sobre a oportunidade ofertada à família de passar um dia usufruindo dos momentos especiais de seus filhos na escola, bem como de mostrar importância do brincar na vida do ser humano, e, em especial na vida da criança.

Palavras-chave: Brinquedos. Família. Aprendizagens. Mediador.

 

Abstract

This research coincided with the need to take the family to know the importance of play, which aims to contribute to the development of the child, leaving this responsibility only to school. The play is so important to the child as to feed and rest, through the play the child establishes relationships with knowledge inside and the outside world. Therefore, to carry out this work, we use the literature, based on reading reflection of books, articles, magazines and websites, as well as great authors of research regarding this topic. We organize a meeting with the parents of the Municipal Nursery Camping Club so they could see firsthand the real importance of toys and games governed by the pedagogical proposal of early childhood education in the municipality of Sinop -Mt. Thus, this work is about the opportunity offered to the family to spend a day enjoying the special moments of their children in school and to show importance of play in human life, and especially in the child's life.

Keywords: Toys. Family. Learning. Mediator.

 

1 Introdução

A expansão da Educação Infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido de forma crescente nas últimas décadas, acompanhando a intensificação da urbanização, a participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na organização e estruturadas famílias. Por outro lado, a sociedade está mais consciente da importância das experiências na primeira infância, o que motiva demandas por uma educação institucional para crianças de zero a seis anos. Conjunção desses fatores ensejou um movimento da sociedade civil e de órgãos governamentais para que o atendimento às crianças de zero a seis anos fosse reconhecido na Constituição Federal de 1988. A partir de então, a educação infantil em creches e pré-escolas passou a ser, ao menos do ponto de vista legal, um dever do Estado e um direito da criança (artigo 208, inciso IV). O Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, destaca também o direito da criança a este atendimento. (Referencial curricular nacional para a educação infantil: formação pessoal e social.)

 

Esse projeto foi desenvolvido com o intuito de ajudar os professores na conscientização da família para entender a importância das brincadeiras dos filhos tanto em casa quanto nas Unidades de Educação Infantil. Para isso, fez-se necessário o acolhimento da família na creche em um horário propício, onde todos pudessem participar, mesmo que alguns tivessem que abrir mão de algum compromisso. Ao longo do curso e das práticas vivenciadas em unidades de Educação Infantil, diagnosticou-se que a família que brinca com os filhos cria vínculos afetivos, além de desenvolver na criança todos os estímulos que estão envolvidos no brincar como a cooperação, amizade, linguagem, criação. É compromisso dos pais assegurado pela Constituição Federal Brasileira e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente acompanharem o processo vivido pelos filhos, dialogar com a escola, assumir o que lhes é de responsabilidade.

Contata-se infelizmente, que as maiorias dos pais só procura a escola quando têm reclamações a fazer, seja ela fundamentada e essencial ou meramente corriqueira. Verificou-se também, que em se tratando de Educação Infantil, a preocupação maior dos pais é o ato do cuidar, em seguida querem que a criança aprenda ler e escrever, não procuram entender quão importante se faz a brincadeira na vida da criança. O papel dos pais é essencial, eles devem, não apenas incentivar e ensinar novas brincadeiras, mas também brincar com a criança, dando espaço para que a brincadeira aconteça em ambientes diversificados.

Na perspectiva de Vygotskiy:

A educação recebida, na escola, e na sociedade de um modo geral cumpre um papel primordial na constituição dos sujeitos, a atitude dos pais e suas práticas de criação e educação são aspectos que interferem no desenvolvimento individual e consequentemente o comportamento da criança na escola (1984p.87).

 

A família deve estar diretamente ligada à escola e vice-versa, são peças imprescindíveis para o desempenho escolar da criança. Entretanto, para conhecer a família é necessário que a escola abra a suas portas e que garanta sua permanência. Cabe à escola o dever de estabelecer maneiras para que a família se envolva nas atividades escolares, não somente chamar os pais a participarem quando o aluno apresenta algum problema, mas para ouví-los e tentar engajá-los em algum movimento realizado pela escola como projetos que envolvam a família, conselho escolar, mutirões, entre outros.

 Wallon foi o primeiro a quebrar os paradigmas da época ao dizer  que a aprendizagem não depende apenas do ensino de conteúdos: para que ela ocorra, são necessários afeto e movimento também. Ele afirmava que é preciso ficar atento aos interesses dos pequenos e deixá-los se deslocar livremente para que façam descobertas. Levando em conta que as escolas davam muita importância à inteligência e ao desempenho, propôs que considerassem o ser humano de modo integral. Isso significa introduzir na rotina atividades diversificadas, como jogos e brincadeiras. Preocupado com o caráter utilitarista do ensino, Wallon pontuou que a diversão deve ter fins em si mesmos, possibilitando às crianças o despertar de capacidades, como a articulação com os colegas, sem preocupações didáticas.

 

Por meio do conhecimento adquirido de livros, artigos científicos, práticas pedagógicas supervisionadas, referências de diversos autores que trazem discussões teóricas sobre o tema e contato direto com os pais, nos contentamos com os resultados alcançados, porém continuaremos buscando meios para aperfeiçoar a participação dos pais na Unidade de Educação Infantil.

O artigo está estruturado em tópicos, onde aborda as diversas maneiras de conhecer a criança através das brincadeiras.

O brincar potencializa o desenvolvimento, já que assim se aprende a conhecer, a fazer, a conviver e, sobretudo a ser.  É através do universo lúdico que a criança começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, compartilhando sua alegria de brincar. As brincadeiras são aprendizagens e mediações entre as crianças e entre elas e os educadores. Quando as crianças manipulam brinquedos, elas têm a chance de reproduzir, transformar e até negar situações que vivenciam. 

Os Parâmetros Nacionais de Qualidade enfatizam que todas as crianças podem aprender, mas não sob qualquer condição. Antes mesmo de se expressarem por meio da linguagem verbal, bebês e crianças são capazes de interagir a partir de outras linguagens (corporal, gestual, musical, plástica, faz de conta, entre outras) desde que acompanhadas por parceiros mais experientes.

Outro tópico analisa o papel do educador diante do grupo durante o desenvolvimento das atividades lúdicas;

O papel do professor é fundamental para organização do espaço e do tempo necessários para a aprendizagem da criança, pois o bom andamento das atividades de ensino depende diretamente da ação docente, de como se faz a mediação do conhecimento professor aluno, aluno professor.

Outro tópico bem relevante é sobre o significado de brinquedos e brincadeiras.

O brinquedo é um convite à brincadeira, ele é responsável por torná-la mais rica, proveitosa e prazerosa, é uma ponte que liga o imaginário á realidade.

As brincadeiras na educação infantil são essenciais para o desenvolvimento da criança.

O outro tópico ainda, mostra a classificação dos brinquedos e brincadeiras adequados para cada idade da Educação Infantil e suas contribuições para a identidade e desenvolvimento da criança. Cada uma tem sua diferença, mesmo tendo idades iguais, podem apresentar interesses e necessidades diferentes. Com o passar do tempo, continuam gostando dos brinquedos e brincadeiras que já conhecem, mas ampliam suas experiências através do ato de explorar o diferente e suas complexidades.

 

1.1 A troca de conhecimentos através das brincadeiras

Para muitas famílias as crianças vão á “escola” e suas ferramentas principais são os lápis e papel. Esse pensamento está sendo mudado aos poucos, através do trabalho da escola em conscientizar a família e torna-los peças fundamentais nessa evolução.

Visões mais atualizadas sobre a instituição familiar propõem que se rejeite a ideia de que exista um único modelo. Enfoques teóricos mais recentes procuram entender a família como uma criação humana mutável, sujeita a determinações culturais e históricas que se constitui tanto em espaço de solidariedade, afeto e segurança como em campo de conflitos, lutas e disputa. RCNEI,1998 Pág. 76)

 

Por meio das brincadeiras, o professor observador consegue dialogar com a criança mesmo sem o uso do vocabulário. É possível distinguir seus momentos de alegria, seus anseios e também é uma maneira de entrarem em contato com valores e hábitos sociais antigos e contemporâneos.

Com base no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, (RCNEI), Brasil, (1998):

A criança é um ser social que nasce com capacidades afetivas, emocionais e cognitivas. Tem desejo de estar próxima às pessoas e é capaz de interagir e aprender com elas de forma que possa compreender e influenciar seu ambiente. Ampliando suas relações sociais, interações e formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar (p.21).

 

Através das brincadeiras, a prática pedagógica torna-se prazerosa uma vez que possibilita ao professor aproximar-se da criança e observá-la com mais propriedade. Para tanto, ele precisa inteirar-se do nível de aprendizagem de cada criança para intervir de forma consistente, influenciando na construção do sujeito, na formação de sua história.

As crianças são capazes de lidar com complexas dificuldades psicológicas através do brincar. Elas procuram integrar experiências de dor, medo e perda. “Lutam com conceitos de bem e mal (KISHIMOTO, 2001, p.67)”.

 

Ser mediador é se posicionar literalmente entre o ensino e a aprendizagem, é não dar respostas prontas, e sim estimular a busca de respostas promovendo a reflexão, mostrando os caminhos, compreendendo as dificuldades e o motivo de elas estarem ocorrendo. Sendo assim, o professor-mediador estará colaborando para a construção da autonomia dos alunos, seja de pensamento ou ação levando-os a exercer o papel de cidadão do mundo. Através das brincadeiras, começa a construção da identidade própria ao perceberem as diferenças físicas, de cor e linguagem. Para que flua o aprendizado é necessário o preparo do professor para fazer as devidas intervenções.  Para educar as crianças, as pessoas precisam saber traduzir os conhecimentos em um ambiente educativo, composto também por materiais e brinquedos. Para isso é essencial a união da família em casa e sua presença no ambiente escolar, pois podem contribuir imensamente com os educadores, principalmente se deixarem de lado as cobranças do uso do papel e procurar entender através do dialogo e pesquisas em parceria com os educadores.

É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral; e é somente sendo criativo que o individuo descobre o eu (WINNICOTT, 1975, p.80).

 

Percebe-se que os alunos solicitam diariamente que se tenha o momento das brincadeiras e jogos, pois elas esperam por este momento de prazer e de aprendizagens diferenciadas. Isso justifica a necessidade de introduzir os jogos e brincadeiras no cotidiano das crianças para que as mesmas possam aprender e brincar ao mesmo tempo.

 

1.2 O papel do educador diante do grupo durante o desenvolvimento das atividades lúdicas

 

O papel do professor é fundamental para a organização do espaço e do tempo necessários para a aprendizagem da criança, planejar e organizar brincadeiras e o cronograma para que sejam desenvolvidas. Em geral, para desenvolver as brincadeiras para as crianças na educação infantil não requer muitos recursos materiais, apenas uma boa dose de imaginação e disposição por parte dos educadores.

Segundo o RCNEI(1998)

O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. ( Referencial curricular nacional para a educação infantil: formação pessoal e social).

 

Para que a aprendizagem seja significativa o educador necessita do conhecimento teórico, mas também de práticas relativas a exploração que as brincadeiras podem oferecer. A formação continuada é uma importante característica do profissional de Educação Infantil, pois a busca constante por aprender sobre o desenvolvimento da criança, a forma de ver e sentir o mundo cria oportunidades para manifestar suas ideias, linguagem, sentimentos, criatividade, reações, relações sociais e a imaginação.  É necessário que os professores sejam a favor do lúdico, pois é a principal característica da Educação Infantil. É através do lúdico que o professor obtém informações valiosíssimas sobre seus alunos além de estimulá-los na criatividade, autonomia, interação com seus pares, na construção do raciocínio lógico matemático, nas representações de mundo e de emoções, auxiliando na compreensão e desenvolvimento do mundo infantil. Compreende-se o ato de brincar como estratégia permanente da prática educativa e oferecer aos alunos um ambiente com espaços e materiais organizados que propiciem desafios e diferentes manifestações infantis, potencializando a expressão por meio de diferentes linguagens, movimentos, imaginação, criatividade, emoções, socialização, autonomia, conhecimento de mundo, pensamentos e sentimentos.

A pluralidade cultural, isto é, a diversidade de etnias, crenças, costumes e valores que caracterizam a população brasileira marcam, também, as instituições de educação infantil. O trabalho com a diversidade e o convívio com a diferença possibilitam a ampliação de horizontes tanto para o professor quanto para a criança. (RCNEI,1998, Pág. 77)

 

O professor deve estar atento ás diversidades culturais presentes em sala de aula para trabalhar com as com as crianças, valorizando e respeitando as singularidades de cada um.

 

1.3 A importância dos brinquedos e brincadeiras na educação infantil

A brincadeira infantil representa um aprendizado. É uma ação privilegiada no desenvolvimento humano, principalmente na infância, pois é um meio para a elaboração e a reelaboração do conhecimento. Brincar é uma forma de ação cognitiva na qual a criança abstrai, interpreta e entende a realidade, pois simula essa realidade.

Brincar é a linguagem que as crianças usam para se manifestar, descobrir o mundo e interagir com o outro. Quando ela é incentivada, a turma adquire novas habilidades e desenvolve a imaginação e a autonomia. É possível brincar sem ter nada em mãos. O brincar na vida de uma criança representa a inserção no mundo adulto com maior entendimento das práticas.

De acordo com RCNEI, Brasil, (1998), brincar funciona como um cenário no qual as crianças tornam-se capazes não só de imitar a vida como também de transformá-la.

Longe de ser uma simples maneira de os pequenos aprenderem as coisas, esse brincar ora inventado, ora transmitido de geração em geração, permite que conheçam o mundo e passem a fazer parte dele e isso muitas vezes se da á partir da observação da criança, seja em casa, escola ou sociedade. Para os pequenos, quase tudo na vida é brincadeira, por isso, na Educação Infantil, não faz sentido separar momentos de brincar dos de aprender. Essa simultaneidade pede que espaços e rotina da escola sejam planejados de modo a proporcionar multiplicidade de experiências e contato com todas as linguagens, o tempo todo sem abrir mão, é claro, dos cuidados com segurança e saúde.

Cunha aborda este aspecto afirmando o seguinte:

A escola pode ensinar, a psicopedagogia pode cuidar dos problemas de aprendizagem, a psicologia pode resolver problemas emocionais, a família pode educar, mas a brinquedoteca precisa preservar um espaço para a criatividade, a vida afetiva, o cultivo da sensibilidade, um espaço para a nutrição da alma desta criança, que preserve sua integridade, através do exercício do respeito à sua condição de ser em formação. (Cunha 2002, p.21).

 

1.4         Os brinquedos e brincadeiras adequados para cada idade da educação infantil e suas contribuições para a identidade e desenvolvimento da criança

São inúmeras as possibilidades de brincadeiras em uma Unidade de Educação Infantil, mesmo que não disponha de muitos recursos, pois através da imaginação é possível desenvolver o aprendizado e até mesmo realizar sonhos. A organização do ambiente escolar e dos materiais a serem utilizados é fundamental para o desempenho das dinâmicas da brincadeira com as crianças. Antes da acolhida, é necessário que o professor tenha a sala organizada de acordo com o planejamento. É muito interessante a pratica de receber os alunos com algum tipo de incentivo do tipo jogos pedagógicos ou um acervo infantil, incentivando também a pratica da leitura de forma lúdica. Para enriquecer e potencializar o aprendizado, o cantinho do “Faz de Conta” é um sucesso absoluto, pois assim as crianças ficam livres para vestir as roupas de acordo com o personagem que está em mente no momento, é uma oportunidade de explorar o imaginário. Durante as brincadeiras de faz de conta as crianças revertem a situação em que elas vivem, a partir daí entendem a natureza do poder e do status, elas podem experimentar diferentes tipos de papéis e fazer combinações que não existem no mundo real, é um tipo de poder da transformação que as crianças têm.

A dramatização livre auxilia no desenvolvimento afetivo social da criança, ela experimenta papéis e descobre como resolver problemas e conflitos de ordem psicológica, ajudando-a a se ajustar a si mesma e ao meio ambiente social à sua volta. (Rizzo, 1991, p. 193)

 

Um espelho grande é uma forma para que as crianças desenvolvam a criatividade. Se o brincar é um modo de representar, experimentar e conhecer as culturas, não faz sentido imaginar que panelinhas são para meninas, e carrinhos, para meninos. Todos precisam ter acesso a qualquer item sem distinção e ficar livres para escolher com o que brincar. O parque infantil é um espaço riquíssimo para invenções, imaginações, fantasias e experiências das crianças. A água, a areia, lençóis, utensílios como balde, potes, pá, colheres são ferramentas essenciais para brincadeiras no parque ou no pátio externo. 

A este respeito encontra-se que:

O brincar apresenta características diferentes de acordo com o desenvolvimento das estruturas mentais, existindo, segundo Piaget, 3 etapas fundamentais:
Dos 0 aos 2 anos de idade- Aqui ocorrem os chamados Jogos de Exercício. Neste período, a criança vai adquirindo competências motoras e aumentando a sua autonomia. Vai preferindo o chão ao berço, demonstrando alegria nas tentativas de imitação da fala... vai revelando prazer ao nível da descoberta do seu corpo através dos sentidos. Elabora então as suas brincadeiras à volta da exploração de objetos através dos sentidos, da ação motora, e da manipulação, características dos "jogos de manipulação". Estes jogos oferecem sentimentos importantes de poder e eficácia, bem como fortalecem a auto-estima. Deste modo, constituem peças fundamentais para o desenvolvimento global da criança.

Entre os 2 e seis/sete anos os de idade - A simbologia surge com um papel fundamental nas brincadeiras, como são exemplo o "faz de conta", as histórias, os fantoches, o desenho, o brincar com os objectos atribuindo-lhes outros significados, etc. Os jogos simbólicos são possíveis dado que, nesta fase, a criança já é capaz de produzir imagens mentais. A linguagem falada permite-lhe o uso de símbolos para substituir objetos. O jogo simbólico oferece à criança a compreensão e a aprendizagem dos papéis sociais que fazem parte da sua cultura (papel de pai, de mãe, filho, médico, etc.).

A partir dos sete anos de idade – Por fim, as brincadeiras e jogos com regras tornam-se cruciais para o desenvolvimento de estratégias de tomada de decisões. Através da brincadeira, a criança aprende a seguir regras, experimenta formas de comportamento e socializa, descobrindo o mundo à sua volta. No brincar com outras crianças, elas encontram os seus pares e interagem socialmente, descobrindo desta forma que não são os únicos sujeitos da ação e que, para alcançarem os seus objetivos, deverão considerar o facto de que os outros também possuem objetivos próprios que querem satisfazer. Nos jogos com regras, os processos originados e/ou desenvolvidos são outros, uma vez que nestes o controlo do comportamento impulsivo é diferente e necessário. É a partir das características específicas de cada jogo que a criança desenvolve as suas competências para adaptar o seu comportamento, distanciando-o cada vez mais da impulsividade. Nestes jogos, os objetivos são dados de uma forma clara, devido à sua própria estrutura, o que exige e permite, por parte da criança, um avanço na capacidade de pensar e reflectir sobre as suas acções, o que lhe permite uma auto-avaliação do seu comportamento moral, das suas habilidades e dos seus progressos.

     

Os brinquedos devem ser organizados de maneira que possam ser compartilhados, garantindo que todos brinquem. É muito interessante que os educadores reúnam crianças de salas diferentes, até mesmo com idades diferentes, sendo assim vão aprender a compartilhar os objetos, conviver com outras pessoas e até mesmo o cuidado com as crianças menores para que não se machuquem.

Ao assumir a função lúdica e educativa, o brinquedo educativo merece algumas considerações: função lúdica: quando propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente e função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo (Kishimoto, 2003, p. 37).

 

O brinquedo faz parte da vida da criança e está atrelado ao brincar, é considerado como objeto lúdico no suporte para brincadeira. A criança pode fazer qualquer objeto se transformar num brinquedo, por meio da imaginação ela muda seu significado.

 

Considerações finais

 

Ao longo deste projeto, buscou-se a participação da família na escola para que possam entender a importância dos brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil. Considera-se que a pesquisa realizada serviu como um meio para os pais se aproximarem da escola, participando do processo de aprendizagem das crianças através dos brinquedos e brincadeiras. Pudemos apresentar a eles a importância das atividades lúdicas em sala de aula de Educação Infantil, no entanto sempre com metas estabelecidas. Utilizamos um sábado letivo, comunicamos a família através de bilhetes que foram enviados com certo tempo de antecedência para que pudessem se organizar e não ter motivos para deixar de participar desse momento. Foi desenvolvida com crianças com idade de 3 anos. A sala é bem estruturada com um espaço físico adequado, possui diversos brinquedos e livros ao alcance das crianças para que tomem iniciativas e criem suas próprias brincadeiras, tendo o auxilio do professor e da auxiliar de sala para ajudar na solução de pequenos conflitos que surgem a cada momento. Como todo jogo tem regras estabelecidas, na sala de aula não foi diferente, na acolhida, dispomos blocos pedagógicos e livros para que optassem ao que mais lhes agradava no momento. Os pais apresentaram certa resistência ao serem convidados a entrar e interagir com os filhos, mas logo estavam todos muito à vontade.

O resultado desse demonstrou que a creche pesquisada valoriza o lúdico e o toma como necessário para a aprendizagem da criança, no entanto os pais não deram o valor que esperávamos para esse dia, mostrando o que os profissionais de educação infantil já sabem. As maiorias dos pais que matriculam os filhos nas creches pensando na proteção da criança, deixam como se fosse um depósito, onde os mesmos vão estar cuidados, alimentados e higienizados até o seu retorno. Pudemos concluir que os pais tem interesse em deixar seus filhos em boas mãos e se for para aprender alguma coisa tende a ser no concreto, por exemplo, escrever mesmo que depois essas crianças não saibam o significado, pois dessa maneira o aprendizado foi em forma de indução e não natural. No entanto, a partir desse projeto a creche pesquisada nunca mais será a mesma, pois as famílias que participaram estão incumbidas em transmitir o aprendizado adquirido aos colegas, haja vista que a unidade está localizada em um pequeno bairro onde todos se conhecem e darão sequencia, participando na vida escolar das crianças, dando importância maior ao aprendizado e aos trabalhos empenhados dos professores para com seus filhos.

 

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