A inclusão do aluno com deficiência intelectual no Ensino Regular: alguns apontamentos
Ana Carolina Silvério Moreira
Bianca Fadel
Eduarda de Cássia Camargo Corrêa
Eduarda Graciele Passos Jacinto
Eleni Nascimento Ruozo
Germana Gonçalves de Lima Alves
Juliana Maciente Monteiro
Maria Heloisa Rüegger Lucredi
Mirella Vanessa do Sacramento Queiroz
Patrícia Rodrigues
DOI: 10.5281/zenodo.15649774
RESUMO:
O objetivo deste estudo é refletir sobre o processo de inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino regular e os fatores que interferem no desenvolvimento e aprendizagem do educando com deficiência intelectual (DI). E também, uma análise nas leis que reagem à Educação Especial, pois são elas que dão diretrizes legais para a inclusão desses alunos, sendo que cada vez mais se descobre a importância e a necessidade desses alunos receberem educação formal como qualquer outro e são por meio do embasamento das leis que esses direitos, são garantidos. O estudo percorre por alguns entraves que dificultam o trabalho do professor: salas com um grande número de alunos, a falta de um professor de apoio, isso torna-se difícil o trabalho eficiente por parte do professor ao receber casos especiais de alunos com deficiência intelectual (DI) na sala regular de ensino. O artigo consiste em uma revisão bibliográfica baseado na concepção de grandes autores, dentre eles: Mantoan (2006), Sainback (1999) e outros.
Palavras-chave: Inclusão. Deficiência intelectual. Aprendizagem.
Introdução
A escolha deste tema deu-se partir da necessidade de compreender melhor sobre a deficiência intelectual e discorrer sobre as diferentes estratégias, que podem ser utilizadas para auxiliar o processo ensino aprendizagem do educando com deficiência intelectual. E também uma maior reflexão sobre a inclusão, com ênfase em algumas leis em vigor.
Sendo que, nos tempos atuais ensinar crianças com deficiências no ensino regular tem sido um grande desafio, para professores e gestores. Contudo, há inúmeros desafios para promover a inclusão como, salas com um grande número de alunos, a falta de um professor de apoio, isso dificulta o trabalho eficiente por parte do professor ao receber casos especiais de educando com DI na sala regular de ensino. Diante disso, trabalhar com crianças com deficiência intelectual, tem sido desafiador para os docentes.
Com base nos pressupostos apresentados, o presente artigo tem o objetivo refletir sobre o processo de inclusão do aluno com deficiência intelectual no ensino comum e os fatores que interferem no desenvolvimento e aprendizagem do educando com deficiência intelectual.
Também, é de suma importância uma análise nas leis em vigor que reagem a Inclusão, pois são elas que dão diretrizes legais para a inclusão desses alunos, sendo que cada vez mais se descobre, a importância e a necessidades desses alunos receberem Educação formal como qualquer outro e são por meio do embasamento das leis que são garantidos esses direitos.
Vale ressaltar que a Educação Inclusiva tendo como base os princípios de igualdade e equidade, respeito as diferenças, visa superar as desigualdades, mas é preciso quebrar alguns paradigmas, principalmente os relacionados à prática educacional. Por fim, superar desigualdades e lidar com a diferença requer conscientização, flexibilidade, plasticidade emocional, para desmontar práticas e crenças enraizadas e fragmentadas (MANTOAN, 2006).
Na tentativa de superar todos os entraves que se impõem a inclusão, o que se espera é que ao matricular uma criança com deficiência na escola regular, é preciso amparar o aluno, para que o seu desenvolvimento integral, suas interações sociais e o convívio com as outras crianças sejam satisfatórios. Mas, ao mesmo tempo temos que oferecer a esses alunos especiais um atendimento adequado, ou seja, que visa desenvolver o máximo de suas potencialidades na busca de tornar a aprendizagem significativa, prazerosa e que atenda a especificidades de cada indivíduo respeitando o ritmo de aprendizagem de cada um. Segundo Mantoan (2006, 52): [...] “para ensinar a turma toda, parte-se do fato de que os alunos sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender, mas no tempo e do jeito que lhe é próprio”.
Daí a importância do papel do professor em relação às necessidades do educando, oferecer mecanismos de incentivo ao desenvolvimento da aprendizagem no que se refere a sua prática em sala de aula, pois conforme afirma Mantoan: “considera o professor uma referência para o aluno, e não apenas um mero instrutor, a formação enfatiza a importância do seu papel, tanto na construção do conhecimento, como na formação de atitudes e valores do cidadão. Assim sendo, a formação vai além dos aspectos instrumentais de ensino.” ((MANTOAN,2016 P. 55)
Ainda de acordo com Mantoan (2003) “O ponto de partida para ensinar a turma toda, sem diferenciar o ensino para cada aluno ou grupo de alunos, é entender que a diferenciação é feita pelo próprio aluno ao aprender, e não pelo professor ao ensinar. Essa inversão é fundamental para que possa ensinar a turma sem sobrecarregar o professor”. Ensinar, na perspectiva inclusiva, significa ressignificar o papel do professor, da escola, da educação e das práticas pedagógicas que são usuais no contexto excludente do nosso ensino, em todos os seus níveis. (MANTOAN, 2003).
Além disso, é necessário que professores ao receber alunos com deficiência intelectual (DI) busque conhecimento de como trabalhar com ele (a), no que se refere a sua prática em sala de aula, manter um diálogo com o professor da classe do atendimento Especial, com a família, dando subsídio para que esse aluno possa se desenvolver, e si sentir incluído de acordo com sua especificidade.
Segundo Stainback (1999, p. 243) “os professores também precisam modificar as atividades em que um determinado aluno participa, ou a maneira como ele atinge os objetivos”.
Práticas com pequenos ajustes de materiais que podem ajudar o aluno com deficiência intelectual (DI): acompanhamento do desempenho do aluno em tarefas conjuntas, com pares que favoreçam a troca de conhecimentos e experiências, o ensino por colegas; o apoio entre amigos. Sendo assim, atendendo a diversidade destes alunos, estratégias como essas podem favorecer o desenvolvimento de interações positivas entre os alunos, visto que a ajuda entre pares é fundamental. Ademais, é necessário considerar a individualidade, pois requer estratégias que atendam às necessidades e interesses de cada um, pois cabe ao educador, identificar: o que o aluno é capaz de fazer sozinho; o que ele faz com a ajuda de parceiros; o que ele pode realizar futuramente com autonomia.
Contudo, esse novo conceito concebe a Educação como um direito que prevê não somente a garantia à presença de todas as pessoas na escola, mas também à acessibilidade, ou seja, à eliminação dos obstáculos que impedem a plena participação dos estudantes.
Metodologia
Este artigo é constituído por revisão de literatura partindo da problemática “A Inclusão do Aluno com Deficiência Intelectual no Ensino Regular: alguns apontamentos.”
E uma breve reflexão sobre a inclusão do aluno com deficiência intelectual na rede regular e também uma revisão sobre percurso da inclusão tendo como base as leis em vigor, pois são elas que dão diretrizes legais para a inclusão desses alunos, sendo que cada vez mais se descobre, a importância e a necessidades desses alunos receberem educação formal como qualquer outro e são por meio do embasamento das leis que são garantidos esses direitos.
Na realização deste estudo é possível identificar a trajetória das Leis sobre inclusão. Possibilitou conhecer os avanços das mesmas, onde significativamente contribui para a evolução da garantia dos direitos do educando com deficiência em diversos aspectos.
A metodologia utilizada será pesquisa bibliográfica de revisão de literatura e diversos autores que abordam o conceito de inclusão, dentre eles: Mantoan, (2006), Stainback, (1999) e outros.
O Percurso da Inclusão: alguns apontamentos
Não podemos falar de Inclusão sem citar as leis que dão amparo legal a essa modalidade de ensino e algumas variantes que garantem uma Educação digna aos educandos com deficiência em nosso país. Sendo assim, historicamente falando:
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do Império, com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant –IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, hoje denominado Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. Já em 1926 é fundado o Instituto Pestalozzi, instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental e em 1954, é fundada a Primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE; sendo em 1945 criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff. (BRASIL, 2015 P. 02)
A partir disso, já havendo atendimento, que em 1961, a Lei no 4.024, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) fundamentou o atendimento Educacional às pessoas com deficiência, chamadas no texto de “excepcionais”. Passam-se os anos chega à atual Constituição de 1988, que é a lei fundamental e suprema do Brasil, servindo de parâmetro de validade a todas as demais espécies normativas, situando-se no topo do ordenamento jurídico (BRASIL, 2015).
Indo mais adiante, uma Lei também considerada inovadora, a Declaração de Salamanca, 1994 que “... proporcionou uma oportunidade única de colocação da Educação Especial a chamada “educação para todos” firmada em 1990 (...) promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia da inclusão das crianças com deficiência e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem”. (BRASIL,1994 s/p). Logo após, ocorreu a Convenção da Guatemala em 1999, essa Convenção Interamericana veio a favor da eliminação de todas as formas de discriminação contra pessoas com deficiência, que no Brasil, foi reconhecida pelo Decreto nº 3.956/2001. O texto brasileiro afirma que que as pessoas com deficiência têm “os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de não ser submetidas à discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano” (BRASIL, 1994).
Em 2003, é implementado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, promovendo um amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, à oferta do atendimento educacional especializado e à garantia da acessibilidade. Em 2004, o Ministério Público Federal publica o documento O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o direito e os benefícios da escolarização de alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular (BRASIL, 2015).
Em 2009, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi aprovada pela ONU e tem o Brasil como um de seus signatários. Na área da Educação, ela afirma que os países são responsáveis por garantir um sistema de Educação inclusiva em todos as etapas de ensino.
Por fim a Lei 13.146 de julho de 2015, a chamada Lei Brasileira de Inclusão, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, a qual consagrou a política de educação inclusiva no Brasil (BRASIL, 2015).
Isso significa que todas as escolas, sejam públicas ou particulares devem cumprir as determinações dessa lei, no sentido de aprimorar seus sistemas de ensino, visando garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem a todas as pessoas com deficiência. E também essa lei trata de diversos aspectos relacionados à inclusão das pessoas com deficiência, traz em seu capítulo IV, o direito de acesso à educação e traz avanços importantes. Ela foi sancionada no ano de 2015 (após 15 anos de tramitação) e entrou em vigor a partir do dia 2 de Janeiro do ano de 2016, prevendo mudanças em várias áreas, como trabalho e educação por exemplo. É um real avanço na inclusão de pessoas com deficiência na sociedade (BRASIL, 2015).
O Capítulo IV é inteiramente dedicado ao Direito à Educação, e estabelece que a educação é direito da pessoa com deficiência, conforme:
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados pelo sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. (BRASIL, 2015, S/P)
A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), em vigência há mais de três anos, já beneficiou em diversos aspectos muitas pessoas, com algum grau de deficiência e vem trazendo suas ramificações desde a sua promulgação.
Sendo assim, vale ressaltar que, mesmo sob garantia das Leis, os educandos com deficiência ainda sofrem preconceitos, são discriminados e muitas vezes excluídos, pela por falta de fiscalização, pois ela será fundamental para que todos os direitos e garantias se efetivem na prática.
Diante dessa análise, cabe refletir que vivemos em um país democrático em que se pressupõe que haja liberdade e igualdade de direitos para todas as pessoas. E ainda, ao falar da inclusão, seja na sociedade, no ambiente escolar, não podemos esquecer que, há tempos atrás a pessoa com deficiência era tratada como “excepcional” e excluída da sociedade, até mesmo da escola como aponta estudos, hoje em tempos atuais, com o advento das leis que respaldam os diretos da pessoa com deficiência em todos os aspectos e a sociedade mais atuante nesse processo, torna-se mais favorável os direitos das pessoas, principalmente da com deficiência, que muitas vezes não eram ouvidos. Contudo, como se diz, comumente a inclusão é um processo e o ambiente educacional é um importante meio para tratar o tema em questão, pois é começando pelas crianças, com a conscientização delas sobre a diversidade e que o aluno com deficiência possa ser visto como devem ser, como algo natural, que faz parte da natureza humana. Sendo assim, pode ser dizer que, a Educação é um dos pilares para alcançarmos a almejada sociedade inclusiva.
A Deficiência Intelectual
O termo deficiência intelectual sobrepôs à terminologia deficiência mental, mudando o paradigma de doença encontrado em outras literaturas mais antiga e também para ser diferenciado dos transtornos mentais.
A definição da condição de deficiência intelectual está pautada no Decreto nº 5.296: o funcionamento intelectual é significativamente inferior à média e deve ser associado a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, como a comunicação, os cuidados pessoais, as habilidades sociais, a utilização da comunidade, a saúde e segurança, as habilidades acadêmicas e o lazer e trabalho. Enfatiza-se que tais dificuldades devem se manifestar antes da idade dos 18 anos (BRASIL, 2004).
De acordo com o DSM V a deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual),
Caracteriza-se por déficits em capacidades mentais genéricas, como raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela experiência. Os déficits resultam em prejuízos no funcionamento adaptativo, de modo que o indivíduo não consegue atingir padrões de independência pessoal e responsabilidade social em um ou mais aspectos da vida diária, incluindo comunicação, participação social, funcionamento acadêmico ou profissional e independência pessoal em casa ou na comunidade. O atraso global do desenvolvimento, como o nome implica, é diagnosticado quando um indivíduo não atinge os marcos do desenvolvimento esperados em várias áreas do funcionamento intelectual (DSM 5, 2014, P. 31).
Nesse sentido, a deficiência intelectual não se esgota na sua condição orgânica e/ou intelectual e nem pode ser definida por um único saber. Ela é uma interrogação e objeto de investigação de inúmeras áreas do conhecimento (BRASIL, 2006).
A grande dificuldade de conceituar a deficiência intelectual trouxe consequências indeléveis na maneira de lidarmos com ela e com quem a possui. O medo da diferença e do desconhecido é responsável, em grande parte, pela discriminação sofrida pelas pessoas com deficiência, mas principalmente por aquelas com deficiência mental.
Para Paganelli (2017), a deficiência intelectual não significa, necessariamente, uma incapacidade, mas uma relação entre seus impedimentos de longo prazo e as barreiras existentes no ambiente. Sendo assim, esse novo conceito concebe a Educação como um direito que prevê não somente a garantia à presença de todas as pessoas na escola, mas também à acessibilidade, ou seja, à eliminação dos obstáculos que impedem a plena participação dos estudantes.
Assim como afirma Paganelli (2017), um estudante com deficiência intelectual não tem idade mental diferente da cronológica, nem é menos inteligente que os demais.
Ele é diferente, como todos os outros. Com algumas características que se sobressaem, talvez. Mas é importante lembrar que na Educação Inclusiva a diferença é reconhecida como um valor e cada um tem o direito de ser como é.
E ainda de acordo com Paganelli (2017), O diagnóstico se dá baseado em perspectivas médicas e em aspectos clínicos que hoje deu lugar ao novo modelo social. E é nesse novo conceito que concebe a educação com um direito.
De acordo com essa perspectiva, pode-se dizer que são muitos os desafios, isso, pois segundo Mantoan:
Recriar o modelo educativo escolar, tendo como eixo o ensino para todo; Reorganizar pedagogicamente as escolas, abrindo espaços para a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espirito critico entre professores, administradores, funcionários e alunos, porque são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania; Garantir aos alunos tempos e liberdade para aprender, bem como o ensino que não segregue e que reprove a repetência; Formar, aprimorar continuamente e valorizar o professor, para que tenha condições e estimulo para ensinar a turma toda, sem exclusões e exceções (MANTOAN, 2006, P.41, 42)
Nesse sentido, o principal desafio da inclusão é a reorganização das escolas, como: adaptação da arquitetura, adequação de conteúdos curriculares, a preparação dos professores e outras mudanças da didática e metodologias.
Papel da escola na inclusão do aluno com deficiência intelectual
O estudo sobre inclusão escolar tem como finalidade levar a criança, com deficiência, ocupar seu próprio espaço, tanto na escola, quanto na sociedade, pois “Educação é um direto de todos”, assim revela a nossa Constituição e na medida em que seus direitos são respeitados e valorizados, a criança consegue desenvolver suas habilidades de forma ativa e dinâmica, por meio de propostas curriculares e da evolução da conscientização dos profissionais envolvidos (BRASIL, 2015).
Contudo, a escola inclusiva depende de adaptações de grande e médio porte. A de grade porte são de responsabilidade dos órgãos federais, estaduais e municipais e as de pequeno porte compete aos professores, pais, gestores que devem procurar recursos e especializar-se.
Conforme corrobora Oliveira, Valentim e Silva (2013), a escola precisa mesmo mudar. Incorporar alunos com deficiência intelectual em situações comuns de ensino traz implicações substanciais para o contorno da prática escolar. Uma dessas implicações, obviamente, se relaciona com a política educacional e com a disposição do sistema de ensino em, efetivamente, se tornar inclusivo, uma vez que não são poucas e nem pequenas as modificações necessárias para que a escola possa incorporar os alunos com deficiência intelectual de forma qualificada. Ainda de acordo com Oliveira, Valentim e Silva (2013):
Um outro ponto importante e que deve ser providenciado pelos sistemas de ensino refere-se à formação de professores. Conteúdos sobre as necessidades educacionais especiais não faziam parte dos cursos de formação inicial de professores, que atualmente se deparam com essas particularidades e ficam imobilizados diante de seu próprio desconhecimento, portanto, precisam de formação contínua e constante, para que possam repensar suas práticas pedagógicas e rever seus métodos de ensino, a fim de atender adequadamente àqueles com deficiência intelectual. (OLIVEIRA, VALENTIM E SILVA, 2013, p. 28,29).
Sob a visão dos autores, Oliveira, Valentim e Silva (2013), cabe à escola, de modo coletivo, repensar o processo de ensino. Para materializar a ideia de inclusão escolar na área da deficiência intelectual, transformar o ambiente de ensino e a forma de se apresentar os conteúdos curriculares e, além disso, buscar estratégias, maneiras de acompanhamento da aprendizagem desses alunos, pois têm os mesmos diretos e possibilidades ao conhecimento que os demais.
Assim como afirma Mantoan (2003) estratégias pedagógicas diversificadas contribui para o desenvolvimento da aprendizagem da criança e do adolescente com deficiência intelectual, favorecendo uma melhor compreensão, pois possibilita ao educando com deficiência intelectual (DI) desenvolver por meio dessas estratégias uma melhor aprendizagem de maneira que o aluno possa acompanhar as atividades propostas pela professora em sala de aula junto com seus pares, ou seja, professor não diversifica o ensino, mas as atividades que propõe a todos os alunos, com e sem deficiência, na sala de aula. Não se pode exigir que todos os alunos aprendem o dado conhecimento, igualmente e pelo mesmo caminho.
Sendo assim, segundo Stainback (1999), embora os objetivos educacionais básicos específicos possam continuar sendo os mesmos, os objetivos específicos da aprendizagem curricular podem ser individualizados para serem adequados às necessidades, as habilidades, aos interesses e as competências singulares de cada aluno, pois o sucesso na aprendizagem está em explorar talentos, atualizar possibilidades, desenvolver predisposições naturais de cada aluno, por conta disso, o foco do educador deve ser sempre nas possibilidades e não nos déficits dos estudantes, uma vez que, infantilização e a subestimação da pessoa com deficiência intelectual podem ser as principais barreiras para a sua inclusão.
Dessa maneira, o acolhimento a diversidade, é um fator que pode contribuir para que todos os alunos se sintam valorizados, seguros, conectados e apoiados.
Por tanto, sobre essa perspectiva, esse novo modelo de escola que almejamos exige de cada um de nós, um esforço coletivo, de mudar as relações e intenções postas no ambiente escolar. Pois, teremos que sair da zona de conforto, para caminharmos em direção a uma escola inclusiva.
Discussão
Com o passar dos anos, é possível perceber que, ao se tratar de alunos com deficiência as políticas educacionais têm se desenvolvido gradativamente em prol da inclusão de alunos com deficiência. Contudo, pode se dizer que, para um ensino eficaz baseados nos princípios democráticos e igualitários da inclusão e de uma educação de qualidade para todos os alunos, há muito os desafios a serem enfrentados. Uma vez que, a responsabilidade é intrínseca, entre governo, família, professores, gestores etc. Sendo assim, a inclusão representa um desafio aos educadores para encontrar caminhos e meios, estabelecer política de ação e criar meios para provisão de recursos educacionais apropriados a todos os educandos. O investimento em mais políticas públicas em prol do aluno com deficiência é um fator crucial para garantia de tais diretos, que muitas vezes são “negados”, por falta de fiscalização. Outro fator importante é o investimento em formação continuada para os professores, gestores e todos os envolvidos no viés da educação, pois, por vezes, estes profissionais ao receber alunos com deficiência alegam não saber como lidar, muitas vezes por falta de apoio de todos os envolvidos na educação dessas crianças. Dessa forma, a formação continuada de professores e os envolvidos nesse processo é de suma importância para a eficiência desse atendimento, que realmente atenda às necessidades desses alunos que têm o direto de ser atendido como todos os outros.
Considerações Finais
A realização deste artigo proporcionou-me uma maior reflexão em relação à questão da Educação Especial, bem como as dificuldades que enfrentam os professores quando recebem um aluno com deficiência.
Algumas escolas mostram-se como um “espaço aberto” para receber crianças com dificuldades de aprendizagens. Mas as instituições precisam refletir levando em consideração que, para o professor desenvolver um trabalho satisfatório, exige algumas condições básicas, como: tempo, as etapas didáticas e situações apropriadas para o acolhimento dessas especificidades.
Sabemos que esta é uma questão emergencial do século XXI, e que apesar disso, o professor contemporâneo, apesar de muitos não saberem lidar com certa deficiência vem se esforçando cada vez mais para receber o aluno com deficiência em sua sala de aula, ademais é preciso investir em formação continuada, políticas de valorização dos professores, para que com esse apoio eles possam realizar um bom atendimento a seus alunos, principalmente o com deficiência.
Neste sentido, pode- se concluir que, por meio de pequenas ações de parceria com todos os envolvidos no processo, pais, professores, gestores e poder público, pode-se propor caminhos diferentes para facilitar o processo ensino aprendizagem do aluno com deficiência intelectual (DI), por meia de estratégias diversificadas, buscando atender as necessidades e não apenas “colocar” em uma sala de aula e não fazer com que os resultados aconteçam.
Nessa perspectiva o professor, como o responsável pelo aprendizado do aluno e por criar alternativas, deve propor meios para atender as suas necessidades.
Pode- se concluir que o aluno com deficiência intelectual leve pode sim ter sucesso na aprendizagem, desde que, os profissionais envolvidos se libertem da má idealização, da falta de comprometimento e faça a diferença, independente das barreiras. Por isso, concordo sim, com a inclusão dentro de uma premissa de interação real, e não de maneira como temos visto, porém sempre levando em conta cada caso e grau de deficiência do aluno, principalmente do aluno com deficiência intelectual.
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